História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os fatores de riscos incluem tabagismo, história familiar e outras síndromes cancerígenas hereditárias.[12][13][16][17]​​[18]​​​[22][23]

icterícia

Sugere obstrução biliar ou, o que é baste raro, metástases nodais hepáticas ou hilares.

dor ou desconforto inespecífico na parte superior do abdome

Presente em dois terços dos pacientes. Tipicamente localizada na região epigástrica e irradia para o dorso.[36]

Dor ou desconforto inespecífico e não explicado na parte superior do abdome são geralmente os primeiros sintomas, podendo ser negligenciados tanto pelos pacientes quanto pelos médicos.[67]

perda de peso e anorexia

Outros sinais de doença avançada incluem a perda de peso e a anorexia. Perda de peso acelerada geralmente se correlaciona à impossibilidade de ressecção.[36]

dorsalgia

O câncer de pâncreas pode apresentar dorsalgia na ausência de dor abdominal, devido à invasão direta do plexo celíaco ou como consequência da pancreatite.[36] A dorsalgia persistente se relaciona com metástase retroperitoneal.

Outros fatores diagnósticos

comuns

Idade 65-74 anos

O câncer de pâncreas é uma doença que predomina em idosos, atingindo o pico de incidência entre indivíduos com 65-74 anos.[8]

Incomuns

esteatorreia

Uma extensa infiltração pancreática, ou obstrução de ductos pancreáticos importantes também pode causar disfunção exócrina, resultando em má absorção e esteatorreia.

Os pacientes relatam fezes oleosas e fétidas que são difíceis de ir embora após a descarga.[36]

sede, poliúria, noctúria e perda de peso

20% a 47% dos pacientes apresentam disfunção endócrina, culminando no diagnóstico inicial de diabetes, cujos sintomas são sede, poliúria, noctúria e perda de peso.[37]

O câncer de pâncreas deve ser considerado em pacientes adultos (50 anos ou mais) com diagnóstico inicial de diabetes, mas sem fatores de predisposição ou história familiar positiva de diabetes mellitus.[1]​​​[5]​​[37]

náuseas, vômitos e saciedade precoce

O câncer de pâncreas deve ser descartado em pacientes com 60 anos ou mais se apresentarem náuseas ou vômitos na presença de perda de peso.[46] Um grande tumor ou edema peritumoral pode comprimir o estômago ou duodeno, causando náuseas e saciedade precoce.[36]

pancreatite aguda inexplicada

O câncer de pâncreas deve ser considerado em pacientes idosos com um episódio inexplicável de pancreatite aguda.[36]

hepatomegalia

Sinal de doença avançada com metástases hepáticas.

massa abdominal epigástrica

Sinal de doença avançada.

sinal de Courvoisier positivo

Sinal de doença avançada (indicado por palpação indolor da vesícula biliar ou icterícia). Presente em <25% dos pacientes.[36]

petéquia, púrpura, hematoma

Sinais de coagulação intravascular disseminada nos quadros de doença avançada.

Sinal de Trousseau (tromboflebite migratória)

Uma vez que pacientes com câncer de pâncreas apresentam aumento do risco de doença tromboembólica, a trombose venosa ou a tromboflebite migratória (sinal de Trousseau) também pode ser a primeira manifestação do câncer de pâncreas.[7][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Sinal de Trousseau em paciente com adenocarcinoma pancreáticoPunithakumar EJ et al. Síndrome de Trousseau no carcinoma pancreático. Surgery. 2021;169(2):E3-4; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@585581bb

Fatores de risco

Fortes

tabagismo

Estima-se que é possível atribuir 1 a cada 5 casos de câncer de pâncreas ao tabagismo.[13] As pessoas que fumam têm um risco 1.74 vezes maior de desenvolver câncer de pâncreas.[12]​​[13]

