Disfunção sexual em mulheres
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Algoritmo de tratamento
Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal
transtorno do interesse/excitação sexual (TIES)
terapia psicológica
O uso de cada tratamento psicológico (psicoeducação, terapia cognitivo-comportamental [TCC], terapia sexual, psicoterapia, atenção plena e terapia cognitiva baseada na atenção plena [MBCT]) pode ser útil para a mulher com transtorno do interesse/excitação sexual.
A psicoeducação é oferecida a todas as mulheres que tratam de problemas sexuais.
A psicoeducação que incorpora a atenção plena também foi considerada útil para mulheres com transtorno do interesse/excitação sexual.[123]Brotto LA, Basson R, Luria M. A mindfulness-based group psychoeducational intervention targeting sexual arousal disorder in women. J Sex Med. 2008 Jul;5(7):1646-59. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18507718?tool=bestpractice.com [124]Brotto LA, Basson R. Group mindfulness-based therapy significantly improves sexual desire in women. Behav Res Ther. 2014 Jun;57:43-54. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24814472?tool=bestpractice.com
A terapia cognitiva baseada na atenção plena (MBCT), aliada a outras práticas de atenção plena, identifica pensamentos mal-adaptativos e exagerados, mas em vez de serem alterados, como na TCC, estes são simplesmente considerados "eventos mentais", "o que o cérebro faz", e não necessariamente verdadeiros. A mulher é incentivada a simplesmente deixá-los existir por enquanto, sem segui-los ou acreditar neles. Foi demonstrado o benefício para mulheres com transtorno do interesse/excitação sexual em comparação com a avaliação detalhada e a lista de espera.[124]Brotto LA, Basson R. Group mindfulness-based therapy significantly improves sexual desire in women. Behav Res Ther. 2014 Jun;57:43-54. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24814472?tool=bestpractice.com [125]Mize SJS. A review of mindfulness-based sex therapy interventions for sexual desire and arousal difficulties: from research to practice. Curr Sex Health Rep. 2015;7:89-97.[142]Hucker A, McCabe MP. An online, mindfulness-based, cognitive-behavioral therapy for female sexual difficulties: impact on relationship functioning. J Sex Marital Ther. 2014;40(6):561-76. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24308322?tool=bestpractice.com
estrogênio ou desidroepiandrosterona
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Estrogênio vaginal: indicado se a perda de excitação genital ocorrer devido a atrofia vulvovaginal. Qualquer formulação vaginal é apropriada (por exemplo, comprimido vaginal de estradiol, anel vaginal ou creme vaginal).[144]Faubion SS, Sood R, Kapoor E. Genitourinary syndrome of menopause: management strategies for the clinician. Mayo Clin Proc. 2017 Dec;92(12):1842-9. https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(17)30639-0/fulltext http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29202940?tool=bestpractice.com No entanto, deve-se notar que o creme de estradiol em altas doses (contendo estradiol 100 microgramas/g ou 0.01%) deve ser limitado a um único período de tratamento de até 4 semanas devido ao risco de efeitos adversos geralmente associados à terapia de reposição hormonal sistêmica (oral ou transdérmica), e outras formulações de estrogênio vaginal podem ser preferenciais.[145]European Medicines Agency. Four-week limit for use of high-strength estradiol creams. 10 April 2019 [internet publication]. https://www.ema.europa.eu/en/news/four-week-limit-use-high-strength-estradiol-creams Não há aprovação para o uso de estrogênio vaginal em mulheres com câncer de mama dependente de estrogênio prévio; cada mulher deve ser avaliada individualmente.[30]Basson R, Bronner G. Management and rehabilitation of neurologic patients with sexual dysfunction. In: Vodusek DB, Boller F, eds. Handbook of clinical neurology. Vol. 130. Waltham, MA: Elsevier; 2015:415-34. O American College of Obstetrics and Gynecologists aconselha que nessas pacientes ele deve ser reservado para aquelas que não respondem a remédios não hormonais.[146]American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Gynecologic Practice, Farrell R. ACOG Committee Opinion No. 659: the use of vaginal estrogen in women with a history of estrogen-dependent breast cancer. Obstet Gynecol. 2016 Mar;127(3):e93-6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26901334?tool=bestpractice.com
Estrogênio sistêmico: é indicado somente se for identificada perda de congestão genital devido à atrofia vulvovaginal e for preferido o estrogênio sistêmico devido a outras considerações de saúde referentes à menopausa. A metanálise sugere que o estrogênio isolado ou em combinação com progestogênios pode permitir uma melhora pequena a moderada na função sexual, mas principalmente na dor, porém não em mulheres menopausadas aleatórias.[147]Nastri CO, Lara LA, Ferriani RA, et al. Hormone therapy for sexual function in perimenopausal and postmenopausal women. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Jun 5;(6):CD009672. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD009672.pub2/full http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23737033?tool=bestpractice.com
Desidroepiandrosterona (DHEA) vaginal: evidências preliminares sugerem que a DHEA vaginal beneficia tanto a atrofia (ressecamento e dispareunia) como a resposta sexual (intensidade do orgasmo e desejo/motivação).[46]Labrie F, Archer D, Bouchard C, et al. Effect of intravaginal dehydroepiandrosterone (Prasterone) on libido and sexual dysfunction in postmenopausal women. Menopause. 2009 Sep-Oct;16(5):923-31. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19424093?tool=bestpractice.com Foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para dispareunia relacionada à menopausa. Ensaios clínicos randomizados também confirmam maior sensibilidade sexual genital, como refletido pela facilidade e intensidade do orgasmo, e aumento do desejo, em mulheres no pós-menopausa.[148]Labrie F, Derogatis L, Archer DF, et al. Effect of intravaginal prasterone on sexual dysfunction in postmenopausal women with vulvovaginal atrophy. J Sex Med. 2015 Dec;12(12):2401-12. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26597311?tool=bestpractice.com
A dose depende do tipo de estrogênio e da formulação; consulte um especialista para obter orientação quanto à dose.
