Critérios
Um fator complicador na EM/SFC é a presença de 9 conjuntos de critérios clínicos subjetivos.
Os principais conjuntos de critérios estão listados aqui; consulte a seção Diferenças nos critérios diagnósticos em Abordagem diagnóstica.
National Institute for Health and Care Excellence (NICE)[8]
As diretrizes NICE de 2021 sobre diagnóstico e manejo da EM/SFC abordam o debate contínuo em torno da melhor abordagem para o diagnóstico e manejo da EM/SFC. A diretriz sugere que pode-se suspeitar do diagnóstico de EM/SFC caso a pessoa apresente todos os sintomas a seguir:
Fadiga debilitante agravada pela atividade; não é causa por esforço excessivo cognitivo, físico, emocional ou social; e não é aliviado significativamente pelo repouso.
Mal-estar pós-esforço (PEM), no qual o agravamento dos sintomas normalmente tem seu início protelado por horas ou dias; é desproporcional à atividade; e tem um período de recuperação prolongado que pode durar horas, dias, semanas ou mais.
Sono não revigorante ou perturbação do sono (ou ambos), o que pode incluir sensação de exaustão; sensação de estar gripado e rígido ao acordar; e sono quebrado ou pouco profundo, padrão de sono alterado ou hipersonia.
Dificuldades cognitivas, que podem incluir problemas para encontrar palavras ou números, dificuldade na fala, resposta lenta, problemas de memória de curto prazo e dificuldade para se concentrar ou realizar múltiplas tarefas.
É necessário que os sintomas acima estejam presentes por, no mínimo, 6 semanas em adultos e 4 semanas em crianças e jovens.[8]
Critérios de diagnóstico para EM/SFC de 2015 do Institute of Medicine (IOM; atualmente National Academy of Medicine) dos EUA[6]
Em 2013, o IOM realizou uma análise abrangente da literatura com consulta a especialistas e propôs o termo “doença sistêmica de intolerância ao esforço” (DSIE), juntamente com novos critérios de diagnóstico.
Determina-se o diagnóstico de EM/SFC/DIES caso os pacientes apresentem os 3 sintomas a seguir:
Redução/comprometimento substancial da capacidade de operarem nos níveis de atividades ocupacionais, educacionais, sociais ou pessoais pré-adoecimento, persistindo por mais de 6 meses; acompanhado de fadiga, muitas vezes profunda; é de início recente ou definido; não é resultado de esforço excessivo contínuo; e não é aliviado substancialmente por repouso
Mal-estar pós-esforço (PEM)
Sono não revigorante
Os pacientes também devem apresentar pelo menos 1 dos seguintes sintomas:
Comprometimento cognitivo
Intolerância ortostática
Os sintomas devem estar presentes em pelo menos metade do tempo e ser de intensidade moderada, substancial ou intensa.
Os sintomas de dor e a hiperalgesia sistêmica não foram incluídos nos critérios do IOM em razão da quantidade insuficiente de dados publicados sobre a EM/SFC. No entanto, observou-se que a dor é um sintoma comum de EM/SFC junto com cefaleias de novo tipo e padrão; linfonodos edemaciados ou sensíveis à palpação; faringite; distúrbios visuais; náuseas; e alergias ou sensibilidades a alimentos, odores, produtos químicos ou medicamentos.
Critérios do consenso internacional (ICC; 2011)[93]
De acordo com os critérios do ICC, publicados em 2011, a EM/SFC é uma doença neurológica adquirida com disfunções multissistêmicas. O diagnóstico requer:
Exaustão neuroimune pós-esforço (PENE; característica obrigatória) caracterizada por fadigabilidade física e/ou cognitiva rápida e acentuada em resposta ao esforço físico; exacerbação dos sintomas pós-esforço; exaustão pós-esforço; período de recuperação prolongado; e/ou baixo limiar de fadigabilidade física ou mental, resultando em uma substancial redução dos níveis de atividade pré-enfermidade.
Deficiências neurológicas (pelo menos 1 sintoma de 3 das categorias de sintomas a seguir): (a) prejuízos neurocognitivos (dificuldade no processamento de informações; perda de memória de curto prazo); (b) dor (cefaleias; dor somática não inflamatória); (c) perturbação do sono (padrões de sono alterados; sono não revigorante); e (d) distúrbios neurossensoriais, perceptivos e motores (incapacidade de concentração; defensividade sensorial; fraqueza muscular).
Deficiências imunológicas, gastrointestinais e geniturinárias (pelo menos 1 sintoma das 5 categorias de sintomas a seguir): (a) sintomas tipo gripe recorrentes ou crônicos que se agravam com esforço físico; (b) suscetibilidade a infecções virais com períodos de recuperação prolongados; (c) dificuldades no trato gastrointestinal; (d) problemas geniturinários; e (e) sensibilidades a alimentos, medicamentos, odores ou substâncias químicas.
Sintomas de produção/transporte de energia (pelo menos 1 sintoma dentre os seguintes): (a) intolerância cardiovascular; (b) dificuldades respiratórias; (c) perda da estabilidade termostática; e (d) intolerância a temperaturas extremas.
Critérios de Consenso Canadense (CCC) para encefalomielite miálgica (EM/SFC) (2003, revisado em 2010)[4][5]
Esses critérios definem a fadiga crônica persistente ou recorrente como tendo uma duração superior a 6 meses, mas não pela vida toda. O comprometimento envolve reduções substanciais nas atividades ocupacionais, educacionais, sociais e pessoais, em comparação com antes de a fadiga ter começado. Os sintomas clássicos de SFC/EM listados abaixo são persistentes ou recorrentes nos 6 meses anteriores à doença. Os sintomas podem anteceder o início reportado da fadiga.
