Prevenção primária

As diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA sobre a prescrição segura de opioides são essenciais para a prevenção primária do transtorno relacionado ao uso de opioides.[37] Os seguintes pontos são um resumo das diretrizes do CDC sobre a prescrição de opioides para a dor:

  • Considere e maximize o uso de medicamentos não opioides e as intervenções comportamentais primeiro

  • Priorize as terapias não opioides para as dores subagudas e crônicas

  • Antes de iniciar um opioide para dor uma subaguda ou crônica, estabeleça e meça as metas para funcionalidade e dor, e planeje ou descontinue a terapia se os benefícios não superarem os riscos

  • Discuta os riscos, benefícios e responsabilidades antes e durante o tratamento com opioides

  • Use os opioides de liberação imediata ao iniciar opioides para dores agudas, subagudas e crônicas

  • Para os pacientes que nunca usaram opioides, prescreva a menor dose efetiva e só aumente a dosagem (se necessário) com precaução

  • Para os pacientes já em terapia com opioides, reavalie os riscos e benefícios da continuação do tratamento e otimize as terapias não opioides e/ou reduza gradualmente e/ou descontinue o tratamento com opioides, conforme a necessidade

  • Não descontinue a terapia com opioides de maneira abrupta, a menos que haja indicações de uma questão de risco à vida (por exemplo, superdosagem iminente)

  • Para dores agudas, não prescreva uma quantidade maior do que a necessária pela duração esperada de uma dor intensa o suficiente para requerer opioides

  • Avalie os benefícios e riscos com os pacientes, 1 a 4 semanas após o início da terapia com opioides para uma dor subaguda ou crônica ou o aumento da dose, e reavalie regularmente a necessidade de continuação do tratamento

  • Combine estratégias de mitigação de riscos com os pacientes que continuarem em tratamento com opioides, incluindo oferecer naloxona

  • Avalie o risco de superdosagem ao reavaliar a história do paciente relativa à prescrição de substâncias controladas antes de prescrever um opioide para qualquer tipo de dor, e periodicamente durante a terapia para dor crônica; nos EUA, isso pode ser feito utilizando dados do programa estadual de monitoramento de medicamentos de prescrição (PDMP)

  • Considere realizar um exame toxicológico para avaliar os medicamentos/substâncias controladas prescritos antes de prescrever um opioide para uma dor subaguda ou crônica

  • Tenha particular precaução ao prescrever um opioide e um benzodiazepínico concomitantemente

  • Considere se os benefícios superam os riscos da prescrição concomitante de um opioide e outro depressor do sistema nervoso central (por exemplo, gabapentina, pregabalina, relaxantes musculares, hipnóticos sedativos)

Em relação à dor relacionada a câncer, a American Society of Clinical Oncology (ASCO) oferece as seguintes orientações sobre o uso de opioides para controlar a dor decorrente de câncer ou de tratamento para um câncer em adultos:[38]

  • Ofereça opioides aos pacientes com dor moderada a grave relacionada a um câncer ou em tratamento contra câncer ativo, a menos que haja contraindicação

  • Inicie o opioide conforme necessário, na menor dose possível para alcançar uma analgesia aceitável e os objetivos do paciente, com avaliação precoce e titulação frequente

  • Para os pacientes com transtorno relacionado ao uso de substâncias preexistente, os médicos devem colaborar com os especialistas em cuidados paliativos, dor e/ou transtorno relacionado ao uso de substâncias para determinar a abordagem ideal para o controle da dor.

A prevenção primária em adolescentes pode incluir estratégias para limitar os fatores de risco, como traumas na infância. Evidências de ensaios clínicos randomizados e controlados mostram que fornecer orientação a mães de primeira viagem de baixa renda durante a gravidez e nos primeiros 2 anos de vida de uma criança através de visitas domiciliares realizadas por enfermeiros pode ter uma série de impactos positivos duradouros sobre a criança.[39] Isso inclui redução do abuso e da negligência, bem como maiores desfechos cognitivos e comportamentais que se estendem até a adolescência.[39] Programas comunitários com foco em competências de desenvolvimento, habilidades sociais e resiliência também demonstraram reduzir o uso indevido de opioides de prescrição em adolescentes nos EUA.[39]

Prevenção secundária

Práticas de injeção sem esterilização e comportamento sexual de risco entre usuários de opioides são um dos principais fatores que contribuem para a disseminação de vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite e outras infecções.[189][190][191][192]

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA recomendam a vacinação contra hepatite A para usuários de drogas injetáveis e não injetáveis (ou seja, todos aqueles que usam drogas ilícitas).[175]​​ O CDC também recomenda a vacinação universal contra hepatite B em todos os adultos de 19 a 59 anos.[175]​ Nas pessoas com 60 anos de idade ou mais, a vacinação contra hepatite B é recomendada na presença de fatores de risco adicionais, incluindo uso vigente ou recente de drogas injetáveis.[175]

O CDC recomenda a profilaxia pré-exposição (PPrE) para o HIV para adultos e adolescentes que injetam drogas e relatam práticas de injeção que os colocam em risco contínuo substancial de exposição e infecção por HIV (por exemplo, compartilhamento de agulhas).[174]

A American Society of Addiction Medicine recomenda exames para tuberculose, hepatite e HIV em todos os pacientes com transtorno relacionado ao uso de opioides.[46] Investigações para outras infecções sexualmente transmissíveis devem ser consideradas: por exemplo, reagina plasmática rápida para sífilis.[46]

Aconselhamento psicossocial e monitoramento com exame de urina para detecção de drogas, bem como avaliação e tratamento de comorbidades clínicas e psiquiátricas (por exemplo, depressão, transtornos de ansiedade e transtornos de personalidade), devem ocorrer como parte da terapêutica de manutenção.[110] A terapia medicamentosa deve continuar em longo prazo para evitar recidivas.

As pessoas que recebem tratamento crônico com opioides prescritos têm probabilidade 8 a 10 vezes maior de iniciar o uso de drogas injetáveis e, portanto, podem se beneficiar de esforços aprimorados para evitar esse início.[30]

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