Prognóstico
As síndromes causadas por Leishmania são diversas em aparência e desfecho. A leishmaniose cutânea (LC), além das espécies associadas à leishmaniose mucosa, tende a afetar a qualidade de vida e geralmente não apresenta risco de vida. No entanto, a importância do estigma e da morbidade relacionados às lesões persistentes crônicas e cicatrizes permanentes não deve ser subestimada. Alguns pacientes com parasitas da espécie Viannia desenvolvem leishmaniose mucosa. A doença resultante pode produzir mutilação significativa e os pacientes podem morrer de pneumonia por aspiração ou obstrução das vias aéreas. A maioria das infecções por leishmaniose visceral (LV) permanece latente, mas a infecção que se torna sintomática é tipicamente fatal sem tratamento. O objetivo primário da terapia é diminuir ou prevenir a mortalidade, embora os tratamentos em si não sejam isentos de riscos. O óbito pode ocorrer durante o tratamento da LC e da LV, em decorrência de complicações da doença (por exemplo, superinfecção bacteriana), ou pode ocorrer relacionado ao medicamento (por exemplo, parada cardíaca com compostos antimoniais). A mortalidade é baixa entre os pacientes com LV tratados com anfotericina B lipossomal e miltefosina.[194] A mortalidade com compostos de antimônio pentavalente é maior em pacientes acima de 45 anos, nos seriamente desnutridos e naqueles com sinais de doença antiga ou coinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).[195][196] A mortalidade com anfotericina B desoxicolato parece ser similar à de compostos de antimônio pentavalente, tanto em pacientes imunocompetentes quanto nos coinfectados pelo HIV.[174][197] Em geral, a morte é mais provável entre pacientes imunossuprimidos, mesmo com o tratamento apropriado.
Cura clínica
A cura inicial no final do tratamento é avaliada clinicamente (achatamento das lesões cutâneas ou cicatrização das úlceras na LC; desaparecimento da febre, melhora das afecções gerais, redução do tamanho do baço na LV) e por meio de exames laboratoriais na LV (melhora da anemia, normalização dos marcadores de inflamação). A cura clínica definitiva em pacientes imunocompetentes é declarada 6 meses após a cura inicial, se o exame clínico e os exames laboratoriais estiverem normais. Métodos parasitológicos para avaliar a cura não costumam ser úteis, pois a cura parasitológica não ocorre em muitos casos; no entanto, esses métodos podem ser usados para avaliar a recidiva. Pacientes imunossuprimidos têm maior risco de não obter resposta que os imunocompetentes, independentemente do medicamento antileishmaniose administrado.
Recidiva
Recidivas são incomuns com o tratamento adequado em hospedeiros imunocompetentes. Por outro lado, a recidiva dentro de 3 a 6 meses após a terapia inicial ocorre na maior parte dos pacientes coinfectados por HIV que, em geral, apresentam múltiplas recidivas subsequentes. Os fatores de risco para recidiva na coinfecção por HIV-LV são: ausência de aumento das células CD4+ no acompanhamento; ausência de profilaxia secundária; história pregressa de recidiva de LV; e contagem de células CD4+ <100 células/mL no momento do diagnóstico de LV primária.[198] A recidiva também é comum em outros pacientes imunossuprimidos, como receptores de transplante de órgão sólido.
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