Rastreamento
A finalidade do rastreamento é identificar se o indivíduo tem um transtorno relacionado ao uso de substâncias que precisa de intervenção.
População do rastreamento
A US Preventive Services Task Force recomenda o rastreamento para uso de medicamentos não saudável em todos os adultos a partir dos 18 anos de idade usando ferramentas como a investigação rápida do National Institute on Drug Abuse (NIDA).[47]
As populações de alto risco também devem ser submetidas ao rastreamento regular de substâncias. Elas incluem:
Usuários de substâncias com história de transtorno relacionado ao uso de opioides ou uso coexistente de outra substância como álcool[48]
Pacientes que tomam medicamentos para controle da dor crônica; a identificação precoce pode evitar o abuso de medicamentos opioides[37][49][50]
Pacientes encaminhados pelo sistema de justiça criminal
Pacientes psiquiátricos.
Além disso, o American College of Surgeons recomenda que os centros de trauma realizem rastreamento à beira do leito para problemas relacionados ao uso de substâncias em todos os pacientes com trauma físico considerados de maior risco de transtornos por uso de substâncias devido à presença de fatores de risco, por exemplo, resultados positivos no rastreamento por exame de urina para detecção de substâncias, história sugestiva ou achados do exame, ou respostas positivas a perguntas pré-rastreamento, como questões de história social sobre o uso de drogas.[51]
O rastreamento universal para o abuso de substâncias é recomendado em todas as gestantes na primeira consulta pré-natal pelo American College of Obstetricians and Gynecologists, Society for Maternal-Fetal Medicine e American Society of Addiction Medicine.[52][53] O rastreamento para gestantes deve assumir a forma de uma ferramenta de rastreamento validada: por exemplo, um questionário como a investigação rápida do NIDA, o método de rastreamento 4Ps ou a entrevista de rastreamento CRAFFT (para mulheres com 26 anos de idade ou menos).[52][53]
Locais de rastreamento
Clínicas de dor: local para pacientes que consomem/requerem uma quantidade desproporcional de medicamentos, identificando, dessa forma, os pacientes em risco.[50]
Médicos de unidade básica de saúde: o primeiro ponto de contato para uma grande variedade de pacientes; desse modo, o rastreamento nesse nível pode ser benéfico.[22]
Pronto-socorro: pacientes com alto nível de suspeita clínica devem ser examinados em busca de evidências de transtorno relacionado ao uso de opioides e encaminhados para intervenções apropriadas.
Serviços de trauma ou serviços de transplante.
Rastreamento universal: um novo conceito usado em alguns hospitais que examina todo paciente internado no hospital e oferece intervenção aos pacientes com resultado positivo no rastreamento.
Procedimentos de rastreamento nível I
Requerem tempo e esforço mínimos do médico/auxiliar durante o contato inicial do paciente. Usados principalmente em atendimento ambulatorial ou clínicas de controle da dor.
Perguntas a serem feitas: perguntas relacionadas ao uso prévio de medicamentos orientarão o profissional a avaliar se o paciente precisa ser examinado mais rigorosamente com procedimentos do nível II. A relutância de alguns pacientes pode ser extremamente direta quando o diagnóstico é feito pelo próprio paciente, e isso pode acontecer principalmente na primeira aparição em alguns ambientes hospitalares, onde nenhuma relação de confiança ainda foi estabelecida entre o paciente e o profissional.
Instrumento de rastreamento resumido, como CAGE-AID (uma modificação do questionário CAGE), um questionário de 4 itens que incorpora o uso de bebidas alcoólicas e substâncias. CAGE-AID questionnaire Opens in new window
Procedimentos de rastreamento nível II
Requerem mais tempo e esforço para serem incorporados na prática de rotina que as alternativas do nível I e geralmente são usados em ambientes hospitalares.
Entrevistas detalhadas
Incluem perguntas específicas e formulários a serem preenchidos pelo próprio paciente (por exemplo, perguntas diretas ou abertas sobre uso recente de medicamentos, diagnóstico da doença de dor crônica, exposição a medicamentos contra dor, frequência e duração de uso).[54]
Também devem incluir a inferência indireta por meio de perguntas relacionadas a problemas legais, história de acidentes sob efeito de substâncias, comorbidades devidas ao transtorno relacionado ao uso de substâncias e história de transtorno relacionado ao uso de substâncias na família.
Entrevistas estruturadas psiquiátricas resumidas e específicas (por exemplo, Mini International Neuropsychiatric Interview - MINI), que podem levar cerca de 15 a 20 minutos, também podem ser usadas.[55]
Instrumentos de rastreamento
Drug Abuse Screening Test (DAST): geralmente um questionário de 10 itens, feito pelo entrevistador ou autoaplicado pelo próprio paciente. Os itens do DAST se referem aos últimos 12 meses, não à vida toda.[56]
Dartmouth Assessment of Lifestyle Instrument (DALI): um instrumento de rastreamento de 18 itens auxiliado por entrevista para transtornos causados pelo uso de substâncias com transtorno mental grave.[57]
Rapid Opioid Dependence Screen (RODS): questionário de 8 itens, aplicado pelo entrevistador, baseado nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição (DSM-4) para dependência de substâncias.[58]
Exames laboratoriais
Dependendo do índice de suspeita dos exames acima, os exames laboratoriais podem servir como adjuvantes ao processo de rastreamento para estabelecer um diagnóstico e direcionar o médico para a intervenção apropriada.
Exame de substâncias na urina (ESU): um exame de substâncias na urina envolve a coleta da amostra de urina de um paciente em um frasco seguro especialmente desenvolvido e a testagem para verificar a presença de medicamentos.
Esse é o exame mais usado.
Primeiro, a amostra de urina é examinada para verificar a presença de medicamentos usando um analisador que realiza imunoensaio. Se o resultado for positivo, novos exames serão usados para confirmar os achados com exames específicos como a cromatografia gasosa acoplada à espectroscopia de massas.
A maioria dos opioides, incluindo a heroína, é metabolizada em morfina ou codeína e pode ser detectada na urina por 48 a 72 horas. A metadona pode ser detectada por 7 a 9 dias. Os metabólitos da buprenorfina podem ser detectados por até 7 dias. A 6-monoacetilmorfina é um metabólito específico da heroína que confirma o uso da heroína. No entanto, ela pode ser detectada na urina somente por 4 horas.
O rastreamento de rotina de medicamentos opioides não detecta petidina, fentanila, pentazocina, dextrometorfano, buprenorfina, metadona ou naltrexona.
Rastreamento de medicamentos na saliva/com base em fluidos orais: alternativas mais fáceis de supervisionar que a coleta de urina. No entanto, há menos experiência com os pontos de corte, e alguns compostos podem produzir resultados falso-positivos nos exames de saliva.
Teste do suor e do cabelo: permite uma janela de detecção maior (por exemplo, até 3 meses de uso com o cabelo: 1 cm de cabelo = 1 mês de uso). No entanto, a concentração de substâncias no cabelo e no suor é baixa, exigindo ensaios sensíveis. No momento em que esta monografia foi escrita, os testes do suor e do cabelo não tinham grande aceitação clínica.
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