Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

CONTÍNUA

todos os pacientes

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1ª linha – 

tratamento da doença hepática crônica subjacente e prevenção de agressão hepática sobreposta

Como a cirrose é o estágio terminal patológico de qualquer doença hepática crônica, é essencial tratar a doença causadora subjacente.

Os antivirais de ação direta orais são considerados um tratamento de primeira linha para a infecção crônica pelo vírus da hepatite C. Uma revisão sistemática e metanálise revelou que o tratamento precoce com antivirais de ação direta reduziu a recorrência do carcinoma hepatocelular, a descompensação hepática e a mortalidade por todas as causas, e preveniu o carcinoma hepatocelular em pacientes com cirrose compensada e sem cirrose, mas não preveniu o transplante de fígado.[93]​ Os esquemas dependem do genótipo e da presença ou ausência de cirrose.[94] Consulte as orientações locais. Consulte Hepatite C. Podem-se indicar antivirais para os pacientes com hepatite B crônica.[84][95]​ Consulte Hepatite B.

A lesão hepática sobreposta pode ser prevenida através da evitação do consumo de bebidas alcoólicas e de outros medicamentos hepatotóxicos (por exemplo, anti-inflamatórios não esteroidais [AINEs] e altas doses de paracetamol [>2-3 g/dia]), da imunização contra hepatite A e B para pacientes suscetíveis, manejo dos fatores de risco metabólicos, manutenção de uma nutrição adequada e exercícios regulares.

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associado a – 

monitoramento das complicações

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A cirrose está associada a complicações graves, incluindo hipertensão portal causando ascite (adicionalmente complicada por peritonite bacteriana espontânea e hidrotórax hepático), varizes gastroesofágicas e encefalopatia portossistêmica, lesão renal aguda e síndromes hepatopulmonares, hipertensão portopulmonar, carcinoma hepatocelular e insuficiência hepática crônica agudizada.

A detecção imediata e o tratamento dessas complicações são essenciais para minimizar a morbidade e a mortalidade relacionadas. Os exames de imagem incluem: ultrassonografia abdominal para detecção de ascite; endoscopia digestiva alta em pacientes selecionados para a detecção de varizes gastroesofágicas; e ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM) para a detecção de carcinoma hepatocelular.

Outros exames especializados podem ser exigidos, dependendo dos sintomas individuais.

Consulte Varizes esofágicas, Peritonite bacteriana espontânea, Encefalopatia hepática, Síndrome hepatorrenalCarcinoma hepatocelular.

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associado a – 

cuidados de suporte e paliativos

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

É recomendável que os pacientes hospitalizados com cirrose recebam avaliação formal de um nutricionista, e devem ser tomadas medidas para minimizar o período de jejum antes dos procedimentos (por exemplo, oferecendo-se um lanche antes de dormir ou um lanche no início da manhã, se o procedimento for realizado no fim da tarde).[138] A suplementação parenteral pode ser necessária para os pacientes que não conseguirem atender suas necessidades de ingestão nutricional por via oral. A ingestão recomendada de proteínas para adultos com cirrose é de 1.2 a 1.5 g/kg (peso corporal ideal) ao dia, e 1.2 a 2 g/kg (peso corporal ideal) ao dia em caso de estado crítico.

Como a cirrose é uma doença limitante da vida, os cuidados paliativos devem ser oferecidos junto com outras terapias curativas, e podem ser relevantes para os pacientes com cirrose compensada e com cirrose descompensada.[174] A American Gastroenterological Association e a American Association for the Study of Liver Diseases publicaram diretrizes sobre cuidados paliativos em pacientes com cirrose. Elas promovem o planejamento antecipado dos cuidados, a avaliação e manejo dos sintomas (incluindo dor, dispneia, cãibras musculares, disfunção sexual, insônia, sonolência diurna, fadiga, prurido, ansiedade e depressão), o rastreamento para as necessidades do cuidador e acompanhamento precoce com equipes locais de cuidados paliativos.[174][175] Deve-se dar atenção especial ao manejo da dor crônica no contexto de uma função hepática reduzida e aos novos tratamentos para ascite refratária.[175]

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Considerar – 

restrição de sódio e tratamento com diuréticos para a ascite

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

A ascite é a complicação mais comum da cirrose.

