Novos tratamentos

Lumateperona

A lumateperona é um antipsicótico atípico que tem ação dupla como antagonista do receptor de serotonina 5-HT2A e um modulador da dopamina. Ela está aprovada nos EUA para o tratamento tanto da depressão bipolar I quanto da bipolar II. Em um estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, a lumateperona foi associada a uma melhora significativamente maior a partir do estado basal na escala de classificação de depressão de Montgomery-Asberg (MADRS), comparada com placebo, em pacientes com transtornos bipolar I e bipolar II.[251] A lumateperona não está disponível na Europa atualmente.​

Olanzapina/samidorfano

A olanzapina/samidorfano está aprovada nos EUA para o tratamento da depressão bipolar I, incluindo o tratamento agudo de episódios maníacos ou mistos como monoterapia, e como adjuvante do lítio ou do valproato, ou monoterapia de manutenção. A olanzapina é um antipsicótico atípico, e o samidorfano é um antagonista opioide que demonstrou reduzir o ganho de peso associado à olanzapina. Estudos mostram um efeito limitado no ganho de peso induzido por medicamentos, e estudos adicionais são necessários para definir seu papel na prática clínica.[252] A olanzapina/samidorfano não está disponível na Europa atualmente.​

Iloperidona

A iloperidona está aprovada nos EUA para o tratamento agudo de episódios maníacos ou mistos associados ao transtorno bipolar I em adultos. A iloperidona é um antagonista misto dos receptores de dopamina D2/serotonina 5-HT2A e pertence à classe dos antipsicóticos atípicos. A aprovação foi baseada nos resultados de um estudo de fase 3 randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, mostrando que pacientes com mania bipolar tratados com iloperidona tiveram melhora significativa em seus escores na Escala de Classificação de Mania de Young, em comparação com pacientes que receberam placebo, com melhora dos sintomas já a 14 dias após a dose inicial.[253] A iloperidona não está disponível atualmente na Europa (o pedido de autorização para comercialização foi recusado).​

Dexmedetomidina

A dexmedetomidina é um sedativo agonista alfa-2-adrenérgico seletivo que está aprovado nos EUA para o tratamento da agitação aguda em adultos com transtorno bipolar I ou II. Acredita-se que o mecanismo de ação no manejo do quadro agudo de agitação seja devido à ativação dos receptores alfa-2 adrenérgicos pré-sinápticos. Um ensaio clínico randomizado e controlado mostrou uma redução nos escores de agitação em adultos com transtornos bipolar I e bipolar II quando tratados com dexmedetomidina, em comparação com placebo.[254]​ Pesquisas adicionais são necessárias para estabelecer seu papel na prática clínica. A dexmedetomidina não está atualmente disponível na Europa para esta indicação. 

Cetamina/escetamina

A cetamina é um antagonista do receptor de NMDA com ações que afetam o sistema glutamatérgico. A escetamina é o isômero ativo da cetamina. Ambas são usadas, algumas vezes, como tratamentos para a depressão maior resistente a tratamento (unipolar), embora ainda não façam parte da prática clínica padrão para essa indicação. O spray nasal de escetamina é aprovado para depressão resistente ao tratamento em adultos, com uma expansão subsequente da indicação para incluir adultos com transtorno depressivo maior com ideação ou comportamento suicida agudo. As evidências para sua eficácia no transtorno bipolar resistente a tratamento parecem promissoras, mas os dados de segurança e eficácia para o transtorno bipolar, em comparação à depressão maior unipolar, são limitados e baseiam-se em pequenos estudos; atualmente, não há estudos de fase 3.[255][256][257][258][259]​​​​ É importante observar que nenhuma evidência de um aumento do risco de alteração ou instabilidade do humor foi identificada até o momento. As potenciais vantagens incluem redução rápida dos sintomas, eficácia no transtorno bipolar grave e resistente a tratamento, e um possível efeito antissuicida.[260]​ Estudos de fase 2 de maior porte estão em andamento no momento, após os quais serão necessários estudos de fase 3 antes de qualquer inclusão potencial de cetamina/escetamina em algoritmos de tratamento estabelecidos para o transtorno bipolar.

Amilssuprida

Amilssuprida é um novo antipsicótico atípico que, atualmente, está sendo testado quanto à eficácia na depressão bipolar em um grande ensaio clínico multicêntrico de fase 3.[261]

Acetilcisteína

A acetilcisteína é uma forma acetilada do aminoácido L-cisteína, comumente usada como tratamento para superdosagem de paracetamol e como mucolítico. Estudos sobre a acetilcisteína como tratamento adjuvante para a depressão bipolar produziram resultados mistos, e são necessários ensaios clínicos maiores.[262][263]​​​

Levetiracetam

O levetiracetam, um anticonvulsivante com perfil cognitivo favorável e baixo risco de ganho de peso, foi explorado como potencial estabilizador do humor para o tratamento das fases depressiva e maníaca do transtorno bipolar. Os resultados foram mistos, e alguns estudos mostraram efeitos positivos e outros relataram reações adversas, inclusive indução de mania.[264][265][266]​​​ Aproximadamente 16% dos pacientes tratados com levetiracetam apresentam risco de efeitos adversos comportamentais e psiquiátricos, inclusive agressividade, depressão, psicose e mania; as mulheres, pessoas com história de depressão ou ansiedade e usuários de drogas recreativas têm um risco mais alto de efeitos colaterais psiquiátricos.[267]​ Alguns estudos constataram que levetiracetam pode melhorar os sintomas maníacos quando usado como tratamento adjuvante. Um ensaio clínico duplo-cego, randomizado, controlado por placebo concluiu que o levetiracetam, em combinação com lítio, melhorou os sintomas de mania, conforme classificado pelos médicos, e a qualidade do sono subjetiva.[264]​ Além disso, um estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo constatou que o levetiracetam, em combinação com quetiapina, resultou em melhora da mania aguda sem diferenças relativas à tolerabilidade, em comparação com o placebo.[265]

Psicoestimulantes

Uma revisão sistemática mostrou que os psicoestimulantes foram associados a uma melhora estatisticamente significativa dos sintomas depressivos no transtorno bipolar (razão de chances [RC] de 1.42, IC de 95% de 1.13 a 1.78; P = 0.003). No entanto, as taxas de resposta diferiram: dexanfetamina (RC de 7.11, IC de 95% de 1.09 a 46.44; P = 0.04); metilfenidato (RC de 1.49, IC de 95% de 0.88 a 2.54; P = ns); lisdexanfetamina (RC de 1.21, IC de 95% de 0.94 a 1.56; P = não significativo [ns]) Os desfechos de eficácia também foram afetados pelo fato de os medicamentos serem usados como terapia adjuvante (RC de 1.39, IC de 95% de 1.19 a 1.64) ou monoterapia (RC de 2.25, IC de 95% de 0.67 a 7.52).[268] Há necessidade de dados adicionais.

Pramipexol

O pramipexol é um agonista do receptor de dopamina usado no tratamento do parkinsonismo e da síndrome das pernas inquietas. Ele demonstrou resultados promissores em um pequeno ensaio clínico aberto, como tratamento adjuvante para a depressão bipolar resistente a tratamento.[269]

Estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC)

Como um tratamento inovador que utiliza baixos níveis de corrente elétrica direta, administrado com eletrodos na cabeça para estimular o cérebro, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) demonstra ser promissora como tratamento da depressão unipolar maior. Pequenos estudos sobre a depressão bipolar produziram resultados mistos.[270][271] Ensaios clínicos randomizados e controlados maiores e multilocais são necessários.

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