Prevenção primária

A imunização ativa com a vacina antitetânica proporciona proteção contra o tétano.[26] Na maioria dos casos, 5 doses intramusculares a intervalos adequados proporcionam proteção vitalícia. A vacina é uma toxina purificada extraída de uma cepa de Clostridium tetani, que é tratada com formaldeído para produzir toxoide tetânico.[4] As recomendações e as programações de imunização internacionais podem variar, devendo-se consultar as diretrizes locais.

Programa de imunização antitetânica no Reino Unido:[4] UK Health Security Agency: complete routine immunisation schedule Opens in new window

  • Imunização primária em lactentes e crianças com idade <10 anos: DTPa (D = difteria, T = tétano, Pa = coqueluche acelular) administrada em associação com vacina inativada contra poliomielite (IPV)/Haemophilus influenzae tipo b (Hib)/hepatite B nas idades 2, 3 e 4 meses.

  • Imunização primária em crianças com idade >10 anos e adultos: 3 doses de Td (T = tétano, d = difteria de dose baixa) administradas em combinação com IPV, com um intervalo de 1 mês entre cada dose.

  • Primeira dose de reforço em crianças com <10 anos de idade: DTPa (em combinação com IPV), administrada de preferência pelo menos 3 anos depois da conclusão do ciclo primário de imunização.

  • Primeira dose de reforço em pessoas com >10 anos de idade: Td (em combinação com IPV), para aqueles que receberam a imunização primária, com a dose mais recente há 5 anos ou mais.

  • Segunda dose de reforço, todos os pacientes: Td (em combinação com IPV), administrada de preferência 10 anos depois da primeira dose de reforço.

Viajantes

  • Os viajantes com maior risco de exposição e infecção incluem trabalhadores de ajuda humanitária, viajantes grávidas e viajantes que não estejam em dia com a vacina contendo toxoide tetânico. É particularmente importante que aqueles que viajam para áreas remotas verifiquem se estão em dia com a vacinação antitetânica antes da partida, uma vez que a imunoglobulina antitetânica (TIG) e o tratamento adequado de feridas podem não estar disponíveis, caso ocorra uma lesão com tendência para o tétano.[27]

Usuários de drogas injetáveis

  • Usuários de drogas injetáveis devem ser completamente imunizados. Práticas de uso de drogas que sejam menos propensas ao tétano podem ser incentivadas, como evitar injeção intramuscular e subcutânea e o uso do mínimo possível de ácido cítrico, que desvitaliza os tecidos.[23]

Gestantes

  • Estima-se que a imunização de gestantes ou de mulheres em idade fértil com pelo menos 2 doses de toxoide tetânico diminua a mortalidade decorrente de tétano neonatal em 94%.[28] O American College of Obstetricians and Gynecologists fez as seguintes recomendações acerca da imunização durante a gestação.[29]

    • A vacina de toxoide tetânico, toxoide diftérico reduzido e coqueluche acelular (Tdap [T=tétano, d=difteria em baixas doses, ap=coqueluche acelular]) deve ser administrada durante cada gestação, o mais cedo possível entre 27 e 36 semanas de gestação.

      • Em circunstâncias extenuantes, pode ser adequado as gestantes receberem a vacina Tdap fora desse período de gestação, por exemplo, em casos de manejo de ferida ou surto de coqueluche.

    • Caso a vacina Tdap não seja administrada durante a gestação, deve ser dada imediatamente após o parto, se a mulher nunca tiver recebido uma dose prévia da Tdap quando adolescente, adulta ou durante uma gestação anterior.

    • Caso a vacina Tdap tenha sido administrada no início da gestação (isto é, antes de 27 a 36 semanas de gestação), a mulher não precisa ser vacinada novamente entre 27 a 36 semanas de gestação.

Tétano neonatal

  • Em ambientes de poucos recursos, a Organização Mundial da Saúde prescreve seis métodos limpos para melhorar a higiene no nascimento: superfície do nascimento limpa, mãos limpas, períneo limpo, corte, amarração e cuidados com o cordão umbilical.[16][30]

  • As evidências disponíveis respaldam a implementação de práticas de imunização para mulheres em idade fértil ou gestantes em comunidades com níveis elevados de risco para tétano neonatal.[31] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Programa de imunização antitetânica nos EUA[32][33][34]

  • Imunização primária em lactentes e crianças de 0 a 6 anos de idade: série de 5 doses de DTPa administradas aos 2, 4, 6 e 15 a 18 meses de idade, e aos 4 a 6 anos de idade.

  • Primeira dose de reforço em adolescentes de 11 a 12 anos de idade: 1 dose de Tdap.

  • Segundo reforço, todos os pacientes: 1 dose de Td ou Tdap deve ser administrada a cada 10 anos.

  • Pacientes que não receberam Tdap anteriormente aos 11 anos de idade ou após essa idade devem receber uma dose de Tdap e, em seguida, Td ou Tdap a cada 10 anos. Adultos que não receberam anteriormente a série de vacinação primária devem receber uma dose de Tdap, seguida de uma dose de Td ou Tdap pelo menos 4 semanas depois, e depois outra dose de Td ou Tdap 6 a 12 meses após a segunda dose. Depois disso, são administradas doses de reforço de Td ou Tdap a cada 10 anos.

