Os transtornos depressivos são muito comuns e estão entre as principais causas de incapacidade e de excessos de mortalidade em todo o mundo.[17]World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. 2017 [internet publication].
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Nas pessoas de 15-29 anos de idade, a depressão é a principal causa de incapacidade e morte prematura em todo o mundo.
WHO: Global Health Estimates
Opens in new window Nos EUA, a depressão maior é a segunda principal causa de incapacidade, no geral.[21]Murray CJ, Atkinson C, Bhalla K, et al. The state of US health, 1990-2010: burden of diseases, injuries, and risk factors. JAMA. 2013 Aug 14;310(6):591-608.
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Além do impacto direto da própria depressão na função ocupacional e na qualidade de vida, a depressão está associada a desfechos de saúde desfavoráveis em várias condições.[22]Matcham F, Norton S, Scott DL, et al. Symptoms of depression and anxiety predict treatment response and long-term physical health outcomes in rheumatoid arthritis: secondary analysis of a randomized controlled trial. Rheumatology (Oxford). 2016 Feb;55(2):268-78.
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Estima-se que cerca de 4.7% da população mundial apresentará um episódio de depressão em qualquer dado período de 12 meses.[25]Ferrari AJ, Somerville AJ, Baxter AJ, et al. Global variation in the prevalence and incidence of major depressive disorder: a systematic review of the epidemiological literature. Psychol Med. 2013 Mar;43(3):471-81.
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Um estudo internacional, realizado em 2019, constatou que a prevalência pontual foi maior na América do Norte (4.4% para mulheres e 2.5% para homens), menor no Pacífico Ocidental (2.3% para mulheres e 1.3% para homens) e intermediária em outras regiões do mundo (2.8% a 3.6% para mulheres e 1.9% a 2.0% para homens).
IHME: Global Burden of Disease (GBD)
Opens in new window Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou uma prevalência relativamente maior em 12 meses do que essa para pessoas que viviam na África, em comparação com outros locais do mundo (5.8% para mulheres e 4.8% para homens).[17]World Health Organization. Depression and other common mental disorders: global health estimates. 2017 [internet publication].
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Outros estudos sugerem uma variação mais substancial na prevalência relatada entre os países, de 2% a 21%, dependendo do país específico.[26]Gutiérrez-Rojas L, Porras-Segovia A, Dunne H, et al. Prevalence and correlates of major depressive disorder: a systematic review. Braz J Psychiatry. 2020 Nov-Dec;42(6):657-72.
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Na Europa, as taxas de prevalência variam substancialmente entre os países; taxas mais altas de prevalência foram identificadas na Alemanha, Luxemburgo e Islândia, com taxas mais baixas na Eslováquia e na República Tcheca.[27]Arias-de la Torre J, Vilagut G, Ronaldson A, et al. Prevalence and variability of current depressive disorder in 27 European countries: a population-based study. Lancet Public Health. 2021 Oct;6(10):e729-38.
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Acredita-se que diferenças metodológicas sejam responsáveis por, pelo menos, parte dessa variabilidade relatada entre as populações.
A idade média de início é de 26 anos nos países de alta renda, e 24 nos países de baixa e média rendas, de acordo com dados de pesquisas da World Federation for Mental Health.[28]Herrman H, Patel V, Kieling C, et al. Time for united action on depression: a Lancet-World Psychiatric Association Commission. Lancet. 2022 Mar 5;399(10328):957-1022.
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A prevalência atinge a intensidade máxima novamente nas idades mais avançadas.[29]Kessler RC, Bromet EJ. The epidemiology of depression across cultures. Annu Rev Public Health. 2013;34:119-38.
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A prevalência global em idosos foi estimada em 13.3%.[30]Abdoli N, Salari N, Darvishi N, et al. The global prevalence of major depressive disorder (MDD) among the elderly: a systematic review and meta-analysis. Neurosci Biobehav Rev. 2022 Jan;132:1067-73.
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A prevalência pode ser maior entre os idosos hospitalizados ou que vivem em instituições de cuidados assistidos.[31]Fiske A, Wetherell JL, Gatz M. Depression in older adults. Annu Rev Clin Psychol. 2009;5:363-89.
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Cerca de um em cada cinco residentes em instituições asilares sem demência são diagnosticados com depressão.[32]Fornaro M, Solmi M, Stubbs B, et al. Prevalence and correlates of major depressive disorder, bipolar disorder and schizophrenia among nursing home residents without dementia: systematic review and meta-analysis. Br J Psychiatry. 2020 Jan;216(1):6-15.
