Processos inflamatórios crônicos dos ductos biliares resultam em fibrose hepática progressiva e, por fim, cirrose e doença hepática em estágio terminal na maioria dos pacientes.
História natural
A sobrevida é significativamente menor que a de populações-controle de mesma idade e sexo.[6]Bambha K, Kim WR, Talwalkar J, et al. Incidence, clinical spectrum, and outcomes of primary sclerosing cholangitis in a United States community. Gastroenterology. 2003 Nov;125(5):1364-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14598252?tool=bestpractice.com
[47]Feldstein AE, Perrault J, El-Youssif M, et al. Primary sclerosing cholangitis in children: a long-term follow-up study. Hepatology. 2003 Jul;38(1):210-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12830004?tool=bestpractice.com
[94]Wiesner RH, Grambsch PM, Dickson ER, et al. Primary sclerosing cholangitis: natural history, prognostic factors and survival analysis. Hepatology. 1989 Oct;10(4):430-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2777204?tool=bestpractice.com
A expectativa de vida é reduzida principalmente por morte decorrente de insuficiência hepática e neoplasias malignas hepatobiliares (sobretudo colangiocarcinoma). A sobrevida mediana desde o momento do diagnóstico até a morte ou até o transplante de fígado é de 10-22 anos.[2]European Association for the Study of the Liver. EASL clinical practice guidelines on sclerosing cholangitis. J Hepatol. 2022 Sep;77(3):761-806.
https://www.doi.org/10.1016/j.jhep.2022.05.011
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35738507?tool=bestpractice.com
O estágio da doença no momento do diagnóstico, a taxa de progressão da doença e o desenvolvimento de colangiocarcinoma influenciam a sobrevida em cada paciente. Pacientes com sintomas no momento do diagnóstico geralmente têm um prognóstico pior (sobrevida esperada mais curta) que pacientes assintomáticos.[26]Broomé U, Olsson R, Lööf L, et al. Natural history and prognostic factors in 305 Swedish patients with primary sclerosing cholangitis. Gut. 1996 Apr;38(4):610-5.
https://gut.bmj.com/content/gutjnl/38/4/610.full.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8707097?tool=bestpractice.com
[94]Wiesner RH, Grambsch PM, Dickson ER, et al. Primary sclerosing cholangitis: natural history, prognostic factors and survival analysis. Hepatology. 1989 Oct;10(4):430-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2777204?tool=bestpractice.com
[95]Claessen MM, Vleggaar FP, Tytgat KM, et al. High lifetime risk of cancer in primary sclerosing cholangitis. J Hepatol. 2009 Jan;50(1):158-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19012991?tool=bestpractice.com
Pacientes assintomáticos tipicamente desenvolvem sintomas alguns anos após o diagnóstico.
O transplante de fígado melhora a sobrevida de pacientes com doença hepática avançada decorrente de colangite esclerosante primária com uma sobrevida de 10 anos pós-transplante de 70%. Dos pacientes com colangite esclerosante primária, 13% a 35% acabam sendo submetidos a um transplante de fígado.[4]Kingham JG, Kochar N, Gravenor MB. Incidence, clinical patterns and outcomes of primary sclerosing cholangitis in South Wales, United Kingdom. Gastroenterology 2004 Jun;126(7):1929-30.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15188211?tool=bestpractice.com
[6]Bambha K, Kim WR, Talwalkar J, et al. Incidence, clinical spectrum, and outcomes of primary sclerosing cholangitis in a United States community. Gastroenterology. 2003 Nov;125(5):1364-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14598252?tool=bestpractice.com
Frequentemente, o colangiocarcinoma é diagnosticado em estágios avançados e incuráveis devido à incapacidade de identificar pacientes com aumento do risco para desenvolver colangiocarcinoma e à incapacidade de identificar marcadores iniciais de neoplasia maligna. Nessa fase, o transplante de fígado geralmente é contraindicado devido ao risco de recorrência do tumor e sobrevida curta.