  • Uma vacina hexavalente foi também aprovada pela Food and Drug Administration dos EUA para prevenir difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, Haemophilus influenzae b e hepatite B. A vacina DTPa-IPV-Hib-HepB está licenciada para uso em crianças com 6 semanas a 4 anos de idade e é indicada para a série de vacinação primária em bebês de 2, 4 e 6 meses.[35]

  • Gestantes devem ser vacinadas com Tdap durante cada gravidez, idealmente entre a 27ª e a 36ª semana de gestação.

  • A Tdap pode ser administrada independentemente do intervalo de tempo desde a mais recente vacina contendo toxoide antitetânico ou diftérico.

Manejo de feridas propensas a tétano

  • Todas as feridas devem ser completamente desbridadas.[4][36][37]

  • O tratamento das feridas propensas ao tétano para prevenir o tétano clínico depende da avaliação do risco da ferida e da história de imunização do paciente.

  • No Reino Unido, o tratamento das feridas propensas ao tétano para prevenir essa doença depende da avaliação do risco da ferida e da história de imunização do paciente. Veja a tabela abaixo. Não é necessário nenhum tratamento imediato em alguns cenários, ou o paciente pode necessitar de uma dose imediata de reforço da vacina com ou sem uma dose de TIG humana.[4][37] As feridas limpas não requerem TIG humana.[3][4][36][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Recomendações de imunização para feridas limpas e propensas a tétanoUK Health Security Agency. Tetanus: the green book, chapter 30. June 2022 [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@2ac577ed

  • Nos EUA, os pacientes com feridas limpas e pequenas, que só tiverem tomado até 2 doses de vacina contendo toxoide tetânico ou que tiverem uma história de vacinação incerta devem receber vacina contendo toxoide tetânico, ao passo que os pacientes que tiverem recebido ≥3 doses não necessitam de vacina contendo toxoide tetânico, a menos que não tiverem recebido uma dose nos últimos 10 anos. As feridas limpas e pequenas não requerem TIG.[3][36]​ Para todas as outras feridas, pacientes que só tiverem tomado até 2 doses de vacina contendo toxoide tetânico ou que tiverem uma história de vacinação incerta devem receber vacina contendo toxoide tetânico e TIG; os pacientes que tiverem recebido ≥3 doses não necessitam de TIG e vacina contendo toxoide tetânico, a menos que não tiverem recebido uma dose nos últimos 5 anos.[3][36][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Recomendações dos EUA para o manejo de feridas em relação ao tétano. DTaP = vacina de toxoides diftéricos e tetânicos e contra coqueluche acelular; Tdap = toxoide tetânico, toxoide diftérico reduzido e coqueluche acelular; Td = toxoides tetânico e diftérico; TIG = imunoglobulina antitetânica. *DTaP é recomendada para crianças com <7 anos de idade. Tdap tem preferência sob Td para pessoas com idade ≥11 anos que não tenham recebido previamente Tdap. As pessoas com idade ≥7 anos que não estejam totalmente imunizadas contra coqueluche, tétano ou difteria devem receber uma dose de Tdap para tratamento de feridas e como parte da série de recuperação. **Pacientes imunossuprimidos devem ser tratados como se estivessem imunizados incompletamente (ou seja, aqueles com feridas contaminadas também devem receber TIG, independentemente de sua história de imunização contra o tétano)Liang JL et al. Prevenção da coqueluche, tétano e difteria com vacinas nos Estados Unidos: recomendações do Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Recomm Rep. 2018;67:1-44. [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@6f151170

  • Os pacientes imunossuprimidos podem não estar adequadamente protegidos, podendo ser necessário um reforço e/ou TIG adicional; nos EUA, os pacientes imunossuprimidos devem ser tratados como se não estivessem completamente imunizados.[3][4][36]

  • No Reino Unido, a dose de TIG humana para prevenção em um paciente com uma ferida propensa a tétano é de 250 unidades internacionais por injeção intramuscular ou 500 unidades internacionais, se tiverem decorrido mais de 24 horas do momento da lesão ou se houver possibilidade de forte contaminação, ou depois de queimaduras. Se a TIG intramuscular não estiver disponível, as diretrizes do Reino Unido recomendam que a imunoglobulina humana normal para uso subcutâneo ou intramuscular seja administrada como alternativa.[4]

  • Se um reforço da vacina antitetânica for indicado para o manejo de uma ferida durante a gestação, deve ser administrada Tdap em vez de Td se a mulher não tiver recebido Tdap previamente.[29]

  • As diretrizes do Reino Unido para o manejo de feridas limpas e propensas a tétano recomendam o uso de TIG intramuscular para feridas propensas a tétano de "alto risco", independentemente da história de imunização antitetânica do paciente. "Alto risco" é considerado como forte contaminação com material que provavelmente contém esporos de tétano e/ou tecido extensamente desvitalizado.[4]

Prevenção secundária

A doença natural não confere imunidade; portanto, deve ser realizada a imunização antitetânica completa.

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