O risco de câncer de pâncreas aumenta com a duração, intensidade e dose cumulativa do tabagismo. O risco reduz após o abandono do hábito de fumar para 1.2 vezes, mas permanece elevado por 10-20 anos, em comparação com pessoas que nunca fumaram.[12]​​[13][22]​​

história familiar de câncer de pâncreas

Os critérios para câncer de pâncreas familiar consistem em no mínimo dois parentes de primeiro grau com câncer de pâncreas ou no mínimo dois parentes de segundo grau com câncer de pâncreas, sendo um deles com apresentação inicial precoce do câncer de pâncreas (<50 anos de idade), sem a presença de outras síndromes de câncer hereditário. O risco de câncer de pâncreas aumenta com o aumento no número de familiares afetados, o que sugere herança autossômica dominante de um alelo raro.[23] Embora o principal gene responsável ainda não tenha sido identificado, pode-se observar uma mutação da linhagem germinativa em BRCA2 em até 20% das famílias.[17]

outras síndromes de câncer hereditário

Pode haver presença de predisposição genética ao câncer de pâncreas em 5% a 10% dos pacientes. Em um quadro de câncer de pâncreas familiar, o risco de sofrer câncer de pâncreas aumenta juntamente com o aumento no número de familiares de primeiro grau afetados.[16][17]

Pancreatite hereditária: mutações no gene PRSS1 e estimativa de 35% de risco vitalício de câncer de pâncreas.

Síndrome de Peutz-Jeghers: mutações no gene STK11/LKB1 e estimativa de 36% de risco vitalício de câncer de pâncreas.

Síndrome de mola-melanoma múltiplo atípico familiar: mutações no gene supressor de tumor CDKN2A (que codifica o inibidor do ciclo celular p16) e estimativa de risco ao longo da vida de 17% para câncer de pâncreas.[24]

Síndrome de câncer de mama familiar: mutações em BRCA1, BRCA2 e PALB2; o risco de câncer de pâncreas depende do número de familiares afetados.

Mutações no gene ATM: associadas a um aumento de 3 vezes no risco de câncer de pâncreas.[25]

Síndrome de câncer colorretal hereditário sem polipose: mutações no hMLH1 ou no hMSH2 e estimativa de risco de cerca de 5%.[18]

Fracos

pancreatite crônica esporádica

Os pacientes com pancreatite crônica apresentam alto risco de desenvolver câncer de pâncreas.[26] No entanto, o risco é de difícil avaliação, pois geralmente há fatores que prejudicam o diagnóstico, como tabagismo, alto consumo de bebidas alcoólicas ou outros possíveis vieses.Foram relatados riscos relativos de sofrer câncer de pâncreas que variam de 2.3% a 18.5%.[27]

diabetes mellitus

Algumas evidências sugerem haver 1% de possibilidade de sofrer câncer de pâncreas nos 3 anos que se seguem ao diagnóstico inicial de diabetes mellitus.[5]​ Contudo, as estimativas da magnitude de aumento do risco de sofrer câncer de pâncreas em indivíduos com diabetes são variáveis.

obesidade

Uma revisão sistemática de estudos prospectivos da correlação entre o índice de massa corporal (IMC), a gordura abdominal e o risco de sofrer câncer de pâncreas em pacientes com adenocarcinoma do pâncreas concluiu que o sobrepeso e a obesidade se correlacionam com maior risco de sofrer câncer de pâncreas.[28]​ A obesidade em idades avançadas ou presente pouco tempo antes do diagnóstico foi correlacionada com menor sobrevida global; contudo, os riscos relatados são variáveis.[29]

fatores alimentares

Relatou-se que o alto consumo de bebidas alcoólicas, dietas ricas em carne e gordura e baixos níveis séricos de folatos aumentam o risco de sofrer câncer de pâncreas. Contudo, devido aos resultados inconsistentes, o papel exato desempenhado por esses fatores ainda não foi elucidado.[30]​​[31][32][33][34]​​

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