Etiologia
O câncer de pâncreas é uma doença que predomina em idosos, atingindo o pico de incidência entre indivíduos com 65-74 anos.[8] O tabagismo é o único fator de risco exógeno de câncer de pâncreas relatado de forma constante.[12][13]
Estima-se que pelo menos 5% de todos os pacientes com câncer de pâncreas tenham um componente hereditário.[14] Síndromes de câncer hereditário relacionadas ao câncer de pâncreas são: pancreatites hereditárias, síndrome de Peutz-Jeghers, mola-melanoma múltiplo atípico familiar, síndrome do câncer de mama familiar e síndrome do câncer colorretal do tipo não polipose hereditário (síndrome de Lynch).[15][16][17]
Fisiopatologia
Cerca de 65% dos tumores se localizam na cabeça do pâncreas, 15% no corpo do pâncreas, 10% na cauda do pâncreas e 10% são multifocais. De forma característica, há um estroma fortemente desmoplástico que corresponde a >60% da massa do tumor. As metástases nos linfonodos são frequentes (40% a 75% dos tumores <2 cm), da mesma forma que a invasão perineural e vascular. Observam-se metástases à distância geralmente no fígado, no pulmão, na pele e no cérebro.[18]
Análises moleculares e histopatológicas identificaram três lesões precursoras distintas: neoplasia intraepitelial pancreática (PanIN), neoplasia mucinosa papilar intraductal e neoplasia cística mucinosa.[2] As PanINs são as lesões precursoras microscópicas (<5 mm) que ocorrem com mais frequência, definidas como proliferações epiteliais neoplásicas nos pequenos ductos pancreáticos, classificando-se como PanIN-1, PanIN-2 ou PanIN-3 de acordo com o grau de diferenciação.[19] Das neoplasias císticas, a mais comum é a neoplasia mucinosa papilar intraductal, que são precursores macroscópicos originados do ducto pancreático principal ou suas ramificações.[19] Enquanto 85% a 90% dos casos se originam de PanINs, 10% a 15% se originam de neoplasia mucinosa papilar intraductal ou neoplasia cística mucinosa.[19] Foi proposto que a progressão do epitélio normal até o carcinoma invasivo segue um modelo de progressão linear relacionado com o acúmulo de alterações genéticas.As alterações genéticas precoces incluem encurtamento de telômeros e mutações no oncogene KRAS2 (verificado em >90% das lesões PanIN iniciais), seguidos de inativação do gene supressor tumoral p16/CDKN2A e alterações tardias, inclusive inativação dos genes supressores tumorais TP53 e SMAD4.[20] Mutações ativadoras no gene NTRK, que codifica a quinase neurotrófica do receptor da tropomiosina (TRK), afetam <1% dos pacientes com adenocarcinoma pancreático; esses pacientes podem se beneficiar do tratamento direcionado com inibidores da proteína TRK.[21]
Classificação
Classificação histológica do adenocarcinoma ductal invasivo[3][4]
As características histológicas do adenocarcinoma ductal invasivo incluem:
Adenocarcinoma tubular (forma mais comum)
Carcinoma adenoescamoso
Adenocarcinoma coloide (mucinoso acístico): ocorre quase sempre relacionado com a neoplasia mucinosa papilar intraductal, sendo caracterizado por células epiteliais neoplásicas bem-diferenciadas no interior de grandes coleções de estroma infiltrado por mucina
Carcinoma hepatoide
Carcinoma medular: caracterizado por diferenciação de baixo grau com instabilidade de microssatélite, padrão de crescimento sincicial e bordas expansivas
Carcinoma celular em anel de sinete
Carcinoma indiferenciado: neoplasias epiteliais altamente malignas sem uma direção mais definida de diferenciação, tipicamente não coesivas e caracterizadas pela perda da expressão de caderina E
Carcinoma indiferenciado com células gigantes assemelhadas a osteoclastos: ocorre frequentemente associado a uma neoplasia precursora não invasiva como neoplasia cística mucinosa, sendo caracterizado por uma combinação de células pleomórficas atípicas e de células gigantes multinucleadas com núcleos uniformes.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal