Investigações

Primeiras investigações a serem solicitadas

testes da função hepática

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A hiperbilirrubinemia está associada à icterícia, uma característica que define a insuficiência hepática aguda (IHA).[1][2][3][4]​​[6] As elevações nas enzimas hepáticas variam de acordo com a etiologia. A lesão hepática induzida por medicamento (LHIM) clinicamente significativa é definida da seguinte maneira:[30] AST ou ALT sérica >5 vezes o limite superior do normal (LSN), ou fosfatase alcalina >2 vezes o LSN (se a linha basal for normal, use a linha basal pré-tratamento); ou bilirrubina sérica total >2.5 mg/dL associada a nível elevado de AST, ALT ou fosfatase alcalina; ou INR >1.5 com nível elevado de AST, ALT ou fosfatase alcalina. A hepatotoxicidade do paracetamol está associada a níveis muito elevados de aspartato transaminase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Uma categorização adicional de LHIM idiossincrática é possível usando o valor R na apresentação (R = [ALT/LSN]/[FAL/LSN]). R ≥5 representa perfil de lesão hepatocelular, 2 < R < 5 representa perfil de lesão mista e R ≤2 representa um perfil de lesão colestática.[30] Um valor R >5 tem sensibilidade de 90% para IHA.[72]

A doença de Wilson geralmente se manifesta com uma proporção de fosfatase alcalina:bilirrubina de <4 e proporção de AST:ALT >2.2.[43]​ Em uma coorte prospectiva, a combinação dessas características laboratoriais teve uma sensibilidade e especificidade de 100% no diagnóstico de IHA secundária a doença de Wilson.[73]

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hiperbilirrubinemia, enzimas hepáticas elevadas

tempo de protrombina/razão normalizada internacional (TP/INR)

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A presença de coagulopatia (INR >1.5) é uma característica que define a IHA.[1][2][3][4][6]

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INR elevada (>1.5)

perfil metabólico básico

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A insuficiência renal é uma complicação conhecida da IHA e é preditiva de mortalidade, sobretudo em casos de superdosagem de paracetamol.[64] Distúrbios metabólicos do potássio, do fosfato e do magnésio são comuns e devem ser corrigidos imediatamente.

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ureia e creatinina elevadas, distúrbios metabólicos

Hemograma completo

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A presença de leucocitose pode sugerir infecção. A anemia pode estar presente em alguns pacientes, principalmente no contexto de IHA associada à doença de Wilson, quando pode ocorrer a anemia hemolítica negativa para o teste de Coombs.[43]​ A trombocitopenia pode sugerir doença hepática avançada preexistente. Uma diminuição nas plaquetas nos 7 dias após a apresentação pode estar associada ao início da síndrome da resposta inflamatória sistêmica e risco de insuficiência de múltiplos órgãos.[74]

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leucocitose, anemia, trombocitopenia

tipagem e triagem sanguínea

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Realizado preventivamente, caso seja necessária transfusão de sangue.

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perfil sanguíneo específico do paciente

amilase e lipase séricas

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Os níveis de lipase e amilase sérica devem ser avaliados para descartar pancreatite, que pode se desenvolver como uma complicação da IHA; no entanto, também pode haver o desenvolvimento de hiperamilasemia como resultado de disfunção renal e insuficiência de múltiplos órgãos.[51][52][53][54][55] Embora a hiperamilasemia esteja associada com o aumento do risco de mortalidade, ela não é um preditor de mortalidade independente na IHA.[55]

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normal ou elevado

gasometria arterial

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A presença de acidose é um importante indicador prognóstico, sobretudo em casos de superdosagem de paracetamol.[64]

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acidose metabólica

lactato sanguíneo arterial

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Importante indicador de prognóstico na IHA associada ao paracetamol, caso em que níveis >3.5 mmol/L na apresentação e >3.0 mmol/L após ressuscitação fluídica são preditivos de mortalidade. O acréscimo do lactato sanguíneo arterial aos critérios do King's College pode melhorar a sensibilidade na predição da mortalidade associada à IHA induzida por paracetamol.[75]

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elevado

nível de paracetamol

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Os níveis de paracetamol devem ser mensurados em todos os pacientes com insuficiência hepática aguda.[4][8]

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pode estar elevado; no entanto, baixos níveis de paracetamol não descartam a hepatotoxicidade do paracetamol

exame toxicológico da urina

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Pode ser útil para determinar os níveis de paracetamol na urina após uma superdosagem de paracetamol.

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pode ser positivo para paracetamol

sorologias para hepatite viral

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Incluem imunoglobulina (Ig)M anti-hepatite A, IgM antinúcleo da hepatite B, antígeno de superfície da hepatite B, IgG anti-hepatite C e IgM anti-hepatite E. Úteis para explorar as possíveis etiologias da IHA e orientar o manejo da doença, principalmente na hepatite B aguda, caso em que se pode iniciar a terapia antiviral.

