Existem evidências abrangentes para dar suporte à combinação de farmacoterapias com o tratamento psicossocial para o manejo ideal de transtornos relacionados ao uso de opioides.[59]National Institute on Drug Abuse. Principles of drug addiction treatment: a research based guide. 3rd ed. Jan 2018 [internet publication].
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[60]World Health Organization. Guidelines for the psychosocially assisted pharmacological treatment of opioid dependence. Geneva: WHO Press; 2009.
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Embora a desintoxicação envolva principalmente o uso criterioso de medicamentos, o apoio psicossocial e a supervisão também são úteis neste estágio. Para tratamento mais prolongado, terapêuticas de manutenção farmacológicas com tratamentos psicossociais adjuvantes baseados em evidências são efetivas na retenção dos pacientes no tratamento e na supressão do uso de opioides ilícitos.[61]Brecht ML, Hser YI, Anglin MD. A multimethod assessment of social intervention effects on narcotics use and property crime. Int J Addict. 1990-1991;25(11A):1317-40.
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[62]Substance Abuse and Mental Health Services Administration. Federal guidelines for opioid treatment programs. Mar 2015 [internet publication].
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A avaliação da motivação do paciente para a mudança e evidências de apoio familiar e social são importantes durante o planejamento do tratamento.
Os profissionais não especializados devem consultar e procurar a supervisão de um médico experiente no tratamento da dependência antes de prescreverem farmacoterapias para pacientes com transtornos relacionados ao uso de opioides, principalmente em populações especiais como adolescentes, gestantes e adultos mais velhos. Em pacientes mais velhos, é importante avaliar o comprometimento cognitivo ou a demência, pois isso pode afetar o tratamento, a adesão terapêutica e o pós-tratamento. Os medicamentos e suplementos fitoterápicos atuais devem ser totalmente revistos para evitar possíveis interações.[63]Saber-Tehrani AS, Bruce RD, Altice FL. Pharmacokinetic drug interactions and adverse consequences between psychotropic medications and pharmacotherapy for the treatment of opioid dependence. Am J Drug Alcohol Abuse. 2011 Jan;37(1):1-11.
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Além disso, as doses de medicamento precisam ser ajustadas de acordo com a idade, o índice de massa corporal, a função renal, a função hepática e o estado nutricional (albumina) do paciente. O armazenamento seguro dos medicamentos é fundamental para evitar superdosagem acidental ou intencional, principalmente se houver crianças em casa.
Os níveis de serviço para o tratamento de transtorno relacionado ao uso de opioides devem seguir as diretrizes locais para determinar se o paciente é apropriado para intervenção inicial, tratamento ambulatorial, tratamento ambulatorial intensivo, hospitalização parcial, tratamento residencial, paciente hospitalizado ou tratamento intensivo de paciente hospitalizado com controle médico.[64]Mee-Lee D, Shulman GD, Fishman MJ, et al., (eds). The ASAM Criteria: treatment criteria for addictive, substance-related, and co-occurring conditions. 3rd ed. Carson City, NY: The Change Companies; 2013.
Desintoxicação
A desintoxicação ou a retirada dos opioides é necessária quando um paciente é fisiologicamente dependente de opioides. Ela não deve ser considerada um tratamento suficiente em si, mas a etapa inicial de um plano de tratamento em longo prazo para promover a abstinência. A desintoxicação por si só está associada a taxas de recidiva muito altas, a menos que seja seguida por tratamento de manutenção. Ela pode ser realizada em pacientes ambulatoriais ou hospitalizados, dependendo da gravidade da intoxicação e dos sintomas de abstinência, presença de comorbidades clínicas e questões de segurança.
A desintoxicação é realizada com o uso de medicamentos. Ensaios clínicos têm levado ao desenvolvimento de protocolos semipadronizados.[65]Galanter M, Kleber HD, eds. The American Psychiatric Publishing textbook of substance abuse treatment. Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2008. Existem duas estratégias de desintoxicação baseadas em evidências: substituição e esquema de retirada gradual do agonista opioide (isto é, metadona e buprenorfina com ou sem naloxona) e uso de um agonista alfa-2-adrenérgico (isto é, clonidina ou lofexidina) com ou sem naltrexona.[66]National Institute for Health and Care Excellence. Drug misuse in over 16s: opioid detoxification. Jul 2007 (reaffirmed 2019) [internet publication].
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How do alpha2-adrenergic agonists compare with placebo or methadone for management of opioid withdrawal?/cca.html?targetUrl=https://cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.1609/fullMostre-me a resposta Metadona ou buprenorfina (com ou sem naloxona) são tratamentos de primeira linha para desintoxicação de opioides.[66]National Institute for Health and Care Excellence. Drug misuse in over 16s: opioid detoxification. Jul 2007 (reaffirmed 2019) [internet publication].
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[68]American College of Emergency Physicians Clinical Policies Subcommittee (writing committee) on opioids; Hatten BW, Cantrill SV, et al. Clinical policy: critical issues related to opioids in adult patients presenting to the emergency department. Ann Emerg Med. 2020 Sep;76(3):e13-39.
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Dados de estudos observacionais sugerem que a mortalidade por todas as causas pode ser reduzida em até 50% entre pessoas com dependência de opioides que estão incluídas em qualquer forma de tratamento com agonista de opioides.[69]Santo T Jr, Clark B, Hickman M, et al. Association of opioid agonist treatment with all-cause mortality and specific causes of death among people with opioid dependence: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2021 Sep 1;78(9):979-93.
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A clonidina e a lofexidina (com ou sem naltrexona) são consideradas agentes de segunda linha.
Buprenorfina (com ou sem naloxona)
Uma opção de primeira linha para desintoxicação em adultos.[66]National Institute for Health and Care Excellence. Drug misuse in over 16s: opioid detoxification. Jul 2007 (reaffirmed 2019) [internet publication].
