História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
Os principais fatores de risco incluem qualquer história de humor depressivo, depressão ou ansiedade durante uma gestação recente, uma gestação prévia, ou não relacionada à gestação; eventos cotidianos estressantes recentes; violência e abuso; suporte social deficiente; bebês prematuros e com baixo peso ao nascer; e descontinuação de tratamentos psicofarmacológicos.[131][132]
humor depressivo
anedonia
diminuição da energia ou aumento da fatigabilidade
Pode ocorrer diminuição da energia ou aumento da fatigabilidade.[123]
ideação suicida
Pode ocorrer ideação suicida.[123]
perda de confiança ou autoestima
Pode haver perda de confiança ou da autoestima.
sentimentos irracionais de autorreprovação ou culpa excessiva e inadequada
Pode haver presença de sentimentos irracionais de autorreprovação ou culpa excessiva e inadequada.[123]
baixa concentração
Pode ocorrer baixa concentração.[123]
Outros fatores diagnósticos
comuns
alteração na atividade psicomotora
Pode ocorrer lentificação ou agitação da atividade.[123]
perturbação do sono
alteração no apetite
Pode haver inapetência ou aumento do apetite.[123]
alteração no peso
A alteração no apetite é geralmente, mas nem sempre, associada a uma alteração correspondente no peso. Pode haver perda ou ganho de peso.[123]
pensamentos obsessivos/intrusivos
Pensamentos intrusivos podem ocorrer na ausência de um problema de saúde mental, mas também estão associados à depressão perinatal (bem como à ansiedade perinatal e ao transtorno obsessivo-compulsivo).[4][119] Em um estudo com 37 mulheres com depressão pós-parto, 57% relataram pensamentos obsessivos, das quais 95% apresentavam pensamentos agressivos. O conteúdo mais frequente dos pensamentos agressivos era de ferir o neonato ou lactente. A presença ou número de pensamentos obsessivos ou compulsões não estava relacionada à gravidade do episódio depressivo.[121] Como orientação geral, pensamentos indesejados ou intrusivos associados a um maior risco para o bebê são aqueles em que os pensamentos de ferir o bebê são reconfortantes.[4]
Incomuns
danos significativos a si mesma ou negligência ou maus-tratos às crianças
Deve ser eliciado para avaliar o risco de causar danos a si mesma ou ao bebê.
história pessoal ou familiar de hipomania ou mania
A depressão pós-parto muitas vezes ocorre no contexto de uma doença depressiva unipolar. Entretanto, episódios de transtornos do humor após o parto são muito comuns em mulheres com transtorno bipolar,[14] e uma minoria substancial dos episódios depressivos pós-parto são bipolares.[6] Um grande estudo baseado nos EUA, realizado em um hospital universitário urbano para mulheres, descobriu que quase um quarto (22.6%) das mulheres com um rastreamento de depressão perinatal positivo foram posteriormente descobertas como tendo transtorno bipolar.[6] Descobriu-se que um escore mais alto em uma ferramenta de rastreamento de depressão validada (por exemplo, EPDS >19) indica um risco maior de transtorno bipolar.[6]
sintomas psicóticos
Incluem alucinações, delírios, pensamentos confusos e perturbados, e falta de visão e autoconsciência.
Eles substancialmente aumentam o risco de causar danos a si mesma ou ao bebê, especialmente se os delírios ou alucinações forem relacionados ao bebê.
As pacientes com sintomas psicóticos necessitam de uma avaliação de riscos detalhada e emergencial no mesmo dia por um psiquiatra.[82]
Fatores de risco
Fortes
história de humor depressivo, depressão ou ansiedade
Uma história pregressa de transtorno de humor ou ansiedade (perinatal ou não) é o fator de risco mais forte para depressão pós-parto.[6][37][38][39][40][41]
Todos os diagnósticos psiquiátricos, incluindo ansiedade, transtorno de pânico, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático e transtorno alimentar conferem aumento do risco de depressão pós-parto.[42]
As mulheres em depressão pré-natal apresentam um risco cinco vezes maior de evoluir para depressão pós-parto, enquanto aquelas com ansiedade pré-parto têm risco três vezes maior.[41]
Uma história de depressão maior a qualquer momento eleva significativamente o risco de depressão pós-parto.[37][38][41] Parece haver uma relação entre o nível de aumento do risco e a gravidade e duração do episódio anterior.
