Monitoramento

Inicial

  • A não adesão ao medicamento é comum e parece estar associada a uma série de desfechos clínicos adversos, incluindo maior gravidade da depressão e aumento do risco de recidiva e hospitalização. A metade dos pacientes, ou mais, que recebem antidepressivos não os tomam na dose adequada pela duração adequada.[486][487]​ Durante a fase de início e titulação de 8 a 12 semanas, as primeiras 2 semanas de terapia medicamentosa apresentam o mais alto risco de descontinuação.

  • Ajudar os pacientes a continuar a terapia medicamentosa, oferecendo uma resposta rápida aos efeitos adversos e mantendo um contato próximo. Além de sua utilidade na investigação diagnóstica, as características da história, exame físico e estudos laboratoriais podem se provar vitais no monitoramento do tratamento e na prevenção dos seus efeitos adversos.[488] Realize o acompanhamento dos pacientes, pessoalmente ou por telefone, nessas 2 primeiras semanas para abordar os efeitos adversos, a probabilidade de suicídio e a aceitação dos medicamentos e reforçar as mensagens educacionais. O acompanhamento realizado telefone por um enfermeiro treinado também é eficaz, assim como as mensagens de texto.[489][490]

Continuação, manutenção e descontinuação

  • Dependendo da velocidade, estabilidade e adequação da resposta, o tratamento para a depressão pode exigir um acompanhamento rigoroso por até 1 ano, a fim de ajustar ou ampliar a terapia.

  • Durante a fase de manutenção, monitore os pacientes todos os meses, presencialmente ou por telefone. É importante que os médicos continuem avaliando a adesão ao tratamento, a probabilidade de suicídio e os efeitos adversos.

  • Usar o Questionário sobre a saúde do(a) paciente-9 (PHQ-9) para avaliar objetivamente as alterações na gravidade do sintoma. Uma redução de 50% no escore dos sintomas constitui uma resposta adequada, e uma alteração de 25% a 50% no escore pode indicar a necessidade de modificar o tratamento.

  • Modelos de cuidado colaborativo e intervenções digitais (por exemplo, TCCi) podem facilitar o monitoramento. Consulte Abordagem de tratamento.

  • A duração da farmacoterapia contínua depende do curso prévio da doença. Os dados sobre os desfechos do tratamento além das semanas iniciais são limitados, embora uma revisão sistemática sugira que a eficácia dos antidepressivos, comparados com placebo, é estável por pelo menos os 6 primeiros meses de tratamento.[320] De maneira geral, parece haver uma redução do risco de recidiva quando os antidepressivos são mantidos por 6 meses ou mais.[321][322][323]​​ Se bem-sucedido, continue o tratamento com antidepressivos por 6-12 meses após a remissão.[165][322]

  • A descontinuação do tratamento antidepressivo tem sido consistentemente associada a um risco maior de recidiva do que a continuação do tratamento e, portanto, é uma decisão clínica complexa.[324][325][326]​ Para algumas pessoas com maior risco de recidiva, pode ser necessário continuar o tratamento além desse período. Recomenda-se a tomada de decisão compartilhada.

  • A World Federation of Societies of Biological Psychiatry (WFSBP) apoia o uso de tratamento de manutenção para a depressão recorrente em algumas circunstâncias; a WFSBP recomenda o tratamento de manutenção por 5-10 anos, ou indefinidamente, para aquelas pessoas com maior risco de depressão recorrente, particularmente quando duas ou três tentativas de suspender o medicamento tiverem sido seguidas por outro episódio no período de um ano.[332]

  • Para pacientes estabilizados que fazem tratamento farmacológico para depressão, reavalie regularmente o uso do antidepressivo para avaliar a eficácia e a presença de efeitos adversos e para assegurar que o uso em longo prazo continue indicado clinicamente.[272]

  • Se a descontinuação de um inibidor seletivo de recaptação de serotonina (IISRS) ou de um inibidor de recaptação de serotonina-noradrenalina (IRSN) for necessária, diminua lentamente a dose para reduzir o risco de sintomas de abstinência desagradáveis; isso pode precisar ocorrer ao longo de vários meses e deve ser feito a uma taxa que seja tolerável para o paciente.[324][328] Os medicamentos com meia-vida mais curta (por exemplo, paroxetina, venlafaxina) exigem períodos mais longos do esquema de suspensão gradual.[329] Um método proporcional de suspensão gradual é recomendado por algumas diretrizes de tratamento; isso envolve reduções na forma de uma proporção da dose anterior (por exemplo, 25%) em vez de reduzir a dose em um incremento fixo a cada vez.[165]​ Se a dose necessária não estiver disponível na forma de comprimidos, talvez seja necessária uma preparação líquida (se disponível). Esteja ciente de que as experiências de sintomas de abstinência das pessoas podem variar substancialmente de leves e transitórias a mais duradouras e graves. A conversa antecipada com o paciente é importante, inclusive sobre quando e como buscar apoio de um profissional de saúde no caso de sintomas de abstinência.[329] Monitore atentamente o paciente para garantir que quaisquer sintomas aparentes de abstinência emergentes não representem de fato uma recidiva da depressão.[272][330]

  • Há um crescente corpo de evidências que apoiam o uso de terapia psicológica para a prevenção de recidivas e recorrências, tanto quando usada isoladamente quanto em combinação com a farmacoterapia.[175][333]​​ As modalidades específicas com eficácia demonstrada para a prevenção de recidivas incluem a TCC preventiva, a TCC baseada na atenção plena e a terapia interpessoal (PTI).[334]​ Há evidências de que a troca na fase de manutenção da farmacoterapia para a psicoterapia pode ser pelo menos tão efetiva na prevenção de recidivas quanto permanecer com a farmacoterapia.[333][339]

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