Abordagem
O diagnóstico geralmente é clínico e pode ser demorado nas regiões onde o tétano é raramente observado: por exemplo em países desenvolvidos.[38]
História
A situação da imunização deve ser esclarecida. Uma ferida propensa a tétano pode ser evidente; caso contrário, os pacientes devem ser interrogados sobre lesões recentes, intervenções médicas, incluindo injeções intramusculares e procedimentos obstétricos, infecções otológicas e exposição a agulhas com o uso de substâncias ilícitas, acupuntura ou piercing de orelha.
Feridas ou queimaduras consideradas propensas a tétano incluem:[3][4]
Necessitam de manejo cirúrgico, mas o retardo na intervenção é superior a 6 horas
Lesão perfurante ou um grau significativo de tecido desvitalizado (principalmente em contato com solo ou esterco)
Certas mordidas e arranhaduras de animais
Feridas contendo corpos estranhos
Fraturas expostas
Sepse sistêmica concomitante.
Exame
Deve haver forte suspeita do diagnóstico se houver trismo (que acarreta uma expressão facial descrita como "risus sardonicus", ou sorriso sarcástico) e um ou mais dos seguintes sintomas: rigidez muscular, espasmos, desconforto respiratório, disfagia ou disfunção autonômica (hiperpirexia, pressão arterial instável, arritmias cardíacas). A contração tônica intermitente dos músculos esqueléticos causa espasmos intensamente dolorosos, que podem durar alguns minutos, durante os quais o paciente mantém a consciência. Os espasmos são muitas vezes desencadeados por estímulos externos (ruído, luz, corrente de ar, contato físico) ou internos e podem causar fraturas ou rabdomiólise. Os espasmos tetânicos podem produzir opistótono, rigidez da parede abdominal, disfagia e períodos de apneia por causa da contração dos músculos torácicos e/ou músculos da glote ou da laringe. Durante um espasmo generalizado, os pacientes classicamente arqueiam as costas, estendem as pernas, flexionam os braços em abdução e cerram os punhos. A apneia pode ser uma característica desse espasmo. A hiperatividade autonômica se manifesta inicialmente como irritabilidade, inquietação, sudorese e taquicardia. Vários dias depois, pode ocorrer hiperpirexia, arritmias cardíacas, hipertensão instável ou hipotensão.
As feridas devem ser examinadas; um paciente sem feridas deve ser examinado quanto a outras evidências da existência de um portal de entrada de esporos.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: TrismoDo acervo de Nicholas J. Beeching e Christopher M. Parry [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: TrismoDo acervo de Nicholas J. Beeching e Christopher M. Parry [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: OpistótonoDo acervo de Nicholas J. Beeching e Christopher M. Parry [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Prontuário do paciente ilustrando a disfunção autonômica com extrema flutuação na pressão arterialDo acervo de Nicholas J. Beeching e Christopher M. Parry [Citation ends].
Exames laboratoriais
O diagnóstico é clínico, mas estão disponíveis exames laboratoriais para dar suporte ou confirmar o diagnóstico. O tratamento nunca deve ser protelado enquanto se aguarda pelos resultados laboratoriais.
A toxina do tétano pode ser detectada no soro, confirmando o diagnóstico clínico. As amostras devem ser coletadas antes do tratamento com imunoglobulina antitetânica (TIG). A ausência de toxina no soro não descarta o diagnóstico clínico.[37]
O Clostridium tetani pode ser detectado no local da infecção por reação em cadeia da polimerase direta e usando métodos de cultura anaeróbia estritos em tecido da ferida ou swabs. Um resultado negativo não exclui o tétano.[37] Uma cultura positiva da ferida não indica se o organismo produz toxina. As bactérias podem estar presentes sem causar tétano em pacientes com imunidade protetora.[19]
A demonstração de baixos níveis séricos de anticorpos contra as toxinas do tétano pode servir de base para o diagnóstico clínico, mas não para confirmá-lo. As amostras devem ser colhidas antes do tratamento com TIG, mas o tratamento do tétano clínico não deve ser adiado enquanto se aguardam os resultados laboratoriais.[37] Por outro lado, têm sido relatados casos graves e fatais de tétano em pacientes com níveis protetores de anticorpos.[39]
Amostras de drogas ou de objetos relacionados a estas práticas podem ser testadas quanto à presença de esporos depois de discussão com a autoridade de saúde competente.
Se o diagnóstico clínico for incerto, podem ser realizadas investigações adicionais para descartar diagnósticos alternativos (por exemplo, hipocalcemia, meningite). Na infecção por tétano, os achados no líquido cefalorraquidiano geralmente são normais, embora as proteínas, imunoglobulina G, possam estar ligeiramente elevadas no líquido cefalorraquidiano.[25][40] O eletroencefalograma é normal, ao passo que a eletromiografia pode ser normal ou mostrar alterações inespecíficas.[1]
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