Critérios
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5ª edição, revisão de texto (DSM-5-TR)[1]
Transtorno relacionado ao uso de opioides é definido como a presença de dois ou mais dos seguintes itens em um período de 12 meses:
Ingerir quantidades maiores de opioides ou por um período mais longo que o pretendido
Desejo persistente de eliminar ou esforços malsucedidos de controlar o uso
Grande quantidade de tempo utilizado para obter, usar ou se recuperar após o uso
Fissura, forte desejo ou necessidade de fazer uso da substância
Falha ao cumprir obrigações no trabalho, na escola ou em casa em razão do uso recorrente de opioides
Uso contínuo apesar dos problemas sociais ou interpessoais, persistentes ou recorrentes, causados ou agravados pelo uso de opioides
Abandono ou redução de atividades sociais, ocupacionais ou recreacionais em decorrência do uso de opioides
Uso recorrente de opioides em situações fisicamente perigosas
Uso contínuo de opioides apesar dos problemas físicos ou psicológicos causados ou agravados pelo seu uso
Tolerância (aumento acentuado na quantidade para atingir a intoxicação ou efeito desejado; diminuição acentuada do efeito com o uso continuado da mesma dose)
Síndrome de abstinência manifestada após abandono do uso de opioides ou uso de opioides (ou substância intimamente relacionada) para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
Os critérios de tolerância e abstinência não são considerados para aqueles que utilizam opioides apenas com supervisão médica apropriada.
A gravidade do transtorno relacionado ao uso de opioides é classificada como leve (presença de 2-3 sintomas), moderada (4-5 sintomas) ou grave (6 ou mais sintomas).
A remissão do transtorno relacionado ao uso de opioides é classificada como:
Em remissão inicial: quando nenhum dos critérios de transtorno relacionado ao uso de opioides for atendido em pelo menos 3 meses, mas por menos de 12 meses (com exceção de fissura, forte desejo ou necessidade de usar opioides), mas todos os critérios de transtorno relacionado ao uso de opioides tiverem sido satisfeitos previamente.
Em remissão sustentada: quando nenhum dos critérios de transtorno relacionado ao uso de opioides for atendido em algum momento durante um período de 12 meses ou mais (com exceção de fissura, forte desejo ou necessidade de usar opioides), mas todos os critérios de transtorno relacionado ao uso de opioides tiverem sido satisfeitos previamente.
Também é importante especificar se um indivíduo com transtorno relacionado ao uso de opioides está em terapia de manutenção, como ingestão de um agonista prescrito (metadona), agonista parcial (buprenorfina), agonista/antagonista (buprenorfina/naloxona) ou antagonista completo (naltrexona).
Deve-se especificar se o indivíduo está em um ambiente onde o acesso aos opioides é restritos (por exemplo, presídios rigorosamente supervisionados e livres de substâncias, comunidades terapêuticas e unidades hospitalares trancadas).
Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, 11ª revisão (CID-11)[2]
De acordo com a classificação de transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento da CID-11, o diagnóstico de condições devido ao uso de opioides é categorizado em três síndromes patológicas, cada uma definida por um conjunto de características essenciais:
Dependência de opioides
Um padrão de uso recorrente episódico ou contínuo de opioides com evidência de regulação comprometida do uso de opioides que se manifesta por dois ou mais dos seguintes:
Comprometimento do controle sobre o uso de opioides (ou seja, início, frequência, intensidade, duração, interrupção, contexto)
O aumento da precedência do uso de opioides sobre outros aspectos da vida, incluindo a manutenção da saúde e as atividades e responsabilidades diárias, de modo que o uso de opioides continue ou aumente apesar da ocorrência de danos ou consequências negativas (por exemplo, interrupção repetida de relacionamentos, consequências ocupacionais ou escolares, impacto negativo sobre a saúde)
Características fisiológicas indicativas de neuroadaptação à substância, incluindo:
Tolerância aos efeitos dos opioides ou necessidade de usar quantidades crescentes de opioides para obter o mesmo efeito
Sintomas de abstinência após a cessação ou a redução no uso de opioides, ou
Uso repetido de opioides ou substâncias farmacologicamente semelhantes para prevenir ou aliviar sintomas de abstinência.
As características de dependência geralmente são evidentes por um período de pelo menos 12 meses, mas o diagnóstico pode ser feito se o uso for contínuo (diariamente ou quase diariamente) por pelo menos 3 meses.
Intoxicação por opioides
Perturbações temporárias e clinicamente significativas na consciência, cognição, percepção, afeto, comportamento ou coordenação que se desenvolvem durante ou logo após o consumo ou administração de opioides.
Os sintomas devem ser compatíveis com os efeitos farmacológicos conhecidos dos opioides, e sua intensidade está intimamente relacionada à quantidade de opioides consumidos.
As características presentes podem incluir sonolência, estupor, alterações de humor (por exemplo, euforia seguida por apatia e disforia), retardo psicomotor, cognição comprometida, depressão respiratória, fala indistinta e comprometimento da memória e da atenção. Na intoxicação grave, pode ocorrer coma. Um sinal físico característico é a constrição da pupila, mas este sinal pode estar ausente quando a intoxicação for devida a opioides sintéticos.
Os sintomas de intoxicação são limitados no tempo e diminuem à medida que os opioides são eliminados do corpo.
Os sintomas não são melhor explicados por outra afecção clínica ou por outro transtorno mental.
Supressão de opioides
Presença de um conjunto clinicamente significativo de sintomas, comportamentos e/ou características fisiológicas que ocorre após a cessação ou redução do uso de opioides em indivíduos que desenvolveram dependência de opioides ou usaram opioides por um período prolongado ou em grandes quantidades. A abstinência de opioides pode ocorrer quando os opioides prescritos (por exemplo, oxicodona, morfina) foram usados a doses terapêuticas padrão.
As características presentes podem incluir humor depressivo ou disfórico, fissura por um opioide, ansiedade, náuseas ou vômitos, cólicas abdominais, dores musculares, bocejos, transpiração, ondas de calor e frio, hipersonia (tipicamente na fase inicial) ou insônia, diarreia, piloereção e pupilas dilatadas.
A gravidade e o curso temporal da abstinência são influenciados por muitos fatores que incluem o tipo de opioide recebido; sua meia-vida e duração de ação; a quantidade, a frequência e a duração do uso de opioides antes da cessação ou redução do uso; experiência prévia de abstinência de opioides; e expectativas da gravidade da síndrome.
Os sintomas não são melhor explicados por outra afecção clínica ou por outro transtorno mental.
O uso de opioides torna-se um transtorno quando o padrão de uso causa danos à saúde física ou mental da pessoa ou resulta em comportamento que leva dano a outras pessoas.[2] O dano à saúde do indivíduo ocorre devido ao comportamento relacionado à intoxicação, efeitos tóxicos diretos ou secundários nos órgãos e sistemas do corpo, ou via de administração prejudicial.[2] Os danos à saúde de outras pessoas incluem qualquer forma de dano físico, incluindo trauma ou transtorno mental atribuível ao comportamento de intoxicação.[2] O DSM-5-TR e a CID-11 classificam o transtorno relacionado ao uso de opioides quando um padrão prejudicial de uso é evidente por um período de 12 meses ou pelo menos 1 mês se o uso for contínuo.[1][2]
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