Prognóstico

Devido à etiologia variada, os sobreviventes das fases críticas da doença são um grupo heterogêneo. A mortalidade e a morbidade variam dependendo da etiologia subjacente, do estado imune do hospedeiro, da extensão e da localização das lesões anatômicas, do desenvolvimento de complicações e do tempo até o início do tratamento. A mortalidade como desfecho ocorre em 6% a 9% nos EUA e em 12% na Inglaterra na encefalite infecciosa.[3][7][8][125]​​ Idade >65 anos, imunocomprometimento (induzido por medicação imunossupressora ou HIV), ventilação mecânica, coma, trombocitopenia aguda, contagem de polimorfonucleares elevada no líquido cefalorraquidiano, edema cerebral e estado de mal epilético estão associados com desfechos desfavoráveis.[125][126]

O desenvolvimento de sequelas depende da idade, da etiologia da encefalite e da gravidade do episódio clínico.[76] Incapacidade grave ocorre em mais da metade dos sobreviventes. Em crianças, morbidade de longa duração ocorre em até dois terços dos pacientes. Inclui fadiga, comprometimento cognitivo, distúrbios de atenção e deficit, disfasia, comprometimento motor, ataxia, epilepsia e alterações da personalidade.[127][128][129][130] Crianças com comprometimento cerebelar isolado ou encefalite pelo vírus sincicial respiratório tendem a ter um bom prognóstico.

A epilepsia pós-encefalítica ocorre em 10% aos 5 anos e 20% aos 20 anos.[131] A presença de convulsões durante a hospitalização e anormalidades na ressonância nuclear magnética cerebral são os preditores mais fortes do desenvolvimento de epilepsia pós-encefalítica. A etiologia da encefalite, presença de deficits neurológicos focais e anomalias de eletroencefalograma interictais não influenciam o desenvolvimento de epilepsia pós-encefalite.[132]

Para encefalite por vírus do herpes simples, idade avançada, nível de consciência reduzido e retardo ou ausência de tratamento com aciclovir são associados à alta mortalidade. Edema cerebral difuso e convulsões intratáveis são indicadores adicionais de prognóstico desfavorável. Os sobreviventes geralmente apresentam sequelas neurológicas incapacitantes, como comprometimento da memória (de curto prazo), alterações da personalidade e de comportamento, problemas psiquiátricos e anosmia.[133] Alguns observaram associações de encefalite anti-RNMDA após encefalite por HSV.[134]​ Alterações graves de comportamento ou da personalidade, incluindo síndrome de Kluver-Bucy, encontradas antes da administração do aciclovir ser amplamente disponível, não são mais comuns.

Geralmente, as taxas de mortalidade na encefalite autoimune são menores que em casos infecciosos; no entanto, a recuperação prolongada e o potencial para recidiva tornam o manejo em longo prazo desafiador.[1] A taxa de mortalidade para encefalite associada a anticorpos contra o receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) é de até 6%, e ocorre recidiva em 12% a 25% dos pacientes.[31][135][136]​ O tratamento imune precoce foi associado a melhores desfechos, mas as alterações cognitivas e comportamentais podem persistir.[31][136]​​[137]​ A taxa de mortalidade pode ser menor para a encefalite associada com anticorpos anti-proteína 1 rica em leucina inativada por glioma que para a encefalite associada a anticorpos anti-NMDA, mas a taxa de recidiva em longo prazo pode ser maior.[1][138][139]

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