Etiologia

Grande parte da etiologia é desconhecida. Propõe-se, a partir da observação clínica, modelos de doenças e estudos experimentais, que a dermatomiosite pode resultar da interação entre a suscetibilidade genética e fatores ambientais.[14]

  • Genético e imunológico: parece haver uma relação entre certos subtipos de antígeno leucocitário humano (HLA) e o aumento do risco de evoluir para dermatomiosite. Além disso, existe uma forte associação entre o genótipo de HLA e os anticorpos específicos associados à miosite.[9][15]

  • Ambiental: as tentativas de identificar desencadeadores ambientais encontraram apenas associações fracas. A evidência mais forte existe para a função da intensidade da radiação ultravioleta no desenvolvimento da dermatomiosite associada aos anticorpos anti-Mi2.[16]

  • Infecção: embora tenha sido mostrado que numerosos agentes virais e bacterianos causem diretamente a miosite localizada, a associação entre agentes infecciosos e o desenvolvimento da doença é menos clara. Existem alguns relatos de dermatomiosite/polimiosite se desenvolvendo em pacientes com anticorpos contra Borrelia burgdorferi e Toxoplasmosis gondii.[17][18] Outros estudos descrevem achados de anticorpos virais, partículas virais e ácidos nucleicos virais em pacientes com miopatias inflamatórias.[19][20][21][22][23][24] Apesar disso, a evidência definitiva de uma etiologia infecciosa ainda está para ser encontrada.

  • Induzida por medicamento: sabe-se que muitos medicamentos e toxinas causam miopatia. Os medicamentos implicados em causar a dermatomiosite incluem D-penicilamina, hidroxiureia, estatinas, fenilbutazona e terbinafina.[25][26][27][28][29][30][31][32][33]

Fisiopatologia

A dermatomiosite é amplamente aceita como sendo de origem autoimune. Fatores que apoiam essa hipótese incluem:

  • A presença de autoanticorpos

  • Associação a outros distúrbios autoimunes

  • Evidência de lesão muscular mediada pelas células T

  • Dano vascular mediado pelo complemento

  • Resposta à imunossupressão.

Embora os autoanticorpos sejam encontrados na maioria dos pacientes, a maioria não é específica da miosite e sua função na patogênese é incerta.[3][9]

Muitos fatores da patogênese não estão claros, mas é postulado que a dermatomiosite é predominantemente mediada humoralmente e que o endotélio dos capilares endomisiais é o alvo antigênico primário.[3]

O dano vascular mediado pelo complemento ocorre, mas não se sabe se isso é decorrente da ativação do complemento C3 ou do depósito de proteínas do complemento e outros imunocomplexos.[34][35] Isso resulta em dano da célula endotelial, necrose capilar, inflamação perivascular, isquemia e destruição das fibras musculares.[36][37] A ativação do complemento também causa a produção de citocinas e quimiocinas, que facilitam o movimento das células T ativadas nos espaços perimisial e endomisial. As características fundamentais da biópsia muscular são atrofia perifascicular, perda capilar e um infiltrado de células B e células T CD4 positivas, em consonância com um processo humoralmente mediado.[38]

A alfainterferona (IFN) e a betainterferona podem também ter uma função na patogênese. Vários genes conhecidos por serem regulados pela IFN-alfa e IFN-beta são suprarregulados nos capilares e nas fibras musculares perifasciculares.[39]

Estudos focados nas biópsias de pele da dermatomiosite adulta e juvenil dão suporte à função da vasculopatia nas lesões cutâneas, como foi demonstrado no músculo.[40]

Classificação

Classificação da dermatomiosite baseada no envolvimento cutâneo e/ou muscular na apresentação[2]

1. Dermatomiosite clássica (DMC): manifestações características da dermatomiosite cutânea, fraqueza muscular proximal e evidência laboratorial de miosite.

  • DMC de início adulto

  • DMC de início juvenil.

2. Dermatomiosite clinicamente amiopática (DMCA): doença cutânea presente e ausência de fraqueza muscular clínica no momento do diagnóstico. Os pacientes amiopáticos requerem acompanhamento contínuo para o rastreamento do desenvolvimento de doença muscular.

  • Dermatomiosite amiopática (DMA): lesões cutâneas típicas da dermatomiosite confirmadas por biópsia (por ≥6 meses), mas sem fraqueza muscular clínica ou laboratorial, sem evidência radiológica ou histopatológica da miosite.

  • Dermatomiosite hipomiopática (DMH): lesões cutâneas típicas da dermatomiosite e confirmadas por biópsia (por ≥6 meses) e ausência de fraqueza muscular, mas enzimas musculares elevadas (ou normais) e evidência eletrofisiológica, radiológica ou histopatológica de miosite.

3. Dermatomiosite pré-miopática: lesões cutâneas características da dermatomiosite presentes por <6 meses, sem evidência de fraqueza muscular.

4. Dermatomiosite não dermatopática: padrão típico de fraqueza muscular com histologia típica na biópsia muscular, mas sem envolvimento cutâneo.[3]

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