Complicações
Desenvolvem-se como resultado da doença avançada e da incapacidade das células dopaminérgicas, na substância negra, de amenizarem a levodopa exógena. O excesso de dopamina resulta em movimentos excessivos. O manejo envolve diminuir a posologia dos medicamentos dopaminérgicos e/ou aumentar os intervalos de posologia. Se isso resultar em eficácia reduzida, a amantadina pode ser usada em vez de reduzir os medicamentos dopaminérgicos. As discinesias refratárias incapacitantes podem ser tratadas com estimulação cerebral profunda no núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno.
O avanço da doença e a incapacidade de amenizar a dopamina exógena explicam essa complicação. A instituição de um inibidor da catecol-O-metiltransferase (COMT) como adjuvante à carbidopa/levodopa é o tratamento de primeira linha. Carbidopa/levodopa de ação prolongada pode ser eficaz para estender o tempo da resposta. O desaparecimento inesperado do efeito pode ser tratado com a apomorfina injetável. A estimulação cerebral profunda do núcleo subtalâmico ou do globo pálido interno é um tratamento eficaz.
A constipação é um sintoma pré-motor comum na doença de Parkinson que muitos pacientes apresentam muito antes de serem diagnosticados.[71] A prevalência tende a aumentar com a progressão da doença, e a medicação para a doença de Parkinson pode agravar o quadro. O reconhecimento e o tratamento da constipação são importantes para prevenir complicações (por exemplo, oclusão intestinal) e para garantir a melhor resposta possível à levodopa.[209]
Os sintomas da bexiga (por exemplo, noctúria, urgência, frequência diurna, incontinência urinária) são comuns em pacientes com doença de Parkinson, com prevalência relatada entre 38% e 71%.[210] Esses sintomas têm um grande impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes e não apresentam resposta clínica à levodopa. Medicamentos com efeitos antimuscarínicos podem ser usados para tratar os sintomas do trato urinário inferior, mas os possíveis efeitos colaterais anticolinérgicos desses medicamentos devem ser cuidadosamente monitorados. Outros medicamentos comumente prescritos para tratar os sintomas do trato urinário inferior incluem oxibutinina, tróspio, tolterodina, mirabegrona e darifenacina.[211] A solifenacina pode ser eficaz no tratamento de sintomas urinários, mas são necessárias mais evidências.[125][212]
A hipotensão ortostática (definida como uma queda na pressão arterial sistólica de >20 mmHg e da pressão arterial diastólica de 10 mmHg após 3 minutos de permanência em posição ortostática) é um sintoma não motor comum da doença de Parkinson, que pode preceder o aparecimento de sintomas motores. Estão disponíveis opções de tratamento não farmacológico (revisão dos medicamentos, mudanças de estilo de vida) e farmacológico (mineralocorticoide, agente pressor de ação curta, droxidopa).[213][214][215]
Distúrbios do sono são comuns em pacientes com doença de Parkinson e podem incluir iniciação do sono comprometida, sono fragmentado e fadiga diurna. As opções de tratamento não farmacológico incluem terapia cognitivo-comportamental, exercícios e terapia com luz intensa.[216] A modafinila e o oxibato de sódio são recomendados para o tratamento da hipersonia secundária à doença de Parkinson em adultos.[217] Possíveis tratamentos farmacológicos para insônia incluem rotigotina, eszopiclona e melatonina, embora as evidências sejam limitadas.[125]
Manter um ambiente de sono seguro é importante para prevenir lesões dos pacientes com distúrbio comportamental do sono de movimento rápido dos olhos secundário; o tratamento farmacológico pode ser considerado.[218] Consulte Parassonias em adultos.
A disfagia é uma complicação comum da doença de Parkinson, com uma prevalência relatada entre 11% e 87%. Os tratamentos para doença de Parkinson devem ser otimizados para minimizar o impacto na função de deglutição. A terapia de deglutição convencional é recomendada. A injeção de toxina botulínica pode ser considerada para tratar o comprometimento do esfíncter esofágico superior.[104]
Ficou comprovado que a clozapina é eficaz para tratar a psicose em pacientes com DP, mas o risco de agranulocitose e a necessidade de monitoramento frequente de leucócitos podem limitar seu uso.[125][199][201] A quetiapina pode melhorar os sintomas, apesar da falta de evidência.[125][202] A pimavanserina, um agonista inverso seletivo dos receptores 5-HT2A da serotonina, demonstrou ser eficaz em curto prazo (6 semanas) no tratamento da psicose em pacientes com doença de Parkinson.[125] Uma metanálise mostrou um baixo impacto na função motora para clozapina e pouco impacto para pimavanserina.[203][204][205]
Foi relatado que a depressão afeta até 25% a 35% dos pacientes com doença de Parkinson.[125][126] O encaminhamento para um psiquiatra pode ser necessário. Há evidências sobre a eficácia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento da depressão em pacientes com doença de Parkinson.[128][129] Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) são frequentemente usados para controlar a depressão em pacientes com doença de Parkinson; o pramipexol, agonista dopaminérgico, também pode ser eficaz.[125] Embora existam evidências de eficácia para antidepressivos tricíclicos, os efeitos adversos limitam o uso.[199]
Ferramentas de rastreamento estão sendo desenvolvidas para ajudar a identificar o transtorno do controle de impulsos. Os fatores de risco relatados incluem idade mais jovem, sexo masculino, tabagismo, maior duração da doença de Parkinson, uso de agonistas dopaminérgicos e doses mais altas de levodopa.[206] Se presente, o agonista dopaminérgico deve ser reduzido ou descontinuado. Deve-se fornecer apoio social e psicológico adequado.[207][208]
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