A melancolia pós-parto, ou "baby blues", é comum e transitória, mas foi associada a aumento do risco de subsequente depressão pós-parto.[11]
eventos cotidianos estressantes recentes
Há uma forte associação entre eventos cotidianos negativos recentes e a depressão pós-parto.[46]
apoio social insuficiente
O apoio social pode ser definido de diversas maneiras como uma fonte de apoio (cônjuge, amigos, parentes) ou um tipo de apoio (informativo, instrumental, emocional).[38]
Os apoios emocionais e instrumentais têm sido negativamente correlacionados com a depressão no período pós-parto.[37][38][47][48] A percepção de isolamento social foi um forte preditor da depressão no período pós-parto em uma amostra de mulheres negras de baixa renda.[49]
Notou-se que problemas matrimoniais durante a gestação e falta de um parceiro solidário foram fatores que contribuíram de forma moderada no aumento do risco de depressão pós-parto.[38][50]
interrupção de tratamentos psicofarmacológicos
A interrupção de medicamentos antidepressivos de manutenção em mulheres eutímicas antes ou durante o primeiro trimestre da gestação aumenta o risco da depressão pós-parto em comparação com aquelas que continuam com os antidepressivos durante a gestação.[76]
Em um estudo longitudinal em mulheres com transtorno bipolar, a recorrência de sintomas aumentou drasticamente no período pós-parto após a interrupção abrupta do tratamento com lítio.[43] O risco de recorrência diminuiu com a retirada gradativa da dose.
privação de sono
Foi sugerida uma forte associação entre os padrões de sono do lactente, fadiga materna e sintomas depressivos iniciais no período pós-parto. Existem estudos verificando o efeito de intervenções terapêuticas na redução da privação do sono nas primeiras semanas pós-parto,[69] mas os resultados não são conclusivos.[70] Alterações no sono durante a gestação estão associados com sintomas depressivos no período pós-parto, o que sugere que a regulação do tempo de sono pode ser um fator de risco modificável para o desenvolvimento da depressão pós-parto.[67][68]
dificuldades socioeconômicas
fatores genéticos e familiares
Entre mulheres com história de depressão maior, 42% das que tinham história familiar de episódios pós-parto apresentaram depressão após seu primeiro parto, comparado com 15% daquelas sem história familiar.[2]
Genes similares àqueles já associados à depressão maior tendem a ser estudados na depressão pós-parto, pois esses genes têm padrão similar.[63] Um estudo australiano em gêmeas[60] relatou que fatores genéticos são responsáveis por 26% a 49% da variação nos sintomas depressivos pós-parto, enquanto, em um estudo da Suécia, a hereditariedade da depressão perinatal foi estimada entre 44% e 54%, com 33% da variação genética exclusiva para depressão perinatal (ou seja, não compartilhada com depressão em outras ocasiões).[61] Um estudo sugere que a variação genética nos cromossomos 1q e 9p pode aumentar a susceptibilidade a sintomas de humor pós-parto amplamente definidos em uma amostra de mulheres com transtorno unipolar e transtorno bipolar.[66] Há algumas evidências de estudos de associação genômica ampla (GWAS) de que a depressão pós-parto pode ter componentes genéticos únicos, que são distintos daqueles que aumentam a suscetibilidade ao transtorno depressivo maior na população não perinatal.[65]
abuso físico, psicológico ou sexual por parte do parceiro durante a gravidez
As violências psicológica, sexual e física contra mulheres provocadas por seu parceiro íntimo durante a gravidez estão associadas de forma independente à depressão pós-parto.[51][52][53][54][55] Em um amplo estudo brasileiro, mulheres que relataram violência física ou sexual associada a violência psicológica apresentaram maior risco de depressão pós-parto.[51]
Fracos
hipomania pós-parto
traços de personalidade
complicações relacionadas à gestação e ao parto
De modo geral, as complicações relacionadas à gestação e ao parto podem ter um efeito pequeno, mas significativo, sobre o início da depressão pós-parto.[37][38] Em particular, a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia parecem estar associadas a um aumento do risco de subsequente depressão pós-parto.[77][78]
Um estudo de metanálise não encontrou nenhuma ligação entre partos por cesariana e a depressão pós-parto.[79]
idade menor que 16 anos
Embora a idade materna não emergisse na maioria dos estudos como um fator de risco proeminente, um estudo com mães menores de 16 anos descobriu que elas estão sujeitas a um risco maior de depressão pós-parto.[39]
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