transtorno orgástico feminino (TOF)
terapia psicológica
Os métodos psicológicos são a principal terapia no TOF vitalício.
Nos estudos, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e técnicas comportamentais foram consideradas altamente efetivas para mulheres com TOF por toda a vida.[35]Heiman JR. Orgasmic disorders in women. In: Leiblum SR, ed. Principles and practice of sex therapy. 4th ed. New York, NY: Guilford Press; 2007:66-8. Para todas as mulheres com TOF, educação em anatomia e fisiologia pode ser oferecida, junto com a normalização da ausência de orgasmo durante o coito, enquanto simultaneamente afeto e pensamentos irracionais são abordados.
Os tratamentos comportamentais de primeira linha são a masturbação orientada/direcionada e a técnica do alinhamento coital (TAC).
Masturbação orientada/direcionada: das várias técnicas comportamentais, a masturbação direcionada é usada com mais frequência e tem o suporte mais empírico para o TOF vitalício. Ela envolve educação e informações seguidas por exercícios de conscientização corporal criados para melhorar a consciência da mulher em relação à sua genitália e superar pensamentos negativos ou distorcidos que possam surgir. Os exercícios aumentam progressivamente de intensidade, incluindo o uso de um espelho de mão para melhorar a experiência sensorial, até que a mulher aprenda a atingir o orgasmo sozinha. Em seguida, ela é orientada sobre como transferir esse novo conhecimento a um parceiro. As taxas de sucesso da masturbação direcionada são altas (80% a 90%), mas a taxa de sucesso para o TOF secundário é menor (10% a 75%).[169]LoPiccolo J, Stock WE. Treatment of sexual dysfunction. J Consult Clin Psychol. 1986 Apr;54(2):158-67. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3700802?tool=bestpractice.com [170]Fichten CS, Libman E, Brender W. Methodological issues in the study of sex therapy: effective components in the treatment of secondary orgasmic dysfunction. J Sex Marital Ther. 1986 Spring;12(1):22-34. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3959099?tool=bestpractice.com
TAC: a TAC é uma técnica comportamental na qual o parceiro masculino fica sobre a parceira e move-se sobre ela ligeiramente para cima, de forma que haja pressão clitoriana direta durante o coito. Um estudo que comparou diretamente a TAC à masturbação direcionada para mulheres com TOF secundário revelou que a TAC produziu uma resposta significativamente melhor (37% das mulheres do grupo TAC ganharam >50% de melhora contra 18% no grupo de masturbação direcionada).[171]Hurlbert DF, Apt CV. The coital alignment technique and directed masturbation: a comparative study on female orgasm. J Sex Marital Ther. 1995 Spring;21(1):21-9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7608994?tool=bestpractice.com
Atenção plena: envolve aprender a estar presente no momento e a não reagir a sentimentos ou pensamentos potencialmente negativos, mas simplesmente observá-los e retornar às sensações sexuais. Embora o estudo científico dos benefícios só esteja começando, a experiência clínica dá suporte ao uso desta técnica meditativa para TOF.
