Caso clínico
Caso clínico #1
Um homem de 35 anos se apresenta para uma consulta de atenção primária. Ele tem uma história de hiperlipidemia, pré-diabetes e hipertensão. Seu exame físico é notável por uma pressão arterial de 165/90 mmHg, que é mais alta do que suas medições anteriores. Isso leva a mais questionamentos sobre sua ingestão de álcool. Ele relata que bebe 2 copos de vinho todo fim de dia, o que, após um questionamento mais aprofundado, equivale a 4 doses padrão de álcool todas as noites. Ele nega sintomas de abstinência matinal ou interferência no funcionamento psicossocial e não atende aos critérios para transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas, mas é diagnosticado como usuário de bebidas alcoólicas de risco. Ele recebe uma breve intervenção e, após uma discussão mais aprofundada, expressa o desejo de reduzir para 1 dose padrão de álcool por dia com o objetivo de melhorar sua pressão arterial. Ao acompanhamento 6 semanas depois, ele foi capaz de reduzir com sucesso o uso de bebidas alcoólicas e sua pressão arterial é de 135/80 mmHg.
Caso clínico #2
Uma mulher de 42 anos se apresenta ao médico de atenção primária para discutir suas enzimas hepáticas elevadas. Ela relata beber várias doses de bebidas alcoólicas combinadas na maioria das noites da semana, e 4-5 doses de álcool por dia no fim de semana. Ao exame físico, seu fígado está dentro do tamanho normal e insensível à palpação. Ela não tem estigmas de cirrose.' Os testes da função hepática revelam níveis elevados de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase, com bilirrubina e fosfatase alcalina normais. A ultrassonografia hepática mostra apenas alterações gordurosas. Ela relata que começou a beber na universidade aos 18 anos. Aproximadamente 5 anos atrás, ela foi hospitalizada por abstinência alcoólica e participou de um programa de apoio entre pares. Ela parou de beber por 3 meses, mas, depois disso, voltou a beber 1-2 doses de álcool algumas vezes por semana. No entanto, seu consumo de bebidas alcoólicas aumentou após o divórcio no último ano. Nos últimos 6 meses, ela relata que precisa beber diariamente; caso contrário, sente fissuras intensas, tremores e ansiedade. Ela está interessada em beber menos, mas não tem certeza se quer parar de beber completamente. Ela gostaria de discutir opções de medicamentos e grupos de apoio.
Outras apresentações
O uso regular de bebidas alcoólicas está associado a uma variedade de doenças clínicas e psicossociais. No cenário da atenção primária, o uso não saudável de bebidas alcoólicas pode ser comumente observado em pacientes com depressão, ansiedade, pressão alta, insônia, ganho de peso, distúrbios cognitivos, distúrbios gastrointestinais e arritmias cardíacas. É importante enfatizar que muitas dessas condições podem se agravar com o uso das bebidas alcoólicas, mesmo em níveis baixos, e que os pacientes não precisam de um diagnóstico de transtorno decorrente do uso de bebidas alcoólicas para se beneficiarem de uma redução na ingestão de álcool. As transaminases elevadas são comumente causadas pelo uso de bebidas alcoólicas, e os pacientes nesta situação devem ser encorajados a reduzir ou parar de beber por 1- 2 meses para se verificar se os números melhoram.[5] No cenário agudo, lesões, brigas e acidentes de carro devem levar a questionamentos adicionais sobre a ingestão de bebidas alcoólicas de maneira empática e não estigmatizante.
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