Abordagem
Os pacientes com fenilcetonúria (PKU) devem ser tratados com cuidado para evitar as consequências do transtorno não tratado e as deficiências nutricionais, que podem estar associadas ao controle alimentar inadequado. O ideal seria que o tratamento fosse realizado por uma equipe multidisciplinar, incluindo um especialista metabólico, um nutricionista metabólico com treinamento especial e um assistente social. O tratamento deve continuar pela vida inteira.
Tratamento alimentar
A base do tratamento para PKU é a terapia alimentar que envolve a restrição da ingestão de proteínas alimentares e de fenilalanina, e a suplementação de todos os outros aminoácidos na forma de fórmulas especiais ou outros produtos alimentares.[1] Na primeira infância, isso é feito fornecendo ao bebê uma fórmula especial sem fenilalanina, complementada com leite materno ou com uma fórmula infantil padrão para satisfazer o requisito diário de fenilalanina. A fórmula sem fenilalanina está prontamente disponível com prescrição médica, e só costuma ser prescrita por médicos especializados em metabolismo.
As crianças mais velhas continuam tomando um produto especial sem fenilalanina para satisfazer os requisitos proteicos e calóricos, mas satisfazem o requisito diário prescrito de limitação da fenilalanina nos alimentos, incluindo alimentos com baixo teor de proteína, frutas e vegetais.
Todas as carnes, produtos lácteos, arroz, massa e alimentos assados comerciais são restritos na dieta dos pacientes com fenilcetonúria (PKU) clássica. Os pacientes com formas mais leves do transtorno precisam de uma dieta menos restritiva. As dietas dos pacientes com PKU devem ser monitoradas com cuidado pela avaliação dos diários alimentares, pelas medições dos parâmetros de crescimento e por exames laboratoriais, quando indicados, para garantir que os pacientes recebam a quantidade adequada de calorias, proteínas e oligoelementos.[1][11] Suplementos como cálcio ou multivitamínicos podem ser necessários em alguns casos.
Terapia com tetraidrobiopterina
Entre 20% e 50% de todos os pacientes com PKU respondem ao tratamento com BH4 com uma redução significativa no nível de fenilalanina no sangue.[5] Devido ao melhor controle de fenilalanina no sangue, o tratamento com BH4 pode causar uma melhora no desfecho neurocognitivo. Em pacientes bem controlados que começaram a tomar BH4, a liberação da dieta costuma ser possível.
Alguns pacientes com formas leves de PKU podem ser totalmente controlados apenas com a terapia de BH4, sem a necessidade de qualquer restrição alimentar de proteína ou de fenilalanina.[5] Desde o final de 2007, uma forma aprovada de BH4, a sapropterina, tem sido disponibilizada. A BH4 serve como um cofator na reação da fenilalanina hidroxilase; ela age ativando a enzima residual presente nos pacientes com PKU para aumentar a conversão de fenilalanina em tirosina. Nem todos os pacientes têm resposta clínica, pois alguns não têm enzima residual presente para ativar.
Em pacientes com fenilalanina no sangue basal perto da faixa normal, talvez seja necessário avaliar a responsividade adicionando mais fenilalanina à dieta em incrementos controlados e avaliando a tolerância à fenilalanina. Os pacientes devem continuar a receber terapia até conseguirem estabilizar o nível de fenilalanina no sangue e a dieta. Nesse momento, a dose pode ser diminuída para determinar se a eficácia terapêutica foi preservada. Os efeitos adversos associados à terapia com BH4 geralmente têm sido leves e autolimitados.[4]
Pegvaliase
A pegvaliase (fenilalanina amônia-liase peguilada injetável) é uma enzima presente em plantas e bactérias, mas não em humanos ou outros mamíferos. Ela converte a fenilalanina em amônia e ácido transcinâmico, que são excretados com facilidade. Ela foi desenvolvida como terapia de substituição enzimática para pacientes com fenilcetonúria (PKU) para fornecer um mecanismo alternativo para o metabolismo da fenilalanina.[12]
A pegvaliase é indicada para pacientes adultos e adolescentes e permite que muitos indivíduos tratados alcancem níveis de fenilalanina no sangue normais ou quase normais, mesmo com uma dieta não restritiva. A pegvaliase é indicada para reduzir os níveis de fenilalanina no sangue em pacientes com níveis não controlados de fenilalanina no sangue >600 micromoles/L (10 mg/dL) com o tratamento vigente. Ela está aprovada nos EUA para uso em adultos e em adolescentes ≥16 anos de idade, e em adultos na Europa.
Reações de hipersensibilidade ocorrem com frequência, provavelmente por causa da produção de anticorpos contra o produto. Por causa do grande risco de anafilaxia, o rótulo inclui um aviso, e o produto está disponível somente por meio de um programa rígido com estratégias de avaliação e mitigação dos riscos, o que inclui certificação e treinamento dos prescritores, certificação das farmácias e certificação e educação dos pacientes. Considere a pré-medicação com um anti-histamínico e/ou antipirético para eventuais reações de hipersensibilidade. Administre a primeira dose sob supervisão médica e observe o paciente por 60 minutos após a injeção. A adrenalina autoinjetável deve ser prescrita e estar disponível a todo momento para os pacientes que tomam pegvaliase.[13]
Aminoácidos neutros grandes (AANG)
Os AANG compartilham um transportador comum com a fenilalanina no nível da barreira hematoencefálica. Sugere-se que o tratamento com AANG pode reduzir os níveis de fenilalanina no cérebro e melhorar os sintomas em pacientes com PKU, sem alterar os níveis de fenilalanina no sangue.[14] Uma mistura diferente de AANG pode competir com a fenilalanina para a absorção no nível intestinal, o que causa uma redução no nível de fenilalanina no sangue.[15]
Dados adicionais são necessários para abordar a eficácia e a segurança desses produtos. Parece prudente restringir seu uso aos pacientes adolescentes e adultos cujo transtorno não puder ser devidamente controlado por terapia alimentar ou com tetraidrobiopterina.
O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal