Investigações
Primeiras investigações a serem solicitadas
Hemograma completo
Exame
Todos os pacientes devem fazer um hemograma completo na apresentação inicial.[59][60]
Anemia pode ocorrer em decorrência da inflamação crônica, sangramento crônico, má absorção de ferro e/ou má absorção de vitamina B12 ou ácido fólico.
A leucocitose está associada à inflamação aguda ou crônica, abscesso ou tratamento com corticosteroides.
Trombocitose é um marcador útil de inflamação ativa.
Resultado
anemia; leucocitose; possibilidade de trombocitose
perfil de ferro (ferro sérico, ferritina sérica, capacidade total de ligação do ferro [TIBC], saturação da transferrina)
Exame
Os pacientes devem ser submetidos a perfil de ferro sérico.[60][61]
Pacientes com doença inflamatória intestinal que estão desnutridos ou em risco de desnutrição devem fazer exames de sangue de rastreamento relevantes para avaliar as deficiências de macronutrientes e micronutrientes.[59]
A deficiência de ferro pode estar associada a hemorragia digestiva ou má absorção de ferro.
Resultado
normal ou pode apresentar alterações compatíveis com a deficiência de ferro
vitamina B12 sérica
Exame
Os níveis de B12 devem ser verificados.[59]
A deficiência pode ser secundária à má absorção. Pacientes com doença inflamatória intestinal que estão desnutridos ou em risco de desnutrição devem fazer exames de sangue de rastreamento relevantes para avaliar as deficiências de macronutrientes e micronutrientes.[59]
Deficiência é mais comum em doença de Crohn (DC) ileocecal e após ressecção ileocecal.
Resultado
pode estar normal ou baixo
folato sérico
Exame
Os níveis séricos de folato devem ser verificados.[59]
A deficiência pode ser secundária à má absorção. Pacientes com doença inflamatória intestinal que estão desnutridos ou em risco de desnutrição devem fazer exames de sangue de rastreamento relevantes para avaliar as deficiências de macronutrientes e micronutrientes.[59]
Resultado
pode estar normal ou baixo
perfil metabólico completo (CMP)
Exame
Todos os pacientes devem fazer um CMP na apresentação inicial.
A hipomagnesemia e a hipofosfatemia podem ser causadas por diarreia, e a hipoprotrombinemia pode refletir deficiência de vitamina K.
Resultado
hipoalbuminemia, hipocolesterolemia, hipocalcemia
Proteína C-reativa e velocidade de hemossedimentação (VHS)
Exame
Todos os pacientes devem fazer exame de proteína C-reativa e VHS na apresentação inicial.[59][60]
Marcadores inflamatórios estão intimamente relacionados à atividade da DC.[78]
Nos pacientes com DC com sintomas moderados a graves, níveis elevados de calprotectina fecal ou proteína C-reativa sérica sugerem atividade endoscópica, e a avaliação endoscópica pode ser evitada.[54]
Resultado
elevado
exame de fezes
Exame
A testagem para toxina de Clostridium difficile é indicada especialmente se houver história de uso recente de antibióticos, pois a infecção por C difficile está associada a maior mortalidade em curto e longo prazos nos pacientes com doença inflamatória intestinal.[62]
Resultado
ausência de elementos infecciosos observada na microscopia ou cultura
sorologia para Yersinia enterocolitica
Exame
É importante para descartar a Y enterocolitica, um agente patogênico intestinal causador de ileíte aguda.[63]
Resultado
negativo
radiografia abdominal simples
Exame
Radiografias abdominais simples devem fazer parte dos exames iniciais solicitados. Elas não são diagnósticas de DC, mas podem ser sugestivas e ajudar na avaliação da gravidade. Dilatação das alças intestinais e pneumoperitôneo podem ser visíveis.
