História e exame físico
Principais fatores diagnósticos
comuns
presença de fatores de risco
A doença primária geralmente ocorre em pessoas jovens e a doença secundária costuma ocorrer em idosos. Imunodeficiências primárias ligadas ao cromossomo X afetam indivíduos do sexo masculino. Muitas imunodeficiências primárias apresentam defeitos genéticos conhecidos, os quais podem estar nas famílias ou surgir de novo. História de estado grave de perda de proteínas, neoplasia hematológica ou uso de medicamentos anticonvulsivantes/imunossupressores pode resultar em hipogamaglobulinemia.
infecção recorrente
Duas ou mais das seguintes características clínicas: ≥8 novas infecções otológicas em 1 ano; ≥2 infecções sérias dos seios nasais em 1 ano; ≥2 infecções profundamente assentadas; candidíase persistente após 1 ano de idade; abscessos recorrentes na pele profunda ou órgãos; ≥2 pneumonias em 1 ano.
Infecções na primeira infância (especialmente por Pneumocystis jirovecii, vírus sincicial respiratório, Candida e bactérias) sugerem imunodeficiência combinada grave.
Pacientes com hipogamaglobulinemia associada a timoma relataram infecções bacterianas, virais, fúngicas e por Pneumocystis recorrentes.
infecção com espécies Streptococcus pneumoniae ou Haemophilus
Os patógenos bacterianos comuns incluem bactérias encapsuladas (por exemplo, S pneumoniae, H influenzae) e Haemophilus não encapsulado.
infecção com patógenos atípicos
Patógenos comumente atípicos incluem micoplasma.
uso repetitivo de antibiótico
Indicador de gravidade e frequência de infecções.
estertores respiratórios, chiado agudo ao inspirar, roncos
A ausculta pulmonar pode revelar evidências de bronquiectasia (dano crônico que resulta de infecção pulmonar recorrente).
Outros fatores diagnósticos
comuns
ausência na escola/no trabalho
Indicador de gravidade e frequência de infecções.
retardo do crescimento pôndero-estatural
Indicador inespecífico de possível doença séria na infância.
diarreia
Manifesta-se em várias imunodeficiências primárias, mas também pode ocorrer em outras doenças intestinais que causam perda de proteínas intestinais.
palidez
A anemia é comum.
perfuração da membrana timpânica
A otoscopia pode revelar dano crônico, resultado de infecções otológicas recorrentes.
Incomuns
doença após vacinas com vírus vivos
Indicador de possível imunodeficiência.
perda de peso, sudorese noturna, febres
Pode indicar neoplasia hematológica.
edema
Indica perda de proteínas (por exemplo, por causa de síndrome nefrótica).
alopecia, bócio, vitiligo
Podem indicar a presença de doença autoimune (comum em algumas imunodeficiências primárias como a imunodeficiência comum variável e deficiência de imunoglobulina A [IgA]).
eczema
Pode ser observada na síndrome de Wiskott-Aldrich, síndrome de hiper-IgE (imunoglobulina E) e algumas formas de imunodeficiência combinada grave.
amígdalas pequenas/ausentes
Observadas na doença de Bruton (agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X).
linfadenopatia e hepatoesplenomegalia
Podem estar relacionadas à hipogamaglobulinemia ou a doenças hematológicas.
história de doença celíaca ou reações transfusionais
Deficiência de IgA está associada a aumento do risco de doença celíaca e risco de reações transfusionais por anticorpos anti-IgA.
susceptibilidade à fadiga muscular, ptose, diplopia (se houver timoma)
Hipogamaglobulinemia associada a timoma pode se manifestar com características de miastenia gravis.
características dismórficas
Podem ser observadas em algumas síndromes raras.
comprometimento neurológico
Pode ocorrer na ataxia-telangiectasia.
Fatores de risco
Fortes
sexo masculino
Algumas imunodeficiências primárias estão ligadas ao cromossomo X (por exemplo, agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X/doença de Bruton, síndrome de Wiskott-Aldrich, síndrome de hiper-IgM [imunoglobulina M] ligada ao cromossomo X).
história familiar positiva de imunodeficiência primária
A hipogamaglobulinemia primária geralmente se manifesta em crianças ou adultos jovens; raramente se manifesta em idosos. Muitas imunodeficiências primárias apresentam defeitos genéticos conhecidos, os quais podem estar nas famílias ou surgir de novo. Doenças ligadas ao cromossomo X podem ser passadas para meninos pela mãe portadora. A deficiência de imunoglobulina A (IgA) e de subclasses de imunoglobulina G (IgG) pode ocorrer em parentes de pacientes com imunodeficiência comum variável, mas o padrão de hereditariedade não está definido claramente. A imunodeficiência combinada grave pode ocorrer por diferentes defeitos genéticos e pode ter herança autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X. Distúrbios na troca de classes de imunoglobulinas podem ser autossômicos ou ligados ao cromossomo X. A agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X muitas vezes ocorre em crianças do sexo masculino com história familiar positiva. A consanguinidade predispõe a distúrbios autossômicos recessivos.
estado com perda grave de proteínas
Doença inflamatória intestinal, enteropatia autoimune e linfangiectasia intestinal podem causar hipogamaglobulinemia devido à perda de proteínas. A perda de proteínas pelos rins na síndrome nefrótica pode estar associada a hipogamaglobulinemia e susceptibilidade a infecções pneumocócicas e estreptocócicas. A IgG costuma ser a primeira a ser perdida (por apresentar menor peso molecular), e a IgM é perdida por último (e somente em doença extremamente grave).
neoplasia hematológica
O mieloma causa proliferação clonal de plasmócitos e formação de paraproteínas, o que acarreta diminuição da produção de imunoglobulinas (imunoparesia) com supressão da produção normal de imunoglobulinas. A leucemia, especialmente a leucemia linfocítica crônica, está associada ao comprometimento da produção e da função das imunoglobulinas. O linfoma pode estar associado a hipo ou hipergamaglobulinemia; respostas de anticorpos específicos podem ser comprometidas. A hipogamaglobulinemia secundária à neoplasia hematológica (por exemplo, mieloma, leucemia linfocítica crônica) é mais comum em idosos (>50 anos de idade).
medicamentos anticonvulsivantes e imunossupressores
Medicamentos associados a níveis baixos de imunoglobulinas incluem rituximabe, antimaláricos, fenitoína, carbamazepina, corticosteroides sistêmicos e medicamentos antirreumáticos modificadores de doença (por exemplo, sulfassalazina, penicilamina, azatioprina, ciclofosfamida). Em geral, a hipogamaglobulinemia é uma consequência rara desses medicamentos, mas tem sido reconhecida cada vez mais como consequência de rituximabe, geralmente após múltiplas doses.[22][23][24][25]
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