Epidemiologia

A prevalência do transtorno sexual feminino - mesmo quando se leva em conta o sofrimento individual - é incerta, considerando-se que os estudos epidemiológicos usaram questionários baseados em definições desatualizadas de transtornos sexuais que refletem mais a sexualidade masculina (por exemplo, ausência de fantasias e desejo sexual antes da relação sexual como um transtorno significativo). Em uma metanálise, a prevalência geral de disfunção sexual entre mulheres na pré-menopausa foi de 41%.[14] Houve heterogeneidade substancial entre os estudos, com taxas significativamente mais altas em estudos que usaram questionários não validados.[14]

Frequentemente, mulheres relatam disfunção sem sofrimento, de forma que os números de prevalência de transtornos do desejo geralmente sofrem uma redução de 35% para aproximadamente 9% quando o critério de sofrimento é incluído.[15][16] No entanto, um grande estudo britânico usando o critério de 6 meses ou mais de duração identificou 11% de mulheres, das quais 28% procuraram ajuda (medida alternativa ao sofrimento).[17] Os números de prevalência produzidos por pesquisas nacionalmente representativas de mulheres nos EUA sugerem uma prevalência de transtorno do desejo de 8.3% e 9.5% com variação mínima para a maioria das faixas etárias, com uma queda para mulheres com mais de 60 anos.[15][18] A prevalência alcança, em geral, 12.5% para mulheres menopausadas por indução cirúrgica e 19.9% para mulheres com menos de 45 anos.[18] A maioria das pesquisas enfatizaram o componente de lubrificação do transtorno da excitação, em oposição a problemas com excitação subjetiva; uma grande pesquisa recente com mulheres com mais de 40 anos mostrou que quase 17% relataram excitação moderada ou altamente problemática.[19]

A pesquisa Natsal-3 (que estudou 6777 mulheres na Grã-Bretanha em termos de resposta sexual problemática, função sexual dentro de um relacionamento e avaliação da vida sexual usando um novo questionário validado onde os aspectos biomédicos da disfunção não são o foco principal) se concentrou nos problemas ocorridos durante pelo menos 3 meses no ano anterior.[20] Aproximadamente 34% das mulheres não apresentaram interesse sexual, 16% das mulheres achavam que o orgasmo era algo difícil,  12% mostraram incapacidade de sentir prazer, 8% sentiam dor e 8% não sentiam excitação.[20] Todos esses problemas mostraram pouca variação com a idade. Ansiedade durante o sexo foi mais comum em mulheres mais jovens (8%), e ressecamento vaginal foi mais comum na década pós-menopausa, afetando 27%.[20] Os critérios de sofrimento não foram utilizados. Outra grande pesquisa britânica, usando medidas substitutas dos transtornos sexuais do DSM-5, descobriu que, enquanto 23% das mulheres relataram uma ou mais dificuldades sexuais (incluindo orgasmo problemático, pouco interesse sexual e excitação sexual ou sexo doloroso), apenas 4% das mulheres atendiam todos os três critérios do DSM-5 para o distúrbio.[21]

Entre mulheres nos EUA, a prevalência de disfunção foi maior entre as de ascendência japonesa e chinesa e menor entre as afro-americanas.[22] Um estudo internacional revelou maior prevalência de disfunção em mulheres que vivem na Ásia Oriental, no Sudeste Asiático e no Oriente Médio, em comparação aos grupos pesquisados na Europa e na América do Norte.[23]

A prevalência de transtorno orgástico feminino foi relatado por 24% das norte-americanas e 9% das britânicas. No entanto, o uso mais rigoroso do critério de sofrimento produziu uma prevalência próxima a 5%.[3]

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