Etiologia

A demência vascular é o desfecho comum final de muitas patologias vasculares variadas. Além disso, a etiologia também é multifatorial, com várias doenças vasculares causando demência.[10] As patologias vasculares incluem as doenças a seguir.

  • Infarto: pode ser decorrente de embolização, trombose, infarto lacunar, hipóxia, hipoglicemia ou isquemia. Microinfartos identificados à RNM parecem ser comuns nos pacientes com demência.[16][17]

  • Leucoaraiose: uma doença da substância branca também denominada leucoencefalopatia subcortical.

  • Hemorragia: hemorragias parenquimais grandes ou múltiplas pequenas hemorragias.

O comprometimento cognitivo pós-AVC é comum, principalmente no primeiro ano, e varia de leve a grave. Embora reversível em alguns casos logo após o AVC, até um terço dos indivíduos desenvolve demência em até 5 anos.[18]

Alguns fatores de risco para doença cerebrovascular também estão associados a um maior risco de doença de Alzheimer. Eles incluem pressão arterial sistólica elevada, hipercolesterolemia, diabetes e poluição do ar.[19][20][21]​​​​​ Uma história de infecção tratada em hospital também está associada a início de demência posteriormente na vida - mais a demência vascular que o Alzheimer - e não é específica para tipos particulares de infecção, sugerindo que o risco de demência é causado pela inflamação geral e não por micróbios específicos.[22]​ Um estudo sueco constatou que a infecção pelo vírus do herpes simples dobra o risco de demência por todas as causas em adultos mais velhos, enquanto não há tal correlação com a infecção por citomegalovírus.[23]

Fisiopatologia

Infarto

  • Devido ao fato de atingirem um certo volume e de afetarem um número suficientemente grande de regiões cerebrais individuais, os infartos grandes e múltiplos irão extinguir os mecanismos compensatórios do cérebro e causarão a demência.[24]

  • Pequenos infartos em áreas estratégicas, como os núcleos da base e o tálamo, também podem causar demência com apenas um pequeno volume do cérebro tendo infartado.[7] Os infartes pequenos de <1.5 cm são chamados infartos lacunares e são causados por arteriosclerose das pequenas artérias e arteríolas de irrigação superficial e de penetração profunda. Acredita-se que a causa subjacente seja a hipertensão. Os núcleos da base, o tálamo, a ponte, a cápsula interna e as áreas profundas de substância branca são os locais mais afetados.[25]

Leucoaraiose

  • Provoca palidez da substância branca a olho nu. Microscopicamente, é observada a perda de axônios, de mielina e de oligodendrócitos. Há perda de tecido perivascular e dilatação dos espaços perivasculares. Ocorre dano aos capilares com quebra da barreira hematoencefálica e vazamento proteico.[8] O infarto franco é raro; faz-se a hipótese de que a isquemia seja a causa. A pulsação vascular vigorosa foi implicada como causa da doença da substância branca.[26]

Hemorragia

  • Grandes hemorragias parenquimais centralizadas nos núcleos da base geralmente são secundárias a hipertensão, enquanto múltiplas hemorragias pequenas que ocorrem no córtex e na substância branca geralmente são secundárias a angiopatia amiloide.[27] A angiopatia é decorrente da proteína beta-amiloide, a qual é depositada nas paredes de pequenas arteríolas, tornando-as propensas à ruptura.

Demência mista

  • A demência de Alzheimer e a demência vascular não são mutualmente exclusivas. Uma parece agir de maneira sinérgica com a outra. Quando ambas coexistem, um paciente com demência é afetado em maior grau do que se tivesse apenas uma das patologias.[28]

Classificação

Padrões de harmonização do National Institute of Neurological Disorders and Stroke-Canadian Stroke Network (NINDS-CSN)[1]

  1. Doença macrovascular

    • Grandes infartos corticais múltiplos

    • Infartos em zonas fronteiriças/zonas limítrofes

    • Pequenos infartos estratégicos: por exemplo, AVCs talâmicos bilaterais

  2. Doença microvascular

    • Infartos lacunares múltiplos, particularmente nos gânglios da base

    • Leucoaraiose-doença extensiva da substância branca (leucoencefalopatia subcortical).

  3. Hemorragia

    • Hemorragia parenquimal extensa

    • Angiopatia amiloide cerebral.

  4. Patologia parenquimal vascular mista

    • Tipos mistos de demência: por exemplo, doença de Alzheimer-demência vascular.

Classificação de transtornos neurocognitivos maior e leve do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª ed., texto revisado (DSM-5-TR)[2][3]

O DSM-5-TR define transtornos neurocognitivos maior e leve como sendo devidos a:

  • Doença de Alzheimer

  • Degeneração frontotemporal

  • Doença com corpos de Lewy

  • Doença vascular

  • Lesão cerebral traumática

  • Uso de substância/medicamento

  • Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

  • Doença de príon

  • Doença de Parkinson

  • Doença de Huntington

  • Outra condição clínica

  • Múltiplas etiologias

  • Etiologia desconhecida.

A gravidade é definida para transtornos neurocognitivos maiores como leve, moderada ou grave; e a presença ou ausência de sintomas comportamentais e psicológicos também é especificada.

Critérios específicos relacionados ao transtorno neurocognitivo vascular são apresentados em Critérios diagnósticos.

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