Mal-estar pós-esforço (PEM), fadiga ou exaustão. A atividade ou o esforço físico que estão causando os problemas podem ser relativamente leves, como subir um lance de escadas, usar o computador ou ler um livro. Não precisa ser um exercício vigoroso. Deve haver perda de vigor físico, perda de vigor mental, fadiga muscular rápida ou súbita, fadiga cognitiva, mal-estar e/ou fadiga pós-esforço e tendência de piora dos outros sintomas associados dentro do grupo de sintomas do paciente. A recuperação é lenta, muitas vezes compreendendo 2-24 horas ou mais.
Sono não revigorante está presente com problemas de quantidade de sono (por exemplo, incapacidade de adormecer, despertar precoce ou sono prolongado) e distúrbios do ritmo (como inversão de dia/noite ou cochilos frequentes).
Dor (ou desconforto) que seja de natureza disseminada e migratória e se manifeste na forma de músculos doloridos. Dor miofascial, artralgia e rigidez estão presentes em mais de uma articulação, mas com ausência de eritema, edema ou outros sinais de inflamação. Dor visceral inclui dor torácica não cardíaca (por exemplo, costocondrite, espasmo esofágico) ou dor epigástrica, periumbilical, pélvica ou outros tipos de dores abdominais. As cefaleias são mais frequentes e graves que antes do início da fadiga. Enxaqueca é comum, com localização atrás dos olhos ou na parte posterior da cabeça, e com associação grave de fotofobia, fonofobia, náuseas ou êmese exacerbada por atividades diárias comuns; entre os comportamentos de evitação está deitar-se em um cômodo escuro e silencioso.
São necessárias duas ou mais das manifestações neurológicas/cognitivas a seguir:
Memória de curto prazo comprometida (autorrelatada, ou dificuldade observada para lembrar-se de informações ou eventos)
Dificuldade em manter foco de atenção; a concentração prejudicada pode comprometer a capacidade de permanecer na tarefa ou de filtrar estímulos externos/excessivos
Perda da percepção da profundidade visual
Dificuldade para encontrar a palavra certa
Esquecimento frequente do que gostaria de dizer
Distração
Lentidão de pensamento
Dificuldade para lembrar-se de uma informação
Necessidade de concentrar-se em uma coisa por vez
Dificuldade para expressar o que pensa
Dificuldade de compreender informações
Perda frequente da sequência de pensamentos
Sensibilidade a luzes fortes ou barulho
Fraqueza muscular/contrações musculares
Pelo menos um sintoma de duas das seguintes três categorias:
Manifestações ortostáticas e viscerais: queixas de tontura ou desmaio; sensação de instabilidade ao se levantar; distúrbio do equilíbrio; palpitações com ou sem arritmias cardíacas. Teste da mesa inclinável positivo para taquicardia ortostática postural ou hipotensão neuromediada. Dispneia, náuseas, síndrome do intestino irritável ou dor vesical.
Instabilidade térmica e apetite: sensação recorrente de febre e extremidades frias; episódios de sudorese; intolerância a extremos de calor e frio; ou documentação de temperatura corporal abaixo do normal. Pode haver alterações acentuadas no peso e/ou apetite.
Manifestações interoceptivas: sintomas tipo gripe recorrentes; sensação febril e sudorese repetida; garganta dolorida ou áspera não exsudativa; linfonodos sensíveis à palpação com edema mínimo ou ausente; ou sensibilidades a alimentos, odores ou agentes químicos (rinopatia não alérgica).
Além disso, há um espectro de gravidade da EM/SFC, da seguinte maneira:
EM/SFC leve: definida por uma redução de 50% no nível de atividade pré-doença, pacientes ainda móveis; no entanto, relatam redução no trabalho ou em outras atividades.
EM/SFC moderada: definida por uma redução na mobilidade com restrições significativas das atividades da vida diária, e necessitam de repouso com muita frequência.
EM/SFC grave: definida como pacientes confinados à sua residência, com atividades da vida diária limitadas.
EM/SFC muito grave: definida como pacientes acamados a maior parte do tempo, incapazes de realizar atividades da vida diária de maneira independente.
Os CCC foram revisados em 2010 com exigências adicionais em relação à gravidade e frequência dos sintomas (por exemplo, sob os critérios revisados, um sintoma deve estar presente com gravidade pelo menos moderada em cerca de metade do tempo para atender aos critérios de uma determinada categoria de sintoma).[5]
Critérios dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC; "Fukuda"), dos EUA, de 1994[3]
Os critérios de diagnóstico do CDC, 1994, para a síndrome da fadiga crônica incluem:
Fadiga clinicamente avaliada, inexplicada, persistente ou recidivante, que dura pelo menos 6 meses. A fadiga não é o resultado de esforço físico contínuo, e o repouso, o sono e a diminuição da atividade não são restauradores. A fadiga provoca prejuízo significativo nos domínios pessoal, social e/ou ocupacional e representa uma redução substancial nos níveis pré-mórbidos de atividade e capacidade funcional.
Presença concomitante de pelo menos 4 dos seguintes sintomas ao longo de um período de 6 meses:
Perda da memória de curto prazo e prejuízo de concentração
Faringite
Linfonodos/glândulas linfáticas sensíveis à palpação
Dor muscular
Dor articular em várias áreas
Novos episódios de cefaleias
Sono não revigorante
Fadiga/mal-estar pós-esforço (PEM) que duram mais de 24 horas
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