Cada paciente com novo episódio de ascite deve ser submetido a paracentese diagnóstica: a celularidade com diferencial, a albumina e a proteína total devem ser medidas no líquido ascítico. O líquido ascítico também deve ser enviado para cultura e citologia.


Demonstração animada de uma paracentese abdominal
Demonstração animada de uma paracentese abdominal

Demonstra como realizar uma paracentese abdominal diagnóstica e terapêutica.


O gradiente de albumina soro-ascite (GASA) deve ser calculado: um GASA ≥11 g/L com proteína total baixa no líquido ascítico é consistente com hipertensão portal secundária à cirrose.

O tratamento envolve uma dieta sem adição de sal (ingestão diária de, no máximo, 5 a 6.5 g) e o uso de diuréticos.[101]​ O diurético de primeira linha deve ser a espironolactona devido aos seus efeitos sobre a aldosterona e de manutenção de um potássio sérico normal. A furosemida pode ser adicionada nos pacientes que não responderem à espironolactona.[101]​ A dosagem uma vez ao dia é tipicamente preferencial. As doses de ambos os diuréticos por via oral podem ser aumentadas simultaneamente a cada 3-5 dias (mantendo-se a relação de 100 mg para 40 mg) se a perda de peso e a natriurese forem inadequadas.[176] Sódio, potássio e creatinina séricos devem ser monitorados.

Anti-inflamatório não esteroidal (AINEs), IECAs e outras nefrotoxinas devem ser evitados em pacientes com ascite.[90]

Opções primárias

espironolactona: 100 mg por via oral uma vez ao dia inicialmente, ajustar conforme necessário a cada 3-5 dias, máximo de 400 mg/dia

ou

espironolactona: 100 mg por via oral uma vez ao dia inicialmente, ajustar conforme necessário a cada 3-5 dias, máximo de 400 mg/dia

e

furosemida: 40 mg por via oral uma vez ao dia inicialmente, ajustar conforme necessário a cada 3-5 dias, máximo de 160 mg/dia

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2ª linha – 

transplante de fígado

Os pacientes que desenvolvem complicações da cirrose como carcinoma hepatocelular ou sinais de descompensação (ascite, icterícia, hemorragia varicosa, síndrome hepatopulmonar, hidrotórax hepático, encefalopatia portossistêmica ou síndrome hepatorrenal) devem ser encaminhados imediatamente a uma avaliação para transplante de fígado. A avaliação para transplante pode ser um processo prolongado e os encaminhamentos precoces são preferíveis. Alguns pacientes com insuficiência hepática crônica agudizada podem se beneficiar de um transplante de fígado mais precoce.[167]

O transplante de fígado ortotópico continua sendo a única opção de tratamento curativa para pacientes com cirrose descompensada.

O benefício do transplante de fígado para a sobrevida é observado quando o escore no Model of End-Stage Liver Disease (MELD) é ≥15. [ Escore MELDNa (para fins de listagem de transplantes de fígado, não é adequado para pacientes com menos de 12 anos de idade ) (unidades SI) Opens in new window ]

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2ª linha – 

anastomose portossistêmica intra-hepática transjugular (TIPS)

Os pacientes não adequados para transplante de fígado devem ser considerados para a colocação de TIPS.[103]

Metanálises indicam que a TIPS é mais efetiva que a paracentese para o controle da ascite refratária, mas está associada a uma maior incidência de encefalopatia hepática.[103][104][105][106][107][108][109]​ A mortalidade global não parece diferir entre as duas intervenções, mas a TIPS pode oferecer um benefício modesto em relação à sobrevida livre de transplante.[103][104][105][106][107][108][109]​ Uma revisão sistemática Cochrane e uma metanálise em rede relataram que a certeza (qualidade) geral das evidências foi muito baixa, principalmente devido ao alto risco ou risco incerto de viés em ensaios clínicos que avaliaram as intervenções para o tratamento de ascite refratária em pacientes com cirrose.[103] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

A gravidade da doença no momento da colocação da TIPS é um importante fator preditivo para os desfechos.[112]

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