A prevalência do transtorno sexual feminino - mesmo quando se leva em conta o sofrimento individual - é incerta, considerando-se que os estudos epidemiológicos usaram questionários baseados em definições desatualizadas de transtornos sexuais que refletem mais a sexualidade masculina (por exemplo, ausência de fantasias e desejo sexual antes da relação sexual como um transtorno significativo). Em uma metanálise, a prevalência geral de disfunção sexual entre mulheres na pré-menopausa foi de 41%.[14]McCool ME, Zuelke A, Theurich MA, et al. Prevalence of female Sexual dysfunction among premenopausal women: a systematic review and meta-analysis of observational studies. Sex Med Rev. 2016 Jul;4(3):197-212.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27871953?tool=bestpractice.com
Houve heterogeneidade substancial entre os estudos, com taxas significativamente mais altas em estudos que usaram questionários não validados.[14]McCool ME, Zuelke A, Theurich MA, et al. Prevalence of female Sexual dysfunction among premenopausal women: a systematic review and meta-analysis of observational studies. Sex Med Rev. 2016 Jul;4(3):197-212.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27871953?tool=bestpractice.com
Frequentemente, mulheres relatam disfunção sem sofrimento, de forma que os números de prevalência de transtornos do desejo geralmente sofrem uma redução de 35% para aproximadamente 9% quando o critério de sofrimento é incluído.[15]Leiblum SR, Koochaki PE, Rodenberg CA, et al. Hypoactive sexual desire disorder in postmenopausal women: US results from the Women's International Study of Health and Sexuality (WISHeS). Menopause. 2006 Jan-Feb;13(1):46-56.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16607098?tool=bestpractice.com
[16]Dennerstein L, Koochaki P, Barton I, et al. Hypoactive sexual desire disorder in menopausal women: a survey of western European women. J Sex Med. 2006 Mar;3(2):212-2.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16490014?tool=bestpractice.com
No entanto, um grande estudo britânico usando o critério de 6 meses ou mais de duração identificou 11% de mulheres, das quais 28% procuraram ajuda (medida alternativa ao sofrimento).[17]Mitchell KR, Mercer CH, Wellings K, et al. Prevalence of low sexual desire among women in Britain: associated factors. J Sex Med. 2009 Sep;6(9):2434-44.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19549088?tool=bestpractice.com
Os números de prevalência produzidos por pesquisas nacionalmente representativas de mulheres nos EUA sugerem uma prevalência de transtorno do desejo de 8.3% e 9.5% com variação mínima para a maioria das faixas etárias, com uma queda para mulheres com mais de 60 anos.[15]Leiblum SR, Koochaki PE, Rodenberg CA, et al. Hypoactive sexual desire disorder in postmenopausal women: US results from the Women's International Study of Health and Sexuality (WISHeS). Menopause. 2006 Jan-Feb;13(1):46-56.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16607098?tool=bestpractice.com
[18]West SL, D'Aloisio AA, Agans RP, et al. The prevalence of low sexual desire and hypoactive sexual desire disorder in a nationally representative sample of US women. Arch Intern Med. 2008 Jul 14;168(13):1441-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18625925?tool=bestpractice.com
A prevalência alcança, em geral, 12.5% para mulheres menopausadas por indução cirúrgica e 19.9% para mulheres com menos de 45 anos.[18]West SL, D'Aloisio AA, Agans RP, et al. The prevalence of low sexual desire and hypoactive sexual desire disorder in a nationally representative sample of US women. Arch Intern Med. 2008 Jul 14;168(13):1441-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18625925?tool=bestpractice.com
A maioria das pesquisas enfatizaram o componente de lubrificação do transtorno da excitação, em oposição a problemas com excitação subjetiva; uma grande pesquisa recente com mulheres com mais de 40 anos mostrou que quase 17% relataram excitação moderada ou altamente problemática.[19]Addis IB, Van Den Eeden SK, Wassel-Fyr CL, et al. Sexual activity and function in middle-aged and older women. Obstet Gynecol. 2006 Apr;107(4):755-64.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16582109?tool=bestpractice.com
