Monitoramento

O transtorno bipolar requer tratamento e manejo por toda a vida. Monitore os pacientes que vivenciam episódios agudos com frequência até que ocorra uma melhora sintomática persistente. Considere a hospitalização psiquiátrica para a depressão grave, pensamentos suicidas ou mania para proteger o paciente e os demais, e para possibilitar o monitoramento diário e o plano de tratamento. Observe semanalmente os pacientes que tiverem recebido alta hospitalar, já que o período imediato de pós-alta pode estar associado a um risco maior de não adesão ao tratamento, recidiva e suicídio.[296]

Além do autorrelato dos sintomas pelo paciente, as informações adicionais dos familiares e o uso de escalas de classificação de humor objetivas podem melhorar o monitoramento da evolução do paciente em tratamento. O questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9) para adultos pode ser usado para avaliar a resposta ao tratamento dos sintomas depressivos (esse questionário ainda é usado na prática clínica, embora o DSM-5-TR esteja disponível), enquanto a escala de classificação da mania de Young (YMRS) é comumente usada para medir as alterações dos sintomas maníacos em resposta ao tratamento.[98] Young Mania Rating Scale Opens in new window​ É essencial fazer o monitoramento e a mitigação constantes do risco de suicídio.

Recomenda-se um monitoramento cuidadoso dos efeitos colaterais do tratamento (por exemplo, sonolência, fadiga, acatisia, efeitos colaterais extrapiramidais, como distúrbios do movimento, ganho de peso, síndrome metabólica, hipertensão, toxicidade por lítio) em cada consulta.[84][297]

Muitos medicamentos comumente usados no transtorno bipolar (entre eles lítio, antipsicóticos, carbamazepina, divalproato de sódio e clozapina) exigem cronogramas de monitoramento laboratorial contínuo e individualizado para avaliar parana presença de efeitos adversos relacionados ao tratamento, inclusive disfunção tireoidiana, renal e hepática, neutropenia (com clozapina) e desenvolvimento de síndrome metabólica com antipsicóticos.[29]​ O monitoramento do lítio é particularmente complexo, por causa de seu índice terapêutico estreito, da propensão a efeitos colaterais relacionados à dose e de interações graves com outros medicamentos. É necessária a medição regular dos níveis de lítio no plasma, com maior frequência de monitoramento durante o início do tratamento e a titulação/redução da dose.[29] Os esquemas de atendimento variam, mas, na prática, a responsabilidade pelo monitoramento pode ser compartilhada entre a atenção primária e a secundária. É enfaticamente recomendável que os centros de atenção primária responsáveis pelo monitoramento dos níveis de lítio tenham um sistema arrojado de rede de segurança de chamadas/rechamadas, por exemplo, com pesquisa mensal computadorizada do prontuário eletrônico do paciente e datas regulares de reavaliação das prescrições.

Para muitos pacientes, o monitoramento/manejo contínuo do uso de substâncias é um componente essencial do tratamento bipolar em longo prazo, com encaminhamento adequado conforme indicado.[298]

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