Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

Inicial

bebês prematuros com peso muito baixo ao nascer: terapia profilática

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indometacina intravenosa

O limite de peso muito baixo ao nascer varia conforme o centro, mas geralmente é <1300 g ou <1000 g.

O tratamento é baseado no pressuposto de que tratar a persistência do canal arterial (PCA) em lactentes prematuros de peso muito baixo ao nascer será mais efetivo na prevenção de sequelas clínicas resultantes de um shunt hemodinamicamente significativo do que esperar que a PCA se torne clinicamente evidente.

O tratamento pode ser administrado no dia 0 de vida, antes que a evidência clínica de uma PCA se torne manifesta. A primeira dose é geralmente iniciada nas primeiras 12 horas de vida.

Evidências mostram que, embora a indometacina profilática possa aumentar o fechamento ductal e reduzir a incidência de hemorragia intraventricular, não há muitos outros benefícios em curto e longo prazos.[48][51][52][53]

Durante a administração, deve-se fazer o monitoramento regular de eletrólitos, creatinina, débito urinário e plaquetas nos bebês tratados com indometacina. A amamentação é suspensa.

As complicações podem incluir enterocolite necrosante, sangramento ou disfunção renal.[54][55]

Quando o primeiro ciclo de ibuprofeno ou indometacina não é bem-sucedido, geralmente se administra um segundo ciclo antes de considerar o procedimento de fechamento.[57]

Opções primárias

indometacina: 0.1 mg/kg por via intravenosa uma vez ao dia por 3 dias

AGUDA

bebês prematuros (<32 semanas)

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ibuprofeno ou indometacina

Os inibidores de ciclo-oxigenase (por exemplo, anti-inflamatórios não esteroidais) inibem as prostaglandinas e demonstraram ser eficazes no fechamento do ducto em bebês prematuros.[27] O tratamento é administrado nos primeiros dias de vida após uma persistência do canal arterial (PCA) se tornar clinicamente evidente ou ser diagnosticada por ecocardiografia.

Indometacina era o padrão de cuidados anteriormente; no entanto, ibuprofeno agora é amplamente considerado a farmacoterapia de primeira escolha devido a sua eficácia similar, mas com um perfil de segurança significativamente melhor.[56][57][58][59]

Uma revisão Cochrane que comparou ibuprofeno oral e intravenoso com indometacina encontrou uma redução no risco de enterocolite necrosante e lesão renal transitória em pacientes tratados com ibuprofeno, com eficácia similar entre as intervenções.[56] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​ Tanto o ibuprofeno quanto a indometacina demonstraram reduzir o risco de hemorragia intraventricular grave, embora a indometacina pareça ser mais efetiva, sendo, por isso, usada preferencialmente ao ibuprofeno como tratamento profilático nos bebês de muito baixo peso ao nascer.[53]​ Estudos sugerem que altas doses de ibuprofeno podem aumentar a probabilidade de fechamento da PCA, em comparação com a dosagem padrão de ibuprofeno.[53][56][60][61]​​​ Portanto, altas doses de ibuprofeno podem ser a dosagem de escolha; no entanto, deve-se ter cautela em relação aos lactentes prematuros com menos de 26 semanas, por causa da falta de dados para esta faixa etária.[57] Estudos têm relatado que o ibuprofeno oral é tão efetivo quanto o ibuprofeno intravenoso, sem nenhuma demonstração de diferença significativa em termos de morbidade.[56][62][63]

O tratamento com indometacina demonstrou ser bem-sucedido no fechamento de PCAs sintomáticas, em comparação com o placebo.[27][64]​ Embora alguns centros pratiquem um ciclo prolongado de indometacina (>4 e, geralmente, 7 doses), não se demonstrou nenhuma diferença significativa com esse esquema mais longo em termos de sucesso no fechamento da PCA, necessidade de repetição de tratamento, necessidade de ligadura cirúrgica ou desfechos como mortalidade e a incidência de comorbidades como doença pulmonar crônica ou enterocolite necrosante.[65]