Terapia cognitiva baseada na atenção plena: além das práticas de atenção plena, identifica pensamentos mal-adaptativos e exagerados, mas estes, em vez de alterados, como na TCC, são simplesmente considerados "eventos mentais", "o que o cérebro faz", e não necessariamente verdadeiros. A mulher é incentivada a simplesmente deixá-los existir por enquanto, sem segui-los ou acreditar neles. Foi demonstrado o benefício para mulheres com transtorno do interesse/excitação sexual em comparação com a avaliação detalhada e a lista de espera.[124]Brotto LA, Basson R. Group mindfulness-based therapy significantly improves sexual desire in women. Behav Res Ther. 2014 Jun;57:43-54. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24814472?tool=bestpractice.com
Técnicas psicológicas usadas no TOF vitalício também podem ser efetivas nos casos adquiridos. Questões interpessoais tais como a confiança podem precisar ser abordadas. Problemas psicológicos pessoais relacionados ao passado da mulher podem ter emergido (por exemplo, surgimento do problema coincidente com o nascimento de um filho), causando um novo transtorno orgástico.
vibroestimulação
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Pode aumentar o estímulo ao proporcionar uma estimulação direta mais prolongada do tecido clitoriano, incluindo os bulbos clitorianos profundos dos músculos perineais superficiais e em volta da uretra na parede vaginal anterior (o chamado ponto G). Isso pode ser recomendado em conjunto com as técnicas de atenção e foco, como o treinamento de atenção plena, mas os desfechos não foram publicados.
Quando existe doença neurológica associada que causa TOF adquirido, são incentivados meios diferentes e mais fortes de estímulos sexuais (por exemplo, vibroestimulação, fantasias sexuais e estimulação de outras partes do corpo quando houver perda da sensação genital). As estratégias de tratamento variam dependendo do tipo de doença neurológica e de sintoma sexual.[73]Hentzen C, Musco S, Amarenco G, et al. Approach and management to patients with neurological disorders reporting sexual dysfunction. Lancet Neurol. 2022 Jun;21(6):551-62. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35405093?tool=bestpractice.com Mulheres com lesão na medula espinhal podem ter orgasmos com a vibroestimulação do colo uterino.[73]Hentzen C, Musco S, Amarenco G, et al. Approach and management to patients with neurological disorders reporting sexual dysfunction. Lancet Neurol. 2022 Jun;21(6):551-62. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35405093?tool=bestpractice.com [74]Rees P, Fowler CJ, Maas CP. Sexual function in men and women with neurological disorders. Lancet. 2007 Feb 10;369(9560):512-25. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17292771?tool=bestpractice.com
disfunção sexual induzida por substância/medicamento
terapia psicológica
Até 70% das mulheres com prescrição de antidepressivos, se perguntadas diretamente, admitirão uma disfunção associada ao medicamento.[172]Montejo AL, Llorca G, Izquierdo JA, et al. Incidence of sexual dysfunction associated with antidepressant agents: a prospective multicenter study of 1022 outpatients. Spanish Working Group for the Study of Psychotropic-Related Sexual Dysfunction. J Clin Psychiatry. 2001;62 suppl 3:10-21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11229449?tool=bestpractice.com Uma grande limitação desta pesquisa é que tanto os antidepressivos como a depressão são associados à disfunção sexual, por isso é difícil determinar a etiologia precisa.
As técnicas psicológicas gerais são aplicáveis a mulheres com TOF induzido por antidepressivos. Psicoeducação sobre mecanismos pelos quais o TOF iatrogênico pode afetar o autoconhecimento, o humor e o relacionamento da mulher é essencial. Foram consideradas clinicamente úteis técnicas de atenção plena que ensinam a mulher a atentar para a excitação genital e técnicas psicológicas que incentivam a mulher a superar pensamentos irracionais sobre si mesmas como "disfuncionais".
Terapia cognitiva baseada na atenção plena, em associação com as práticas de atenção plena, identifica pensamentos mal-adaptativos e exagerados, mas estes, em vez de alterados, como na terapia cognitivo-comportamental, são simplesmente considerados "eventos mentais", "o que o cérebro faz", e não necessariamente verdadeiros. A mulher é incentivada a simplesmente deixá-los existir por enquanto, sem segui-los ou acreditar neles. Foi demonstrado o benefício para mulheres com transtorno do interesse/excitação sexual em comparação com a avaliação detalhada e a lista de espera.[124]Brotto LA, Basson R. Group mindfulness-based therapy significantly improves sexual desire in women. Behav Res Ther. 2014 Jun;57:43-54. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24814472?tool=bestpractice.com
revisão da terapia com antidepressivos
Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado
Para a disfunção sexual associada ao uso de antidepressivos, considere reduzir a dose do antidepressivo; trocar para um antidepressivo alternativo associado com um risco mais baixo de disfunção sexual (por exemplo, vilazodona, vortioxetina, bupropiona); fazer tratamento adjuvante (por exemplo, bupropiona, buspirona); ou substituir o medicamento por outra forma de terapia, se isso for seguro.[151]Montejo AL, Prieto N, de Alarcón R, et al. Management strategies for antidepressant-related sexual dysfunction: A clinical approach. J Clin Med. 2019 Oct 7;8(10):1640. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6832699 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31591339?tool=bestpractice.com [152]Winter J, Curtis K, Hu B, et al. Sexual dysfunction with major depressive disorder and antidepressant treatments: impact, assessment, and management. Expert Opin Drug Saf. 2022 Jul;21(7):913-30. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/35255754?tool=bestpractice.com
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