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Considerada um agonista parcial extremamente potente no receptor opioide mu e um antagonista no receptor opioide kappa.[71]Zubieta J, Greenwald MK, Lombardi U, et al. Buprenorphine-induced changes in mu-opioid receptor availability in male heroin-dependent volunteers: a preliminary study. Neuropsychopharmacology. 2000 Sep;23(3):326-34.
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Disponível como comprimido sublingual contendo apenas buprenorfina, ou como comprimido ou filme sublingual contendo buprenorfina e naloxona (um antagonista do receptor opioide mu).
O tratamento combinado de buprenorfina/naloxona foi desenvolvido para impedir o uso indevido parenteral de buprenorfina.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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Quando administrado como comprimido sublingual, os efeitos opioides da buprenorfina dominam e bloqueiam a abstinência de opioides.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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Se os comprimidos sublinguais forem esmagados e injetados, os efeitos da naloxona dominam e podem precipitar os sintomas de abstinência.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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O início da terapêutica com buprenorfina é diferente do início da metadona porque a terapêutica com buprenorfina pode precipitar os sintomas de abstinência quando administrada logo após um agonista opioide.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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O aparecimento de sintomas de abstinência leves a moderados deve ser observado antes do início do tratamento.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7385662
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O tempo para o início dos sintomas de abstinência depende da meia-vida do opioide tomado.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Por exemplo, a heroína tem uma meia-vida curta e está associada ao início da abstinência até 12 horas após o último uso, enquanto os sintomas de abstinência com metadona podem se manifestar 24 a 74 horas após o último uso.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Não está claro se uma rápida redução na dose de buprenorfina é mais efetiva que uma redução lenta e se isso depende do contexto da supressão.[73]Gowing L, Ali R, White JM, et al. Buprenorphine for managing opioid withdrawal. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Feb 21;2(2):CD002025.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28220474?tool=bestpractice.com
Vantagens: apropriado para início doméstico, tem longa duração de ação, e os sintomas de abstinência são relativamente leves e menos graves que os da metadona.[22]Buresh M, Stern R, Rastegar D. Treatment of opioid use disorder in primary care. BMJ. 2021 May 19;373:n784.
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[74]Johnson RE, Fudala PJ, Jaffe JH. Outpatient comparison of buprenorphine and methadone maintenance. I. Effects on opiate use and self-reported adverse effects and withdrawal symptomatology. NIDA Res Monogr. 1990;105:585-6.
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[75]Fudala PJ, Johnson RE, Jaffe JH. Outpatient comparison of buprenorphine and methadone maintenance. II. Effects on cocaine usage, retention time in study and missed clinic visits. NIDA Res Monogr. 1990;105:587-8.
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[76]Johnson RE, McCagh JC. Buprenorphine and naloxone for heroin dependence. Curr Psychiatry Rep. 2000 Dec;2(6):519-26.
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A eficácia da buprenorfina provavelmente é similar a doses reduzidas de metadona, mas não está claro se os sintomas de abstinência remitem mais rapidamente com buprenorfina.[73]Gowing L, Ali R, White JM, et al. Buprenorphine for managing opioid withdrawal. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Feb 21;2(2):CD002025.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD002025.pub5/full
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A buprenorfina é superior à clonidina ou lofexidina e comparável à metadona em termos de taxas de finalização e desconforto com a supressão para desintoxicação de opioides.[73]Gowing L, Ali R, White JM, et al. Buprenorphine for managing opioid withdrawal. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Feb 21;2(2):CD002025.
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How does buprenorphine compare with methadone or adrenergic agonists in people undergoing opioid withdrawal?/cca.html?targetUrl=https://cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.1652/fullMostre-me a resposta
Desvantagens: potencial para uso indevido.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Metadona
Uma opção alternativa de primeira linha para desintoxicação em adultos.[66]National Institute for Health and Care Excellence. Drug misuse in over 16s: opioid detoxification. Jul 2007 (reaffirmed 2019) [internet publication].
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Foi demonstrado que um agonista do receptor opioide mu completo, puro, sintético e administrado por via oral e um antagonista de N-metil-D-aspartato (NMDA) são seguros e efetivos para desintoxicação quando usados de modo apropriado.[77]Amato L, Davoli M, Minozzi S, et al. Methadone at tapered doses for the management of opioid withdrawal. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Feb 28;2013(2):CD003409.
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Existem dois tipos de métodos de desintoxicação: desintoxicação em curto prazo (<30 dias) para opioides de ação mais curta e uma desintoxicação em longo prazo (>180 dias) para pacientes que fazem a manutenção com metadona.
É boa prática aguardar o surgimento dos sinais e sintomas de abstinência antes de iniciar a metadona por causa da falta de certeza sobre a dependência física de histórias não confiáveis e do risco de superdosagem. Se o tratamento for iniciado antes dos sinais e sintomas de abstinência, os sinais vitais e o estado respiratório devem ser cuidadosamente monitorados.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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A indução é a fase mais crítica do tratamento e, neste estágio, os pacientes têm 7 vezes mais chances de morrer que os dependentes de heroína não tratados.[78]Caplehorn JR, Drummer OH. Mortality associated with New South Wales methadone programs in 1994: lives lost and saved. Med J Aust. 1999 Feb 1;170(3):104-9.
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A fase de indução dura até o paciente passar a tomar uma dose estável por 5 a 7 dias.
Vantagens: esquema de retirada gradual mais suave que os opioides de curta duração (devido à meia-vida maior), e os sintomas de abstinência são mais leves, porém prolongados em comparação com os da heroína.
Desvantagens: potencial para uso indevido, possivelmente uma redução mais longa do que com buprenorfina ou agonistas alfa-2-adrenérgicos, requer monitoramento mais próximo do que com buprenorfina devido à meia-vida mais longa e risco de depressão respiratória, e precisa ser dispensado em uma clínica licenciada no EUA.[22]Buresh M, Stern R, Rastegar D. Treatment of opioid use disorder in primary care. BMJ. 2021 May 19;373:n784.
