Diagnósticos diferenciais

Sequelas pós-agudas da doença do coronavírus (COVID-19)

SINAIS / SINTOMAS
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SINAIS / SINTOMAS

As sequelas pós agudas da infecção por síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2), ou "portadores" de COVID-19 longa, desenvolvem sintomas de fadiga, cognição, sintomas agravados após atividade física ou mental, dor torácica, sintomas ortostáticos de tontura, palpitações, sintomas gastrointestinais, movimentos anormais, tosse crônica, alterações no olfato ou paladar, e queda de cabelos, alguns desses compartilhados com a EM/SFC.[165]

Anosmia, perda do paladar e tosse crônica são sintomas de SARS-CoV-2 que diferenciam a COVID longa da EM/SFC. No entanto, há indicações de que os sintomas das vias aéreas podem remitir com o tempo, deixando os principais achados residuais de EM/SFC.

Estudos epidemiológicos e clínicos contínuos são necessários para diferenciar entre COVID longa e EM/SFC.

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O diagnóstico de COVID-19 pode ser confirmado como provável ou duvidoso por meio de reação em cadeia da polimerase e testes de anticorpos, apresentação dos sintomas de COVID-19 e transmissão na comunidade.

Enxaqueca

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Cefaleias recorrentes que duram 4-72 horas.

A cefaleia tem pelo menos 2 das seguintes características: localização unilateral; qualidade pulsátil; intensidade moderada ou grave da dor; ou agravamento pelas atividades físicas rotineiras (fazendo com que o paciente evite essas atividades), como caminhar ou subir escadas.

Náuseas e vômitos e/ou fotofobia e fonofobia também devem estar presentes durante um episódio de cefaleia.

As auras ocorrem em aproximadamente 33% dos pacientes com EM/SFC com enxaqueca.[166]

Aproximadamente 40% a 70% dos pacientes com enxaqueca atendem aos critérios de fibromialgia e/ou EM/SFC.

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Diagnóstico clínico.

Ansiedade

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O transtorno de ansiedade generalizada e outras formas de ansiedade podem se manifestar com tontura, xerostomia, dispneia, sensação de sufocamento, palpitações, taquicardia, náuseas, "barulhos estomacais", sudorese excessiva, fogachos, calafrios, tremedeiras ou parestesia.

Pode ocorrer de maneira concomitante com a EM/SFC; cerca de 40% das pessoas com EM/SFC têm depressão clínica e/ou ansiedade, de forma semelhante a várias outras afecções clínicas crônicas.[160]

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Atende aos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR) ou da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) para transtorno de ansiedade.

Sensações de que os objetos são irreais (desrealização), de que ele próprio está distante ou não está ali de verdade (despersonalização), medo de perder o controle ou de morrer e inquietação sugerem um transtorno de ansiedade. A dificuldade de adormecer pode ser decorrente do excesso de preocupação.

Transtorno depressivo maior

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Sentimentos de tristeza, desesperança, impotência, inutilidade e/ou culpa.

Perda de interesse.

Agitação ou retardo psicomotor.

Anedonia.

Somatização.

Pensamentos suicidas.

Os critérios padrão de EM/SFC não incluem o diagnóstico de depressão, o que sugere que uma depressão maior não é característica da EM/SFC. No entanto, a depressão pode ocorrer de maneira concomitante com a EM/SFC; cerca de 40% das pessoas com EM/SFC têm depressão clínica e/ou ansiedade, de forma semelhante a várias outras afecções clínicas crônicas.[160]

Investigações

Atende aos critérios do DSM-5-TR ou CID-11 para um transtorno depressivo.

A disfunção afetiva não se segue a uma infecção e não está tipicamente associada a novos episódios de dor, enxaqueca, intestino irritável ou disfunção autonômica. No geral, melhora com exercícios em vez de exibir mal-estar e exaustão pós-esforço.

Apneia do sono

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Pode-se observar respirações periódicas, dispneia transitória ou cefaleias ao despertar.

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A polissonografia noturna está anormal.

A apneia do sono pode ser um achado coexistente, mas independente, que deve ser tratada para determinar se existe melhora na fadiga e no sono não revigorante.

Fibromialgia

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A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor corporal generalizada, presente por pelo menos 3 meses, e acredita-se que esteja relacionada a sinais de dor amplificados na medula espinhal e no cérebro.[153]

Há uma sobreposição considerável entre fibromialgia e EM/SFC, e, muitas vezes, é desafiador diferenciar as duas. Na prática, geralmente é feito um diagnóstico concomitante de ambas as doenças.[10] Grande parte dos pacientes com fibromialgia atende aos critérios para EM/SFC, inclusive o mal-estar pós-esforço. Na prática, o diagnóstico e tratamento deve considerar o fenótipo predominante: isto é, se a dor for o problema predominante e a fadiga parecer um sintoma secundário, pode ser mais adequado considerar um diagnóstico preliminar e oferecer tratamento inicial para fibromialgia. Se os pacientes parecerem sensíveis à palpação, mas apresentarem fadiga significativa, pode ser mais adequado considerar um diagnóstico preliminar e oferecer tratamento inicial para EM/SFC.

