História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os grupos de risco incluem pessoas que tiveram contato sexual com uma pessoa infectada, homens que fazem sexo com homens (HSH), usuários de drogas ilícitas, profissionais do sexo, pessoas com múltiplos parceiros sexuais e pessoas infectadas com vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Gestantes com sífilis correm o risco de transmitir a infecção por via transplacentária para o feto.

úlcera anogenital

Inicialmente uma mácula que evolui para uma pápula e posteriormente sofre ulceração para formar um cancro.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Cancro sifilítico primário vulvar decorrente da bactéria Treponema pallidumCDC: PHIL image ID 5340; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@67d658b6

Classicamente surge na área anogenital em 14 a 21 dias após a exposição (infecção primária).

Geralmente, é endurecido, único e indolor.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Cancro peniano localizado na haste peniana proximal: infecção sifilítica primáriaCDC/ Dr. Gavin Hart; Dr. NJ Fiumara; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@dfd9b16

Ela pode não ser notada pelo paciente ou pelo médico, podendo cicatrizar espontaneamente.

De forma atípica, a lesão pode ser múltipla e dolorosa. A coinfecção por herpes cancroide ou genital também pode causar uma ulceração dolorosa. A infecção por HIV pode estar associada a úlceras múltiplas.

Erosões nos órgãos genitais também podem ocorrer na sífilis secundária.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Lesões de sífilis secundárias na vaginaCDC/J. Pledger; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@91b5ae5

linfadenopatia

Linfadenopatia regional com linfonodos endurecidos e moderadamente aumentados associados com a úlcera sifilítica clássica (cancro) na infecção primária.

Pode ocorrer linfadenopatia generalizada na sífilis secundária.

erupção cutânea difusa

Exantema macular, papular ou maculopapular simétrico na sífilis secundária.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Erupção cutânea papuloescamosa de sífilis secundária no tronco e porção superior do corpoCDC/Susan Lindsley; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@4eeac4c1[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sífilis secundária apresentando máculas e pápulas pigmentadas na peleCDC/Susan Lindsley; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5bc9031f

Em geral disseminada, com comprometimento da membrana mucosa.

Pode haver descamação.

Geralmente sem prurido, sobre o tronco, palmas das mãos, solas dos pés e couro cabeludo.

Em pacientes com pele escura pode causar prurido.

Pode acompanhar uma história de sintomas constitucionais, como febre e mal-estar.

Início geralmente em 6 a 12 semanas após a exposição.

Até 25% das pessoas que apresentam sífilis secundária não tratada desenvolvem episódios de erupção cutânea e febre.[9][19]

A erupção cutânea também ocorre na sífilis congênita.

sintomas constitucionais

Como febre, mal-estar, mialgia e artralgia na sífilis secundária.

Pode ser confundida com uma infecção primária por HIV ou com outra doença viral intercorrente.

Até 25% das pessoas que apresentam sífilis secundária não tratada desenvolvem episódios de erupção cutânea e febre.[9][19]

fadiga

Resultado da sífilis cardiovascular (doença terciária), que pode levar à insuficiência cardíaca.

Também pode ser um sintoma constitucional na sífilis secundária.

rinite (sífilis congênita)

Um sinal de sífilis congênita precoce (ocorrendo <2 anos de idade).

A secreção pode ser purulenta e sanguinolenta.

hepatoesplenomegalia (sífilis congênita)

Um sinal de sífilis congênita precoce (ocorrendo <2 anos de idade).

Geralmente associada a outros sinais de infecção disseminada (erupção cutânea, ulceração de membrana mucosa).

Incomuns

alopécia em placas

Pode se desenvolver na sífilis secundária.

condiloma lata

Pápulas levemente elevadas ou planas, redondas ou ovais, cobertas por exsudatos acinzentados.

Um sinal de sífilis secundária.

Pode estar presente em áreas úmidas do períneo.

Pode ser confundida com verrugas genitais.

comprometimento da memória, alteração de humor, confusão ou demência

Possíveis sinais de neurossífilis.[20]

O envolvimento do cérebro na sífilis terciária causa uma variedade de síndromes, incluindo deficiências cognitivas e motoras, que algumas vezes são agrupadas sob a nomenclatura ampla de paresia geral.

alterações visuais

A deficiência visual pode ser uma característica de apresentação de irite ou uveíte sifilíticas, que ocorrem na infecção secundária.