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[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Clonidina ou lofexidina (com ou sem naltrexona)
Agonistas alfa-2-adrenérgicos (clonidina, lofexidina) reduzem a resposta do sistema nervoso simpático (isto é, transmissão noradrenérgica) à retirada de opioides. A lofexidina é um análogo estrutural da clonidina e geralmente está associada a menos efeitos colaterais.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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As doses comuns de opioides devem ser administradas um dia antes da desintoxicação, com opioides descontinuados abruptamente no dia em que a clonidina ou lofexidina é iniciada.
Estudos constataram que a adição do antagonista opioide naltrexona à clonidina pode diminuir a duração da abstinência sem aumentar o desconforto.[79]Kleber HD, Topazian M, Gaspari J, et al. Clonidine and naltrexone in the outpatient treatment of heroin withdrawal. Am J Drug Alcohol Abuse. 1987;13(1-2):1-17.
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A lofexidina pode não suprimir os sintomas de abstinência tão completamente quanto a clonidina e, portanto, pode contribuir para uma pior retenção do tratamento.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7385662
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Vantagens: menos potencial para abuso, duração do tratamento mais curto e prevenção de sintomas de abstinência residuais em longo prazo que podem ocorrer com a metadona.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Desvantagens: efeitos adversos do medicamento, maior taxa de desistência e maior desconforto com a abstinência (particularmente hipotensão e sedação) em comparação com agonistas opioides.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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[81]Meader N. A comparison of methadone, buprenorphine and alpha(2) adrenergic agonists for opioid detoxification: a mixed treatment comparison meta-analysis. Drug Alcohol Depend. 2010 Apr 1;108(1-2):110-4.
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Terapias de suporte
Embora não existam evidências de regime nutricional ou dietético específicos para ajudar na desintoxicação, a hidratação e a ingestão de alimentos adequados são importantes.
Medicamentos auxiliares em doses terapêuticas podem ser necessários para o alívio sintomático, por exemplo:[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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Ibuprofeno para cãibras musculares
Subsalicilato de bismuto, ondansetrona ou proclorperazina para problemas gastrointestinais
Trazodona para perturbações do sono.
A ondansetrona não deve ser utilizada como agente de primeira linha no tratamento do vômito em gestantes, por causa do possível aumento do risco de fenda palatina com sua utilização durante o primeiro trimestre de gravidez.[82]Huybrechts KF, Hernández-Díaz S, Straub L, et al. Association of Maternal First-Trimester Ondansetron Use With Cardiac Malformations and Oral Clefts in Offspring. JAMA. 2018 Dec 18;320(23):2429-37.
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[83]Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Management of nausea and vomiting of pregnancy and hyperemesis gravidarum: green-top guideline no. 69. Jun 2016 [internet publication].
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[84]Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Ondansetron: small increased risk of oral clefts following use in the first 12 weeks of pregnancy. Jan 2020 [internet publication].
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Os benzodiazepínicos podem ser administrados em pacientes hospitalizados por tempo limitado para tratamento de ansiedade ou cãibras musculares.[41]Srivastava AB, Mariani JJ, Levin FR. New directions in the treatment of opioid withdrawal. Lancet. 2020 Jun 20;395(10241):1938-48.
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É necessário o monitoramento da depressão respiratória. Tenha cuidado se prescrever em esquema ambulatorial. Oxazepam e clordiazepóxido são geralmente os benzodiazepínicos de escolha na prática clínica.
O aconselhamento psicossocial é feito principalmente durante a fase de manutenção. No entanto, apoio e tranquilização devem ser dados durante a desintoxicação, e é desejável desenvolver abordagens psicossociais coadjuvantes que possam aumentar a efetividade da desintoxicação.[85]Amato L, Minozzi S, Davoli M, et al. Psychosocial and pharmacological treatments versus pharmacological treatments for opioid detoxification. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Sep 7;(9):CD005031.
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Estabilização e manutenção
Este estágio visa promover a abstinência de drogas ilícitas, impedir a recidiva, reduzir o risco de HIV e hepatite C, reduzir a mortalidade e diminuir a criminalidade.[86]Broome KM, Joe GW, Simpson DD. HIV risk reduction in outpatient drug abuse treatment: individual and geographic differences. AIDS Educ Prev. 1999 Aug;11(4):293-306.
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O objetivo é evitar ou reduzir a abstinência e a fissura por opioides, evitar a recidiva e restaurar as funções prejudicadas pelo uso de substâncias. É fundamental continuar o tratamento após a conclusão da desintoxicação devido ao alto risco de recidiva.
Embora essa fase possa ser realizada sem o uso de agonistas opioides, evidências substanciais indicam que o tratamento apoiado por medicação é essencial para a maioria dos pacientes com transtorno relacionado ao uso de opioides.[88]Nielsen S, Tse WC, Larance B. Opioid agonist treatment for people who are dependent on pharmaceutical opioids. Cochrane Database Syst Rev. 2022 Sep 5;9(9):CD011117.
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Medicamentos para prevenção de recaída incluem agonistas opioides de ação prolongada (ou seja, metadona, buprenorfina) e antagonistas opioides (ou seja, naltrexona injetável de liberação prolongada). O tratamento deve continuar enquanto o paciente continuar se beneficiando dele, desejar permanecer no tratamento, continuar correndo o risco de recidiva e não sofrer nenhum efeito adverso grave.
A escolha do medicamento para o programa de tratamento de manutenção é determinada pelas preferências do paciente, história prévia de resposta ao tratamento e avaliação do médico dos efeitos em curto e longo prazo do uso contínuo de medicamentos.
