Caso clínico
Caso clínico #1
Uma estudante universitária dos EUA de 20 anos retornou recentemente de uma sessão de treinamento de 2 meses em uma estação de diversidade numa floresta amazônica no Peru. Ela relata uma história de 2 meses de feridas abertas indolores na perna. Outros estudantes de seu grupo têm achados cutâneos semelhantes. Ela também relata o uso intermitente de medidas de proteção individual e ter dormido em casas ao ar livre com exposição noturna a picadas de insetos. O exame físico revela duas ulcerações cutâneas insensíveis à palpação de 3 x 3 cm, com bordas endurecidas na perna esquerda e um linfonodo femoral aumentado. Não foram relatados outros sintomas.
Caso clínico #2
Um garoto de 8 anos, da província de Bihar, na Índia, relatou uma história de 3 meses de febre intermitente, perda de peso, fadiga, epistaxe e distensão abdominal. O exame clínico revelou palidez, emaciação e um baço grosseiramente aumentado.
Outras apresentações
A leishmaniose cutânea (LC) localizada tende a afetar as áreas da pele facilmente expostas a picadas do flebotomíneos (isto é, rosto, braços e membros inferiores). Ocasionalmente são relatadas lesões em áreas atípicas (por exemplo, órgãos sexuais).[9] Uma manifestação auricular da leishmaniose cutânea é uma lesão ulcerativa única, geralmente envolvendo a pina (conhecido como úlcera "chiclero" no sudeste do México e na América Latina quando causada por Leishmania mexicana).[10] As lesões podem se desenvolver em locais distantes da picada de flebotomíneo, como locais de trauma menor (por exemplo, ferrão de abelha, nova tatuagem, incisão cirúrgica), ou podem ser disseminadas em hospedeiros imunocomprometidos.[11] As lesões na pele são crônicas, geralmente indolores, e podem ter várias aparências, mas a induração cutânea está presente. Pode haver lesões múltiplas ou únicas. Pequenos nódulos subcutâneos podem ser palpados (linfangite nodular), geralmente em padrão esporotricoide, e pode haver linfadenopatia regional em alguns casos.
A leishmaniose mucosa (também conhecida como espúndia) pode ocorrer simultaneamente à LC ou anos após a cicatrização da lesão na pele. Restringe-se à mucosa (geralmente nasal, orofaríngea ou laríngea), e os pacientes se queixam de congestão nasal, secreção, epistaxe, irritação na garganta ou alterações na voz, o que é mais preocupante. Geralmente, o exame físico revela inflamação do septo nasal anterior (às vezes com perfuração), hipertrofia do tecido do lábio superior e da mucosa ou tecido granulomatoso na faringe/laringe que pode ulcerar. É possível observar uma cicatriz atrófica hipopigmentada, o que indica infecção prévia.[12][13]
A leishmaniose visceral (LV) caracteriza-se por um espectro de quadros clínicos de assintomático a paucissintomático e sintomático (caracterizado por febre, perda de peso, organomegalia, citopenias e hipergamaglobulinemia).
O escurecimento da pele das mãos, pés, testa ou abdome, que levou ao nome kala-azar ("febre negra" em hindi), algumas vezes está presente nos pacientes com LV no sul da Ásia. Linfonodos aumentados são frequentemente observados nos pacientes sudaneses com leishmaniose visceral (LV), mas raramente encontrados em pacientes de outras regiões. Infecções bacterianas concomitantes (por exemplo, pneumonia, diarreia ou tuberculose) podem confundir os quadros clínicos iniciais. Sintomas digestivos (por exemplo, diarreia persistente, disfagia) ou respiratórios podem ser os sintomas manifestos nos pacientes com imunossupressão grave mediada por células.
A leishmaniose dérmica pós-calazar (LDPC) pode ocorrer meses ou anos após o tratamento da leishmaniose visceral (LV).[6] Caracterizada por uma erupção cutânea macular, maculopapular ou nodular, a LDPC é encontrada principalmente em pacientes da África Oriental, particularmente do Sudão e de Bangladesh; com menos frequência, é encontrada em pacientes de outros países endêmicos de Leishmania donovani (isto é, Índia); e, raramente, em pacientes imunossuprimidos infectados com Leishmania infantum (sinônimo: Leishmania chagasi).
WHO: leishmaniasis
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CDC: parasites – leishmaniasis
Opens in new window[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Lesão ulcerativa por Leishmania braziliensis de um estudante que viajou ao PeruDo acervo do Dr. N. Aronson; usado com permissão [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Leishmaniose mucosa em 2 pacientes brasileiros A-D: paciente 1 com tomografia por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada (PET/TC) que mostra aumento e espessamento subcutâneo adjacente à erosão na asa nasal esquerda e obliteração do recesso posterolateral (A e B), imagem em 3D com renderização de volume de dados de TC com múltiplos cortes (TC 3D) e imagem com erosão da asa nasal esquerda (C e D). F-H: paciente 2 com imagens de PET/TC que mostram metabolismo glicolítico preservado de estruturas faciais (E e F), TC 3D com colapso das pirâmides nasais (G) e TC da janela óssea com espessamento difuso das asas nasais e colapso da pirâmide nasal (H)Am J Trop Med Hyg; CC BY-4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/) [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Lesão ulcerativa por Leishmania mexicana, antes e depois do tratamentoDo acervo do Dr. N. Aronson; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hepatoesplenomegalia em um paciente etíope com leishmaniose visceralImagem cortesia da Organização Mundial da Saúde [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Leishmaniose dérmica nodular pós-calazar em paciente etíopeImagem cortesia da Organização Mundial da Saúde [Citation ends].
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