Etiologia

As espécies de Schistosoma e os animais hospedeiros evoluíram de maneira concomitante. Seis espécies de Schistosoma podem infectar seres humanos e produzir doenças crônicas (S haematobium, S mansoni, S intercalatum, S guineensis, S japonicum e S mekongi), mas outras espécies de Schistosoma são específicas para outros animais hospedeiros e caramujos intermediários. Os organismos causadores predominantes da infecção humana são S haematobium, S japonicum, e S mansoni.[7][8]

A transmissão das espécies de Schistosoma depende de um ciclo de vida complexo que requer um caramujo de água doce como hospedeiro intermediário e da exposição à água doce contaminada por parte do hospedeiro humano definitivo.[15] No caso da S japonicum, os caramujos transmissores são anfíbios, e as cercárias infecciosas podem ser encontradas na água sobre a grama molhada ou outras vegetações próximas à água. Os ovos do esquistossomo são excretados na urina ou nas fezes humanas. Quando os ovos alcançam a água doce, eles eclodem em miracídios móveis que, por sua vez, infectam espécies suscetíveis de caramujos.

Ao longo de várias semanas, o miracídio se desenvolve assexuadamente em múltiplas cercárias, que são liberadas do caramujo e nadam pelas águas para penetrar na pele humana.[3] Em humanos, as cercárias se transformam em esquistossômulos, que amadurecem ao penetrar na corrente sanguínea e migram para os pulmões e o fígado. Pares de vermes adultos maduros machos e fêmeas residem preferencialmente em um plexo venoso (para S haematobium, as veias que drenam os ureteres e a bexiga; para S mansoni, as veias mesentéricas superiores que drenam o intestino grosso; para S japonicum, as veias mesentéricas superiores que drenam o intestino delgado).

A maturação do verme leva aproximadamente de 6 a 8 semanas; eles então produzem centenas de ovos diariamente, aproximadamente metade dos quais provoca ulceração nos tecidos do hospedeiro para alcançar o lúmen do intestino ou da bexiga, para serem eliminados com as fezes ou a urina. A contaminação da água doce pelo esgoto perpetua o ciclo de vida do Schistosoma. Os vermes adultos vivem, em média, por 3 a 10 anos em um hospedeiro humano, mas podem sobreviver por até 40 anos.[16][17][18]

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Cercária de Schistosoma mansoni: coloração de anticorpo fluorescente indiretoCentros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Dr. Sulzer; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@353efd42

Fisiopatologia

A esquistossomose é primariamente uma doença crônica, e algumas infecções estabelecidas causam apenas sintomas mínimos. Após o contato humano com água contaminada, as larvas que penetram na pele humana podem causar dermatite cercariana (especialmente por S haematobium e S mansoni), causando inflamação localizada e prurido por vários dias ou semanas.[11][19] Após esse estágio inicial, as pessoas infectadas podem permanecer assintomáticas. Algumas pessoas desenvolvem sintomas de febre do caramujo ou da síndrome de Katayama 1 ou 2 meses após a exposição, particularmente durante a infecção primária por S mansoni ou S japonicum.[20] Os pacientes podem ter febre, cefaleia, mialgia, dor abdominal, diarreia ou tosse à medida que as larvas migram através dos tecidos para se desenvolverem na corrente sanguínea. O desenvolvimento da doença e os sintomas dos pacientes são causados pela resposta imune do hospedeiro aos ovos depositados nos tecidos, e não pelos vermes adultos.[1] A hipersensibilidade à deposição inicial de ovos pode resultar em urticária, prurido generalizado, erupção cutânea ou edema facial. Eosinofilia é comum nesse estágio.

A infecção crônica apresenta uma variedade de sintomas possíveis, desde anemia e desnutrição até uropatia obstrutiva ou hipertensão portal. Perda de ferro e inflamação crônica contribuem para a anemia e desnutrição.[21]​​​​[22] A patologia causada pelos granulomas inflamatórios mediados imunologicamente que se formam ao redor dos ovos do parasita aprisionados nos tecidos dos hospedeiros causa fibrose, obstrução e disfunção do órgão afetado.[23] Raramente, ovos ectópicos no sistema nervoso central (SNC) podem resultar em massas cerebrais ou mielite transversa com paralisia flácida.[24][25] A inflamação crônica da bexiga pode causar câncer.[26]

Classificação

Taxonomia e manifestações clínicas

Seis espécies de Schistosoma infectam os seres humanos:

  • A S haematobium causa a esquistossomose urinária

  • As espécies S mansoni, S intercalatum, S guineensis, S japonicum e S mekongi causam esquistossomose intestinal.

Estágios clínicos de infecção

Dermatite cercariana (prurido dos nadadores)

  • Ocorre após vários dias ou semanas após a exposição.

  • Dermatite pruriginosa transitória causada pela entrada das cercárias na pele.

Esquistossomose aguda (síndrome de Katayama)

  • Ocorre semanas após a exposição; mais comum em viajantes ou novos imigrantes em áreas endêmicas.

  • Causa sintomas sistêmicos, como febre, fadiga, tosse, dor abdominal e diarreia, e hepatoesplenomegalia transitória.

Esquistossomose crônica

  • Vermes adultos podem sobreviver por até 20 anos em um hospedeiro humano.

  • Inflamação granulomatosa e fibrose ocorrem na área do corpo em que o parasita está localizado.

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