A terapêutica de manutenção com buprenorfina (TMB) pode reduzir o abuso de opioides em comparação com o placebo. No entanto, uma revisão Cochrane constatou que a terapêutica de manutenção com metadona (TMM) em doses entre 60 e 120 mg/dia foi mais efetiva que a TMB nas doses média (8 a 15 mg/dia) e alta (16 mg/dia) na retenção dos pacientes no tratamento.[89]Mattick RP, Breen C, Kimber J, et al. Buprenorphine maintenance versus placebo or methadone maintenance for opioid dependence. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Feb 6;(2):CD002207.
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What are the benefits and harms of buprenorphine maintenance versus placebo or methadone maintenance in people with opioid dependence?/cca.html?targetUrl=https://cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.538/fullMostre-me a resposta A metadona e buprenorfina estão associadas a uma taxa de mortalidade por todas as causas e mortalidade relacionada à superdosagem consideravelmente mais baixa quando os participantes estão em tratamento, comparado a quando não estão em tratamento.[90]Sordo L, Barrio G, Bravo MJ, et al. Mortality risk during and after opioid substitution treatment: systematic review and meta-analysis of cohort studies. BMJ. 2017 Apr 26;357:j1550.
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Estudos transversais sugerem que a taxa de mortalidade com TMB pode ser menor que aquela taxa com TMM.
Buprenorfina
Uma opção de primeira linha para terapia de manutenção.[70]US Department of Veterans Affairs; Department of Defense. VA/DoD clinical practice guideline for the management of substance use disorders. Aug 2021 [internet publication].
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[88]Nielsen S, Tse WC, Larance B. Opioid agonist treatment for people who are dependent on pharmaceutical opioids. Cochrane Database Syst Rev. 2022 Sep 5;9(9):CD011117.
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As propriedades importantes que a transformam em um bom candidato para terapêutica de manutenção incluem: menos dependência física e menor gravidade dos sintomas de abstinência em comparação com metadona e heroína; por causa de um efeito teto na depressão respiratória e da má biodisponibilidade sistêmica, tem menor potencial para produzir superdosagem letal, diferentemente da metadona; e, em virtude de sua duração de ação prolongada (24 a 60 horas), pode ser administrada uma vez ao dia ou até 3 vezes por semana.[93]Schottenfeld RS, Pakes J, O'Connor P, et al. Thrice-weekly versus daily buprenorphine maintenance. Biol Psychiatry. 2000 Jun 15;47(12):1072-9.
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Disponível como um comprimido sublingual contendo apenas buprenorfina ou como um comprimido ou filme sublingual contendo buprenorfina e naloxona. O tratamento combinado de buprenorfina/naloxona foi desenvolvido para impedir o uso indevido parenteral de buprenorfina.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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Quando administrado como comprimido sublingual, os efeitos opioides da buprenorfina dominam e bloqueiam a abstinência de opioides.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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Se os comprimidos sublinguais forem esmagados e injetados, os efeitos da naloxona dominam e podem precipitar os sintomas de abstinência.[72]Blazes CK, Morrow JD. Reconsidering the usefulness of adding naloxone to buprenorphine. Front Psychiatry. 2020 Sep 11;11:549272.
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Para pacientes estabilizados com buprenorfina, ela pode ser administrada por meio de um implante subdérmico que fornece uma dosagem consistente de buprenorfina ao longo de 6 meses. Também pode ser administrada na forma de injeção uma vez ao mês em pacientes que têm recebido uma dose estável de buprenorfina por, no mínimo, 7 dias.[94]Lofwall MR, Walsh SL, Nunes EV, et al. Weekly and monthly subcutaneous buprenorphine depot formulations vs daily sublingual buprenorphine with naloxone for treatment of opioid use disorder: a randomized clinical trial. JAMA Intern Med. 2018 Jun 1;178(6):764-73.
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A Food and Drug Administration dos EUA aprovou para o tratamento do transtorno relacionado ao uso de opioides moderado a grave em adultos que iniciaram o tratamento com um produto que contém buprenorfina transmucosa.
Também pode ser usada para desintoxicar pacientes em manutenção com metadona e em transição para a manutenção com buprenorfina ou para uma fase livre de medicamentos.[95]Breen CL, Harris SJ, Lintzeris N, et al. Cessation of methadone maintenance treatment using buprenorphine: transfer from methadone to buprenorphine and subsequent buprenorphine reductions. Drug Alcohol Depend. 2003 Jul 20;71(1):49-55.
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[96]Clark N, Lintzeris N, et al. Transferring from high doses of methadone to buprenorphine: a randomized trial of three different buprenorphine schedules. Presented at College on the Problems of Drug Dependence. Scottsdale, AZ; Jun 2006.
As primeiras 4 semanas após o abandono do tratamento com buprenorfina estão associadas ao risco mais alto de morte que o restante do tempo sem tratamento, o que indica a necessidade de focar em estratégias clínicas nesse período para mitigar esse risco.[90]Sordo L, Barrio G, Bravo MJ, et al. Mortality risk during and after opioid substitution treatment: systematic review and meta-analysis of cohort studies. BMJ. 2017 Apr 26;357:j1550.
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Metadona
Uma opção de primeira linha para terapia de manutenção; pode ser preferencial se tanto a buprenorfina como a metadona forem igualmente adequadas.[89]Mattick RP, Breen C, Kimber J, et al. Buprenorphine maintenance versus placebo or methadone maintenance for opioid dependence. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Feb 6;(2):CD002207.
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[88]Nielsen S, Tse WC, Larance B. Opioid agonist treatment for people who are dependent on pharmaceutical opioids. Cochrane Database Syst Rev. 2022 Sep 5;9(9):CD011117.
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[97]National Institute for Health and Care Excellence. Methadone and buprenorphine for the management of opioid dependence. Jan 2007 (reaffirmed Feb 2016) [internet publication].
