Novos tratamentos

Zuranolona

​​A zuranolona é um modulador alostérico positivo oral de próxima geração dos receptores tipo A do ácido gama-aminobutírico (GABA). A zuranolona é aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento da depressão pós-parto e é administrada por 14 dias. A aprovação foi baseada em dois ensaios clínicos positivos de fase 3.[175][176]​​​​​​​ O primeiro estudo atribuiu randomicamente para receber zuranolona ou uma pílula placebo uma vez ao dia por 2 semanas mulheres até 6 meses após o parto. O segundo estudo incluiu mulheres até 12 meses após o parto que receberam o medicamento (em uma dose mais elevada do que no primeiro estudo) ou placebo durante 2 semanas.[176]​ Em ambos os estudos, aproximadamente 15% das mulheres continuaram a tomar outro antidepressivo durante todo o período do estudo. Ambos os estudos atingiram seu endpoint primário, que foi uma redução significativa, em média, em relação ao valor basal no escore da Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (Hamilton Rating Scale for Depression; HAM-D). De forma notável, no segundo estudo, onde foi utilizada uma dose mais elevada de zuranolona, foi observada uma redução significativa nos sintomas depressivos no início do tratamento (no dia 3), e esta melhora foi mantida até à conclusão do estudo no dia 45.[176]​ A eficácia em longo prazo da zuranolona é atualmente desconhecida. As informações de prescrição da zuranolona apresentam um aviso destacando o risco de comprometimento da capacidade de uma pessoa conduzir veículos e realizar outras atividades que possam representar um risco à segurança. As pessoas não devem conduzir veículos ou operar máquinas pesadas nas 12 horas após tomar zuranolona. Foram observados efeitos adversos associados à depressão do sistema nervoso central, como torpor, confusão cognitiva e tontura. Os efeitos adversos mais frequentemente encontrados incluem sintomas de resfriado, diarreia, fadiga e infecções do trato urinário. A segurança no aleitamento materno é atualmente desconhecida, uma vez que nenhum dos ensaios clínicos permitiu que as participantes amamentassem durante o período experimental e durante 1 semana depois. As mulheres que tomam zuranolona são aconselhadas a usar métodos de contracepção eficazes enquanto tomam zuranolona e durante uma semana após o tratamento.[177]​ O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda a consideração da zuranolona no período pós-parto para a depressão que começa no terceiro trimestre e vai até 4 semanas pós-parto, embora esta abordagem não seja universalmente aceita fora dos EUA e a colocação da zuranolona dentro dos algoritmos de tratamento estabelecidos para depressão pós-parto ainda estão sendo considerados.[178]​ A zuranolona não está disponível na Europa.​​

Brexanolona

A brexanolona (também conhecida como alopregnanolona) é um modulador alostérico positivo dos receptores GABA tipo A, administrada em infusão intravenosa durante 60 horas (2.5 dias). Um pequeno (n=21) ensaio clínico de fase 2 e dois grandes (n=375) ensaios clínicos controlados por placebo, randomizados e duplo cegos de fase 3, realizados nos EUA, sugerem que brexanolona é um tratamento novo e seguro para a depressão pós-parto. As mulheres que tiveram um episódio depressivo maior, com início a partir do terceiro trimestre e, no máximo, 4 semanas após o parto, e passaram por rastreamento pós-parto ≤6 meses, receberam uma única infusão contínua de brexanolona ou placebo por 60 horas. Os ensaios de fase 2 e 3 encontraram diferenças estatisticamente significativas nas reduções dos escores totais da HAM-D desde a linha basal nos grupos da brexanolona, comparados aos grupos de placebo. No ensaio de fase 2, a remissão da depressão (escore total de HAM-D ≤7) foi observada em 7 de 10 pacientes no grupo de brexanolona, e em 1 de 11 pacientes no grupo de placebo após 60 horas. O efeito ainda era observado após 30 dias.[179] Os ensaios de fase 3 também constataram uma taxa de remissão estatisticamente maior nas mulheres tratadas com brexanolona, comparadas aos grupos de controle após 60 horas, mas não após 30 dias. A proporção de pacientes que precisaram de medicação de resgate foi similar nos grupos da brexanolona e de placebo: cerca de 12% a 13%.[180] Em geral, o nível de evidência sobre a eficácia da brexanolona é moderado; é digno de nota nos ensaios clínicos citados que muitas participantes também estavam tomando medicamentos concomitantes que podem ter afetado os resultados gerais. Os efeitos adversos mais comuns decorrentes do tratamento nos grupos da brexanolona foram cefaleia, tontura e sonolência. Quatro efeitos adversos graves foram relatados no total: ideação suicida, tentativa intencional de superdosagem, estado de consciência alterado e síncope (os dois últimos, em particular, foram considerados relacionados ao tratamento). A brexanolona é aprovada pela FDA para o tratamento da depressão pós-parto em mulheres adultas. O ACOG recomenda a consideração da brexanolona no período pós-parto para pacientes selecionados com depressão perinatal moderada a grave, embora esta abordagem não seja universalmente aceita fora dos EUA, e a colocação da brexanolona dentro dos algoritmos de tratamento estabelecidos para a depressão pós-parto ainda esteja sendo considerada.[82]​ Devido às preocupações sobre potenciais riscos graves durante a infusão, inclusive sedação excessiva ou perda da consciência súbita, a brexanolona só está disponível por meio da estratégia de avaliação e mitigação de riscos (Risk Evaluation and Mitigation Strategy, REMS) em centros médicos certificados. As mulheres que recebem a infusão devem ser monitoradas continuamente durante a infusão de 60 horas e acompanhadas durante qualquer interação com seus filhos. A brexanolona não está disponível na Europa.

Outros hormônios esteroides

Uma revisão Cochrane sobre estrogênios e progestinas para prevenir e tratar a depressão pós-parto sugere que progestinas sintéticas podem ser usadas com cuidado no período pós-parto e que a terapia com estrogênio pode ter modesto valor.[181] No entanto, os estrogênios não foram rigorosamente avaliados e, dado o aumento do risco de tromboembolismo associado com seu uso, pesquisas adicionais são necessárias. 

Ácidos graxos N-3: ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosa-hexaenoico (DHA)

Os dados sobre a eficácia do EPA e DHA para prevenção e tratamento da depressão perinatal são inconclusivos.[182][183][184]

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