Epidemiologia

De acordo com o Global Burden of Disease Study de 2019, estima-se que entre 498,000 e 862,000 novos casos de todas as formas de leishmaniose ocorram anualmente, resultando em até 18,700 mortes e até 1.6 milhão de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade.[14]

As leishmanioses são endêmicas em mais de 90 países nas regiões tropicais, neotropicais e no sul da Europa. Estima-se que 0.7 a 1 milhão de casos sejam diagnosticados a cada ano.[15] De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 1 bilhão de pessoas que moram em áreas endêmicas correm risco de infecção.[16]

A leishmaniose cutânea (LC) é a síndrome de leishmaniose mais comum em todo o mundo. Cerca de 85% dos casos globais de LC ocorrem no Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, República Islâmica do Irã, Iraque, Paquistão, Peru e República Árabe da Síria.​[17]​ Foi relatada uma incidência de 18.4 casos por 100,000 habitantes nas áreas de transmissão das Américas em 2020.[18] O número global de casos vem aumentando em virtude da adaptação dos ciclos de transmissão para ambientes peridomésticos, da disseminação para áreas anteriormente não endêmicas em decorrência da urbanização e do desmatamento, de programas limitados ou inexistentes de controle dos vetores ou de seus reservatórios, da otimização do diagnóstico e da notificação de casos, do aumento da detecção da leishmaniose associada a infecções oportunistas (por exemplo, vírus da imunodeficiência humana/síndrome de imunodeficiência adquirida [HIV/AIDS]) e do desenvolvimento de resistência a medicamentos antileishmaniose.[19][20]​ Em países desenvolvidos, também foi relatado um maior número de casos de leishmaniose cutânea (LC), provavelmente em razão do aumento do número de viagens, seja por trabalho, turismo ou serviço militar, para regiões onde a leishmaniose cutânea (LC) é endêmica.[21][22][23][24]​ Além disso, a incidência nas Américas diminuiu 2% em 2020 em comparação com o ano anterior; El Salvador, Colômbia, Guiana e México relataram reduções, enquanto Guatemala, Peru, Costa Rica e Paraguai relataram um aumento nos casos.[18][25]​ Grandes surtos (isto é, >200,000 casos) de leishmaniose cutânea (LC) foram associados a períodos sustentados de conflitos e consequentes colapsos dos serviços de saúde (por exemplo, no Afeganistão e na Síria).[26]

A leishmaniose visceral (LV) é a forma mais grave da doença, e é fatal em mais de 95% dos casos se não tratada. Estima-se que ocorram de 50,000 a 90,000 novos casos de LV no mundo a cada ano.[15] Cerca de 97% dos casos de LV são relatados no Brasil, Etiópia, Eritreia, Quênia, Índia, Nepal, Somália, Sudão do Sul, Uganda e Iêmen.[17]​ Foi notificado um surto no Quênia no início de 2017.[27] Nesses países, a LV afeta principalmente as pessoas pobres nas áreas rurais. Vários relatos registraram a expansão da LV para áreas urbanas (por exemplo, no Brasil).[28] Nos países desenvolvidos, a LV sintomática é uma doença rara, mas pode ser encontrada em militares que retornaram do Iraque ou Afeganistão, bem como em imigrantes ou visitantes oriundos de áreas endêmicas.[29][30][31]​ No entanto, a vigilância da infecção assintomática por Leishmania infantum (sinônimo: Leishmania chagasi) entre os membros do serviço militar dos EUA no Iraque identificou uma taxa de infecção de 19.5%.[32] Cães de caça foram diagnosticados com infecção por L infantum (sinônimo: L chagasi) no leste dos EUA, mas a transmissão autóctone para seres humanos ainda não foi descrita.[33]

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