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What are the benefits and harms of opioid agonist treatment for people who are dependent on pharmaceutical opioids?/cca.html?targetUrl=https://www.cochranelibrary.com/cca/doi/10.1002/cca.4180/fullMostre-me a resposta A alta biodisponibilidade sistêmica oral e a longa meia-vida transformam-na em um agente efetivo para a manutenção.[91]Bruneau J, Ahamad K, Goyer MÈ, et al. Management of opioid use disorders: a national clinical practice guideline. CMAJ. 2018 Mar 5;190(9):E247-57.
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A metadona pode estar associada a um risco menor de descontinuação do que a buprenorfina.[89]Mattick RP, Breen C, Kimber J, et al. Buprenorphine maintenance versus placebo or methadone maintenance for opioid dependence. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Feb 6;(2):CD002207.
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[98]Zhang P, Tossone K, Ashmead R, et al. Examining differences in retention on medication for opioid use disorder: an analysis of Ohio Medicaid data. J Subst Abuse Treat. 2022 May;136:108686.
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Assim que uma dose estável é atingida após a indução (com base na supressão da fissura e na eliminação da abstinência), a fase de manutenção começa. Os pacientes devem ir ao programa de tratamento diariamente para receber a dosagem de metadona e aconselhamento. Os pacientes que seguirem essa orientação poderão levar a metadona para casa e tomar uma dosagem sem supervisão. Essas diretrizes permitem o fornecimento de 2 semanas após 1 ano e fornecimento de 4 semanas após 2 anos de tratamento.
As primeiras 4 semanas de tratamento com metadona estão associadas a um risco maior de morte (por todas as causas), comparadas ao resto do tratamento. Esse risco mais alto de mortalidade é reduzido pelo envolvimento persistente com o tratamento de substituição de opioides e aumentou com o abandono do tratamento, o que indica a necessidade de promover o envolvimento com o tratamento durante esse mês "de ouro" inicial.[90]Sordo L, Barrio G, Bravo MJ, et al. Mortality risk during and after opioid substitution treatment: systematic review and meta-analysis of cohort studies. BMJ. 2017 Apr 26;357:j1550.
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A metadona produz uma forte dependência física. A interrupção da manutenção com metadona pode levar a uma síndrome de abstinência prolongada que pode durar mais de 4 semanas. Somente 10% a 20% dos pacientes que descontinuam a metadona se mantêm abstêmios.[65]Galanter M, Kleber HD, eds. The American Psychiatric Publishing textbook of substance abuse treatment. Washington, DC: American Psychiatric Publishing; 2008.
As primeiras 4 semanas após o abandono do tratamento com metadona estão associadas ao risco mais alto de morte que o restante do tempo sem tratamento, o que indica a necessidade de focar em estratégias clínicas nesse período para mitigar esse risco.[90]Sordo L, Barrio G, Bravo MJ, et al. Mortality risk during and after opioid substitution treatment: systematic review and meta-analysis of cohort studies. BMJ. 2017 Apr 26;357:j1550.
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Naltrexona oral
Um antagonista puro do receptor mu-opioide que não provoca dependência nem produz euforia. A preferência do paciente por naltrexona é baixa por causa da falta de efeitos do agonista. Isso leva a adesão terapêutica insatisfatória e baixas taxas de retenção, o que limita seu uso em situações clínicas. No entanto, o desenvolvimento de preparações de naltrexona com ação mais prolongada pode melhorar a adesão terapêutica e a eficácia clínica.
Descobriu-se que elas são efetivas no tratamento de grupos específicos de indivíduos extremamente motivados como enfermeiros, médicos e prisioneiros em programas de liberação.[99]Washton AM, Pottash AC, Gold MS. Naltrexone in addicted business executives and physicians. J Clin Psychiatry. 1984 Sep;45(9 Pt 2):39-41.
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[100]Washton AM, Gold MS, Pottash AC. Successful use of naltrexone in addicted physicians and business executives. Adv Alcohol Subst Abuse. 1984 Winter;4(2):89-96.
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Uma revisão sistemática Cochrane não encontrou nenhum benefício da naltrexona sobre o placebo e ausência de tratamento em retenção, abuso de opioides ou efeitos colaterais.[103]Minozzi S, Amato L, Vecchi S, et al. Oral naltrexone maintenance treatment for opioid dependence. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Apr 13;2011(4):CD001333.
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Um teste de desafio com naloxona pode ser considerado antes do início da terapia de manutenção com naltrexona para avaliar o nível de dependência de opioides.[46]American Society of Addiction Medicine. The ASAM national practice guideline for the treatment of opioid use disorder: 2020 focused update. 2020 Mar/Apr;14(2S suppl 1):1-91.
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Naltrexona parenteral
Uma formulação parenteral de naltrexona de liberação prolongada está disponível e é considerada uma opção de tratamento útil por causa da ausência do risco de dependência física.[70]US Department of Veterans Affairs; Department of Defense. VA/DoD clinical practice guideline for the management of substance use disorders. Aug 2021 [internet publication].
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Em um ensaio clínico, os adultos dependentes de opioides e desintoxicados que procuraram tratamento voluntariamente e receberam essa formulação tiveram mais dias livres de opioides em comparação com os que receberam placebo, e constatou-se que essa formulação geralmente é bem tolerada.[104]Krupitsky E, Nunes EV, Ling W, et al. Injectable extended-release naltrexone for opioid dependence: a double-blind, placebo-controlled, multicentre randomised trial. Lancet. 2011 Apr 30;377(9776):1506-13.
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Ensaios clínicos de naltrexona injetável com liberação prolongada demonstram um padrão consistente de eficácia clínica para manutenção da abstinência, adesão ao medicamento, manutenção da retenção, proteção contra reestabelecimento de dependência física de opioides e possivelmente redução de fissura por opioides em alguns indivíduos, enquanto demonstra boa segurança e tolerabilidade.[105]Syed YY, Keating GM. Extended-release intramuscular naltrexone (VIVITROL®): a review of its use in the prevention of relapse to opioid dependence in detoxified patients. CNS Drugs. 2013 Oct;27(10):851-61.