Pode ser necessária uma equipe multidisciplinar para o diagnóstico, com encaminhamento aos especialistas pertinentes como parte do processo de exclusão de diagnóstico.

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Diagnóstico clínico.

Síndrome de Ehlers-Danlos

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As síndromes de Ehlers-Danlos são um grupo de doenças do tecido conjuntivo hereditárias, caracterizadas por hipermobilidade articular, hiperextensibilidade da pele e fragilidade do tecido, que estão associadas com a intolerância ortostática.[167][168]

A síndrome de Ehlers-Danlos clássica é determinada pela frouxidão articular e pele extremamente hiperextensível e frágil, que facilmente apresenta hematomas e cicatrizes atróficas finas.

A síndrome de Ehlers-Danlos do tipo hipermóvel é classificada pela história de luxação, frouxidão articular generalizada e textura aveludada da pele, com ausência de extensibilidade extrema da pele e cicatrizes profundamente anormais.[168]

A síndrome de Ehlers-Danlos do tipo vascular decorre de variantes genéticas de COL3A1, o gene que codifica o colágeno do tipo III.[169]

Pode ocorrer de maneira concomitante com a EM/SFC.[10] A hipermobilidade da articulação é mais comum em indivíduos com EM/SFC do que em controles saudáveis (razão de chances 3.5).[170]

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Diagnóstico clínico. Presente desde o nascimento e é quase sempre diagnosticada na infância, embora os pacientes possam ser assintomáticos ou tenham apenas sintomas leves.

Desidratação ou depleção de volume (por exemplo, por conta de diuréticos)

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Hipotensão postural, taquicardia postural.

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Sinais vitais em decúbito e em pé.

Mononucleose infecciosa

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Febre e baço e/ou fígado aumentados. Aumento e diminuição dos sintomas. Períodos de remissão dos sintomas sugestivos de vírus Epstein-Barr (EBV) latente.

Maior probabilidade de observação em adolescentes.

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Teste Paul-Bunnel de anticorpo heterófilo positivo.

Anticorpos específicos positivos contra a vírus Epstein-Barr. IgM indica infecção aguda. IgG indica resposta imune humoral prolongada.

Linfócitos atípicos; contagem leucocitária elevada.

Reação positiva para o teste Monospot.

Síndrome do intestino irritável (SII)

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Critérios de Manning para SII: dor ou desconforto abdominal aliviados pela defecação; sensibilidade leve nos quadrantes inferiores (sem massa); alteração do hábito intestinal; distensão abdominal; evacuação de muco junto com as fezes.

Critérios de Roma III para SII: dor ou desconforto abdominal recorrente que melhora com a defecação; início associado a uma mudança na frequência das fezes; início associado à alteração na forma das fezes.[171]

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Diagnóstico clínico.

A escala de Bristol para consistência de fezes é uma escala visual para avaliar a aparência (forma) das fezes, podendo ser usada para subtipagem de SII.[172]

Dor pélvica crônica, vulvodinia

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Síndrome de dor complexa caracterizada por dor generalizada e constante ou intermitente na vulva (vulvodinia generalizada), ou sensações de queimação localizadas na área do vestíbulo ao se aplicar pressão (vestibulodinia ou síndrome da vestibulite vulvar), na ausência de achados infecciosos, inflamatórios ou neoplásicos, ou um distúrbio específico clinicamente identificável de qualquer tipo (ou seja, idiopático).

Dor vulvar com duração de pelo menos 3 meses, sem causa identificável.[173]

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Exame físico do introito.

Tipicamente, o tecido vulvar com vulvodinia tem aparência normal, sem infecção nem doença cutânea.

Intolerância ortostática

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A intolerância ortostática é definida por tontura, aturdimento, náuseas, desorientação espacial, alterações visuais ou mal-estar que estejam especificamente vinculados a assumir ou manter a postura ereta. Os sintomas diminuem em posição supina.[6][107][121]

A história pode incluir uma causa de neuropatia autonômica (por exemplo, diabetes), transtorno neurológico (como doença de Parkinson), depleção de volume (por exemplo, em decorrência de diuréticos ou sangramento), medicamento causativo ou outra etiologia definida.

Investigações

Exames focados, quando indicados, podem fornecer a etiologia.

