Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

CONTÍNUA

vírus da imunodeficiência humana (HIV)-negativo

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1ª linha – 

terapia antifúngica

Os pacientes podem ter uma cultura pulmonar positiva ou ser assintomáticos com baixos títulos séricos de antígeno polissacarídeo criptocócico (CrAg) (ou seja, <1:320 no ensaio de fluxo lateral).[20][52]

O fluconazol oral é o tratamento antifúngico de primeira escolha nesses pacientes.[32][52][58]​​​​ A duração da terapia se baseia na resolução da doença, mas geralmente é de 6 a 12 meses para aqueles com sintomas, e 3 a 6 meses para pacientes assintomáticos. Se isso não for uma opção, o itraconazol pode ser administrado por 6 a 12 meses e, se a terapia com azólicos for contraindicada (por exemplo, gravidez), recomenda-se anfotericina B desoxicolato intravenosa.[58] A toxicidade desta última sempre deve ser considerada.[58] A anfotericina B lipossomal ou o complexo lipídico de anfotericina B pode ser usado como alternativa à anfotericina B desoxicolato nos pacientes com risco de disfunção renal.[58]

Geralmente, o fluconazol é bem tolerado. Embora tenha sido reportada uma resistência ao fluconazol com o Cryptococcus neoformans, ela é rara em alguns países, como nos EUA, e os testes de suscetibilidade não são rotineiramente recomendados, a menos que haja recidiva ou fracasso do tratamento.[20][55][58][59]

Os antifúngicos azólicos devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, em razão do risco de teratogenicidade; eles só devem ser usados durante a gestação se os benefícios superarem os riscos.[20][57] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

Em caso de falha do tratamento (ausência de melhora clínica após 2 semanas de terapia ou recidiva após resposta clínica inicial), todos os pacientes tratados inicialmente com fluconazol (ou itraconazol) devem ter sua terapia alterada para anfotericina B intravenosa, com ou sem flucitosina oral, até que seja alcançada resposta clínica.[20] A flucitosina deve ser evitada durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez devido ao risco de teratogenicidade, e só deve ser usada durante a gravidez se os benefícios superarem os riscos.[20][57] As formulações lipídicas da anfotericina B são mais bem toleradas e mais eficazes que as formulações com desoxicolato, e devem ser consideradas quando o tratamento inicial com outros esquemas falhar.[20]

Opções primárias

fluconazol: 400-800 mg por via oral uma vez ao dia

Opções secundárias

itraconazol: 400 mg/dia por via oral administrados em 1-2 doses fracionadas

Opções terciárias

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

--E--

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia

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Considerar – 

cirurgia

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Deve-se considerar cirurgia para pacientes com lesões pulmonares, ósseas ou no sistema nervoso central que sejam persistentes ou refratárias.[52][58]

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1ª linha – 

terapia de indução antifúngica

Os pacientes imunocomprometidos, aqueles com doença pulmonar e extrapulmonar grave sem envolvimento do sistema nervoso central (SNC) e pacientes assintomáticos com altos títulos de antígeno polissacarídeo criptocócico sérico (CrAg) (ou seja, ≥1:640 por ensaio de fluxo lateral ou >1:160 por aglutinação em látex) devem ser tratados da mesma forma que os pacientes HIV-negativos com doença no SNC, devido ao alto risco de desenvolver infecção disseminada ou no SNC.[20][32][58]​​

O esquema de indução de primeira escolha é de 2 semanas de anfotericina B lipossomal ou complexo lipídico de anfotericina B associado a flucitosina oral.​[32]​​​[52][56][58] A anfotericina B desoxicolato pode ser usada como uma formulação alternativa se o risco de disfunção renal for baixo ou se o custo for proibitivo.[20][54]

A flucitosina mostrou ser um forte preditor independente da esterilização do líquido cefalorraquidiano (LCR) em 2 semanas, tanto na população de HIV-positivos quanto na população total de pacientes.[12][55] Entretanto, a redução da contagem plaquetária ou de neutrófilos exclui o uso da flucitosina.[52] Se a terapia de indução não incluir flucitosina, considere a monoterapia com anfotericina B lipossomal, complexo lipídico de anfotericina B ou anfotericina B desoxicolato por pelo menos 4 a 6 semanas.[58]

Outros esquemas para terapia de indução estão disponíveis e estão incluídos nas diretrizes dos EUA para pacientes HIV-positivos.[20] Esses esquemas normalmente não seriam recomendados em pacientes HIV-negativos devido à falta de dados de ensaios clínicos nesta população; no entanto, eles podem ser considerados por alguns prestadores caso a caso.

