Abordagem
Os médicos que não estão familiarizados com o tratamento da esquistossomose devem consultar um especialista em doenças infecciosas ou em medicina tópica. O tratamento deve ser orientado pela espécie de Schistosoma que causa a infecção e pelo estágio e gravidade da doença.
O tratamento padrão deve ser realizado em caso de infecção aguda e crônica em indivíduos imunossuprimidos. O tratamento em pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV) e infecção por esquistossomose documentada pode apresentar um efeito favorável sobre contagens de CD4.[70]
Dermatite cercariana (vários dias após a exposição)
Erupção cutânea (dermatite cercariana) frequentemente remite em poucos dias e pode não precisar de tratamento. A dermatite cercariana grave pode ser tratada com corticosteroides tópicos. O prurido pode ser controlado com anti-histamínicos orais, compressas frias e loção de calamina.[37]
Esquistossomose aguda (várias semanas ou meses após a exposição)
Geralmente, a infecção aguda ocorre de 4 a 8 semanas após a exposição (comumente com S mansoni e S japonicum). Os sintomas são o resultado da hipersensibilidade à migração das larvas e à deposição inicial de ovos. Diarreia crônica pode ocorrer com inflamação da parede intestinal decorrente da migração das larvas durante a doença aguda.[19][38][55]
O praziquantel, um medicamento antiparasitário, é o tratamento de primeira escolha para a infecção causada por todas as principais espécies de Schistosoma. Pessoas de todas as faixas etárias se beneficiam significativamente do tratamento com praziquantel para curar a infecção, reduzir a carga de vermes e reduzir outras morbidades relacionadas à esquistossomose.[6][71]
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda praziquantel em todas as pessoas infectadas, independente da idade, inclusive adultos, gestantes após o primeiro trimestre, lactantes e crianças em idade pré-escolar ≥2 anos.[6]
Os dados são limitados no primeiro trimestre de gestação. Estudos disponíveis não constataram nenhum evento de segurança importante (inclusive desfechos fetais); no entanto, o número de mulheres no primeiro trimestre de gestação incluídas nos dados foi baixo.
Os dados são limitados em crianças <2 anos de idade. A decisão de administrar praziquantel a crianças <2 anos de idade deve basear-se em testes e critério clínico. Há formulações pediátricas específicas de praziquantel em desenvolvimento. Caso as formulações pediátricas não estejam disponíveis, o comprimido pode ser triturado em alimentos moles.
Praziquantel é mais eficaz contra formas adultas do parasita. Ele requer uma resposta imune ao verme adulto para ser completamente eficaz. Geralmente, uma dose única é curativa; no entanto, a repetição do tratamento pode ser necessária em alguns pacientes para melhorar a eficácia.[71] Uma revisão sistemática e uma metanálise constataram que uma dose única de praziquantel teve um taxa de cura de 89.8% para o tratamento da esquistossomose humana na Etiópia.[72]
O tratamento com praziquantel é bem tolerado em todas as faixas etárias, com efeitos adversos leves e transitórios (por exemplo, cefaleia, tontura, dor abdominal). Indivíduos com infecções de alta intensidade podem apresentar maior incidência de efeitos adversos leves. A certeza geral relativa à segurança de praziquantel para o tratamento da esquistossomose em populações de risco é moderada.[6]
Tratamento adicional com corticosteroides é necessário para reduzir os sintomas da inflamação. Os corticosteroides reduzem a gravidade da reação imunológica e são administrados até que os piores sintomas desapareçam.[57]
Se os sintomas persistirem depois do tratamento com um corticosteroide e praziquantel, investigações adicionais deverão ser realizadas por um especialista em gastroenterologia.
Esquistossomose crônica (anos após a exposição)
Na doença crônica, a maioria dos sintomas decorre da resposta imune do hospedeiro aos ovos de Schistosoma. Diarreia crônica pode ocorrer com inflamação da parede intestinal decorrente da deposição de ovos.[19][38][55] O tratamento da esquistossomose pode diminuir ou até mesmo reverter as complicações da infecção, particularmente em crianças.[73][74]
O praziquantel é o tratamento de primeira escolha para infecção causada por todas as principais espécies de Schistosoma (consultar Esquistossomose aguda [várias semanas ou meses após a exposição]). O tratamento com praziquantel geralmente é efetivo, mas se os sintomas persistirem, investigações adicionais deverão ser realizadas por um especialista em gastroenterologia.
Terapias adicionais focam no alívio dos sintomas, e as complicações tardias avançadas frequentemente requerem assistência especializada de médicos urologistas, gastroenterologistas, ginecologistas, cardiologistas, hepatologistas e pneumologistas especializados.
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