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Uma revisão sistemática que analisou as taxas de depressão em idosos em todo o mundo estimou em 31.74% a prevalência combinada de depressão em idosos, sendo observadas taxas mais altas de depressão nessa faixa etária nos países em desenvolvimento (40.78%), em comparação com países desenvolvidos (17.05%).[31]Fiske A, Wetherell JL, Gatz M. Depression in older adults. Annu Rev Clin Psychol. 2009;5:363-89.
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A incidência em mulheres é o dobro da incidência em homens.[27]Arias-de la Torre J, Vilagut G, Ronaldson A, et al. Prevalence and variability of current depressive disorder in 27 European countries: a population-based study. Lancet Public Health. 2021 Oct;6(10):e729-38.
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[33]Pedersen CB, Mors O, Bertelsen A, et al. A comprehensive nationwide study of the incidence rate and lifetime risk for treated mental disorders. JAMA Psychiatry. 2014 May;71(5):573-81.
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As pessoas com depressão têm um risco quase 20 vezes maior de morrer por suicídio do que a população em geral.[34]Chesney E, Goodwin GM, Fazel S. Risks of all-cause and suicide mortality in mental disorders: a meta-review. World Psychiatry. 2014 Jun;13(2):153-60.
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Uma metanálise constatou que 31% das pessoas em tratamento para transtorno depressivo maior tentaram suicídio durante a vida.[35]Dong M, Zeng LN, Lu L, et al. Prevalence of suicide attempt in individuals with major depressive disorder: a meta-analysis of observational surveys. Psychol Med. 2019 Jul;49(10):1691-704.
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A comorbidade com outras doenças mentais é comum em todos os cenários de tratamento tanto na atenção primária quanto na secundária, particularmente com transtornos de ansiedade, transtorno do estresse pós-traumático e transtornos por uso de substâncias.[36]Kotiaho S, Korniloff K, Vanhala M, et al. Psychiatric diagnosis in primary care patients with increased depressive symptoms. Nord J Psychiatry. 2019 Apr;73(3):195-9.
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[37]Lamers F, van Oppen P, Comijs HC, et al. Comorbidity patterns of anxiety and depressive disorders in a large cohort study: the Netherlands Study of Depression and Anxiety (NESDA). J Clin Psychiatry. 2011 Mar;72(3):341-8.
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. Os homens com depressão têm duas vezes mais probabilidade que as mulheres de terem um transtorno por uso de substâncias comórbido.[38]Hunt GE, Malhi GS, Lai HMX, et al. Prevalence of comorbid substance use in major depressive disorder in community and clinical settings, 1990-2019: systematic review and meta-analysis. J Affect Disord. 2020 Apr 1;266:288-304.
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Em pacientes com um parente de primeiro grau afetado, o risco de depressão ao longo da vida aumenta de duas a três vezes. O primeiro episódio ocorre com mais frequência nos pacientes de 12 a 24 anos de idade e naqueles acima de 65 anos.[39]Remick RA. Diagnosis and management of depression in primary care: a clinical update and review. CMAJ. 2002 Nov 26;167(11):1253-60.
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A depressão frequentemente coexiste com um grande número de distúrbios de saúde física crônicos, tais como dor crônica, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas, tuberculose e obesidade, possivelmente em consequência de fatores de risco compartilhados e, também, por efeito causal do distúrbio físico no desenvolvimento da depressão.[40]Gold SM, Köhler-Forsberg O, Moss-Morris R, et al. Comorbid depression in medical diseases. Nat Rev Dis Primers. 2020 Aug 20;6(1):69.
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A demência, em algumas medições, pode quase dobrar o risco.[41]Asmer MS, Kirkham J, Newton H, et al. Meta-analysis of the prevalence of major depressive disorder among older adults with dementia. J Clin Psychiatry. 2018 Jul 31;79(5).
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Tem-se postulado que a própria depressão pode atuar como fator de risco causal para o desenvolvimento e agravamento de alguns distúrbios físicos crônicos.[42]Penninx BW, Milaneschi Y, Lamers F, et al. Understanding the somatic consequences of depression: biological mechanisms and the role of depression symptom profile. BMC Med. 2013 May 15;11:129.
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A prevalência do transtorno depressivo maior aumentou rapidamente durante a pandemia de COVID-19, particularmente nos adultos jovens.[46]Jia H, Guerin RJ, Barile JP, et al. National and state trends in anxiety and depression severity scores among adults during the COVID-19 pandemic: United States, 2020-2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2021 Oct 8;70(40):1427-32.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a pandemia de COVID-19 desencadeou um aumento de 25% na prevalência da depressão em todo o mundo; as implicações de longo prazo não estão claras.[49]World Health Organization. COVID-19 pandemic triggers 25% increase in prevalence of anxiety and depression worldwide. Mar 2022 [internet publication].
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