A função renal deve ser monitorada quando se administram ciclos >2 semanas de anfotericina B e flucitosina, com ajuste adequado da dosagem (monitorar a flucitosina sérica 2 horas após a dose tendo o paciente recebido pelo menos 3 a 5 doses, níveis ideais: 25-100 mg/L).[20] Caso não seja possível determinar os níveis de flucitosina, podem ser feitos hemogramas com frequência (isto é, pelo menos duas vezes por semana) para detectar citopenia.[20] Hepatotoxicidade e toxicidades gastrointestinais também devem ser monitorizadas em pacientes recebendo flucitosina.[20]

A administração pré-infusão de 1000 mL de soro fisiológico pode reduzir o risco de nefrotoxicidade associada à anfotericina B.[20] Além disso, o pré-tratamento com paracetamol, difenidramina ou hidrocortisona administrado aproximadamente 30 minutos antes da infusão de anfotericina B pode reduzir as reações adversas relacionadas à infusão.[20] Entretanto, existem poucas evidências para dar suporte a essas práticas. Calafrios associados à anfotericina B podem ser evitados e tratados com a administração de petidina durante a infusão.[20]

Alguns especialistas e as diretrizes dos EUA defendem repetir a punção lombar após as primeiras 2 semanas de tratamento para avaliar a esterilização do LCR.[20][58] Os pacientes com culturas de LCR positivas após 2 semanas de terapia e sem melhora clínica devem manter a anfotericina B até que as culturas de LCR estejam negativas.[20][52][58] Formulações lipídicas de anfotericina B são mais bem toleradas e mais eficazes que formulações com desoxicolato e devem ser consideradas quando o tratamento inicial com outros regimes fracassar.[20] Os pacientes com culturas positivas, mas com sinais de melhora clínica, devem continuar recebendo terapia de consolidação.[20]

Os antifúngicos azólicos e a flucitosina devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, em razão do risco de teratogenicidade; eles só devem ser usados durante a gestação se os benefícios superarem os riscos.[20][57] A consideração do uso de flucitosina deve ser limitada ao terceiro trimestre.[20] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

A redução na dose de prednisolona (ou seu equivalente) para 10 mg/dia em pacientes que estiverem recebendo corticoterapia em longo prazo pode melhorar os desfechos.[58]

Opções primárias

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

--E--

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia

Opções secundárias

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

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associado a – 

terapia de consolidação antifúngica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A terapia de consolidação é feita com fluconazol oral.​[32][58]​​

A fase de consolidação do tratamento recomendada é de 8 semanas.[58] Após 8 semanas, o paciente deve fazer a troca para fluconazol em doses baixas como terapia de manutenção de longa duração.[58]

Os pacientes com culturas de líquido cefalorraquidiano (LCR) positivas, mas que tiverem melhorado clinicamente após 2 semanas de terapia de indução, devem receber uma dose mais alta (1200 mg/dia) de fluconazol para a terapia de consolidação, e repetir a punção lombar em 2 semanas.[20] De forma alternativa, pacientes não hospitalizados podem receber flucitosina associada a fluconazol por mais 2 semanas antes de se iniciar a terapia de consolidação com um único medicamento.[20] A duração da terapia de consolidação deve ser de 8 semanas a partir do ponto em que as culturas do LCR forem negativas.[20][23]

Opções primárias

fluconazol: culturas de LCR clinicamente estáveis e negativas: 400 mg por via oral uma vez ao dia; culturas positivas do LCR: 800 mg por via oral uma vez ao dia, pode-se aumentar para 1200 mg uma vez ao dia após 2 semanas se o LCR permanecer positivo e o paciente estiver clinicamente estável