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[106]Lee JD, Friedmann PD, Kinlock TW, et al. Extended-release naltrexone to prevent opioid relapse in criminal justice offenders. N Engl J Med. 2016 Mar 31;374(13):1232-42.
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A formulação pode ser usada com segurança em pacientes com transtorno relacionado ao uso de opioides, incluindo aqueles com infecções crônicas leves a moderadas por vírus da hepatite C e/ou HIV, e é administrada uma vez ao mês.[107]Mitchell MC, Memisoglu A, Silverman BL. Hepatic safety of injectable extended-release naltrexone in patients with chronic hepatitis C and HIV infection. J Stud Alcohol Drugs. 2012 Nov;73(6):991-7.
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Quando iniciada, a naltrexona de liberação prolongada demonstrou ser tão segura e eficaz quanto buprenorfina oral associada a naloxona.[108]Tanum L, Solli KK, Latif ZE, et al. Effectiveness of injectable extended-release naltrexone vs daily buprenorphine-naloxone for opioid dependence: a randomized clinical noninferiority trial. JAMA Psychiatry. 2017 Dec 1;74(12):1197-205.
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[109]Lee JD, Nunes EV Jr, Novo P, et al. Comparative effectiveness of extended-release naltrexone versus buprenorphine-naloxone for opioid relapse prevention (X:BOT): a multicentre, open-label, randomised controlled trial. Lancet. 2018 Jan 27;391(10118):309-18.
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Terapias de suporte
Intervenções psicossociais e monitoramento com exame de urina para detecção de drogas, bem como avaliação e tratamento de comorbidades clínicas e psiquiátricas (por exemplo, depressão, transtornos de ansiedade e transtornos de personalidade), devem ocorrer como parte da terapêutica de manutenção.[110]Woody GE, McLellan AT, Luborsky L, et al. Psychotherapy in community methadone programs: a validation study. Am J Psychiatry. 1995 Sep;152(9):1302-8.
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[111]Dugosh K, Abraham A, Seymour B, et al. A systematic review on the use of psychosocial interventions in conjunction with medications for the treatment of opioid addiction. J Addict Med. 2016 Mar-Apr;10(2):93-103.
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As intervenções psicossociais são categorizadas em cuidados "padrão" e "aprimorados".[40]Mitchell C, Dolan N, Dürsteler KM. Management of dependent use of illicit opioids. BMJ. 2020 Mar 9;368:m710.
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As intervenções do padrão de cuidados oferecidas por um profissional principal podem incluir entrevistas motivacionais, estabelecimento de metas, planejamento de recuperação e manejo de contingência.[40]Mitchell C, Dolan N, Dürsteler KM. Management of dependent use of illicit opioids. BMJ. 2020 Mar 9;368:m710.
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O cuidado aprimorado é oferecido se houver uma resposta desfavorável ao padrão de cuidados ou para pacientes com necessidades mais complexas.[40]Mitchell C, Dolan N, Dürsteler KM. Management of dependent use of illicit opioids. BMJ. 2020 Mar 9;368:m710.
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Isso pode incluir um programa de reabilitação residencial com terapia cognitivo-comportamental de alta intensidade.[40]Mitchell C, Dolan N, Dürsteler KM. Management of dependent use of illicit opioids. BMJ. 2020 Mar 9;368:m710.
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grupos orientados em 12 etapas, como Narcóticos Anônimos, também podem ser benéficos.[112]Hruschak V, Cochran G, Wasan AD. Psychosocial interventions for chronic pain and comorbid prescription opioid use disorders: a narrative review of the literature. J Opioid Manag. 2018 Sep/Oct;14(5):345-58.
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UK Narcotics Anonymous
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Programas de autocontrole da dor baseados nos princípios de atenção plena e terapia cognitivo-comportamental podem dar suporte a reduções moderadas no uso de opioides.[113]Avery N, McNeilage AG, Stanaway F, et al. Efficacy of interventions to reduce long term opioid treatment for chronic non-cancer pain: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2022 Apr 4;377:e066375.
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[114]Garland EL, Hanley AW, Nakamura Y, et al. Mindfulness-oriented recovery enhancement vs supportive group therapy for co-occurring opioid misuse and chronic pain in primary care: a randomized clinical trial. JAMA Intern Med. 2022 Apr 1;182(4):407-17.
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Para o uso de substâncias entre os pais, uma revisão Cochrane revelou que as intervenções psicossociais abordando tanto a competência parental quanto o uso indevido de substâncias podem ter o maior impacto na abstinência (evidência de baixa qualidade).[115]McGovern R, Newham JJ, Addison MT, et al. Effectiveness of psychosocial interventions for reducing parental substance misuse. Cochrane Database Syst Rev. 2021 Mar 16;3(3):CD012823.
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O monitoramento de problemas físicos (por exemplo, cardiovasculares, respiratórios e gastrointestinais) e teste e aconselhamento para HIV, bem como rastreamento do vírus da hepatite e encaminhamento para tratamento, devem ser integrados em um programa de manutenção.
Adolescentes
Em geral, os jovens precisam de monitoramento contínuo e supervisão regular de adultos. Também existem as questões de consentimento e confidencialidade com os adolescentes, as quais são diferentes dos adultos. O envolvimento da família e/ou dos pais é fundamental para a avaliação e o tratamento dos adolescentes. Antes de começar o tratamento farmacológico, é importante estabelecer um ambiente seguro para a reabilitação de adolescentes. Especialistas experientes devem ser os principais profissionais envolvidos no início do tratamento e na supervisão dos não especialistas na continuidade do tratamento.