Pupilas de Argyll Robertson

Pupilas bilateralmente pequenas e irregulares, que não se contraem ao serem expostas à luz, mas que se contraem na acomodação.

Uma característica de tabes dorsalis que ocorre na sífilis terciária.

perda da propriocepção e das percepções de vibração e de posição

A perda da coluna dorsal é uma característica da tabes dorsalis, que ocorre na sífilis terciária.

ataxia

Uma característica de tabes dorsalis que ocorre na sífilis terciária.

perda de controle dos esfíncteres anal e vesical

Uma característica de tabes dorsalis que ocorre na sífilis terciária.

sinal de Romberg positivo

Uma característica de tabes dorsalis que ocorre na sífilis terciária.

sopro diastólico

Possível sinal de sífilis cardiovascular (doença terciária).

O sopro diastólico na borda do esterno indica regurgitação aórtica como resultado da aortite causada pela sífilis cardiovascular (doença terciária).

nódulos endurecidos com um centro necrótico

Um sinal de goma sifilítica (também conhecida como sífilis terciária benigna).

Afeta a pele e os órgãos viscerais.

A goma destrutiva pode substituir gradualmente o tecido normal.

aborto espontâneo ou fetos natimortos (sífilis congênita)

Sinais de sífilis congênita.[72]

parto prematuro e retardo de crescimento intrauterino (sífilis congênita)

Sinais de sífilis congênita precoce.

erupção cutânea neonatal (sífilis congênita)

Pode ocorrer na sífilis congênita precoce (ocorrendo <2 anos de idade).

Essa erupção cutânea pode ser similar à erupção cutânea da sífilis secundária em adultos. Ela também pode ser mais disseminada, bolhosa ou papulonecrótica, ou descamativa.

Inicialmente, a erupção cutânea pode ser uma erupção vesicular com pequenas bolhas que aparecem na palma das mãos e na planta dos pés. Mais tarde, um exantema maculopapular ou eritematoso, que em geral tem coloração acobreada, pode aparecer na face, nas palmas das mãos e nas superfícies plantares dos pés. A erupção cutânea também pode afetar a boca, os órgãos genitais e o ânus.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Este foi um caso de sífilis congênita que resultou na morte de um bebê recém-nascidoCDC: PHIL image ID 3510; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@34b68723[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Neonato com sintomas de sífilis congênita que incluíam lesões nas solas de ambos os pésCDC: PHIL image ID 4148; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@5a00b1d9

arqueamento da tíbia (sífilis congênita)

Um sinal de sífilis congênita tardia (ocorrendo >2 anos de idade).

Decorrente da osteocondrite neonatal na sífilis congênita.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Osteoperiostite da tíbia ("canelas em sabre")CDC/Robert E. Sumpter; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@589bc4bd

malformação craniofacial (sífilis congênita)

Um sinal de sífilis congênita tardia (ocorrendo >2 anos de idade).

Incluindo bossa frontal, crânio alto e nariz em sela.

anormalidades dentárias (sífilis congênita)

Um sinal de sífilis congênita tardia (ocorrendo >2 anos de idade).

Incisivos de Hutchinson (dentes cônicos afilados e chanfrados no ápice), molares "em amora" em forma de domo com cúspides pequenas no ápice.

Dentes pouco mineralizados.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Incisivos chanfrados centrais em forma de pino (dentes de Hutchinson)CDC/Robert E. Sumpter; usada com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@3bee39fd

funisite necrosante (sífilis congênita)

A funisite (inflamação do cordão umbilical) necrosante é praticamente um diagnóstico de sífilis congênita. Geralmente, é encontrada em prematuros natimortos ou que morrem poucas semanas após o nascimento.

O cordão umbilical tem uma aparência específica conhecida como “barberpole” (poste de barbeiro) (uma opacidade branca que acompanha a espiral vascular do cordão umbilical geralmente provocada pela infecção por sífilis, que dá origem à funisite necrosante) como resultado da inflamação da matriz do cordão umbilical.[43]

Outros fatores diagnósticos

comuns

úlcera na mucosa oral

Pode coexistir com a ulceração genital.

Ocorre tanto na infecção primária quanto na secundária.

Na infecção secundária, as úlceras na mucosa oral (úlceras em rastro de lesma) geralmente irão coexistir com outros sinais ou sintomas, como erupções cutâneas e febre.

assintomática com sorologia positiva (sífilis latente)

A sífilis latente é definida pela sorologia positiva na ausência de características clínicas de sífilis.

As úlceras na sífilis primária podem não ser notadas pelo paciente ou pelo médico.