Opções secundárias

fluconazol: 1200 mg por via oral uma vez ao dia

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia

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associado a – 

terapia de manutenção antifúngica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Depois de uma terapia de indução e uma terapia de consolidação bem-sucedidas (isto é, melhora clínica e cultura do líquido cefalorraquidiano (LCR) negativa após repetir a punção lombar), a terapia de manutenção antifúngica com fluconazol oral pode ser mantida por, pelo menos, 6 a 12 meses.[58]

Uma redução na dose de prednisolona (ou seu equivalente) para 10 mg/dia em pacientes que estiverem recebendo corticoterapia em longo prazo pode resultar em melhora dos desfechos da terapia antifúngica.[58]

Uma vez que antifúngicos azólicos devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, devido ao risco de teratogenicidade, e usados durante a gestação somente se os benefícios superarem os riscos, a terapia de manutenção com fluconazol só deve ser iniciada após o parto.[20][57] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

Opções primárias

fluconazol: 200 mg por via oral uma vez ao dia

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Considerar – 

drenagem lombar

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

A hipertensão intracraniana (PIC), definida como uma pressão de abertura de >20 cm H₂O, medida com o paciente na posição de decúbito lateral, ocorre em até 80% dos pacientes com meningite criptocócica e, quando não controlada, está associada a uma resposta clínica mais desfavorável.[23][49][50][51]

A punção lombar terapêutica pode ser usada para reduzir a PIC elevada e foi associada a uma melhora relativa de 69% na sobrevida, independentemente da PIC inicial.[66]

A PIC elevada deve ser reduzida em todos os pacientes que manifestarem confusão, visão turva, papiledema, clônus de membro inferior ou outros sinais neurológicos de PIC elevada.[20]

A principal intervenção para a redução da PIC elevada é a drenagem lombar percutânea.[12][25] Os deficits neurológicos focais são incomuns na criptococose e devem incitar a realização de imagens radiográficas do cérebro para descartar a presença de uma lesão com efeito de massa. Deve-se realizar uma drenagem lombar suficiente para atingir uma pressão de fechamento de ≤20 cm H₂O ou 50% da pressão de abertura inicial.[20] Inicialmente, o paciente deve ser submetido a PLs diárias a fim de estabilizar as pressões de abertura dentro da faixa normal e melhorar os sinais e sintomas.

Se a hipertensão intracraniana ou os sinais e sintomas de edema cerebral persistirem após repetição da PL, deve-se considerar uma drenagem lombar ou um shunt ventriculoperitoneal.[20][58]

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Considerar – 

cirurgia

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Deve-se considerar cirurgia para pacientes com lesões pulmonares, ósseas ou no sistema nervoso central que sejam persistentes ou refratárias.[52][58]

vírus da imunodeficiência humana (HIV)-positivo

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1ª linha – 

terapia antifúngica

Todos os pacientes HIV-positivos, incluindo os assintomáticos, requerem tratamento, em razão do alto risco de infecção disseminada ou no sistema nervoso central (SNC).[58][61] Os pacientes podem apresentar uma cultura pulmonar positiva ou antígeno polissacarídeo criptocócico (CrAg) sérico positivo. Para os pacientes com sintomas leves a moderados e infiltrados pulmonares focais, e aqueles que são assintomáticos com baixos títulos séricos de CrAg (ou seja, <1:320 em ensaio de fluxo lateral), o tratamento com um antifúngico associado a um antirretroviral é apropriado.[20] Todos os pacientes devem ser submetidos a testes no líquido cefalorraquidiano para descartar doença no SNC.[20]

Em geral, o fluconazol oral é o tratamento antifúngico de primeira escolha nesses pacientes. As diretrizes da Organização Mundial da Saúde recomendam que a doença não meníngea localizada seja tratada com fluconazol por 2 semanas em uma dose mais alta do que por 8 semanas em uma dose mais baixa, seguida por terapia de manutenção.[23]​ Por outro lado, as diretrizes dos EUA recomendam 10 semanas de tratamento oral com fluconazol em uma dose mais alta seguida por uma dose mais baixa por um total de 6 meses, sem qualquer terapia de manutenção adicional.[20]

O fluconazol pode ser descontinuado de acordo com a resposta à terapia antirretroviral (TAR; ou seja, contagens de CD4 ≥100 células/mm³, cargas virais indetectáveis na TAR, mínimo de 1 ano de terapia de manutenção crônica com antifúngicos azólicos após o tratamento bem-sucedido da criptococose).[20]

Se a terapia com antifúngicos azólicos for contraindicada (por exemplo, em caso de gestação), recomenda-se a anfotericina B com ou sem flucitosina.

