De acordo com o Global Burden of Disease Study de 2019, estima-se que entre 498,000 e 862,000 novos casos de todas as formas de leishmaniose ocorram anualmente, resultando em até 18,700 mortes e até 1.6 milhão de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade.[14]Global Health Data Exchange. Global burden of disease study 2019 (GBD 2019) data resources [internet publication].
https://ghdx.healthdata.org/gbd-2019
As leishmanioses são endêmicas em mais de 90 países nas regiões tropicais, neotropicais e no sul da Europa. Estima-se que 0.7 a 1 milhão de casos sejam diagnosticados a cada ano.[15]World Health Organization. Fact sheet: leishmaniasis. Mar 2020 [internet publication].
https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/leishmaniasis
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 1 bilhão de pessoas que moram em áreas endêmicas correm risco de infecção.[16]World Health Organization. Leishmaniasis in high-burden countries: an epidemiological update based on data reported in 2014. Wkly Epidemiol Rec.2016:91:287-96.
https://www.who.int/publications/i/item/who-wer9122
A leishmaniose cutânea (LC) é a síndrome de leishmaniose mais comum em todo o mundo. Cerca de 85% dos casos globais de LC ocorrem no Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, República Islâmica do Irã, Iraque, Paquistão, Peru e República Árabe da Síria.[17]World Health Organization. Global leishmaniasis surveillance: 2021, assessing the impact of the COVID-19 pandemic. Nov 2022 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/who-wer9745-575-590
Foi relatada uma incidência de 18.4 casos por 100,000 habitantes nas áreas de transmissão das Américas em 2020.[18]Pan American Health Organization. Leishmaniasis: epidemiological report of the Americas, No. 10 (December 2021). Dec 2021 [internet publication].
https://iris.paho.org/handle/10665.2/55368
O número global de casos vem aumentando em virtude da adaptação dos ciclos de transmissão para ambientes peridomésticos, da disseminação para áreas anteriormente não endêmicas em decorrência da urbanização e do desmatamento, de programas limitados ou inexistentes de controle dos vetores ou de seus reservatórios, da otimização do diagnóstico e da notificação de casos, do aumento da detecção da leishmaniose associada a infecções oportunistas (por exemplo, vírus da imunodeficiência humana/síndrome de imunodeficiência adquirida [HIV/AIDS]) e do desenvolvimento de resistência a medicamentos antileishmaniose.[19]Alvar J, Aparicio P, Aseffa A, et al. The relationship between leishmaniasis and AIDS: the second 10 years. Clin Microbiol Rev. 2008 Apr;21(2):334-59.
https://journals.asm.org/doi/10.1128/CMR.00061-07?url_ver=Z39.88-2003
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18400800?tool=bestpractice.com
[20]Croft SL, Sundar S, Fairlamb AH. Drug resistance in leishmaniasis. Clin Microbiol Rev. 2006 Jan;19(1):111-26.
http://cmr.asm.org/content/19/1/111.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16418526?tool=bestpractice.com
Em países desenvolvidos, também foi relatado um maior número de casos de leishmaniose cutânea (LC), provavelmente em razão do aumento do número de viagens, seja por trabalho, turismo ou serviço militar, para regiões onde a leishmaniose cutânea (LC) é endêmica.[21]Wright NA, Davis LE, Aftergut KS, et al. Cutaneous leishmaniasis in Texas: A northern spread of endemic areas. J Am Acad Dermatol. 2008 Apr;58(4):650-2.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18249464?tool=bestpractice.com
[22]Blum J, Desjeux P, Schwartz E, et al. Treatment of cutaneous leishmaniasis among travellers. J Antimicrob Chemother. 2004 Feb;53(2):158-66.
https://academic.oup.com/jac/article/53/2/158/850588
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14729756?tool=bestpractice.com
[23]Lawn SD, Whetham J, Chiodini PL, et al. New world mucosal and cutaneous leishmaniasis: an emerging health problem among British travellers. QJM. 2004 Dec;97(12):781-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15569809?tool=bestpractice.com
[24]Weina PJ, Neafie RC, Wortmann G, et al. Old world leishmaniasis: an emerging infection among deployed US military and civilian workers. Clin Infect Dis. 2004 Dec 1;39(11):1674-80.
https://academic.oup.com/cid/article/39/11/1674/465860
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15578370?tool=bestpractice.com
Além disso, a incidência nas Américas diminuiu 2% em 2020 em comparação com o ano anterior; El Salvador, Colômbia, Guiana e México relataram reduções, enquanto Guatemala, Peru, Costa Rica e Paraguai relataram um aumento nos casos.[18]Pan American Health Organization. Leishmaniasis: epidemiological report of the Americas, No. 10 (December 2021). Dec 2021 [internet publication].