Não há correlação entre a gravidade dos sintomas da doença inflamatória intestinal (DII) e a evolução da colangite esclerosante primária. Além disso, o tratamento da doença inflamatória intestinal, incluindo colectomia, não altera a progressão da colangite esclerosante primária.[96]Cangemi JR, Wiesner RH, Beaver SJ, et al. Effect of proctocolectomy for chronic ulcerative colitis on the natural history of primary sclerosing cholangitis. Gastroenterology. 1989 Mar;96(3):790-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2914641?tool=bestpractice.com
Pacientes com colangite esclerosante primária de pequenos ductos tendem a ter uma evolução mais indolente com uma sobrevida melhor e com menos risco de colangiocarcinoma que pacientes com a clássica doença de grandes ductos.[97]Broomé U, Glaumann H, Lindstöm E, et al. Natural history and outcome in 32 Swedish patients with small duct primary sclerosing cholangitis. J Hepatol. 2002 May;36(5):586-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11983440?tool=bestpractice.com
[98]Björnsson E, Olsson R, Bergquist A, et al. The natural history of small-duct primary sclerosing cholangitis. Gastroenterology. 2008 Apr;134(4):975-80.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18395078?tool=bestpractice.com
Entretanto, a colangite esclerosante primária de pequenos ductos continua sendo uma doença progressiva que também pode causar doença hepática em estágio terminal. Com o tempo, pacientes com colangite esclerosante primária de pequenos ductos podem evoluir para colangite esclerosante primária de grandes ductos.
A presença de hepatite autoimune sobreposta não parece alterar a evolução da colangite esclerosante primária. Embora a sobrevida sem transplante nos pacientes com síndrome de sobreposição hepatite autoimune-colangite esclerosante primária pareça ser maior que na colangite esclerosante primária isolada,[50]Alvarez F, Berg PA, Bianchi FB, et al. International Autoimmune Hepatitis Group Report: review of criteria for diagnosis of autoimmune hepatitis. J Hepatol. 1999 Nov;31(5):929-38.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10580593?tool=bestpractice.com
[99]Van Buuren HR, van Hoogstraten HJE, Terkivatan T, et al. High prevalence of autoimmune hepatitis among patients with primary sclerosing cholangitis. J Hepatol. 2000 Oct;33(4):543-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11059858?tool=bestpractice.com
a sobrevida é pior que a de pacientes com hepatite autoimune isolada.[100]Gregorio GV, Portmann B, Karani J, et al. Autoimmune hepatitis/sclerosing cholangitis overlap syndrome in childhood: a 16-year prospective study. Hepatology. 2001 Mar;33(3):544-53.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11230733?tool=bestpractice.com
A corticoterapia causa uma redução significativa nos níveis de aminotransferase,[50]Alvarez F, Berg PA, Bianchi FB, et al. International Autoimmune Hepatitis Group Report: review of criteria for diagnosis of autoimmune hepatitis. J Hepatol. 1999 Nov;31(5):929-38.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10580593?tool=bestpractice.com
embora não se saiba ao certo se os corticosteroides alteram a história natural de colangite esclerosante primária nesses pacientes. Os pacientes com síndrome de sobreposição hepatite autoimune-colangite esclerosante primária frequentemente são diagnosticados inicialmente como tendo apenas hepatite autoimune (com base nos critérios de diagnóstico do International Autoimmune Hepatitis Group[50]Alvarez F, Berg PA, Bianchi FB, et al. International Autoimmune Hepatitis Group Report: review of criteria for diagnosis of autoimmune hepatitis. J Hepatol. 1999 Nov;31(5):929-38.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10580593?tool=bestpractice.com
) e se tornam resistentes à imunossupressão. Depois, uma colangiografia subsequente (após o diagnóstico inicial) demonstra alterações típicas de colangite esclerosante primária.[7]Floreani A, Rizzotto ER, Ferrara F, et al. Clinical course and outcome of autoimmune hepatitis/primary sclerosing cholangitis overlap syndrome. Am J Gastroenterol. 2005 Jul;100(7):1516-22.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15984974?tool=bestpractice.com
Recorrência de colangite esclerosante primária após transplante de fígado
A recorrência no enxerto após o transplante de fígado ocorre em 10% a 20% dos pacientes, podendo levar à falha do enxerto, sendo necessário um retransplante.[3]Bowlus CL, Arrivé L, Bergquist A, et al. AASLD practice guidance on primary sclerosing cholangitis and cholangiocarcinoma. Hepatology. 2023 Feb 1;77(2):659-702.