Os antifúngicos azólicos devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, em razão do risco de teratogenicidade; eles só devem ser usados durante a gestação se os benefícios superarem os riscos.[20][57] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

Em caso de falha do tratamento (ausência de melhora clínica após 2 semanas de terapia ou recidiva após resposta clínica inicial), todos os pacientes tratados inicialmente com monoterapia de fluconazol devem ter sua terapia alterada para anfotericina B intravenosa, com ou sem flucitosina oral, até que seja alcançada resposta clínica.[20] A flucitosina deve ser evitada durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez devido ao risco de teratogenicidade, e só deve ser usada durante a gravidez se os benefícios superarem os riscos.[20] As formulações lipídicas da anfotericina B são mais bem toleradas e mais eficazes que as formulações com desoxicolato, e devem ser consideradas quando o tratamento inicial com outros esquemas falhar.[20]

Opções primárias

fluconazol: 400-800 mg por via oral uma vez ao dia

Opções secundárias

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia

--E--

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia

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associado a – 

terapia antirretroviral

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

O momento ideal para iniciar a terapia antirretroviral (TAR) nos pacientes com doença sem envolvimento do sistema nervoso central não está claro. As diretrizes dos EUA sugerem um atraso no início da TAR por 2 semanas após o início da terapia antifúngica.[20]

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Considerar – 

cirurgia

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Deve-se considerar cirurgia para pacientes com lesões pulmonares, ósseas ou no sistema nervoso central que sejam persistentes ou refratárias.[52][58]

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1ª linha – 

terapia de indução antifúngica

Todos os pacientes HIV-positivos, incluindo os assintomáticos, requerem tratamento, em razão do alto risco de infecção disseminada ou no sistema nervoso central (SNC).[58][61]​ Os pacientes assintomáticos com altos títulos séricos de antígeno polissacarídeo criptocócico sérico (CrAg) (ou seja, ≥1:640 por ensaio de fluxo lateral ou >1:160 por aglutinação em látex) devem receber o mesmo tratamento que pacientes com doença no SNC, devido ao aumento do risco de mortalidade e envolvimento do SNC.[20]

De acordo com as diretrizes dos EUA, o esquema de indução de primeira escolha é de 2 semanas de anfotericina B lipossomal intravenosa associada a flucitosina oral.[20] A anfotericina B desoxicolato pode ser usada como uma formulação alternativa se o risco de disfunção renal for baixo ou se o custo for proibitivo.[20][54]

Para pacientes com HIV, especialmente em ambientes com recursos limitados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um esquema de indução que consiste em uma única dose alta de anfotericina B lipossomal associada a 14 dias de flucitosina e fluconazol.[23] Um esquema alternativo recomendado pela OMS (quando a anfotericina B lipossomal não estiver disponível) é 1 semana de anfotericina B desoxicolato e flucitosina seguida por 1 semana de fluconazol.​[23]​​[62] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Os esquemas de indução alternativos recomendados pelas diretrizes dos EUA e da OMS são 2 semanas de fluconazol intravenoso ou oral associado a flucitosina oral, 2 semanas de anfotericina B desoxicolato intravenosa associada a fluconazol oral ou intravenoso, ou 2 semanas de anfotericina B lipossomal associada a fluconazol.[20][23]​​​ Outras opções incluídas nas diretrizes dos EUA são o complexo lipídico de anfotericina B associado a flucitosina; anfotericina B lipossomal isolada; anfotericina B desoxicolato isolada; anfotericina B lipossomal associada a flucitosina seguida por fluconazol; e fluconazol isolado.[20] O fluconazol é acentuadamente inferior à anfotericina B na meningite criptocócica relacionada ao HIV e está associado a uma mortalidade a 10 semanas 30% maior.[63]

As diretrizes da OMS observam que os esquemas contendo flucitosina são superiores e devem ser usados sempre que possível.[23]