https://iris.paho.org/handle/10665.2/55368
[25]Pan American Health Organization. Leishmaniases. Epidemiological report of the Americas, December 2020. Dec 2020 [internet publication].
https://iris.paho.org/handle/10665.2/53090
Grandes surtos (isto é, >200,000 casos) de leishmaniose cutânea (LC) foram associados a períodos sustentados de conflitos e consequentes colapsos dos serviços de saúde (por exemplo, no Afeganistão e na Síria).[26]Alvar J, Vélez ID, Bern C, et al; WHO Leishmaniasis Control Team. Leishmaniasis worldwide and global estimates of its incidence. PLoS One. 2012;7(5):e35671.
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0035671
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22693548?tool=bestpractice.com
A leishmaniose visceral (LV) é a forma mais grave da doença, e é fatal em mais de 95% dos casos se não tratada. Estima-se que ocorram de 50,000 a 90,000 novos casos de LV no mundo a cada ano.[15]World Health Organization. Fact sheet: leishmaniasis. Mar 2020 [internet publication].
https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/leishmaniasis
Cerca de 97% dos casos de LV são relatados no Brasil, Etiópia, Eritreia, Quênia, Índia, Nepal, Somália, Sudão do Sul, Uganda e Iêmen.[17]World Health Organization. Global leishmaniasis surveillance: 2021, assessing the impact of the COVID-19 pandemic. Nov 2022 [internet publication].
https://www.who.int/publications/i/item/who-wer9745-575-590
Foi notificado um surto no Quênia no início de 2017.[27]World Health Organization. WHO responds to visceral leishmaniasis outbreak inKenya. Jun 2017 [internet publication].
https://www.who.int/news/item/23-06-2017-who-responds-to-visceral-leishmaniasis-outbreak-in-kenya
Nesses países, a LV afeta principalmente as pessoas pobres nas áreas rurais. Vários relatos registraram a expansão da LV para áreas urbanas (por exemplo, no Brasil).[28]Alvar J, Yactayo S, Bern C. Leishmaniasis and poverty. Trends Parasitol. 2006 Dec;22(12):552-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17023215?tool=bestpractice.com
Nos países desenvolvidos, a LV sintomática é uma doença rara, mas pode ser encontrada em militares que retornaram do Iraque ou Afeganistão, bem como em imigrantes ou visitantes oriundos de áreas endêmicas.[29]Myles O, Wortmann GW, Cummings JF, et al. Visceral leishmaniasis: clinical observations in 4 US army soldiers deployed to Afghanistan or Iraq, 2002-2004. Arch Intern Med. 2007 Sep 24;167(17):1899-901.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17893312?tool=bestpractice.com
[30]Wortmann G, Miller RS, Oster C, et al. A randomized, double-blind study of the efficacy of a 10- or 20-day course of sodium stibogluconate for treatment of cutaneous leishmaniasis in United States military personnel. Clin Infect Dis. 2002 Aug 1;35(3):261-7.
http://cid.oxfordjournals.org/content/35/3/261.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12115091?tool=bestpractice.com
[31]Stahlman S, Williams VF, Taubman SB. Incident diagnoses of leishmaniasis, active and reserve components, U.S. Armed Forces, 2001-2016. MSMR. 2017 Feb;24(2):2-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28234494?tool=bestpractice.com
No entanto, a vigilância da infecção assintomática por Leishmania infantum (sinônimo: Leishmania chagasi) entre os membros do serviço militar dos EUA no Iraque identificou uma taxa de infecção de 19.5%.[32]Mody RM, Lakhal-Naouar I, Sherwood JE, et al. Asymptomatic visceral Leishmania infantum infection in US soldiers deployed to Iraq. Clin Infect Dis. 2019 May 30;68(12):2036-44.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6769235
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30239631?tool=bestpractice.com
Cães de caça foram diagnosticados com infecção por L infantum (sinônimo: L chagasi) no leste dos EUA, mas a transmissão autóctone para seres humanos ainda não foi descrita.[33]Duprey ZH, Steurer FJ, Rooney JA, et al. Canine visceral leishmaniasis, United States and Canada, 2000-2003. Emerg Infect Dis. 2006 Mar;12(3):440-6.
http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/12/3/05-0811_article.htm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16704782?tool=bestpractice.com
WHO: leishmaniasis country profile
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