As normas sobre se um adolescente pode obter tratamento para distúrbios decorrentes do uso de substâncias sem o consentimento dos pais variam, e as diretrizes locais devem ser seguidas.
A combinação de buprenorfina com intervenções comportamentais é mais eficaz no tratamento de adolescentes dependentes de opioides que a combinação de clonidina e intervenções comportamentais.[116]Marsch LA, Bickel WK, Badger GJ, et al. Comparison of pharmacological treatments for opioid-dependent adolescents: a randomized controlled trial. Arch Gen Psychiatry. 2005 Oct;62(10):1157-64.
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No entanto, novas pesquisas são necessárias para avaliar a eficácia e a segurança de tratamento mais longo com buprenorfina para jovens dependentes de opioides.[117]Woody GE, Poole SA, Subramaniam G, et al. Extended vs. short-term buprenorphine-naloxone for treatment of opioid-addicted youth: a randomized trial. JAMA. 2008 Nov 5;300(17):2003-11.
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[118]Feillin DA. Treatment of adolescent opioid dependence: no quick fix. JAMA. 2008 Nov 5;300(17):2057-9.
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A buprenorfina geralmente é preferida à metadona para indução e manutenção em adolescentes por causa de seu perfil de segurança, exceto nos casos de resposta prévia inadequada à buprenorfina. Parece que os adolescentes com transtorno relacionado ao uso de opioides estabelecido devem ser tratados de modo semelhante aos adultos com relação à indução e estabilização e manutenção de mais longa duração com buprenorfina.
O tratamento com metadona geralmente não é administrado como uma opção de tratamento de primeira linha em pessoas com menos de 18 anos. Nos EUA, o tratamento com metadona em pacientes <18 anos é permitido somente se eles tiverem recaído no uso de opioides após duas tentativas documentadas de desintoxicação ou reabilitação em curto prazo.[119]Hopfer CJ, Khuri E, Crowley TJ, et al. Adolescent heroin use: a review of the descriptive and treatment literature. J Subst Abuse Treat. 2002 Oct;23(3):231-37.
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[120]Marsch LA. Treatment of adolescents. In: Strain EC, Stitzer ML, eds. The treatment of opioid dependence. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press; 2005:497-507.
Os tratamentos de suporte usuais também devem ser considerados.
Gestação: manejo pré-natal
As gestantes com transtorno relacionado ao uso de opioides têm mais complicações obstétricas e neonatais.[121]Dattel BJ. Substance abuse in pregnancy. Semin Perinatol. 1990 Apr;14(2):179-87.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2187251?tool=bestpractice.com
A desintoxicação geralmente não é recomendada durante a gestação devido ao risco de sofrimento fetal e nascimento prematuro.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
[122]World Health Organization. Guidelines for identification and management of substance use and substance use disorders in pregnancy. 2014 [internet publication].
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/107130/1/9789241548731_eng.pdf?ua=1
[123]Terplan M, Laird HJ, Hand DJ, et al. Opioid detoxification during pregnancy: a systematic review. Obstet Gynecol. 2018 May;131(5):803-14.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6034119
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29630016?tool=bestpractice.com
No entanto, se for absolutamente necessário, a desintoxicação de opioides deve ser realizada com pacientes internadas em ambientes hospitalares.
A metadona e a buprenorfina (com ou sem naloxona) são os medicamento de primeira escolha para desintoxicação ou terapia de manutenção.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
[124]Suarez EA, Huybrechts KF, Straub L, et al. Buprenorphine versus methadone for opioid use disorder in pregnancy. N Engl J Med. 2022 Dec 1;387(22):2033-44.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36449419?tool=bestpractice.com
A metadona não foi associada a malformações congênitas; no entanto, pode levar à síndrome de abstinência neonatal (SAN).[125]Brown HL, Britton KA, Mahaffey D, et al. Methadone maintenance in pregnancy: a reappraisal. Am J Obstet Gynecol. 1998 Aug;179(2):459-63.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9731853?tool=bestpractice.com
A American Academy of Pediatrics declara que o uso materno é compatível com o aleitamento materno. As mulheres tratadas com uma dose estável de metadona antes da gestação podem precisar de ajustes na dose, sobretudo no terceiro trimestre, embora isso não seja necessário para todas as mulheres e deva ser determinado de maneira individual. O metabolismo pode ficar acelerado durante a gestação, principalmente no terceiro trimestre, e, nesse caso, a dose fracionada (em vez de diária) pode ser melhor para controlar os sintomas de abstinência (e pode estar associada à redução do risco da síndrome de abstinência neonatal).[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
A buprenorfina com ou sem naloxona é uma alternativa de primeira linha à metadona.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
[124]Suarez EA, Huybrechts KF, Straub L, et al. Buprenorphine versus methadone for opioid use disorder in pregnancy. N Engl J Med. 2022 Dec 1;387(22):2033-44.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36449419?tool=bestpractice.com
A monoterapia com buprenorfina foi previamente recomendada para gestantes para evitar qualquer exposição pré-natal potencial à naloxona.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
No entanto, estudos avaliando buprenorfina em combinação com naloxona não encontraram efeitos adversos em gestantes.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
A buprenorfina parece ter um risco menor, porém ainda significativo, de síndrome de abstinência neonatal (SAN) em comparação com a metadona.[126]Lejeune C, Simmat-Durand L, Gourarier L, et al. Prospective multicenter observational study of 260 infants borne to 259 opiate-dependent mothers on methadone or high-dose buprenophine substitution. Drug Alcohol Depend. 2006 May 20;82(3):250-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16257138?tool=bestpractice.com
[127]Schindler SD, Eder H, Ortner R, et al. Neonatal outcome following buprenorphine maintenance during conception and throughout pregnancy. Addiction. 2003 Jan;98(1):103-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12492761?tool=bestpractice.com
