Complicações
Em vários distúrbios hereditários, a depleção de volume e a inanição são observadas logo na primeira infância. Elas resultam da perda maciça de sódio, cloreto e outros substratos, a qual é causada pela falha generalizada do túbulo proximal.
Muitos pacientes com uma ATR distal hipercalêmica desenvolvem essa doença como consequência do diabetes ou de doença renal intersticial crônica. Esses indivíduos também apresentam uma alta taxa de doença cardíaca, incluindo insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão e doença renal crônica. Quando a reabsorção de sódio é estimulada, a hipertensão pode agravar-se. Além disso, a retenção de líquidos, na presença de insuficiência cardíaca ou doença renal crônica, pode causar agravamento de edema e edema pulmonar. Se essas complicações se desenvolverem, a furosemida poderá ser usada para reduzir a retenção de sal, mas poderá ser necessário descontinuar a fludrocortisona.
As cargas aumentadas de cálcio filtrado decorrem da liberação de fosfato de cálcio e carbonato de cálcio durante o tamponamento ósseo. O acúmulo do cálcio reabsorvido causa a nefrocalcinose.
O tamponamento ósseo da acidose resulta em desmineralização.
A acidose está associada ao catabolismo muscular. O controle da acidose pode restaurar o crescimento normal.
Na síndrome de Fanconi, grande parte do retardo de crescimento deve-se aos distúrbios metabólicos subjacentes na maioria dos casos, embora perdas de fosfato e anormalidades no metabolismo da vitamina D sejam importantes, e a perda de carnitina também possa desempenhar um papel.
As crianças com a síndrome de Fanconi de qualquer causa apresentam um risco de evoluir para um raquitismo renal pela incapacidade de retenção de fosfato pelo rim. A depleção de fosfato resulta na inibição do crescimento e remodelamento ósseos. A perda de vitamina D na urina e a falha na captação e manipulação de vitamina D pelo rim comprometem a resposta renal ao hormônio. Os ossos são pouco mineralizados. O exame físico pode detectar o genu valgum. As radiografias do esqueleto definem o raquitismo. A reposição agressiva de fosfato e a suplementação de vitamina D são úteis em crianças.
Dados indicam um risco significativo de doença renal crônica na ATR distal primaria com o tempo.[27][53] A doença renal crônica pode ser resultado de nefrolitíases recorrentes, nefrocalcinose, efeitos da hipocalemia ou aumento no metabolismo da amônia. Teoricamente, o controle da acidose e da hipocalemia deve reduzir o risco, mas, atualmente, não há dados suficientes para dar suporte a essa teoria.
Consequência direta de defeito genético, não responde ao tratamento atual.
A ATR distal pode resultar em hiperamonemia, que pode causar disfunção neuronal. Uma revisão sistemática encontrou hiperamonemia em vários relatos de casos de crianças que apresentavam baixa aceitação alimentar, vômitos e retardo do crescimento pôndero-estatural, em quem foi constatada a presença de ATR distal. Nesses pacientes, os níveis de amônia circulante foram inversamente proporcionais aos níveis de bicarbonato (P <0.05).[150]
Como o néfron distal é o local mais crítico de manipulação de potássio, está claro que a depleção de potássio na síndrome de Fanconi é um evento secundário. A maioria dos pacientes com uma ATR proximal apresenta algum grau de depleção de volume e hiperaldosteronismo secundário. Quando o bicarbonato é reposto de forma agressiva, o bicarbonato é transportado para o néfron distal em quantidade igual à do bicarbonato de sódio. Na presença de hiperaldosteronismo secundário, o sódio é absorvido, e o lúmen do túbulo distal e o duto coletor tornam-se cada vez mais carregados negativamente em relação ao tecido peritubular. Essa carga negativa aumenta a secreção de potássio pelo túbulo, causando depleção de potássio.
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