Novos tratamentos

Inibidores da proteína cotransportadora de sódio e glicose 2 (SGTL2)

Os inibidores de SGLT2 bloqueiam a reabsorção de glicose filtrada nos túbulos proximais e induzem a glicosúria e a natriurese. Originalmente, foram desenvolvidos como medicamentos redutores da glicose, mas estudos constataram que reduzem a albuminúria com eficácia e evitam a progressão da doença renal crônica.[71] Em uma análise de subgrupos pré-especificados de 270 pacientes com NIgA, o tratamento com dapagliflozina reduziu consideravelmente a albuminúria e melhorou o desfecho composto primário (redução sustentada na taxa de filtração glomerular estimada ≥50%, doença renal em estágio terminal ou morte por causas renais ou cardiovasculares.[72] Os resultados dos estudos em andamento são altamente esperados.[73] A dapagliflozina foi aprovada nos EUA para reduzir o risco de redução sustentada da TFGe, doença renal em estágio terminal, morte cardiovascular e hospitalização por insuficiência cardíaca em adultos com doença renal crônica com risco de progressão.

Budesonida com revestimento entérico

Considerando que o sistema imunológico da mucosa pode ser uma fonte importante de IgA1 pouco galactosilada na nefropatia por imunoglobulina A, há grande interesse na imunossupressão direcionada com formulação com revestimento entérico de budesonida, que administra a budesonida às placas de Peyer ileocecais, com mínima exposição sistêmica ou efeitos colaterais. Estudos iniciais demonstraram que o tratamento com budesonida com revestimento entérico reduz a proteinúria.[74][75] Em um estudo de fase 2b multicêntrico, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo realizado com pacientes com NIgA, o tratamento com budesonida com revestimento entérico reduziu a proteinúria e estabilizou a taxa de filtração glomerular, em comparação com placebo.[76] Atualmente, há um estudo de fase 3 em andamento. 

Antagonistas do receptor de endotelina

A endotelina 1 é um potente peptídeo vasoativo que contribui para a evolução da doença renal crônica (DRC). Os antagonistas seletivos do receptor de endotelina reduzem a albuminúria e protelam a evolução da DRC nos pacientes com doença renal diabética. Ensaios clínicos de fase 3 em andamento estão avaliando a esparsetana (um antagonista do receptor de endotelina de dupla ação) e a atrasentana (um antagonista do receptor de endotelina seletivo) em pacientes com NIgA.[77][78]

Inibidores do complemento

Há evidências convincentes de que a ativação do complemento tem um papel fundamental na lesão glomerular na NIgA. Há vários estudos em andamento para avaliar novos agentes capazes de inibir de maneira seletiva a ativação do complemento por meio de lectina ligante de manose associada a serina protease 2, C5 e fator B.[79][80][81] A iptacopana, o primeiro inibidor oral do fator B da categoria, reduziu consideravelmente a proteinúria em uma estudo de fase 2 sobre NIgA, e há um ensaio clínico de fase 3 em andamento.[82][83][84] O bloqueio seletivo de C5a é de particular interesse, pois isso pode prevenir a inflamação glomerular e preservar a produção de C5b-9 para combater a infecção. Em um estudo aberto de pequeno porte, o uso de avacopana (um antagonista do receptor de C5a) reduziu a proteinúria em pacientes com NIgA.[85]

Medicamentos direcionados a BAFF e APRIL que afetam as células B

A maturação e a sobrevida das células B dependem da presença de fator de ativação de células B (BAFF) e ligante que induz a proliferação (APRIL). Os níveis séricos de BAFF e APRIL estão elevados em pacientes com distúrbios autoimunes e se correlacionam com os níveis de autoanticorpos, e há novas evidências que apoiam um papel da BAFF e APRIL na nefropatia por IgA. Vários medicamentos diferentes estão sendo avaliados em ensaios clínicos de fase 2 que investigam sinais de APRIL e/ou BAFF na NIgA.[86][87]

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