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pode ser positiva

marcadores de hepatite autoimune

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Marcadores sorológicos, incluindo fator antinuclear, anticorpo antimúsculo liso e imunoglobulinas quantitativas, podem ajudar a estabelecer esse diagnóstico e orientar o manejo adicional.

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pode ser positiva

teste de gravidez

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Os níveis séricos de gonadotrofina coriônica humana beta (hCG) devem ser obtidos em todas as mulheres em idade fértil com IHA.[4]​ Hepatite viral aguda, esteatose hepática aguda da gravidez e síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia) podem ocorrer durante a gravidez.

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pode ser positiva

radiografia torácica

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Para avaliar sinais de pneumonia por aspiração (muitos pacientes com encefalopatia hepática se apresentam obnubilados), edema pulmonar, ou outras anormalidades que requeiram avaliação ou tratamento adicionais.

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possível pneumonia por aspiração

ultrassonografia abdominal com Doppler

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O exame de imagem do fígado é adequado se houver suspeita de lesão hepática induzida por medicamentos, para avaliar se há etiologia concorrente. A ultrassonografia abdominal é usada primeiro para avaliar se há cirrose, obstrução biliar ou presença de outras alterações hepáticas focais.[30] Um exame Doppler abdominal pode avaliar a patência dos vasos e evidências de trombose dos vasos hepáticos associada à síndrome de Budd-Chiari.[4]​ A ultrassonografia abdominal pode revelar nodularidade da superfície hepática suspeita de cirrose preexistente; no entanto, esse achado pode na verdade refletir necrose aguda em grande escala e colapso do parênquima com focos de nódulos regenerativos em vez de alterações crônicas associadas a doença hepática crônica.[76]

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pode mostrar cirrose ou sinais de obstrução biliar; trombose de vasos hepáticos, perda de sinal venoso hepático e fluxo reverso na veia porta na síndrome de Budd-Chiari; hepatomegalia, esplenomegalia, nodularidade da superfície hepática

Investigações a serem consideradas

nível do fator V

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Um resultado baixo na presença de encefalopatia hepática pode ser preditivo de mortalidade, sobretudo em pacientes com IHA secundária a hepatite viral.[62] Em um estudo de coorte prospectivo realizado com pacientes com IHA, observou-se que os limiares ideais de fator V preditivos de sobrevida foram >10.5% do normal na IHA associada a paracetamol e de >22% do normal na IHA não associada a paracetamol.[63]

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baixo (<20% a 30% do normal)

estudos da hepatite viral por reação em cadeia da polimerase

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Inclui DNA do vírus da hepatite B, DNA do vírus do herpes simples e RNA do vírus da hepatite C. Podem auxiliar no estabelecimento do diagnóstico, sobretudo em casos agudos, quando as sorologias podem ser negativas. Também se pode considerar a obtenção de sorologias virais ou estudos de reação em cadeia da polimerase adicionais para vírus Epstein-Barr (EBV), citomegalovírus (CMV), varicela-zóster e adenovírus, visto que esses micro-organismos podem estar associados à insuficiência hepática aguda (IHA).

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podem ser positivos mesmo quando a sorologia for negativa

ceruloplasmina sérica

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Provavelmente baixa em IHA secundária a doença de Wilson; no entanto, trata-se de um achado inespecífico. Se houver suspeita de doença de Wilson, a investigação adicional deve incluir uma avaliação da proporção de fosfatase alcalina:bilirrubina total <4, proporção de aspartato aminotransferase:alanina aminotransferase >2.2, níveis séricos de cobre, coleta de urina de 24 horas para medição quantitativa do cobre e exame oftalmológico com lâmpada de fenda para avaliação da presença de anéis de Kayser-Fleischer, e também devem-se mensurar os níveis hepáticos de cobre se for realizada biópsia hepática.[43][73]​​​​​​

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baixa (<50 mg/L [<5 mg/dL]) em casos de doença de Wilson

cobre sérico

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Se houver suspeita de doença de Wilson, a investigação adicional deve incluir uma avaliação da proporção de fosfatase alcalina:bilirrubina total <4, proporção de aspartato aminotransferase:alanina aminotransferase >2.2, ceruloplasmina, coleta de urina de 24 horas para medição quantitativa do cobre e exame oftalmológico com lâmpada de fenda para avaliação da presença de anéis de Kayser-Fleischer, e também devem-se mensurar os níveis hepáticos de cobre se for realizada biópsia hepática.[43][73]​​​ Na IHA secundária à doença de Wilson, o cobre sérico está acentuadamente elevado (geralmente >31 micromoles/L [>200 microgramas/dL]) devido à necrose hepática maciça súbita causada pela liberação de cobre dos hepatócitos rompidos. Isto é normalmente muito mais alto que na IHA devida a outras etiologias.[43]

