Rastreamento

A depressão pós-parto é um distúrbio pouco reconhecido.[5] Faltam atualmente ensaios clínicos randomizados e controlados (ECRC) sobre os benefícios (e possíveis efeitos adversos) do rastreamento da depressão pós-parto.[142]

Uma revisão sistemática para a US Preventive Services Task Force sugeriu que o rastreamento na atenção primária da depressão durante a gravidez e no período pós-parto está associado a melhores desfechos de saúde.[143] A revisão incluiu apenas um estudo sobre os possíveis danos do rastreamento; esse estudo foi realizado com 462 mulheres chinesas 2 meses após o parto e não foi observado nenhum efeito adverso.[144]

A eficácia potencial do rastreamento está relacionada com a disponibilidade e eficácia dos serviços que fornecem diagnóstico e tratamento; portanto, é imperativo que os serviços de atenção primária que oferecem rastreamento da depressão pós-parto tenham sistemas eficazes que garantam que os resultados positivos do rastreamento sejam seguidos por um diagnóstico preciso, um tratamento eficaz e um acompanhamento cuidadoso.[92][115]​​

Recomendações para rastreamento dos EUA

​ O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda que todas as mulheres que recebem cuidados pré-gestação, pré-natais e pós-parto sejam submetidas a rastreamento para depressão em vários momentos, usando-se o mesmo instrumento de rastreamento padronizado e validado, como a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) ou o Questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9).[4]​ Se for necessário tratamento para depressão, a mesma ferramenta de rastreamento pode ser administrada em série para ajudar a avaliar a resposta ao tratamento e orientar os ajustes conforme necessário.[4]

​A US Preventive Services Task Force recomenda o rastreamento da depressão na população adulta geral, incluindo gestantes e mulheres no período pós-parto.[92]

A American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda o rastreamento de rotina das mães nas consultas pediátricas aos 1, 2, 4 e 6 meses, usando uma ferramenta de rastreamento validada como a EPDS.[145]

Recomendações para rastreamento do Reino Unido

No Reino Unido (tal como em outros países, como o Canadá), o rastreamento de rotina para a depressão pós-parto não é atualmente recomendado.[106]​ No entanto, o National Institute for Health and Care Excellence do Reino Unido recomenda que os profissionais da saúde (incluindo parteiras, obstetras, agentes de saúde e clínicos gerais) devem considerar fazer duas perguntas para identificar uma possível depressão, no primeiro contato da mulher com a unidade básica de saúde, na primeira consulta com a parteira (geralmente, próximo da 10ª semana de gestação) e no pós-parto (primeiro ano após o parto):[5]

  • Durante o último mês, você frequentemente se sentiu desanimado, deprimido ou sem esperança?

  • Durante o último mês, você frequentemente sentiu pouco interesse ou prazer em fazer as coisas?

Se a mulher responder "sim" a qualquer uma das perguntas iniciais, apresentar risco de desenvolver um problema de saúde mental ou houver uma preocupação clínica, considere:

  • Usar a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS)

  • Usar o PHQ-9 como parte de uma avaliação completa ou

  • Encaminhar a mulher ao clínico geral ou, havendo suspeita de problema de saúde mental grave, a um profissional de saúde mental.[5]

Recomenda-se fazer perguntas sobre os sintomas depressivos, no mínimo, no início da gestação (primeira consulta com a parteira) e no pós-parto (primeiro ano após o parto). Mulheres com alto risco devido a uma história anterior ou atual de transtorno depressivo grave deveriam, idealmente, estar sob os cuidados de um psiquiatra perinatal especialista; os médicos devem perguntar sobre sintomas depressivos em cada contato.​[5]

Escolha da ferramenta de rastreamento

A escala de depressão pós-parto de Bromley (BPDS), a EPDS e a escala de triagem de depressão pós-parto (Postpartum Depression Screening Scale - PDSS) são medições autorrelatadas especificamente projetadas para o rastreamento de depressão no período pós-parto.[107][108][109]​​ A EPDS vem sendo estudada mais amplamente.[134]​ A sensibilidade e especificidade dos pontos de corte mostram uma heterogeneidade marcada entre diferentes estudos. Os resultados de sensibilidade variaram de 34% a 100% e os de especificidade, de 44% a 100%.[110] O escore de corte >12 tem um valor preditivo positivo geral de 57% e um valor preditivo negativo de 99%. Valores de corte mais baixos (por exemplo, 10 ou 11) podem ser usados se a intenção for evitar falsos-negativos.[4] Outras ferramentas, como o Inventário de Depressão de Beck, podem ser valiosas, mas necessitam de pesquisas futuras.[112][113]​ Use essas ferramentas de rastreamento para identificar mulheres que necessitam de uma avaliação clínica mais aprofundada. Ao utilizar ferramentas de rastreamento, leve em consideração as recomendações das diretrizes específicas do país, bem como o contexto cultural da mulher.[114]

O atendimento médico online (eHealth) é um novo método de prestação de serviços, que tem o potencial de aumentar o acesso da paciente ao diagnóstico e tratamento por ampliar as oportunidades de consultas remotas. O ACOG observa que o rastreamento online por meio da internet e em tablets é aceitável para as pacientes, assim como o rastreamento por mensagem de texto.[4]​ O rastreamento telefônico da depressão pós-parto foi estudado e os dados provisórios são encorajadores, embora existam atualmente evidências limitadas de ECRC sobre a eficácia desta abordagem e sejam necessárias mais evidências.[146]

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