Monitoramento

Os pacientes devem ser encaminhados a um nutricionista no momento do diagnóstico e, daí em diante, fazer avaliações anuais para orientar e monitorar sua adesão à dieta sem glúten. Após o início da dieta sem glúten, pode haver discordância entre a normalização da imunoglobulina A-transglutaminase tecidual (IgA-tTG) e a cicatrização da mucosa.[142] O tempo de recuperação completa da mucosa pode variar; menos da metade dos pacientes com doença celíaca apresentam normalização da histologia duodenal após 1 ano sob dieta sem glúten, sendo que, em comparação com as crianças, os adultos têm menos probabilidade de obter a cicatrização da mucosa.[184] Os sintomas são preditores fracos de inflamação ou recuperação da mucosa.[185]

Caso o paciente esteja em remissão clínica e sorológica após 1 ano de dieta sem glúten, pode ser considerado um intervalo de acompanhamento anual nos seguintes 2 anos e, daí em diante, a cada 2 anos.[34]​ A European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition recomendou acompanhamento regular em crianças com diagnóstico estabelecido de doença celíaca, com o primeiro acompanhamento agendado 3-6 meses após o diagnóstico e consultas subsequentes a cada 6 meses até a normalização dos níveis de tTG e a cada 12-24 meses a partir de então.[186]

Os pacientes devem receber a prescrição de suplementação oral para tratar quaisquer deficiências nutricionais presentes no momento do diagnóstico e ser monitorizados até que as deficiências se resolvam. A maioria das deficiências nutricionais melhora com uma dieta sem glúten, mas algumas demoram mais para resolver (como ferro, zinco).[187][188]​ Podem aparecer novas deficiências nutricionais com a dieta sem glúten, como a deficiência de vitamina B6.[187]

​Normalmente, os títulos de IgA-tTG são verificados pelo menos três vezes no primeiro ano após o diagnóstico (3 meses, 6 meses e 12 meses) e, em seguida, anualmente como indicação de adesão à dieta.[34][143]​ Na maioria dos pacientes, o título de IgA-tTG deve se normalizar dentro de 6-9 meses, mas pode levar mais de 3 anos em alguns pacientes (por exemplo, crianças com atrofia grave da mucosa, diabetes do tipo 1 e títulos muito altos no momento do diagnóstico).[189][190][191]​ Não é necessária nenhuma ação imediata se o título de IgA-tTG estiver diminuindo, se o paciente estiver assintomático e se as deficiências nutricionais forem resolvidas.

A repetição da endoscopia pode ser oferecida como parte de um processo de tomada de decisão compartilhada com o paciente 2 anos após o diagnóstico, para identificar exposições ao glúten, mesmo diante de um IgA-tTG normalizado, e para estratificar o risco de complicações, pois o risco de câncer e doença óssea está principalmente ligado a atrofia vilositária persistente.[73][142][192]

A densidade mineral óssea pode ser avaliada em adultos no momento do diagnóstico, ou após seguir uma dieta sem glúten por 1 ano.[34][179]​​​[180][193][194]

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