História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os fatores de risco para o desenvolvimento da dependência alcoólica incluem história familiar de alcoolismo, comportamento antissocial pré-mórbido, alto nível de ansiedade, ausência de rubor facial na exposição ao álcool e baixa capacidade de resposta aos efeitos do álcool.[19][20][21][22][23][24][25]

abstinência

A hiperexcitabilidade do sistema nervoso central se desenvolve quando o uso do álcool é muito reduzido ou subitamente interrompido. Aumento da atividade autonômica, agitação e nervosismo são sintomas comuns. Convulsões generalizadas e um estado de confusão (delirium) são observados nos casos mais graves de abstinência alcoólica. A abstinência alcoólica pode ocorrer em um paciente com álcool ainda presente no sangue, inclusive com níveis relativamente altos, se estes representarem uma redução dos níveis sanguíneos habituais daquele indivíduo.

tolerância

Esta é uma adaptação em que o sistema nervoso central se torna menos responsivo à presença crônica de álcool. Tanto os efeitos agradáveis quanto os prejudiciais (por exemplo, baixa coordenação e sedação) do álcool são atenuados em resposta ao consumo crônico de bebidas alcoólicas, que pode levar ao aumento do consumo de álcool por uma pessoa que esteja procurando replicar os efeitos agradáveis iniciais experimentados com o uso de álcool.

aumento/diminuição do tamanho do fígado, icterícia, ascite

Esses sinais são indicadores de doença hepática significativa relacionada a bebidas alcoólicas. Danos hepáticos são muito comuns em pessoas com transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas; ele pode se apresentar de várias formas (por exemplo, esteatose, hepatite, cirrose hepática).[42]

Outros fatores diagnósticos

comuns

insônia

Embora o álcool possa promover o início do sono com um uso pouco frequente, o uso crônico perturba a qualidade do sono, incluindo o sono REM, a continuidade do sono e o tempo total de sono.[43]

disfunção erétil

A maioria dos homens com transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas apresenta alguma disfunção sexual, incluindo disfunção erétil ou baixo desejo sexual.[44]

transtorno decorrente do uso de nicotina

Aproximadamente 70% dos pacientes com transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas têm um transtorno decorrente do uso de nicotina concomitante em comparação com 25% da população adulta em geral.[45] Os pacientes com transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas devem ser examinados e receber tratamento para transtorno decorrente do uso da nicotina.[46]

distúrbios gastrointestinais

A síndrome do intestino irritável pode ser agravada por padrões de consumo esporádico intenso de álcool (binge drinking), especialmente nas mulheres.[47]​ O álcool também é uma causa comum de gastrite e pancreatite aguda.[48] As queixas de sofrimento gastrointestinal crônico, portanto, devem levar a uma análise da ingestão de bebidas alcoólicas.

cãibras musculares, dor, sensibilidade, percepção sensorial alterada

A neuropatia periférica é um achado comum em pacientes com transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Ela geralmente está relacionada a um mau status nutricional (deficiência de tiamina) desses pacientes, e costuma ser mais proeminente nos membros inferiores.

hipertensão e taquicardia

Sequelas comuns do transtorno, da intoxicação e da abstinência decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Uma elevação de 20-30 mmHg acima do basal na pressão arterial sistólica e de 10-20 mmHg acima do basal na pressão arterial diastólica é comum nos transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Elevações ainda maiores são observadas na abstinência alcoólica.

A pressão arterial geralmente volta ao normal sem anti-hipertensivos após várias semanas de abstinência.[49]

estado nutricional comprometido

Tanto o sobrepeso quanto o baixo peso podem ser um sinal de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas. A redução da massa adiposa está relacionada às alterações metabólicas induzidas pelo álcool (aumento de peroxidação lipídica); o retorno a um estado metabólico normal parece requerer pelo menos 3 meses de abstinência total.[50][51] Também foi sugerido que diferentes tipos de bebidas alcoólicas e alguns hormônios​ podem desempenhar um papel nessas mudanças.[52][53][54]

Incomuns

marcha de base ampla

A degeneração cerebelar pode ocorrer em pessoas com transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas. Ela pode ocorrer como resultado do efeito tóxico direto do álcool e/ou de deficiência nutricional (tiamina).

Fatores de risco

Fortes

história familiar de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas

Está bem estabelecido que o transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas ocorre com mais frequência em pessoas com histórico familiar de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas.[19] A hereditariedade do transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas foi estimada entre 40% e 70%, mas a concordância entre gêmeos é inferior a 50%.[14]​ Assim, embora a genética desempenhe um papel importante, outros fatores ambientais são importantes e nenhum gene individual é necessário ou suficiente para o desenvolvimento do transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas.

comportamento antissocial (pré-mórbido)

Constatou-se que o comportamento antissocial pré-mórbido prediz o transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas, especialmente em indivíduos com início precoce de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas.[20][21][22]

alto nível de ansiedade-traço

Um traço pessoal de ansiedade elevada aumenta substancialmente o risco de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas.[23] A presença de fobia social ou transtorno de pânico está associada a maior risco de evoluir para transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas.

Fracos

ausência de rubor facial mediante exposição a bebidas alcoólicas

O risco de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas é reduzido nos indivíduos que demonstram rubor facial induzido por bebidas alcoólicas. O rubor se deve a um acúmulo de acetaldeído, um metabólito tóxico do álcool, em pessoas portadoras de um gene de uma versão da enzima aldeído desidrogenase que metaboliza o acetaldeído mais lentamente. O gene é comum em algumas populações da Ásia Oriental. Uma variante menos potente (em termos de capacidade de menor metabolização do acetaldeído) foi encontrada em algumas populações de raça branca.[24]

baixa responsividade aos efeitos das bebidas alcoólicas

Descobriu-se que a baixa responsividade ao álcool (ou seja, alta tolerância) prediz a incidência de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas em um estudo de acompanhamento.[25] Foi formulada a hipótese de que indivíduos com uma baixa resposta às bebidas alcoólicas sentem necessidade de consumir mais para sentir seus efeitos e, logo, têm maior probabilidade de desenvolver transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas.

história de bypass gástrico

O risco de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas é aumentado nos indivíduos após uma cirurgia bariátrica para corrigir obesidade.[26] O álcool é metabolizado mais rapidamente nos pacientes com bypass gástrico, devido à alteração no metabolismo gástrico levar a uma maior sensibilidade aos efeitos do álcool. Os pacientes submetidos ao bypass gástrico devem ser aconselhados sobre a sensibilização ao álcool que irão experimentar e o aumento do risco de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas, que permanece elevado vários anos após a operação.

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