Rastreamento
Recomendações
A US Preventive Services Task Force (USPSTF) encontrou evidências convincentes para recomendar o rastreamento para depressão na população adulta em geral, incluindo gestantes e mulheres no pós-parto e idosos, embora os órgãos de saúde pública em alguns países (por exemplo, Reino Unido e Canadá) não recomendem o rastreamento de rotina.[132][152][153] Devem-se implementar sistemas para garantir um diagnóstico preciso, um tratamento efetivo e um acompanhamento adequado após o rastreamento. Não houve evidências suficientes para respaldar diretamente o rastreamento universal do risco de suicídio.[132]
Há algumas situações clínicas nas quais o rastreamento de rotina é recomendado. Por exemplo, devido ao alto risco de depressão após um trauma físico, um instrumento de rastreamento breve, como o Questionário sobre a saúde do(a) paciente-2 (PHQ-2) ou o Questionário sobre a saúde do(a) paciente-9 (PHQ-9) deve ser administrado aos pacientes internados em centros de trauma, de acordo com orientações dos EUA.[154] O rastreamento e a avaliação regulares e rotineiros da depressão são recomendados para os pacientes com câncer em todas as fases da doença, de acordo com as diretrizes de tratamento europeias.[155]
Ferramentas
O PHQ-2 é derivado da ferramenta PRIME-MD (Avaliação de Transtornos Mentais na Atenção Primária) e avalia a depressão com rapidez e exatidão, com apenas 2 perguntas:[135]
"Nas 2 últimas semanas, você se sentiu desanimado, deprimido, sem esperança?"
"Nas últimas 2 semanas, você sentiu pouco interesse ou prazer em fazer as coisas?"
Uma resposta positiva a qualquer uma das perguntas justifica uma análise profunda dos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, texto revisado (DSM-5-TR) ou uma ferramenta equivalente.
O PHQ-9 pode ser usado como uma ferramenta de diagnóstico e tratamento da doença. O PHQ-9 é um questionário de 9 itens sobre a depressão, que reflete os critérios do DSM-5-TR. Ele classifica os sintomas atuais em uma escala de 0 (nenhum sintoma) a 3 (sintomas diários). Ele foi validado para o uso em ambientes de atenção primária. A repetição do PHQ-9 durante o tratamento permite que o médico monitore a resposta ao tratamento objetivamente.
Uma metanálise determinou que uma abordagem de rastreamento começando com um PHQ-2 e passando para um PHQ-9 para escores de PHQ-2 ≥2, foi igualmente precisa em comparação a administrar o PHQ-9 a todos os pacientes e reduziu a necessidade de administrar um PHQ-9 completo em mais de 50%.[156]
Rastreamento na gestação
Evidências sugerem que o rastreamento de gestantes e mulheres pós-parto reduz o risco de depressão.[157][158] As diretrizes dos EUA enfatizam a importância de avaliar rotineiramente as pacientes quanto a depressão durante o período perinatal. O American College for Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda que o rastreamento da depressão perinatal ocorra em vários momentos durante o período perinatal, utilizando o mesmo instrumento de rastreamento padronizado e validado; isso inclui a consulta pré-natal inicial, posteriormente na gravidez, e nas consultas pós-parto. Os exemplos incluem a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) ou o Questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9).[136]
Essa EPDS é um questionário de 10 itens que é comumente usado no período perinatal. Um escore ≥10 sugere depressão.[138][139][140] Uma metanálise determinou que um escore de corte de 13 ou mais identificou os casos de maior gravidade, enquanto um escore de corte de 11 ou mais otimizou a sensibilidade e a especificidade no rastreamento.[159] A EDPS inclui uma avaliação da ideação suicida. Edinburgh Postnatal Depression Scale Opens in new window
O ACOG recomenda que, quando alguém responder “sim” a uma pergunta de autolesão ou suicídio no período perinatal, os médicos avaliem imediatamente a probabilidade, a acuidade e a gravidade do risco de tentativa de suicídio, e em seguida providenciem um tratamento adaptado ao risco.[136] Consulte Mitigação do risco de suicídio.
A orientação canadense não recomenda o rastreamento universal baseado em instrumentos durante o período perinatal, mas pressupõe que, como parte dos cuidados habituais durante o período perinatal, os profissionais perguntem e fiquem atentos à saúde e ao bem-estar maternos.[160] No entanto, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido recomenda que os profissionais de saúde (inclusive parteiras, obstetras, agentes de saúde e clínicos gerais) considerem fazer duas perguntas para identificar uma possível depressão, no primeiro contato da mulher com a unidade básica de saúde, na primeira consulta pré-natal (geralmente próxima da 10ª semana de gestação) e no pós-parto (primeiro ano após o parto):[137]
Durante o último mês, você frequentemente se sentiu desanimado, deprimido ou sem esperança?
Durante o último mês, você frequentemente sentiu pouco interesse ou prazer em fazer as coisas?
Se a mulher responder "sim" a qualquer uma das perguntas iniciais, apresentar risco de desenvolver um problema de saúde mental ou houver uma preocupação clínica, o NICE recomenda que os médicos considerem:
Usar a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS)
Usar o PHQ-9 como parte de uma avaliação completa ou
Encaminhar a mulher ao seu médico de família ou, havendo suspeita de problema de saúde mental grave, a um profissional de saúde mental
As mulheres com alto risco de depressão devido a uma história anterior ou presente de transtorno depressivo grave deveriam, preferencialmente, estar sob os cuidados de um psiquiatra especialista em perinatal; os médicos devem perguntar sobre sintomas depressivos em cada contato.[137]
Para obter informações específicas sobre o rastreamento da depressão no período pós-parto, consulte Depressão pós-parto.
Rastreamento em idosos
A Escala de Depressão Geriátrica e a Escala Cornell de Depressão na demência foram validadas para idosos com e sem demência, respectivamente.[141][142][143] [ Escala de Depressão Geriátrica Opens in new window ]
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