A pesquisa Natsal-3 (que estudou 6777 mulheres na Grã-Bretanha em termos de resposta sexual problemática, função sexual dentro de um relacionamento e avaliação da vida sexual usando um novo questionário validado onde os aspectos biomédicos da disfunção não são o foco principal) se concentrou nos problemas ocorridos durante pelo menos 3 meses no ano anterior.[20]Mitchell KR, Mercer CH, Ploubidis GB, et al. Sexual function in Britain: findings from the third National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (Natsal-3). Lancet. 2013 Nov 30;382(9907):1817-29.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3898902
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24286787?tool=bestpractice.com
Aproximadamente 34% das mulheres não apresentaram interesse sexual, 16% das mulheres achavam que o orgasmo era algo difícil, 12% mostraram incapacidade de sentir prazer, 8% sentiam dor e 8% não sentiam excitação.[20]Mitchell KR, Mercer CH, Ploubidis GB, et al. Sexual function in Britain: findings from the third National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (Natsal-3). Lancet. 2013 Nov 30;382(9907):1817-29.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3898902
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24286787?tool=bestpractice.com
Todos esses problemas mostraram pouca variação com a idade. Ansiedade durante o sexo foi mais comum em mulheres mais jovens (8%), e ressecamento vaginal foi mais comum na década pós-menopausa, afetando 27%.[20]Mitchell KR, Mercer CH, Ploubidis GB, et al. Sexual function in Britain: findings from the third National Survey of Sexual Attitudes and Lifestyles (Natsal-3). Lancet. 2013 Nov 30;382(9907):1817-29.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3898902
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24286787?tool=bestpractice.com
Os critérios de sofrimento não foram utilizados. Outra grande pesquisa britânica, usando medidas substitutas dos transtornos sexuais do DSM-5, descobriu que, enquanto 23% das mulheres relataram uma ou mais dificuldades sexuais (incluindo orgasmo problemático, pouco interesse sexual e excitação sexual ou sexo doloroso), apenas 4% das mulheres atendiam todos os três critérios do DSM-5 para o distúrbio.[21]Mitchell KR, Jones KG, Wellings K, et al. Estimating the prevalence of sexual function problems: the impact of morbidity criteria. J Sex Res. 2016 Oct 12;53(8):955–67.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5044769
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26605494?tool=bestpractice.com
Entre mulheres nos EUA, a prevalência de disfunção foi maior entre as de ascendência japonesa e chinesa e menor entre as afro-americanas.[22]Cain VS, Johannes CB, Avis NE, et al. Sexual functioning and practices in a multi-ethnic study of midlife women: baseline results from SWAN. J Sex Res. 2003 Aug;40(3):266-76.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14533021?tool=bestpractice.com
Um estudo internacional revelou maior prevalência de disfunção em mulheres que vivem na Ásia Oriental, no Sudeste Asiático e no Oriente Médio, em comparação aos grupos pesquisados na Europa e na América do Norte.[23]Laumann EO, Nicolosi A, Glasser DB, et al. Sexual problems among women and men, aged 40-80 y: prevalence and correlates identified in the Global Study of Sexual Attitudes and Behaviours. Int J Impot Res. 2005 Jan-Feb;17(1):39-57.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15215881?tool=bestpractice.com
A prevalência de transtorno orgástico feminino foi relatado por 24% das norte-americanas e 9% das britânicas. No entanto, o uso mais rigoroso do critério de sofrimento produziu uma prevalência próxima a 5%.[3]Bancroft J, Loftus J, Long JS. Distress about sex: a national survey of women in heterosexual relationships. Arch Sex Behav. 2003 Jun;32(3):193-208.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12807292?tool=bestpractice.com