Etiologia
De modo geral, os retrovírus da imunodeficiência humana podem ser divididos em dois grupos: HIV-1 e HIV-2, ambos os quais causam AIDS. A infecção por HIV-1 está associada à redução progressiva da contagem de CD4 e a um aumento na carga viral do HIV, causando AIDS clínica. O estágio de infecção pode ser determinado por meio da contagem de CD4 da paciente e correlação com os achados clínicos, como doenças definidoras da AIDS. A infecção por HIV-2 tem uma evolução mais indolente e é amplamente limitada à África Ocidental e aos países com ligações à África Ocidental (por exemplo, Portugal, Espanha, Índia).[16] Entre os principais tipos de vírus do HIV, há muitos subgrupos geneticamente distintos, pois o vírus sofre mutações e se altera com o tempo.
Os retrovírus da imunodeficiência humana infectam e se replicam principalmente em células T CD4 humanas e macrófagos. O HIV pode ser transmitido por sangue, hemoderivados, leite materno, fluidos sexuais e outros fluidos que contenham sangue. A maioria dos adultos é infectada com HIV por meio de contato sexual ou uso de drogas injetáveis. A relação sexual é o modo mais comum, embora ineficiente, de transmissão do HIV. O risco de transmissão por exposição é baixa; estimativas são da ordem de 0.1% por contato para transmissão heterossexual, mas isso varia consideravelmente e aumenta com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ulcerativas concomitantes, alta carga viral de HIV e ausência de terapia antirretroviral (TAR).[17][18]
Fisiopatologia
O vírus entra nas células ao ligar-se ao receptor CD4 e um correceptor (CCR5 ou CXCR4) através das glicoproteínas do envelope viral. É chamado de retrovírus porque codifica a enzima transcriptase reversa, permitindo que uma cópia do DNA seja produzida a partir do RNA viral. A enzima transcriptase reversa é inerentemente propensa a erros, resultando em uma alta taxa de mutação do HIV, o que pode levar à diversidade viral, seleção de diversas variantes e, finalmente, à resistência viral naqueles em tratamento.[19]
Após se incorporar ao DNA celular, o provírus se instala no núcleo das células infectadas e pode permanecer latente por longos períodos de tempo. Ou então, pode se tornar ativo transcricionalmente (especialmente quando há atividade imune) e pode usar o mecanismo da célula hospedeira humana para se replicar. A seguir, o RNA viral é processado (“spliced”) de maneira única ou múltipla para formar uma variedade de proteínas virais estruturais, reguladoras e acessórias. As proteases virais processam as proteínas, e partículas virais maduras são formadas quando o vírus brota pela membrana da célula hospedeira.
Poucas semanas após a infecção, há um alto nível de replicação viral no sangue, podendo exceder 10 milhões de partículas virais por microlitro de plasma. Há um declínio concomitante das células T CD4. Porém, uma resposta imune ao HIV se desenvolve e reduz a replicação viral, resultando em uma diminuição da carga viral e um retorno do número das células T CD4 a níveis próximos da normalidade. Acredita-se que o controle imunológico depende das células T matadoras e dos anticorpos neutralizadores. Dependendo da eficácia desse controle, a carga viral é conhecida como o ponto de referência, e acredita-se ser esse o prognóstico dos desfechos da história natural para as pessoas.[20]
Estudos sugerem que a resposta inicial da célula hospedeira contra a infecção por HIV é crítica e determinada geneticamente. Um pequeno número de pacientes apresenta dano imunológico lento ou nenhum dano. Esses controladores de longo prazo estão sendo cuidadosamente estudados na esperança de se desenvolverem imunoterapias contra o HIV.
Classificação
Subtipos do HIV[3][4][5]
O HIV pertence ao gênero Lentivirus da família Retroviridae e foi dividido em dois tipos.
HIV do tipo 1 (HIV-1)
O HIV-1 é o vírus responsável pela epidemia global. O HIV-1 divide-se em três grupos principais:
Grupo M (principal, que inclui os clados A, B, C, D e L)
Grupo N (não M e não O)
Grupo O ("outlier"/divergente)
O clado B é o que comumente ocorre na Europa e nos EUA. Os clados A, C e D predominam na África, os clados B e AE (uma forma recombinante circulante) prevalecem na Ásia, e o clado B na América do Sul.[3]
Em todo o mundo, o subtipo C representou 46.6% de todos os casos de HIV entre 2010 e 2015, seguido pelo subtipo B (12.1%), subtipo A (10.3%), subtipo CRF02_AG (7.7%), subtipo CRF01_AE (5.3%), subtipo G (4.6%), subtipo D (2.7%) e subtipos F, H, J e K (0.9% combinados).[6]
O subtipo L foi descoberto em 2019 a partir de amostras colhidas na República Democrática do Congo em 2001.[7]
O subtipo VB (subtipo B virulento) foi descoberto nos Países Baixos em 2022.[8]
HIV do tipo 2 (HIV-2)
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