https://www.doi.org/10.1002/hep.32771
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36083140?tool=bestpractice.com
[72]Graziadei IW, Wiesner RH, Batts KP, et al. Recurrence of primary sclerosing cholangitis following liver transplantation. Hepatology. 1999 Apr;29(4):1050-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10094945?tool=bestpractice.com
[73]Gordon F. Recurrent primary sclerosing cholangitis: clinical diagnosis and long-term management issues. Liver Transpl. 2006 Nov;12(11 Suppl 2):S73-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17051565?tool=bestpractice.com
[74]Alexander J, Lord JD, Yeh MM, et al. Risk factors for recurrence of primary sclerosing cholangitis after liver transplantation. Liver Transpl. 2008 Feb;14(2):245-51.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18236405?tool=bestpractice.com
[75]Campsen J, Zimmerman MA, Trotter JF, et al. Clinically recurrent primary sclerosing cholangitis following liver transplantation: a time course. Liver Transpl. 2008 Feb;14(2):181-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18236392?tool=bestpractice.com
A colangite esclerosante primária recorrente pode ser diagnosticada mais de 90 dias após o transplante de fígado, com base em estenoses biliares progressivas observadas na colangiografia ou nos achados de histologia, desde que outras causas identificáveis tenham sido descartadas (por exemplo, rejeição de aloenxerto).[2]European Association for the Study of the Liver. EASL clinical practice guidelines on sclerosing cholangitis. J Hepatol. 2022 Sep;77(3):761-806.
https://www.doi.org/10.1016/j.jhep.2022.05.011
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35738507?tool=bestpractice.com
[3]Bowlus CL, Arrivé L, Bergquist A, et al. AASLD practice guidance on primary sclerosing cholangitis and cholangiocarcinoma. Hepatology. 2023 Feb 1;77(2):659-702.
https://www.doi.org/10.1002/hep.32771
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36083140?tool=bestpractice.com
Modelos prognósticos
Idade, bilirrubina e estágio histológico são os preditores de sobrevida independentes mais consistentemente identificados.[94]Wiesner RH, Grambsch PM, Dickson ER, et al. Primary sclerosing cholangitis: natural history, prognostic factors and survival analysis. Hepatology. 1989 Oct;10(4):430-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2777204?tool=bestpractice.com
[101]Farrant JM, Hayllar KM, Wilkinson ML, et al. Natural history and prognostic variables in primary sclerosing cholangitis. Gastroenterology. 1991 Jun;100(6):1710-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1850376?tool=bestpractice.com
Modelos matemáticos baseados nesses fatores foram desenvolvidos para prever a sobrevida de um determinado paciente. O escore de riscos Mayo revisado, que é o modelo mais usado, usa informações clínicas e bioquímicas fáceis de serem obtidas (idade, nível de bilirrubina sérica, alanina aminotransferase [ALT] sérica, albumina sérica e história de hemorragia por varizes) e não requer uma biópsia hepática.[102]Kim WR, Therneau TM, Wiesner RH, et al. A revised natural history model for primary sclerosing cholangitis. Mayo Clin Proc. 2000 Jul;75(7):688-94.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10907383?tool=bestpractice.com
Mayo Clinic: revised natural history model for primary sclerosing cholangitis
Opens in new window
A principal limitação de todos os modelos prognósticos em colangite esclerosante primária é a incapacidade prever o desenvolvimento de colangiocarcinoma.