Abordagem

A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum na população em geral; a maioria das pessoas com depressão procura inicialmente a atenção primária.[124][125]​ Nesse cenário o diagnóstico inicial pode passar despercebido em até 50% das pessoas com depressão.[126][127]

História

Os pacientes podem apresentar uma história de humor depressivo, ansioso, irritável ou desanimado; anedonia; alterações de peso; alterações na libido; perturbação do sono; problemas psicomotores; baixa energia; culpa excessiva; baixa concentração ou ideação suicida.[1]

Pacientes com depressão leve podem parecer estar funcionando normalmente, mas isso requer um esforço consideravelmente maior.[1] Fadiga e perturbação do sono são características comuns da depressão. Distúrbios psicomotores e culpa delirante (ou quase delirante) são muito menos comuns, mas indicam maior gravidade geral quando presentes.[1] Alguns pacientes enfatizam queixas somáticas em vez de sentimentos de tristeza.[1]

Os pacientes podem relatar sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações.[1][2]

Os pacientes frequentemente apresentam história pessoal ou familiar de depressão. Pergunte sobre a resposta do paciente a quaisquer tratamentos psiquiátricos anteriores (incluindo tratamentos farmacológicos e não farmacológicos), qualquer história de hospitalização psiquiátrica e quaisquer visitas ao pronto-socorro devido à doença psiquiátrica.[128]

Alguns pacientes terão sofrido estresse, trauma ou perda. Os médicos devem usar perguntas abertas e empáticas ao perguntar sobre a história de trauma de um paciente.[128] Os pacientes podem não compartilhar detalhes de abuso físico ou sexual na infância, a menos que sejam especificamente perguntados.[128]

Em pacientes idosos, a depressão pode se apresentar como redução nos autocuidados, queixas somáticas, retardo psicomotor, irritabilidade e apatia. Esses pacientes também podem apresentar um transtorno cognitivo grave (deficits de memória) como resultado da depressão.[31] Os pacientes idosos também podem apresentar maior probabilidade de comorbidades únicas ou múltiplas, que contribuem para o desenvolvimento da depressão (por exemplo, mal-estar por afecção clínica ou efeito colateral de medicamentos não psiquiátricos).[11]

O risco de morte por suicídio aumenta substancialmente, com um aumento de quase 20 vezes em comparação com a população em geral.[34] A mitigação do risco de suicídio é fundamental, sobretudo porque o risco pode aumentar no início do tratamento. Perguntar rotineiramente aos pacientes sobre ideação suicida e reduzir o acesso a meios letais (principalmente armas de fogo) pode reduzir o risco de suicídio.[129] Consulte Mitigação do risco de suicídio.

O uso de substâncias é comum em pessoas com depressão.[38][104] A investigação deve incluir a avaliação de álcool, tabaco, drogas recreativas e qualquer uso indevido de medicamentos prescritos ou de venda livre.[128]

Pergunte sobre outros diagnósticos psiquiátricos e não psiquiátricos. Algumas doenças físicas podem causar sintomas que mimetizam a depressão (por exemplo, hipotireoidismo, doença de Cushing). A depressão também pode afetar a capacidade do paciente de aderir ao tratamento para uma doença física.

Exame

Não existem achados definitivos de depressão no exame físico. Muitos pacientes apresentam afeto depressivo. Alguns apresentarão olhar cabisbaixo, sobrancelhas contraídas, lentificação psicomotora, latência da fala e expressões de culpa ou sentimento de culpa.

O exame físico e o rastreamento cognitivo podem ser úteis para descartar afecções comuns frequentemente confundidas com depressão (isto é, hipotireoidismo, demência), e procurar doenças comumente concomitantes (isto é, obesidade, câncer, acidente vascular cerebral).

Rastreamento da depressão

Os testes comumente usados para rastreamento incluem a Avaliação de Transtornos Mentais na Atenção Primária (PRIME-MD), a Escala de Depressão com 9 itens (PHQ-9) do Questionário sobre a saúde do(a) paciente para adultos na atenção primária e a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo, para uso no período perinatal.[130][131] Edinburgh Postnatal Depression Scale Opens in new window Há várias ferramentas diagnósticas disponíveis para os idosos, como a Escala de Depressão Geriátrica, e, quando o comprometimento cognitivo é proeminente, a Escala Cornell de Depressão na demência. [ Escala de Depressão Geriátrica Opens in new window ] Cornell Scale For Depression in Dementia Opens in new window

Podem ser necessárias ferramentas de rastreamento validadas em um idioma adequado para o paciente.

A US Preventive Services Task Force recomenda que as clínicas de atenção primária responsáveis pelo rastreamento de adultos tenham sistemas implantados para garantir que os resultados positivos do rastreamento sejam seguidos por um diagnóstico preciso, tratamento eficaz e acompanhamento cuidadoso.[132]

Diagnóstico de depressão

Para garantir a precisão do diagnóstico, os médicos devem aplicar os critérios da Classificação Internacional de Doenças, décima primeira edição (CID-11), ou do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, texto revisado (DSM-5-TR), a todos os pacientes com suspeita de depressão ou que têm um exame de rastreamento positivo para depressão. A determinação do grau do episódio em leve, moderado ou grave, com ou sem psicose, proporciona informações para a decisão de tratamento. Consulte Critérios. A depressão subliminar (menor) não está definida no DSM-5-TR, mas pode aplicar-se a pessoas com 2-4 sintomas depressivos, inclusive humor triste ou anedonia, por, pelo menos, 2 semanas.[5][6]

Para pacientes com demência que podem não ser prontamente capazes de reconhecer ou descrever sintomas devido a comprometimento cognitivo, a avaliação clínica é essencial para a descoberta de casos, e pode ser apoiada pelo uso de uma variedade de ferramentas diagnósticas.[133] Avaliações diagnósticas estruturadas específicas para idosos estão disponíveis e devem ser usadas em vez do PRIME-MD ou PHQ-9: por exemplo, a Escala de Depressão Geriátrica ou, para idosos com comprometimento cognitivo, a Escala Cornell de Depressão na Demência. [ Escala de Depressão Geriátrica Opens in new window ] Cornell Scale For Depression in Dementia Opens in new window Os médicos podem usar o PHQ-9 para obter a escala de gravidade da depressão atual e acompanhar a resposta ao tratamento.

Exames diagnósticos

A depressão é um diagnóstico clínico. Não existem exames diagnósticos.[134] Exames laboratoriais simples devem ser realizados na investigação para excluir outras causas dos sintomas da depressão. Os exames iniciais incluem testes de função tireoidiana, perfil metabólico e hemograma completo. Os níveis séricos de vitamina B12 e folato, além de o cortisol urinário de 24 horas, também podem ser informativos.

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