Resultado
dilatação do intestino delgado ou cólon; calcificação; sacroileíte; abscessos intra-abdominais
RNM de abdome/pelve
Exame
Os pacientes que são capazes de tolerar o contraste oral são candidatos à enterografia por TC ou enterografia por ressonância magnética (RM).[64] As características da enterografia por RM (sensibilidade de 77% a 82%, especificidade de 80% a 100%) são semelhantes às da enterografia por TC, mas a disponibilidade pode ser limitada.[64]
As diretrizes sugerem que a enterografia por RM deve ser o exame de escolha, pois não expõe o paciente à radiação ionizante.[59][60][65][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando espessamento do íleo terminal em um paciente com exacerbação da doença de CrohnFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando espessamento do íleo terminal em um paciente com exacerbação da doença de CrohnFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
Resultado
lesões descontínuas e segmentares (skip lesion), espessamento da parede intestinal, inflamação adjacente, abscesso, fístulas
tomografia computadorizada (TC) abdominal
Exame
Os pacientes que são capazes de tolerar o contraste oral são candidatos à enterografia por TC ou enterografia por ressonância magnética (RM).[64] A enterografia por TC é sensível (75% a 90%) e pode avaliar diagnósticos alternativos e complicações potenciais da DC (por exemplo, obstrução, abscesso, fístula).[64]
As diretrizes sugerem que a enterografia por RM deve ser o exame de escolha, pois não expõe o paciente à radiação ionizante.[59][60][65][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando espessamento do íleo terminal em um paciente com exacerbação da doença de CrohnFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) mostrando espessamento do íleo terminal em um paciente com exacerbação da doença de CrohnFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
Resultado
lesões descontínuas e segmentares (skip lesion), espessamento da parede intestinal, inflamação adjacente, abscesso, fístulas
Investigações a serem consideradas
ultrassonografia abdominal e pélvica
Exame
Uma ultrassonografia do abdome e da pelve pode ser considerada.[59][60][64]
A sensibilidade e a especificidade variam de 75% a 94% e de 67% a 100%, respectivamente.[64] A ultrassonografia pode facilitar a detecção de complicações extramurais, a detecção e avaliação de estenoses estenóticas e o monitoramento da evolução da doença.[60][67]
Obesidade e defesa (no paciente com indisposição aguda) podem impedir a compressão adequada da sonda de ultrassonografia.
A ultrassonografia pode não ser tão eficaz quanto as modalidades de TC ou ressonância magnética para a determinação de etiologias alternativas.[64]
Resultado
espessamento da parede intestinal, inflamação adjacente, abscesso; abscesso tubo-ovariano
ileocolonoscopia
Exame
A ileocolonoscopia e os estudos de imagem são complementares no diagnóstico da DC.[59][60][64]
As alterações da mucosa sugestivas de DC incluem nodularidade da mucosa, eritema, edema, ulcerações, friabilidade, estenose e a identificação de abertura da fístula no trato.[60]
As lesões são descontínuas, com áreas intermitentes de intestino de aspecto normal (lesões descontínuas e segmentares [skip lesions]).[Figure caption and citation for the preceding image starts]: vista endoscópica da ileíte de CrohnFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
A evidência de um reto normal e envolvimento isolado do íleo terminal dá suporte ao diagnóstico.
Resultado
úlceras aftosas, hiperemia, edema, nodularidade mucosa, lesões descontínuas e segmentares (skip lesion)
biópsia tecidual
Exame
Biópsias segmentares do cólon e do íleo devem ser obtidas para avaliar a evidência microscópica de DC.[59] As características microscópicas que ajudam a distinguir a colite ulcerativa da DC incluem granulomas, a alteração da arquitetura e a distribuição da doença.[68] A inflamação granulomatosa é, entretanto, relatada em uma minoria de pacientes com DC (30% a 50%); ela não é necessária para o diagnóstico.[60][68][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Inflamação significativa na parede do cólon, alargamento da submucosa e agregados linfoides densos na submucosaFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Granulomas em um paciente com doença de Crohn; observe o agregado de histiócitos epitelioidesFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Criptite e abscessos em cripta com distorção morfológica das criptas acompanhadas de inflamação e plasmócitos e linfócitos abundantesFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Criptite e abscessos em cripta com distorção morfológica das criptas acompanhadas de inflamação e plasmócitos e linfócitos abundantesFornecido pelo Dr. Wissam Bleibel, Dr. Bishal Mainali, Dr. Chandrashekhar Thukral e Dr. Mark A. Peppercorn, os autores anteriores deste tópico [Citation ends].