A flucitosina mostrou ser um forte preditor independente da esterilização do líquido cefalorraquidiano (LCR) em 2 semanas, tanto na população de HIV-positivos quanto na população total de pacientes.[12][55]​ A redução da contagem plaquetária ou de neutrófilos exclui o uso da flucitosina.[52]

A função renal deve ser monitorada quando se administram ciclos >2 semanas de anfotericina B e flucitosina, com ajuste adequado da dosagem (monitorar a flucitosina sérica 2 horas após a dose tendo o paciente recebido pelo menos 3 a 5 doses, níveis ideais: 25-100 mg/mL).[20] Caso não seja possível determinar os níveis de flucitosina, podem ser feitos hemogramas com frequência (isto é, pelo menos duas vezes por semana) para detectar citopenia.[20] Hepatotoxicidade e toxicidades gastrointestinais também devem ser monitorizadas em pacientes recebendo flucitosina.[20]

A administração pré-infusão de 1000 mL de soro fisiológico pode reduzir o risco de nefrotoxicidade associada à anfotericina B.[20] Além disso, o pré-tratamento com paracetamol, difenidramina ou hidrocortisona administrado aproximadamente 30 minutos antes da infusão de anfotericina B pode reduzir as reações adversas relacionadas à infusão.[20] Entretanto, existem poucas evidências para dar suporte a essas práticas. Calafrios associados à anfotericina B podem ser evitados e tratados com a administração de petidina durante a infusão.[20]

As doses do fluconazol podem precisar ser ajustadas nos pacientes em uso concomitante de rifampicina.

Alguns especialistas e as diretrizes dos EUA defendem repetir a punção lombar após as primeiras 2 semanas de tratamento para avaliar a esterilização do LCR.[20] Os pacientes com culturas de LCR positivas após 2 semanas de terapia e sem melhora clínica devem manter a anfotericina B até que as culturas de LCR estejam negativas.[20][58]​ As formulações lipídicas da anfotericina B são mais bem toleradas e mais eficazes que as formulações com desoxicolato, e devem ser consideradas quando o tratamento inicial com outros esquemas falhar.[20] Os pacientes com culturas positivas, mas com sinais de melhora clínica, devem continuar recebendo terapia de consolidação.[20]

Os antifúngicos azólicos e a flucitosina devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, em razão do risco de teratogenicidade; eles só devem ser usados durante a gestação se os benefícios superarem os riscos.[20][57]​ A consideração do uso de flucitosina deve ser limitada ao terceiro trimestre.[20] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

É importante observar que o fluconazol é acentuadamente inferior à anfotericina B na meningite criptocócica relacionada ao HIV e está associado a uma mortalidade 30% maior em 10 semanas.[63]

Opções primárias

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

--E--

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B lipossomal: 10 mg/kg por via intravenosa em dose única

Mais

--E--

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 2 semanas

e

fluconazol: 1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

Opções secundárias

complexo lipídico de anfotericina B: 5 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

e

fluconazol: 800-1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

fluconazol: 800-1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

e

fluconazol: 800-1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B desoxicolato: 0.7 a 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B lipossomal: 3-4 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 1 semana

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 1 semana

e

fluconazol: 1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 1 semana (após um ciclo de 1 semana de anfotericina B lipossomal e flucitosina)

ou

fluconazol: 1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 2 semanas

ou

anfotericina B desoxicolato: 1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 1 semana

Mais

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia por 1 semana

e

fluconazol: 1200 mg por via oral/intravenosa uma vez ao dia por 1 semana (após ciclo de 1 semana de anfotericina B desoxicolato e flucitosina

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associado a – 

terapia antirretroviral

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Para pacientes com meningite criptocócica, o início imediato da terapia antirretroviral (TAR) não é recomendado, pois há um aumento do risco de mortalidade, que se acredita ser causado pela síndrome inflamatória da reconstituição imune.[64][65] As diretrizes da Organização Mundial da Saúde e dos EUA recomendam que a TAR seja iniciada 4 a 6 semanas após o início do tratamento antifúngico.[20][23]​​ Para criptococose sem envolvimento do sistema nervoso central, a TAR pode ser protelada por 2 semanas após o início do tratamento antifúngico.[20]

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associado a – 

terapia de consolidação antifúngica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

A terapia de consolidação é feita com fluconazol oral.[58]

