Complicações
A síndrome de Mallory-Weiss é uma causa comum de hemorragia digestiva alta em pacientes com uso de bebidas alcoólicas recorrente e ativo. Quase metade dos pacientes não têm sintomas antecedentes e apresentam, inicialmente, hemorragia digestiva alta após vômitos.
A terapia com endoscopia é eficaz e segura na produção de hemostasia nesses pacientes.[130]
O delirium tremens (DT) é um quadro clínico que aparece em cerca de 5% dos pacientes afetados pela síndrome de abstinência alcoólica grave. Ele geralmente se desenvolve de 2-4 dias após a diminuição ou a interrupção de um consumo cronicamente alto de bebidas alcoólicas.
O DT é caracterizado por sinais e sintomas incluindo confusão, distúrbios perceptivos e alucinações (em particular, micropsia e macropsia), tremor, ciclo do sono alterado, alterações na atividade psicomotora, sudorese paroxística, labilidade emocional, febre, hiper-responsividade autonômica com hipertensão e taquicardia.
Complicações respiratórias ou arritmias cardíacas são as causas mais comuns de morte em pacientes com DT. O tratamento agressivo com benzodiazepínicos é a intervenção recomendada.[125]
As convulsões relacionadas ao álcool são definidas como convulsões de início na idade adulta que ocorrem como complicação de uma síndrome de abstinência alcoólica grave.
Os fatores de risco concomitantes, incluindo a epilepsia preexistente, as lesões estruturais do cérebro e o uso de outras substâncias, podem contribuir para o seu desenvolvimento em alguns pacientes.[126]
O álcool afeta quase todos os sistemas do corpo, sendo o fígado um dos locais de maior impacto. O uso excessivo de álcool pode levar à doença hepática aguda e crônica.
As três doenças mais associadas ao consumo de álcool são esteatose hepática, hepatite (aguda e crônica) e cirrose. Essas doenças podem ocorrer separada ou concomitantemente. O tratamento definitivo requer abstinência alcoólica.
As mulheres têm um risco mais elevado de desenvolver doença hepática relacionada ao álcool devido ao menor metabolismo do álcool em comparação com homens.
A ingestão persistente de bebidas alcoólicas em pacientes com cirrose relacionada ao álcool está associada a aumento significativo do risco de morte devido a sangramento de varizes esofágicas, infecção, insuficiência renal e/ou insuficiência hepática.
Embora alguns medicamentos possam ser úteis assim que a doença estiver estabelecida, a estratégia mais efetiva para esses pacientes é a abstinência alcoólica, já que os tratamentos clínicos e cirúrgicos têm eficácia limitada enquanto o consumo de bebidas alcoólicas continuar.
A abstinência alcoólica total pode aumentar as medidas de desfecho histológicas e clínicas de todas as etapas da doença hepática relacionada ao álcool.[42]
O consumo de bebidas alcoólicas aumenta os riscos de cânceres de boca, orofaringe, laringe, esôfago, cólon, reto, fígado e câncer de mama, em comparação com pessoas que nunca consomem bebidas alcoólicas.[127]
O uso de bebidas alcoólicas aumenta o risco de hipertensão.[127]
O uso de bebidas alcoólicas aumenta os riscos de AVC hemorrágico e isquêmico.[127]
O consumo de bebidas alcoólicas está associado a aumento do risco de atrofia hipocampal, de forma dose-dependente.[132]
A cardiomiopatia relacionada ao álcool é caracterizada por cardiomegalia, interrupções da arquitetura miofibrilar, contratilidade miocárdica reduzida, fração de ejeção reduzida e aumento dos riscos de AVC e hipertensão.[131]
O consumo de bebidas alcoólicas >48 g de etanol por dia (2 doses padrão) está associado a um risco elevado de pancreatite.[127]
O transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas geralmente está associado a deficiência de tiamina. A deficiência de tiamina grave pode resultar no desenvolvimento de encefalopatia de Wernicke, que é caracterizada por distúrbios da motilidade ocular, ataxia e alterações do estado mental (confusão).
Quando os pacientes com encefalopatia de Wernicke não são tratados ou são subtratados com baixas doses de tiamina, as taxas de mortalidade ficam na média de 20%, e ocorre o desenvolvimento de psicose de Korsakoff em cerca de 85% dos sobreviventes. A psicose de Korsakoff é caracterizada por amnésias anterógrada e retrógrada, desorientação e confabulação.
Por causa da relação próxima entre essas entidades clínicas, os dois distúrbios geralmente são denominados síndrome de Wernicke-Korsakoff.[128][129]
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal