Prevalência: o TDAH é um dos transtornos mais comuns na infância. Uma estimativa de alta qualidade da prevalência global em crianças dá um valor de cerca de 5.29%.[12]Polanczyk G, de Lima MS, Horta BL, et al. The worldwide prevalence of ADHD: a systematic review and metaregression analysis. Am J Psychiatry. 2007 Jun;164(6):942-8.
https://ajp.psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/ajp.2007.164.6.942
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17541055?tool=bestpractice.com
[13]Polanczyk GV, Salum GA, Sugaya LS, et al. Annual research review: a meta-analysis of the worldwide prevalence of mental disorders in children and adolescents. J Child Psychol Psychiatry. 2015 Mar;56(3):345-65.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25649325?tool=bestpractice.com
Nos EUA, uma grande pesquisa nacional de pais durante 2016-2019 encontrou uma prevalência global de 2% entre crianças de 3 a 5 anos, de 10% nas crianças de 6 a 11 anos e de 13% nas crianças de 12 a 17 anos.[14]Centers for Disease Control and Prevention. Data and statistics about ADHD. Oct 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html
Embora a prevalência pareça ter aumentado substancialmente nas últimas décadas, as análises de meta-regressão de acompanhamento sugerem que essa diferença se deve a diferenças metodológicas entre os estudos e que, de fato, a prevalência permaneceu estável em todo o mundo (e dentro de populações específicas) desde a década de 1980.[12]Polanczyk G, de Lima MS, Horta BL, et al. The worldwide prevalence of ADHD: a systematic review and metaregression analysis. Am J Psychiatry. 2007 Jun;164(6):942-8.
https://ajp.psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/ajp.2007.164.6.942
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17541055?tool=bestpractice.com
[15]Polanczyk GV, Willcutt EG, Salum GA, et al. ADHD prevalence estimates across three decades: an updated systematic review and meta-regression analysis. Int J Epidemiol. 2014 Apr;43(2):434-42.
https://academic.oup.com/ije/article/43/2/434/679550
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24464188?tool=bestpractice.com
[16]Collishaw S. Annual research review: Secular trends in child and adolescent mental health. J Child Psychol Psychiatry. 2015 Mar;56(3):370-93.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25496340?tool=bestpractice.com
Apresentações: a apresentação do tipo combinada representa 50% a 75% de todas as pessoas com TDAH, a apresentação do tipo desatenta representa 20% a 30% e a apresentação do tipo hiperativa-impulsiva representa 15%. Com o tempo, os sintomas de desatenção tendem a persistir, enquanto os sintomas de hiperatividade-impulsividade tendem a diminuir.[10]Spencer TJ, Biederman MD, Mick E. Attention-deficit/hyperactivity disorder: diagnosis, lifespan, comorbidities, and neurobiology. J Pediatr Psychol. 2007 Aug;32(8):631-42.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17556405?tool=bestpractice.com
Disparidades entre os sexos: estudos comunitários mostram taxas de prevalência entre homens e mulheres de cerca de 2.1 para 1.0, enquanto as populações clínicas mostram uma proporção tão elevada como 10 para 1.[14]Centers for Disease Control and Prevention. Data and statistics about ADHD. Oct 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html
[17]Biederman J, Faraone SV. The Massachusetts General Hospital studies of gender influences on attention-deficit/hyperactivity disorder in youth and relatives. Psychiatr Clin North Am. 2004 Jun;27(2):225-32.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15063995?tool=bestpractice.com
Explica-se esta diferença de sexo pelo fato de os meninos apresentarem com mais frequência um comportamento disruptivo que demanda encaminhamento, enquanto as meninas apresentam com mais frequência o tipo desatento e menor comorbidade com transtorno desafiador de oposição (TDO) e transtorno de conduta.[10]Spencer TJ, Biederman MD, Mick E. Attention-deficit/hyperactivity disorder: diagnosis, lifespan, comorbidities, and neurobiology. J Pediatr Psychol. 2007 Aug;32(8):631-42.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17556405?tool=bestpractice.com
[17]Biederman J, Faraone SV. The Massachusetts General Hospital studies of gender influences on attention-deficit/hyperactivity disorder in youth and relatives. Psychiatr Clin North Am. 2004 Jun;27(2):225-32.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15063995?tool=bestpractice.com
Portanto, é provável que o TDAH seja pouco reconhecido e subdiagnosticado em meninas.[18]Sayal K, Prasad V, Daley D, et al. ADHD in children and young people: prevalence, care pathways, and service provision. Lancet Psychiatry. 2018 Feb;5(2):175-86.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29033005?tool=bestpractice.com
Diferenças étnicas: vários estudos de grande escala sugerem que as crianças hispânicas e asiáticas apresentam menor prevalência de TDAH que as crianças brancas ou negras norte-americanas.[14]Centers for Disease Control and Prevention. Data and statistics about ADHD. Oct 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html
[19]Cuffe SP, Moore CG, McKeown RE. Prevalence and correlates of ADHD symptoms in the National Health Interview Survey. J Atten Disord. 2005 Nov;9(2):392-401.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16371662?tool=bestpractice.com
De acordo com o Multimodal Treatment Study of AD/HD (MTA), houve níveis relatados maiores de TDAH em sala de aula entre crianças afro-americanas que entre crianças brancas.[20]Epstein JN, Willoughby M, Valencia EY, et al. The role of children's ethnicity in the relationship between teacher ratings of attention-deficit/hyperactivity disorder and observed classroom behavior. J Consult Clin Psychol. 2005 Jun;73(3):424-34.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15982140?tool=bestpractice.com
A prevalência de TDAH em adolescentes negros com menos de 18 anos nos EUA foi relatada como 14% em uma grande metanálise, uma taxa substancialmente mais alta do que a da população geral dos EUA.[21]Cénat JM, Blais-Rochette C, Morse C, et al. Prevalence and risk factors associated with attention-deficit/hyperactivity disorder among US black individuals: a systematic review and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2021 Jan 1;78(1):21-8.
https://www.doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.2788
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32902608?tool=bestpractice.com
Não está claro se esses achados representam diferenças reais de prevalência ou se eles podem se correlacionar com variáveis de confusão como o acesso ao atendimento.
Diferenças de classe e de renda: o TDAH foi associado a pobreza, menor renda familiar e classe social mais baixa nos EUA, no Reino Unido e em outros países.[22]Langley K, Holmans PA, van den Bree MB, et al. Effects of low birth weight, maternal smoking in pregnancy and social class on the phenotypic manifestation of attention deficit hyperactivity disorder and associated antisocial behavior: investigation in a clinical sample. BMC Psychiatry. 2007 Jun 20;7:26.
https://bmcpsychiatry.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-244X-7-26
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17584500?tool=bestpractice.com
A comorbidade com outros transtornos mentais, emocionais ou comportamentais é comum. De acordo com uma pesquisa nacional com pais de 2016 nos EUA, 6 em cada 10 crianças com TDAH tinham pelo menos um transtorno coexistente. Em cerca de metade das crianças, isto era um problema de comportamento ou conduta. Cerca de 3 em cada 10 crianças tinham ansiedade. Outras comorbidades incluem depressão, transtorno do espectro do autismo, síndrome de Tourette e dificuldades de aprendizagem e linguagem.[14]Centers for Disease Control and Prevention. Data and statistics about ADHD. Oct 2023 [internet publication].
https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html
[23]DuPaul GJ, Gormley MJ, Laracy SD. Comorbidity of LD and ADHD: implications of DSM-5 for assessment and treatment. J Learn Disabil. 2013 Jan-Feb;46(1):43-51.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23144063?tool=bestpractice.com
As crianças com epilepsia apresentam um aumento do risco de transtornos cognitivos e comportamentais, incluindo TDAH. Embora as taxas de prevalência relatadas variem dependendo da população do estudo e dos métodos, os estudos com base clínica geralmente relatam TDAH em 25% a 40% das crianças com epilepsia.[24]Dunn DW, Bourgeois BFD. Learning disabilities and ADHD in children with epilepsy. In: Duchowny M, Cross JH, Arzimanoglou A, eds. Pediatric epilepsy. New York, NY: McGraw Hill Medical; 2013:323-9. Adolescentes com TDAH apresentam aumento do risco de transtornos alimentares e transtornos decorrentes do uso substâncias, incluindo transtornos decorrentes do uso de bebidas alcoólicas, transtorno decorrente do uso de cannabis e outros transtornos decorrentes do uso de drogas.[25]Yao S, Kuja-Halkola R, Martin J, et al. Associations between attention-deficit/hyperactivity disorder and various eating disorders: a Swedish nationwide population study using multiple genetically informative approaches. Biol Psychiatry. 2019 Oct 15;86(8):577-86.
https://www.biologicalpsychiatryjournal.com/article/S0006-3223(19)31371-X/fulltext
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31301758?tool=bestpractice.com
[26]Groenman AP, Janssen TWP, Oosterlaan J. Childhood psychiatric disorders as risk factor for subsequent substance abuse: a meta-analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2017 Jul;56(7):556-69.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28647007?tool=bestpractice.com
[27]Fuller-Thomson E, Lewis DA, Agbeyaka S. Attention-deficit/hyperactivity disorder and alcohol and other substance use disorders in young adulthood: findings from a Canadian nationally representative survey. Alcohol Alcohol. 2022 May 10;57(3):385-95.
https://academic.oup.com/alcalc/article/57/3/385/6336025
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34343246?tool=bestpractice.com
Existem algumas evidências de que o tratamento farmacológico para o TDAH diminui o risco de transtornos decorrentes do uso de substâncias.[28]Wilens TE, Faraone SV, Biederman J, et al. Does stimulant therapy of attention-deficit/hyperactivity disorder beget later substance abuse? A meta-analytic review of the literature. Pediatrics. 2003 Jan;111(1):179-85.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12509574?tool=bestpractice.com
[29]Wilens TE, Morrison NR. The intersection of attention-deficit/hyperactivity disorder and substance abuse. Curr Opin Psychiatry. 2011 Jul;24(4):280-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21483267?tool=bestpractice.com