Durante a administração, deve-se fazer um acompanhamento regular de eletrólitos, creatinina, débito urinário e plaquetas em lactentes tratados com ibuprofeno e indometacina. A amamentação é suspensa. O tratamento guiado por peptídeo natriurético do tipo B demonstrou reduzir o número de doses primárias de indometacina em lactentes com PCA.[66] As complicações com indometacina podem incluir enterocolite necrosante, sangramento ou disfunção renal.[54][55]

Quando o primeiro ciclo de ibuprofeno ou indometacina não é bem-sucedido, geralmente, administra-se um segundo ciclo antes de considerar o procedimento de fechamento.[57]

Opções primárias

ibuprofeno lisina: esquema de dosagem padrão: 10 mg/kg por via intravenosa como dose de ataque, seguidos por 5 mg/kg a cada 24 horas por 2 doses; esquema de alta dosagem: 15-20 mg/kg por via intravenosa como dose de ataque, seguidos por 7.5 a 10 mg/kg a cada 24 horas por 2 doses

Opções secundárias

indometacina: lactentes <48 horas de vida: 0.2 mg/kg por via intravenosa como dose de ataque, seguido por 0.1 mg/kg a cada 12-24 horas no total de 2 doses; lactentes com 2-7 dias de idade: 0.2 mg/kg por via intravenosa a cada 12-24 horas no total de 3 doses; lactentes com >7 dias de idade: 0.2 mg/kg por via intravenosa como dose de ataque, seguido por 0.25 mg/kg a cada 12-24 horas no total de 2 doses

ou

ibuprofeno: esquema de dosagem padrão: 10 mg/kg por via oral como dose de ataque, seguidos por 5 mg/kg a cada 24 horas por 2 doses; esquema de alta dosagem: 15-20 mg/kg por via oral como dose de ataque, seguidos por 7.5 a 10 mg/kg a cada 24 horas por 2 doses

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manejo conservador

O tratamento conservador pode ser considerado como uma alternativa ao tratamento medicamentoso em algumas circunstâncias.

A Canadian Paediatric Society faz uma recomendação condicional para o manejo conservador da PCA sintomática nas primeiras 1-2 semanas após o nascimento.[57]

Uma revisão sistemática e uma metanálise não encontraram diferenças significativas na morbidade ou mortalidade em ensaios clínicos que avaliaram o tratamento conservador, em comparação com o tratamento farmacológico ou cirúrgico, em lactentes prematuros.[67] Uma revisão Cochrane apresentou achados similares, com tratamento empírico de PCA precoce (<7 dias de idade) ou muito precoce (<72 horas de idade) não mais eficazes que o tratamento conservador em relação aos desfechos de mortalidade ou morbidade (inclusive o desenvolvimento de doença pulmonar crônica, enterocolite necrosante, hemorragia intraventricular grave ou anormalidades do neurodesenvolvimento).[68] Um ensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado revelou que a conduta expectante para a PCA em lactentes extremamente prematuros não foi inferior ao tratamento precoce com ibuprofeno em relação a enterocolite necrosante, displasia broncopulmonar ou morte a 36 semanas após a data da última menstruação.[69]

O tratamento conservador em lactentes prematuros pode envolver terapia com diuréticos, aumento da pressão positiva nas vias aéreas e restrição de líquido, embora essas abordagens não tenham sido analisadas sistematicamente em ensaios clínicos.[57][59][70][71]

Deve-se ter cautela significativa ao considerar o tratamento conservador em lactentes prematuros de alto risco (por exemplo, aqueles com menos de 26 semanas de vida).[57]