Biópsias de mucosa não comprometida ajudam a identificar a extensão da doença histológica.[60] Se tuberculose estiver sendo cogitada, o tecido das biópsias ileocecais poderá ser testado quanto à presença de Mycobacterium tuberculosis.[57]
Resultado
biópsias da mucosa do intestino demonstram o envolvimento transmural com granulomas não caseosos
endoscopia digestiva alta
Exame
A endoscopia digestiva alta não é rotineiramente necessária como parte da avaliação diagnóstica, mas pode ser realizada em pacientes com sinais e sintomas do trato gastrointestinal superior.[59][60]
A endoscopia digestiva alta com biópsia é útil para diferenciar DC de úlcera péptica em pacientes com sintomas no trato gastrointestinal superior.
Resultado
úlceras aftosas; inflamação da mucosa
endoscopia por cápsula sem fio
Exame
A endoscopia por cápsula é normalmente reservada para pacientes com estudos de imagem radiológica normais ou duvidosos nos quais há um alto índice de suspeita de doença.[59][60]
Visualiza o intestino delgado e pode detectar lesões sugestivas não visíveis por outros estudos do intestino delgado. A endoscopia por cápsula pode ser usada para monitorar a cicatrização da mucosa e a recorrência pós-operatória em pacientes selecionados.[79] É uma investigação segura e útil em crianças.
A avaliação por cápsula biodegradável é recomendada antes da endoscopia para reduzir o risco de retenção da cápsula.[60] A endoscopia por cápsula é contraindicada em pacientes com estreitamento ou estenose do intestino delgado.[80]
Resultado
úlceras aftosas; hiperemia; edema; aspecto pavimentoso; lesões descontínuas e segmentares (skip lesion)
calprotectina fecal
Exame
Marcador não invasivo de inflamação intestinal.[69][70] A calprotectina fecal é liberada nas fezes quando os neutrófilos se reúnem no local de qualquer inflamação do trato gastrointestinal.
Em pacientes com idade <60 anos com sintomas no trato gastrointestinal inferior e exames iniciais normais, o teste de calprotectina fecal pode ser realizado para descartar causas de inflamação colônica. Entretanto, em pacientes com idade >60 anos com suspeita de câncer colorretal, o teste de calprotectina fecal deve ser interpretado com cautela. A calprotectina fecal pode ajudar a diferenciar a doença inflamatória intestinal da síndrome do intestino irritável.[60] A calprotectina fecal não é específica para a DC e pode estar aumentada nas fezes em outras patologias intestinais (por exemplo, gastroenterite infecciosa, diverticulite ou câncer colorretal), ou em pacientes que fazem uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e aspirina.[60][72] Essa falta de especificidade limita seu papel diagnóstico.
A calprotectina fecal é amplamente utilizada, principalmente no cenário da atenção primária, como um teste para "descartar" quando a DII é improvável na presença de uma calprotectina normal.
Na DII ela é usada para monitorar as recidivas nos pacientes com doença inflamatória intestinal quiescente e para detecção e monitoramento da atividade da doença nos pacientes sintomáticos, potencialmente evitando o monitoramento endoscópico, que é invasivo e exige muitos recursos.[54][59][73][74][75] Um valor de calprotectina fecal <150 microgramas/g e proteína C-reativa normal sugere ausência de inflamação ativa nos pacientes em remissão sintomática; a avaliação endoscópica pode ser evitada nesses pacientes. Entretanto, níveis elevados de biomarcadores nesses pacientes justificam uma avaliação endoscópica.[54]
Nos pacientes com DC com sintomas moderados a graves, níveis elevados de calprotectina fecal ou proteína C-reativa sérica sugerem atividade endoscópica, e a avaliação endoscópica pode ser evitada.[54]
Resultado
pode estar elevada
Novos exames
marcadores sorológicos:
Exame
As pesquisas estão focadas nos anticorpos anti-glicano (por exemplo, anti-Saccharomyces cerevisiae [ASCA], anti-laminaribiose [ALCA], anti-chitobioside [ACCA], anti-laminarin [anti-L], anti-chitin [anti-C]) e anticorpos para antígenos microbianos (anti-porina C da membrana externa [anti-OmpC], anti-flagelina Cbir1, anti-I2 e p-ANCA).[60]
Os anticorpos anti-glicano são mais prevalentes na DC do que na colite ulcerativa, mas têm baixa sensibilidade.[60]
O uso rotineiro de marcadores sorológicos de doença inflamatória intestinal para estabelecer o diagnóstico de DC não é recomendado.[60]
O ASCA pode ter valor prognóstico em crianças com DC.[81][82]
Resultado
anticorpos anti-glicano positivos
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