[128]Hytinantti T, Kahila H, Renlund M, et al. Neonatal outcome of 58 infants exposed to maternal buprenorphine in utero. Acta Pediatr. 2008 Aug;97(8):1040-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18474065?tool=bestpractice.com
Também parece resultar em aumento do peso ao nascer devido à gestação mais longa em comparação com o tratamento com metadona.[129]Kakko J, Heilig M, Sarman I. Buprenorphine and methadone treatment of opiate dependence during pregnancy: comparison of fetal growth and neonatal outcomes in two consecutive case series. Drug Alcohol Depend. 2008 Jul 1;96(1-2):69-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18355989?tool=bestpractice.com
No entanto, deve-se observar que as participantes tratadas com buprenorfina no estudo precisaram se apresentar para a dosagem diária e receberam intervenções psicossociais mais intensas que as que costumam receber cuidados padronizados na comunidade.[129]Kakko J, Heilig M, Sarman I. Buprenorphine and methadone treatment of opiate dependence during pregnancy: comparison of fetal growth and neonatal outcomes in two consecutive case series. Drug Alcohol Depend. 2008 Jul 1;96(1-2):69-78.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18355989?tool=bestpractice.com
Diversas séries de casos pequenos examinaram concentrações de buprenorfina materna em leite humano. As quantidades de buprenorfina no leite humano são pequenas e provavelmente não apresentam efeitos negativos de curto prazo no desenvolvimento do neonato.[130]Reece-Stremtan S, Marinelli KA. ABM clinical protocol #21: guidelines for breastfeeding and substance use or substance use disorder, revised 2015. Breastfeed Med. 2015 Apr;10(3):135-41.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25836677?tool=bestpractice.com
Uma revisão sistemática e metanálise de 2020 não encontraram diferenças significativas nos desfechos da gravidez entre mulheres que receberam buprenorfina/naloxona em comparação com monoterapia com metadona ou buprenorfina.[131]Link HM, Jones H, Miller L, et al. Buprenorphine-naloxone use in pregnancy: a systematic review and metaanalysis. Am J Obstet Gynecol MFM. 2020 Aug;2(3):100179.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33345863?tool=bestpractice.com
Da mesma forma, uma revisão Cochrane publicada no mesmo ano revelou que a metadona e a buprenorfina são comparáveis em eficácia e segurança na gravidez.[132]Minozzi S, Amato L, Jahanfar S, et al. Maintenance agonist treatments for opiate-dependent pregnant women. Cochrane Database Syst Rev. 2020 Nov 9;11(11):CD006318.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD006318.pub4/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/33165953?tool=bestpractice.com
As gestantes que recebem tratamento com metadona não devem mudar para buprenorfina devido a um risco considerável de abstinência.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
Os dados são insuficientes para recomendar o início de naltrexona na gravidez.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
No entanto, a naltrexona pode ser continuada em pacientes que já estão em terapia e que engravidam após uma avaliação cuidadosa e discussão de riscos/benefícios.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
Medicamentos auxiliares em doses terapêuticas podem ser necessários para o alívio sintomático. Os tratamentos são geralmente os mesmos para mulheres não gestantes; no entanto, certos medicamentos devem ser evitados ou usados apenas quando os benefícios superam os riscos. Consulte um especialista para obter mais orientações sobre a seleção de terapias de suporte adequadas em gestantes.
Gravidez: parto e manejo pós-parto
O controle da dor aguda é desafiador nessa população devido ao medo entre os profissionais e as pacientes de desencadear uma recidiva e o fato de que as pacientes geralmente têm alta tolerância aos analgésicos opioides.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
As mulheres devem ser encorajadas a receber uma epidural ou raquiperidural combinada no início do trabalho de parto ou assim que as contrações se tornarem desconfortáveis.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
O óxido nitroso por via inalatória deve ser evitado durante o parto, pois pode ser menos eficaz em mulheres dependentes de opioides e está associado a um risco aumentado de sedação quando administrado concomitantemente a opioides.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
O tratamento de primeira linha para a dor pós-parto é o paracetamol oral ou intravenoso.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
Se a dor persistir por mais de 24 horas, um agonista opioide completo, como fentanila ou hidromorfona, pode ser solicitado.[53]Ecker J, Abuhamad A, Hill W, et al. Substance use disorders in pregnancy: clinical, ethical, and research imperatives of the opioid epidemic: a report of a joint workshop of the Society for Maternal-Fetal Medicine, American College of Obstetricians and Gynecologists, and American Society of Addiction Medicine. Am J Obstet Gynecol. 2019 Jul;221(1):B5-28.
https://www.ajog.org/article/S0002-9378(19)30500-9/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30928567?tool=bestpractice.com
O American College of Obstetricians and Gynecologists recomenda que, de maneira geral, o aleitamento materno deve ser estimulado em mulheres que recebem tratamento estável com opioides agonistas, que não fazem uso de drogas ilícitas e que não apresentam nenhuma outra contraindicação (por exemplo, HIV).[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
Mulheres com transtorno relacionado ao uso de opioides podem precisar de cuidados pré-natais adicionais: por exemplo, exames expandidos para IST e ultrassonografias adicionais para avaliar o peso fetal.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy
Os bebês nascidos de mães que usaram opioides durante a gestação (inclusive metadona e buprenorfina) devem ser monitorados após o nascimento por um pediatra para avaliar se apresentam síndrome de abstinência neonatal, que pode ser desenvolvida pelos neonatos logo após o nascimento.[52]American College of Obstetricians and Gynecologists. Opioid use and opioid use disorder in pregnancy. Committee Opinion No 711. Aug 2017 (reaffirmed 2021) [internet publication].
https://www.acog.org/clinical/clinical-guidance/committee-opinion/articles/2017/08/opioid-use-and-opioid-use-disorder-in-pregnancy