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ligadura cirúrgica

Geralmente a ligadura cirúrgica é considerada quando a terapia medicamentosa não produz o fechamento ductal ou é contraindicada.[57] Ela pode ser realizada em lactentes prematuros de apenas 600 g. A ligadura cirúrgica do ducto geralmente tem altas taxas de sucesso com baixa morbidade associada.[73][75]​ As complicações são raras e incluem recanalização do ducto, pneumotórax, derrame, hemorragia e infecção da ferida operatória.[74]​ Embora um estudo tenha mostrado mortalidade tardia relativamente alta em lactentes prematuros, considerou-se que ela se relacionou ao alto risco inerente a essa população, e não à cirurgia em si.[75]​ Há algumas dúvidas quanto ao benefício da ligadura cirúrgica como tratamento de primeira linha nesta população.[76][77]​ Entretanto, atualmente, os dados são muito limitados para permitir uma comparação adequada das duas abordagens de tratamento.[76] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​ Uma revisão sugeriu que a ligadura cirúrgica profilática pode trazer pouco benefício em comparação com a ausência de terapia ou a terapia medicamentosa, sem redução significativa na mortalidade ou da displasia broncopulmonar.[78] Outra revisão refutou as postulações anteriores de que a ligadura cirúrgica primária pode reduzir a incidência de enterocolite necrosante.[79]

A ligadura por cirurgia toracoscópica assistida por vídeo tem sido usada com cada vez mais frequência em determinados casos, com bons resultados.[80]

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fechamento percutâneo com dispositivo por cateter

O fechamento da PCA transcateter em lactentes prematuros e com peso ao nascer extremamente baixo está se tornando mais viável e menos complicado com o surgimento de dispositivos menores e bainhas de aplicação menores. Na prática, na maioria dos centros acadêmicos, esta tem se tornado uma terapia de segunda linha para o fechamento do ducto mais comum que a ligadura cirúrgica.[57][59]

Os dispositivos por cateter incluem molas, o oclusor de ducto Amplatzer, o dispositivo do tipo guarda-chuva de Rashkind e o dispositivo de oclusão Gianturco-Grifka. A escolha do dispositivo depende da morfologia do ducto e da preferência do operador durante o procedimento.[81] Os pacientes são submetidos à profilaxia de endocardite bacteriana subaguda por 6 meses após o procedimento ou por mais tempo quando o fluxo turbulento persiste em redor do dispositivo.[82]

lactentes nascidos a termo e crianças: ductos pequenos a moderados

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fechamento percutâneo com dispositivo por cateter

Em pacientes assintomáticos ou sintomáticos, o fechamento percutâneo por cateter é o tratamento de primeira linha para tratar a insuficiência cardíaca e evitar a pressão pulmonar elevada ou endarterite. Ele evita cirurgia e pode geralmente ser feito com apenas um dia de internação hospitalar, ou de um dia para o outro. O fechamento por meio de dispositivo seguro foi relatado em pacientes com apenas 6 meses de vida e 5 kg de peso.[83]​ Com lactentes sintomáticos e >6 meses de vida, o fechamento percutâneo com dispositivo por cateter é realizado tão logo quanto possível. Nos lactentes sintomáticos <6 meses de vida, a intervenção é protelada, se possível. Nessas circunstâncias, desde que a criança esteja ganhando peso adequadamente, o uso temporário de terapia diurética com furosemida pode controlar os sintomas e dar tempo para que o lactente cresça e atinja um tamanho mais adequado para a intervenção percutânea. O fechamento percutâneo com dispositivo por cateter é também o tratamento de primeira linha nos pacientes assintomáticos, embora ele seja protelado, quando possível, até o paciente ter ≥1 ano de idade. Em crianças >1 ano de idade, o procedimento pode ser agendado no momento do diagnóstico, de forma eletiva ou conforme necessário a depender dos sintomas e da sobrecarga cardíaca esquerda.