A fase de consolidação do tratamento recomendada é de 8 semanas.[58] Após 8 semanas, o paciente deve fazer a troca para fluconazol em doses baixas como terapia de manutenção de longa duração.[58]

Os pacientes com culturas de líquido cefalorraquidiano (LCR) positivas, mas que tiverem melhorado clinicamente após 2 semanas de terapia de indução, devem receber uma dose mais alta (1200 mg/dia) de fluconazol para a terapia de consolidação, e repetir a punção lombar em 2 semanas.[20] De forma alternativa, pacientes não hospitalizados podem receber flucitosina associada a fluconazol por mais 2 semanas antes de se iniciar a terapia de consolidação com um único medicamento.[20] A duração da terapia de consolidação deve ser de 8 semanas a partir do ponto em que as culturas do LCR forem negativas.[20][23]

Opções primárias

fluconazol: culturas de LCR clinicamente estáveis e negativas: 400 mg por via oral uma vez ao dia; culturas positivas do LCR: 800 mg por via oral uma vez ao dia, pode-se aumentar para 1200 mg uma vez ao dia após 2 semanas se o LCR permanecer positivo e o paciente estiver clinicamente estável

Opções secundárias

fluconazol: 1200 mg por via oral uma vez ao dia

e

flucitosina: 25 mg/kg por via oral quatro vezes ao dia

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associado a – 

terapia de manutenção antifúngica

Tratamento recomendado para TODOS os pacientes no grupo de pacientes selecionado

Depois da indução e terapia de consolidação bem-sucedidas (isto é, melhora clínica e cultura do líquido cefalorraquidiano negativa após repetir a punção lombar), a terapia de manutenção antifúngica pode ser continuada por, no mínimo, 1 ano.[20][23]

A terapia de manutenção pode ser descontinuada se a contagem de CD4 for ≥100 células/mm³, com cargas virais indetectáveis após terapia antirretroviral, tendo o paciente recebido no mínimo 1 ano de terapia de manutenção crônica com antifúngicos azólicos após o tratamento bem-sucedido da criptococose. A terapia de manutenção deverá ser reiniciada se a contagem de CD4 diminuir para <100 células/mm³.[20]

Os antifúngicos azólicos devem ser evitados no primeiro trimestre de gestação, em razão do risco de teratogenicidade; eles só devem ser usados durante a gestação se os benefícios superarem os riscos.[20][57] As mulheres que estiverem em uso de antifúngicos azólicos no período pós-parto não devem amamentar.

Opções primárias

fluconazol: 200 mg por via oral uma vez ao dia

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Considerar – 

drenagem lombar

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

A hipertensão intracraniana (PIC), definida como uma pressão de abertura de >20 cm H₂O, medida com o paciente na posição de decúbito lateral, ocorre em até 80% dos pacientes com meningite criptocócica e, quando não controlada, está associada a uma resposta clínica mais desfavorável.[23][49][50][51]

A punção lombar terapêutica pode ser usada para reduzir a PIC elevada e foi associada a uma melhora relativa de 69% na sobrevida, independentemente da PIC inicial.[66]

A PIC elevada deve ser reduzida em todos os pacientes que manifestarem confusão, visão turva, papiledema, clônus de membro inferior ou outros sinais neurológicos de PIC elevada.[20]

A principal intervenção para a redução da PIC elevada é a drenagem lombar percutânea.[23]​ Os deficits neurológicos focais são incomuns na criptococose e devem incitar a realização de imagens radiográficas do cérebro para descartar a presença de uma lesão com efeito de massa. Deve-se realizar uma drenagem lombar suficiente para atingir uma pressão de fechamento de <20 cm H₂O ou 50% da pressão de abertura inicial.[20] Inicialmente, os pacientes devem ser submetidos a PLs diárias a fim de estabilizar as pressões de abertura dentro da faixa normal e melhorar os sinais e sintomas.[32]

Se a hipertensão intracraniana ou os sinais e sintomas de edema cerebral persistirem, deve-se considerar uma drenagem lombar ou um shunt ventriculoperitoneal.[20][32]​​[58]

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Considerar – 

cirurgia

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Deve-se considerar cirurgia para pacientes com lesões pulmonares, ósseas ou no sistema nervoso central que sejam persistentes ou refratárias.[52][58]

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