Síndrome da taquicardia ortostática postural

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Incremento sustentado da frequência cardíaca >30 batimentos por minuto (bpm; >40 para adolescentes) em até 5 minutos após levantar-se ou ficar inclinado com a cabeça para cima na ausência de hipotensão ortostática; frequência cardíaca em pé >120 bpm. Outros sintomas que podem ser usados no diagnóstico diferencial incluem embaçamento visual/visão em túnel, palpitações, tremores, fraqueza (especialmente nas pernas), hiperventilação, dispneia, dor torácica e frieza ou dor acral.[6][121][174]

Pode ocorrer de maneira concomitante com a EM/SFC.

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Exacerbada por exercício.

O teste da mesa inclinável pode ser necessário para avaliação do sistema nervoso autônomo.

Taquicardia sinusal idiopática

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Frequência cardíaca elevada em repouso e quando em decúbito. Taquicardia sinusal em pé. A síndrome da taquicardia sinusal inapropriada é definida como uma frequência cardíaca sinusal >100 bpm em repouso (com frequência cardíaca média de 24 horas >90 bpm não devida a causas primárias) e está associada a sintomas angustiantes de palpitações.[121]

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Exacerbado pelo estresse fisiológico e emocional. Um ECG de 12 derivações é útil para documentar taquicardia e determinar o ritmo sinusal. Um monitor Holter de 24 horas também pode ser necessário.

Disfunção cardiovascular

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Fatores de risco cardiovasculares ou sintomas/sinais de isquemia ou insuficiência cardíaca podem estar presentes.[175]

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Ecocardiografia.

Avaliação cardiológica.

Doença de Lyme (e outras doenças endêmicas em diferentes áreas)

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Apresentação aguda de erupção cutânea do tipo "olho-de-boi".

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Observação clínica da erupção cutânea; exposição a áreas endêmicas da doença de Lyme.

Ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) e teste de Western blot positivos.

Hipotireoidismo

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Sensibilidade ao frio; unhas/cabelos quebradiços.

Novo episódio de urticária.

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O hormônio estimulante da tireoide fica elevado no hipotireoidismo primário.

Lesão cerebral traumática (LCT) leve

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Muitos sintomas após uma lesão cerebral traumática leve (LCTL) são semelhantes aos da síndrome da fadiga crônica.[176]

História de trauma.

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Diagnóstico clínico; a ressonância nuclear magnética cranioencefálica pode ser considerada, mas tem uma taxa de aproximadamente 10% de achados incidentais assintomáticos que podem confundir o diagnóstico de EM/SFC.[177]

Síndrome do Golfo Pérsico (GWI)

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Exposições de militares na coorte de 1990-1991 da primeira Guerra do Golfo Pérsico.[178][179]

Os sintomas são semelhantes aos da síndrome da fadiga crônica, mas pode haver uma síndrome do intestino irritável mais grave, com diarreia, irritabilidade ou TEPT.

Investigações

Nenhum na prática clínica.

Apesar da semelhança nos sintomas, a EM/SFC e a síndrome da guerra do Golfo (GWI) têm diferentes perfis metabólicos plasmáticos.[180] Diferentes respostas ao exercício medidas por RMf na substância cinzenta periaquedutal e no sistema de ativação reticular do mesencéfalo também foram observadas, sugerindo diferenças na fisiopatologia da doença.[181]

Câncer e fadiga pós-quimioterapia

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A fadiga é uma ocorrência comum durante e após o câncer, e após o tratamento com medicamentos quimioterápicos.[182]

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História de câncer atual/recente.

Esclerose múltipla

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Diagnosticada após pelo menos 2 episódios de disfunção neurológica (cérebro, medula espinhal ou nervos ópticos) separados no tempo e no espaço.

Apresenta-se de forma clássica com perda temporária sensorial ou visual, mas os pacientes podem apresentar mudanças sutis na visão, deambulação ou reflexos. A fadiga é comum.

Investigações

Se houver suspeita de esclerose múltipla, a RNM cranioencefálica é um teste de diagnóstico sensível. A prudência na solicitação da RNM é justificada, uma vez que achados incidentais de infartos assintomáticos (7.2%), aneurismas cerebrais (1.8%) e tumores primários benignos (1.6%, principalmente meningiomas) podem levar a investigações injustificadas.[177]

Fadiga crônica idiopática

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Diagnóstico de exclusão quando a fadiga existe sem outros achados suficientes para designar EM/SFC ou outras doenças.

Pacientes com fadiga idiopática crônica não apresentam mal-estar por esforço, e a exaustão física e cognitiva pode ser superada pela cessação de atividades físicas, cognitivas, emocionais ou outras combinadas com sono reparador, o que não é o caso na EM/SFC, onde o sono não é revigorante.

Investigações

O diagnóstico é clínico.

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