Diagnósticos diferenciais
Convulsões funcionais (crises não epilépticas)
SINAIS / SINTOMAS
Episódios de movimento alterado, sensação, emoção ou experiência que têm a aparência de crises epilépticas, mas não são causados por atividade elétrica hipersíncrona e paroxística do cérebro.[35]
A aparência clínica das convulsões funcionais pode mimetizar praticamente qualquer tipo de convulsão.
Algumas características com maior probabilidade de sugerir convulsões funcionais incluem: fechar os olhos com força, olhos cheios de lágrimas, duração de mais de 2 minutos, hiperventilação durante a convulsão e balançar a cabeça de um lado para outro.[36]
Geralmente as convulsões funcionais são consideradas um transtorno neurológico sintomático funcional. Alguns pacientes apresentarão eventos adversos ao longo da vida, mas é importante ressaltar que isso não é necessário nem suficiente para o diagnóstico.[36] As comorbidades psicológicas - principalmente ansiedade, pânico e depressão - são comuns e afetam mais de 50% dos pacientes.[37]
Uma minoria significativa das pessoas com convulsões funcionais terá epilepsia coexistente, motivo pelo qual é importante determinar se o paciente tem vários tipos diferentes de episódio.
Investigações
O único exame diagnóstico confiável para diferenciar as convulsões funcionais das crises epilépticas é o vídeo-eletroencefalograma (EEG) (monitoramento de longo prazo). O EEG durante as convulsões funcionais aparece normal ou obscurecido por movimento ou artefato muscular.
Geralmente, o diagnóstico correto se baseia na semiologia do evento e na ausência de correlato de EEG epileptiforme.
Episódios de apneia voluntária (apneia expiratória cianótica prolongada)
SINAIS / SINTOMAS
Geralmente precipitados por raiva ou frustração.
Em geral, um choro vigoroso é seguido por um período de respiração bloqueada resultando em cianose, perda de consciência e às vezes postura opistotônica (ou seja, um espasmo muscular que causa uma hiperextensão pronunciada com cabeça e membros inferiores inclinados para trás e o tronco arqueado para a frente).
Investigações
O eletrocardiograma (ECG) durante o evento pode mostrar uma taquicardia inicial seguida por bradicardia.
Síndrome do QT longo
SINAIS / SINTOMAS
História familiar muitas vezes positiva.
História de síncope desencadeada por dor, medo ou exercícios.
Investigações
O ECG mostra um intervalo QT corrigido prolongado.
Não há descargas epilépticas no EEG durante o episódio, mas dependendo da duração da assistolia, poderá ser observada uma lentificação hipóxica do EEG durante a crise.
Síncope
SINAIS / SINTOMAS
Em geral, ocorre em posição ortostática, sendo acompanhada por palidez e sudorese.
Pode ser precipitada por estímulos dolorosos.
Geralmente, a recuperação é rápida e não há uma fase pós-ictal.
Investigações
O teste de inclinação ortostática pode confirmar um diagnóstico de síncope vasovagal, o tipo mais comum.
O ECG de 12 derivações é o único exame necessário e descarta a síndrome do QT longo.
Parassonias
SINAIS / SINTOMAS
Ocorrem quase sempre nas primeiras horas de sono e geralmente não se repetem na mesma noite.
Pode haver distúrbios do sono, como sonambulismo e alimentar-se durante o sono.
Investigações
O eletroencefalograma (EEG) é normal durante o evento.
Distúrbios do movimento paroxísticos
SINAIS / SINTOMAS
Incluem tiques, ataxias episódicas ou discinesias paroxísticas.
Ocasionalmente, as características dos movimentos (por exemplo, local, velocidade, frequência) são diferentes da convulsão.
Investigações
O eletroencefalograma (EEG) é normal durante o evento.
Refluxo gastroesofágico
SINAIS / SINTOMAS
Caracteriza-se por um arquejo em crianças, que se tornam subitamente apneicas e rígidas.
Pode ocorrer uma alteração na cor da pele.
A criança pode parecer assustada.
A postura bizarra que pode acompanhar esse evento é conhecida como síndrome de Sandifer.
Geralmente ocorre cerca de 1 hora após uma refeição.
Investigações
Os testes terapêuticos com antagonistas H2, inibidores da bomba de prótons ou antiácidos encerram os eventos.
Desatenção/sonhar acordado
SINAIS / SINTOMAS
Os episódios podem ser interrompidos e não terminarem subitamente.
Não são acompanhados por automatismos.
Investigações
O EEG ictal e interictal são normais.
Transtornos de pânico
SINAIS / SINTOMAS
Os ataques de pânico geralmente ocorrem durante períodos de estresse.
Pode ser acompanhado por dor torácica ou parestesias.
Não há uma fase pós-ictal.
Investigações
O eletroencefalograma (EEG) é normal durante o evento.
Comportamento de autogratificação
SINAIS / SINTOMAS
A masturbação infantil pode ser confundida com um transtorno convulsivo.
Flexão e adução rítmicas do quadril acompanhadas por uma expressão distante.
Um período de sonolência após o episódio não deve ser confundido com uma fase pós-ictal.
Investigações
O eletroencefalograma (EEG) é normal durante o evento.
Convulsões anóxicas reflexas
SINAIS / SINTOMAS
Também chamadas de síncope assistólica reflexa.
Geralmente precipitadas por uma lesão leve.
A hipóxia cerebral pode causar uma postura opistotônica e breves movimentos clônicos.
Não há uma fase pós-ictal.
Investigações
Um ECG durante o evento documentará a assistolia.
Convulsões febris
SINAIS / SINTOMAS
Presença de febre.
Investigações
O diagnóstico é clínico.
O EEG é normal.
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