Etiologia
As bactérias causam a maioria dos casos de pneumonia hospitalar e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), particularmente os bacilos Gram-negativos aeróbios, como espécies de Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter. Além do Staphylococcus aureus sensível a meticilina (SASM), cepas de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) adquiridas no hospital e na comunidade estão causando um aumento no número de casos de pneumonia hospitalar.[9][10] A pneumonia hospitalar raramente é causada por bactérias comensais orofaríngeas (estreptococos do grupo viridans, estafilococos coagulase-negativos, Neisseria e Corynebacterium) e por microrganismos anaeróbios. Os pacientes expostos a antimicrobianos ou que receberam cuidados de saúde em unidades fora do hospital de cuidados agudos podem ter sido colonizados por patógenos resistentes a múltiplos medicamentos. Esses pacientes têm risco de desenvolver pneumonia hospitalar devida a esses patógenos (por exemplo, P aeruginosa e MRSA).[3] Os patógenos resistentes a múltiplos medicamentos também podem residir em unidades de terapia intensiva (UTIs); consequentemente, é recomendável uma vigilância ativa das UTIs.[3] A pneumonia hospitalar em pacientes internados nas unidades não intensivas pode ser decorrente de patógenos menos reconhecidos como hospitalares, como Streptococcus pneumoniae e Legionella sp.[11] A pneumonia hospitalar causada por Legionella pneumophila é esporádica, porém o sorogrupo 1 é mais comum na presença de suprimentos de água colonizados ou obra em andamento.[12] As etiologias virais e fúngicas também são raras, mas a incidência dessas etiologias pode ser relativamente alta (por exemplo, durante a atual pandemia de coronavírus [COVID-19], se ocorrer um surto de gripe (influenza) ou se houver Aspergillus em tubulações de ar que supram pacientes imunossuprimidos).[13][14]
Fisiopatologia
As formas mais comuns de introdução de bactérias nos alvéolos são a microaspiração de patógenos orofaríngeos ou o vazamento de secreções contendo bactérias em volta do manguito do tubo endotraqueal.[15] Outras vias incluem macroaspiração (por exemplo, do vômito), inalação, disseminação hematogênica a partir de cateteres intravenosos infectados, inoculação direta (por exemplo, toracocentese) e translocação do trato gastrointestinal.[16] Fatores importantes que predispõem os pacientes às vias descritas incluem a gravidade da doença subjacente, cirurgia prévia, exposição a antimicrobianos, outros medicamentos e exposição a dispositivos e equipamentos respiratórios invasivos.[17] As fontes de patógenos que causam pneumonia hospitalar incluem dispositivos biomédicos (biofilme infectado no tubo endotraqueal), o ambiente (ar, água, equipamentos e fômites) e a transferência de micro-organismos de um paciente para outro por meio de profissionais de saúde (má higiene das mãos).[18][19] Por fim, os seios nasais podem ser reservatórios em potencial de patógenos associados aos cuidados de saúde que contribuem para a pneumonia hospitalar.[20]
A adesão bacteriana é uma etapa essencial na produção da doença.[21] Nos pacientes com pneumonia hospitalar, a sua flora endógena continua fornecendo uma fonte para a colonização das vias aéreas superiores. Pode haver uma predileção por organismos Gram-negativos porque há um teor elevado de protease na saliva, com consequente perda de fibronectina das superfícies da célula bucal. Essa situação resulta em adesão elevada e colonização da mucosa da via aérea com bacilos Gram-negativos. Normalmente, as células da mucosa são revestidas de fibronectina, que seleciona a adesão de bactérias Gram-positivas.[21]
Classificação
American Thoracic Society; Infectious Diseases Society of America[1]
Pneumonia hospitalar
Infecção aguda do trato respiratório inferior adquirida após 48 horas de hospitalização.
Pneumonia associada a ventilação mecânica
Pneumonia que ocorre >48 a 72 horas após intubação endotraqueal.
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