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elevado (>31 micromoles/L [>200 microgramas/dL]) na IHA em decorrência de doença de Wilson

excreção urinária de cobre durante 24 horas

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Geralmente muito elevada no contexto da IHA secundária a doença de Wilson, com níveis >125 microgramas em 24 horas. Se houver suspeita de doença de Wilson, a investigação adicional deve incluir uma avaliação da proporção de fosfatase alcalina:bilirrubina total <4, proporção de aspartato aminotransferase:alanina aminotransferase >2.2, ceruloplasmina, nível sérico de cobre e exame oftalmológico com lâmpada de fenda para avaliação da presença de anéis de Kayser-Fleischer, e também devem-se mensurar os níveis hepáticos de cobre se for realizada biópsia hepática.[43][73]​​​​​

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elevada (>100 microgramas/24 horas) em casos de doença de Wilson

exame oftalmológico com lâmpada de fenda

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Caso haja suspeita de doença de Wilson, pode-se realizar o exame da lâmpada de fenda para avaliar a presença de anéis de Kayser-Fleischer. No entanto, esse achado pode estar ausente em 50% dos pacientes com doença de Wilson. A investigação adicional pode incluir uma avaliação da proporção de fosfatase alcalina:bilirrubina total <4, proporção de aspartato aminotransferase:alanina aminotransferase >2.2, ceruloplasmina, níveis séricos de cobre, coleta de urina de 24 horas para medição quantitativa do cobre e também níveis hepáticos de cobre se for realizada biópsia hepática.[43][73]​​​​​

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positivo (com a presença de anéis de Kayser-Fleischer) em casos de doença de Wilson

amônia arterial

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Caracteristicamente elevada na presença de encefalopatia hepática. Pode ser útil para diferenciar a doença de outras causas de estado mental alterado; no entanto, trata-se de um teste inespecífico. Níveis elevados de amônia >200 micromoles/L são mais específicos e podem indicar um aumento do risco de desenvolver hipertensão intracraniana.[77]

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elevado

teste de HIV

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O risco de IHA aumenta em pacientes com coinfecção por HIV e hepatite C.

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pode ser positiva

urinálise e sódio urinário

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Devem ser obtidos se houver disfunção renal. As etiologias da insuficiência renal na IHA podem incluir hipovolemia, necrose tubular aguda e síndrome hepatorrenal.

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proteinúria, sedimento, baixos níveis de sódio urinário (<10 mEq/L)

culturas de vigilância

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Devem ser obtidas culturas de sangue, urina e escarro em intervalos regulares se a encefalopatia progredir para um grau avançado.

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pode ser positiva

teste de Coombs

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Na presença de hemólise, o teste de Coombs pode estabelecer a diferenciação entre doença de Wilson, que é associada a hemólise Coombs negativa, e hemólise autoimune, que é geralmente Coombs positiva.[43]

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positivos ou negativos

biomarcadores

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Testes para biomarcadores do consumo de bebidas alcoólicas - etilglicuronídeo urinário ou fosfatidiletanol sérico - podem ser úteis para descartar doença hepática relacionada ao álcool.[4]

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elevado na doença hepática relacionada ao álcool

biópsia hepática

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A abordagem transjugular é preferível, por causa do possível risco de sangramento associado à coagulopatia durante IHA.[4]​ Além de realizar uma avaliação histopatológica geral, deve-se atentar para uma avaliação da presença de inclusões virais que possam sugerir hepatite aguda por herpes simples, nos níveis hepáticos de cobre se houver suspeita de doença de Wilson, e para características sugestivas de hepatite autoimune. Raramente são realizadas biópsias hepáticas no cenário de IHA, pois elas não são necessárias para confirmar o diagnóstico e, geralmente, não têm impacto sobre o manejo clínico ou o prognóstico. No entanto, se houver suspeita de lesão hepática induzida por medicamentos, a biópsia hepática pode ajudar a identificar a substância hepatotóxica, com base nos padrões histológicos, ou determinar o mecanismo da lesão e pode, também, fornecer informações prognósticas úteis.[30]​ A biópsia pode ser considerada para descartar neoplasia maligna ou doença infiltrante, ou para diagnosticar hepatite autoimune.[4]

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necrose hepatocelular, esteatose microvesicular, inclusões virais, cobre hepático elevado

tomografia computadorizada (TC) craniana

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Deve ter considerada em casos de encefalopatia hepática graus 3 a 4 para avaliar a presença de edema cerebral ou outra patologia subjacente.

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edema cerebral, hemorragia

Colangiografia por TC/RM

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A colangiografia por TC e RM pode ser útil em casos de suspeita de lesão hepática induzida por medicamento para avaliar se há presença de anormalidades vasculares ou doença pancreatobiliar.[30][78]

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normal ou evidência de doença pancreatobiliar concomitante; alterações similares à colangite esclerosante foram descritas na minoria dos pacientes com lesão hepática induzida por medicamento

Doppler transcraniano

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Um Doppler transcraniano, com estimativa de pressão de perfusão cerebral e pressão intracraniana (PIC), pode ser considerado em pacientes com encefalopatia hepática de grau 3 a 4 que apresentam risco de hipertensão intracraniana ou para aqueles nos quais o desenvolvimento de edema cerebral é esperado.[57]

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PIC estimada >20 mmHg pode indicar hipertensão intracraniana

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