Prevenção primária

A prevenção da abstinência alcoólica começa com o rastreamento e a identificação dos pacientes considerados de risco por seu nível de consumo de bebidas alcoólicas, história e circunstâncias.[5] A avaliação do risco é feita analisando-se a frequência, a duração e o volume de consumo de bebidas alcoólicas; a história de síndrome da abstinência alcoólica (SAA) e sua gravidade; e qualquer redução ou interrupção recente no consumo.[5] Tanto os pacientes internados quanto ambulatoriais devem ser rastreados para transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas ou uso excessivo de bebidas alcoólicas, por meio de uma ferramenta de avaliação formal. Os exemplos de ferramentas de rastreamento adequadas incluem AUDIT-C (Alcohol Use Disorders Identification Test—Consumption), CAGE ou FAST (Fast Alcohol Screening Test).[3][5][9][43] [ Questionário AUDIT para rastreamento do consumo de álcool Opens in new window ] Alcohol use disorders identification test consumption (AUDIT C) Opens in new window CAGE questionnaire Opens in new window Fast Alcohol Screening Test (FAST) Opens in new window O AUDIT (teste de identificação de transtornos devido ao uso de álcool) completo também é uma opção, embora demore mais que outras ferramentas de rastreamento para ser realizado e, portanto, pode não ser adequado em ambientes hospitalares de cuidados agudos.[3][43]

Uma abordagem alternativa (caso não haja tempo para uma avaliação completa) é um rastreamento inicial de uma pergunta para identificar potenciais transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas: "Quantas vezes, no último ano, você tomou X ou mais doses em um dia?" Recomendação do National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) dos EUA: X é 5 para homens e 4 para mulheres.[9][43][44] O teste é positivo se a resposta do paciente for >1, e uma ferramenta de avaliação formal, como o AUDIT, deve ser usada.[9][43][44]

Os pacientes com rastreamento positivo para transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas e que apresentam risco de abstinência alcoólica devem ter seu grau de dependência alcoólica avaliado usando-se uma ferramenta de rastreamento formal, como o Severity of Alcohol Dependence Questionnaire (SAD-Q) ou o Leeds Dependence Questionnaire.[9][45][46][47][48] O AUDIT-C, o FAST e o AUDIT apenas identificam transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas e não preveem quais pacientes apresentam risco de abstinência alcoólica.

A Prediction of Alcohol Withdrawal Severity Scale (PAWSS) é outra ferramenta potencialmente útil para avaliar o risco de desenvolvimento da síndrome de abstinência alcoólica complexa entre os pacientes clinicamente doentes/hospitalizados.[5][49][50]

Quando um paciente em risco é identificado, deve-se iniciar uma terapia profilática com um benzodiazepínico, como o clordiazepóxido.[5] Se a concentração de etanol no sangue for negativa ou se houver uma baixa suspeita de concentração elevada, o paciente pode receber alta com encaminhamento para um programa de reabilitação, ou admitido ao hospital.[51]

Prevenção secundária

O reconhecimento precoce da síndrome da abstinência alcoólica e a administração imediata de benzodiazepínicos desencadeada por sintomas (usando uma ferramenta de avaliação validada, como a versão revisada da escala Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol [CIWA-Ar]) são necessários para evitar abstinência alcoólica grave, inclusive delirium por abstinência alcoólica (também conhecido como delirium tremens). A otimização dos cuidados de suporte, reposição de eletrólitos e administração de nutrição/vitamina também são essenciais para diminuir o risco de complicações relacionadas ao álcool durante a internação.[15] A duração do tratamento contínuo após a fase aguda inicial deve ser determinada de acordo com a gravidade dos sintomas no momento da avaliação. Quando o período de abstinência for concluído, os benzodiazepínicos devem ser interrompidos, para evitar a dependência fisiológica, o desenvolvimento de transtorno por uso de benzodiazepínicos ou a abstinência de benzodiazepínicos.[5]

O acompanhamento contínuo, pelo menos uma vez por mês durante um ano, aumenta a probabilidade de manter a recuperação. Para pacientes tratados na unidade básica de saúde, consultas de acompanhamento regulares, pelo menos uma vez por mês durante um ano, aumentam a probabilidade de manter a recuperação.[5]

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