Incomuns

tremor

Possível sinal de doença terciária com envolvimento cerebral.

O envolvimento do cérebro na sífilis terciária causa uma variedade de síndromes, incluindo deficiências cognitivas e motoras, que algumas vezes são agrupadas sob a nomenclatura ampla de paresia geral.

cefaleia

Pode indicar envolvimento neurológico.

Pode ocorrer acompanhada de rigidez de nuca.

meningismo

Pode indicar envolvimento neurológico.

dor ocular

Pode ser uma característica da apresentação de irite ou uveíte sifilíticas, que ocorrem na infecção secundária.

perda auditiva

O oitavo nervo craniano é o mais comumente afetado na neurossífilis.

A perda auditiva pode ser um sintoma e um sinal tanto da neurossífilis recente quanto da tardia.

Surdez também pode ocorrer como resultado da sífilis congênita tardia (ocorrendo com >2 anos de idade).

convulsões

Sugerem envolvimento neurológico.

edema periférico

Ocorre com síndrome nefrótica que pode se desenvolver devido à vasculite decorrente da sífilis secundária.

icterícia

Pode indicar hepatite, devido à vasculite na sífilis secundária.

neuropatia periférica

Sinal de neurossífilis.

Geralmente afeta os membros inferiores.

arreflexia

Pode ocorrer em todas as formas de neurossífilis.

angina

Resultado da sífilis cardiovascular (doença terciária).

dispneia

Resultado da sífilis cardiovascular (doença terciária), que pode levar à insuficiência cardíaca.

O aneurisma da aorta causado pela sífilis quase sempre afeta a aorta torácica (geralmente a parte ascendente), resultando em insuficiência cardíaca.

organomegalia

As lesões na goma sifilítica podem causar organomegalia e se tornarem infiltrantes ou destrutivas.

perfuração da pele ou de órgãos viscerais (com possível perda da estrutura)

Pode ocorrer como resultado da goma sifilítica.

anormalidades neurológicas neonatais (sífilis congênita)

Podem incluir uma grande variedade de problemas como convulsões, meningite, hidrocefalia obstrutiva e paralisia de nervos cranianos.

Fatores de risco

Fortes

contato sexual com uma pessoa infectada

O risco de adquirir sífilis após a relação sexual com alguém com sífilis primária ou secundária está entre 30% e 60%.[19]

homens que fazem sexo com homens (HSH)

Apresentam maior risco, particularmente se também estiverem coinfectados com vírus da imunodeficiência humana (HIV), utilizarem drogas ilícitas como a metanfetamina ou tiverem múltiplos parceiros sexuais casuais.[23][24]

Em 2023, quase um terço (32.7%) de todos os casos relatados de sífilis primária e secundária nos EUA ocorreram em HSH.[11]

uso de substâncias ilícitas

Associação decorrente da troca de sexo e dinheiro por drogas, particularmente cocaína e crack.[25]

profissionais do sexo

Associação decorrente da troca de sexo e dinheiro por drogas, particularmente cocaína e crack.[25]

múltiplos parceiros sexuais

Um fator de risco para todas as ISTs.

Importante na epidemiologia da sífilis.[23]

pessoas com HIV e outras ISTs

Sugere relações sexuais desprotegidas, o que aumenta o risco de ISTs.

Todos os pacientes que têm uma IST devem ser examinados quanto à sífilis, assim como todos os pacientes com alto risco de ISTs, independentemente de onde sejam atendidos.

sífilis durante a gestação (risco de sífilis congênita)

O feto contrai a infecção da mãe infectada. O tratamento inadequado da sífilis materna é responsável por até um terço dos casos de sífilis congênita.[26]

Isso pode resultar em aborto espontâneo, natimorto ou morte neonatal[3]

O rastreamento de sífilis na primeira consulta pré-natal visa a identificar e tratar mulheres assintomáticas, prevenindo assim a transmissão transplacentária.[27] Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA recomendam repetir o rastreamento de sífilis com 28 semanas de gestação e no parto para mulheres com alto risco de infecção por sífilis. Os fatores de risco para infecção por sífilis durante a gestação incluem profissionais do sexo, história de uso indevido de substâncias, sexo com múltiplos parceiros, início tardio dos cuidados pré-natais (ou seja, primeira consulta durante o segundo trimestre ou depois) ou ausência de cuidados pré-natais, moradia instável ou desabrigo e encarceramento da mulher ou de seu parceiro.[8]

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