O procedimento está associado a uma taxa extremamente alta de sucesso de >95% sem mortalidade e com poucas complicações.[85][86]​ As complicações podem incluir embolização do dispositivo, fluxo turbulento persistente em torno do dispositivo e vazamento residual.[86][87]​ As complicações têm maior probabilidade de ocorrer nas crianças menores.[87] ​Há vários tipos de dispositivos que podem ser empregados para o fechamento por cateter, e a escolha geralmente depende da morfologia do ducto.[81]

Os dispositivos por cateter incluem molas, o oclusor de ducto Amplatzer, o dispositivo do tipo guarda-chuva de Rashkind e o dispositivo de oclusão Gianturco-Grifka. A escolha do dispositivo depende da morfologia do ducto e da preferência do operador durante o procedimento.[81] Os pacientes são submetidos à profilaxia de endocardite bacteriana subaguda por 6 meses após o procedimento ou por mais tempo quando o fluxo turbulento persiste em redor do dispositivo.[82]

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Considerar – 

diuréticos

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

Os lactentes sintomáticos podem não ser suficientemente desenvolvidos para se submeterem a um fechamento percutâneo com dispositivo no momento da apresentação. Nessas circunstâncias, desde que a criança esteja ganhando peso adequadamente, o uso temporário de terapia diurética com furosemida pode controlar os sintomas e dar tempo para que o lactente cresça e atinja tamanho mais adequado para a intervenção percutânea.

Opções primárias

furosemida: 0.5 a 2 mg/kg por via intravenosa a cada 6-12 horas

lactentes nascidos a termo e crianças: ductos grandes e/ou bebês sintomáticos muito pequenos para o fechamento com dispositivo

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ligadura cirúrgica

Alguns ductos patentes são muito grandes para serem fechados com um dispositivo percutâneo por cateter, porém o fechamento é necessário para tratar ou evitar a insuficiência cardíaca do shunt esquerda-direita ou evitar a endarterite. Isso pode ser reconhecido durante a investigação inicial ou quando se faz uma tentativa de fechamento com dispositivo.

Se o paciente for sintomático, realiza-se a ligadura cirúrgica o mais rápido possível. Se for assintomático, a ligadura pode ser agendada eletivamente. O sucesso é alto com poucas complicações que podem incluir pneumotórax operatório, hemorragia, efusão ou recanalização em longo prazo.[73][75]

Com o aumento da experiência com o fechamento por dispositivo percutâneo, crianças menores e mais novas estão sendo levadas ao laboratório de cateterismo. Portanto, o encaminhamento para ligadura cirúrgica tem diminuído nos lactentes com menos de 6 meses de vida, embora isso também dependa da instituição.[83][88]

adultos

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fechamento percutâneo com dispositivo por cateter

Em alguns adultos com persistência do canal arterial (PCA), o fechamento pode ser necessário quando há shunt esquerda-direita significativo e/ou hipertensão pulmonar. O fechamento cirúrgico ou por cateter é recomendado, desde que a resistência vascular pulmonar não seja proibitivamente alta.[89][90]​ Atualmente, a maioria defende o fechamento por dispositivo transcateter nos adultos com um ducto patente pequeno a moderado; este método demonstrou ser seguro e eficaz nesta população.[91][92]

Os dispositivos por cateter incluem molas, o oclusor de ducto Amplatzer, o dispositivo do tipo guarda-chuva de Rashkind e o dispositivo de oclusão Gianturco-Grifka. A escolha do dispositivo depende da morfologia do ducto e da preferência do operador durante o procedimento.[81] Os pacientes são submetidos à profilaxia de endocardite bacteriana subaguda por 6 meses após o procedimento ou por mais tempo quando o fluxo turbulento persiste em redor do dispositivo.[82]

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ligadura cirúrgica

Em alguns adultos com PCA, o fechamento pode ser necessário quando há shunt esquerda-direita significativo e/ou hipertensão pulmonar. Dúvidas quanto à friabilidade do tecido ductal em adultos com ductos persistentes maiores levaram alguns centros a adotar a ligadura por cirurgia toracoscópica videoassistida (CTVA) com bons resultados.[93]

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